IRRESISTÍVEL PAIXÃO

By Kagmarcia

Revisão - Neherenia Sereniti


Primeira Parte

Sei que é muito clichê, mas na primeira vez que o vi, eu me apaixonei por ele, qualquer uma se apaixonaria tamanha era a beleza daquela criatura, nunca havia visto homem mais atraente e desejável, com um nome tão exótico, Sesshoumaru Taisho, dono de olhos dourados, enigmáticos, cabelos negros, e corpo atlético.

Aparentemente, Sesshoumaru era o homem que toda mulher desejava ter, sim, aparentemente, porque quando você o conhecia de perto, tudo ia por água abaixo, o cara era o ser mais detestável do mundo, o que ele tinha em beleza, tinha em presunção.

Então imagine, sendo tão lindo assim e presunçoso, como ele iria querer algo comigo, com certeza absolutamente NADA, mas também depois de conhecê-lo de perto, eu que não queria nada com ele, como se eu fosse ficar suspirando pelos cantos pensando nele, coitado, nunca, neveeer.

Nada que ele faça vai me fazer esquecer o dia que nos conhecemos.

Eu, Kagome Higurashi, estudante de direito, fui completamente humilhada por Sesshoumaru Taisho. Isso aconteceu há um mês, depois de uma semana cansativa de estudos, fui convidada por minhas melhores amigas: Sango e Kikyou, para ir a uma boate, e claro, aceitei imediatamente, tudo que eu mais queria era beber, dançar, me divertir, e se desse terminar a noite com um cara bem gato, planos lindos eu sei, porém foram todos pelo cano quando Inuyasha, - peguete de Kikyou - resolveu de última hora trazer com ele seu adorável irmão, que no caso se tratava nada menos nada mais que Sesshoumaru.

Não quero repetir que assim que o vi me apaixonei, mas que droga, acabei de fazer isso.

Continuando, junto com os dois veio Miroku, o namorado de Sango, foi então que me dei conta da situação, elas duas estariam acompanhadas e eu sozinha, a não ser que elas estivessem tentando me empurrar pra cima de Sesshoumaru, o que a principio eu super adorei, até ser deixada misteriosamente sozinha com ele.

Olhei ao redor, e tomei um gole da minha bebida, por algum motivo inexplicável estava nervosa, - devia ser por causa do homem sentado a alguns centímetros de mim – limpei a garganta e decidi começar uma conversa com ele.

- Então Sesshoumaru, o que você faz da vida? – perguntei sorrindo de leve pra ele.

- Trabalho! – essa foi a resposta seca e fria que ele me deu, pisquei algumas vezes surpresa com a atitude dele, e decidi levar na boa.

- Ah, claro que sim, - ri levemente. – mas em que trabalha? – tentei perguntar de novo.

- Sou médico.

- Nossa você não parece ser um. – falei surpresa, e com certa admiração.

- Todos dizem isso. – disse girando os olhos.

- E o que...

- Não estou interessado. – cortou ele.

- Como? – perguntei confusa.

- Não estou interessado... em você! – disse ele, lentamente.

Acho que quando ele falou isso eu meio que fiquei de boca aberta.

- Estou tentando ter uma conversa educada com você, não estou te cantando. – falei franzindo as sobrancelhas. – Por que acha que estou interessada em você?

- Não está? – questionou ele, sorrindo.

Certo, a prepotência dele me irritou, mas então ele sorriu e esqueci completamente a irritação, porém não podia deixá-lo perceber o efeito que ele causava em mim.

- Não! – disse debochada.

Quero ver a reação dele agora. Espera aí, porque ele está se aproximando de mim com esse sorriso malicioso, olhei apreensiva pra ele.

- Tem certeza disso? – ele perguntou ficando a poucos centímetros do meu rosto.

De repente ficou difícil respirar, e a temperatura pareceu ter subido, esqueci até mesmo como se falava.

- Tenho! – disse convicta.

É incrível como eu escondo bem o que estou sentindo de verdade, dou graças a Deus por ser capaz disso.

Ele sorriu. – Posso provar o contrário. – disse ainda próximo a mim.

- Então prove! – o desafiei.

E maldita hora que o fiz, pois o desgraçado, lindo, prepotente, gostoso, convencido, simplesmente me beijou, exatamente, me beijou, e Deus que beijo, é impossível de descrever, sei que os segundos pareceram horas, e não me importava com mais nada além de beijar o homem irritante que estava ao meu lado.

Quando nossos lábios se afastaram e abri os olhos para encará-lo, o que vi foi humilhante, ele sorria pra mim com puro deboche, o infeliz estava apenas se divertindo as minhas custas, uma fúria incontrolável se apoderou de mim, não importava o quão gato ele fosse, eu não deixaria isso barato.

Sorri pra ele. – Já tive melhores.

O sorriso no rosto dele desapareceu por completo, e como adorei ver isso, embora o que eu disse fosse mentira.

- Com licença, vou procurar alguém que saiba como divertir uma mulher. – disse sorrindo, ele me olhou furioso, e eu soube que tinha ganhado.

Levantei-me e segui para a pista de dança, o deixando sozinho.


Estava tão furiosa, mas tão furiosa que bebi como se o álcool fosse acabar, minha sorte é que tenho tolerância a álcool, porém essa tolerância com certeza tinha um limite, e a ultrapassei completamente.

Tudo ao meu redor dava voltas e voltas, o que já estava me irritando, me apoiei no balcão ao sentir que perdia o equilíbrio, suspirei, e olhei ao redor a procura dos meus amigos, aqueles idiotas sumiram há horas e não consigo encontrá-los, eles nem sequer me impediram de beber tanto, não era isso que os amigos deviam fazer; alertar-nos quando estamos exagerando, bem, acho que isso não se aplicava ao tipo de amigos que tenho.

Olhei para o barman, que a propósito era lindo, mas depois do que aconteceu com aquele idiota, nenhum homem parecia me interessar.

- Whisky, por favor. – pedi, ele assentiu sorrindo, e logo colocou meu pedido diante de mim.

Acho que até mesmo se o Ian Somerhalder aparecesse na minha frente eu o dispensaria.

Cara, eu estou realmente bêbada pra ter tais pensamentos, nunca que dispensaria aquele deus, tomei um gole da bebida, e comecei a vasculhar meus bolsos a procura do celular.

- Kagome! – disse alguém ao meu lado, olhei pra pessoa e sorri a reconhecendo.

- Kouga! – disse sorrindo, me levantei com cuidado da cadeira, e o abracei.

- Você está bêbada? – perguntou Kouga, contendo o riso.

Afastei-me dele e sorri sem jeito.

- Parece que exagerei. – nós dois rimos. – O pior é que não encontro às garotas, vou apenas pegar um táxi, quando elas sentirem minha falta, procuram por mim.

- Se quiser posso levá-la em casa. – se ofereceu sorrindo.

Só então percebi que ele estava acompanhado por dois homens, que não consegui lembrar quem era devido ao meu estado de embriagues.

- Ah, não quero atrapalhá-lo Kouga, fique, e se divirta com seus amigos. – disse e acrescentei. - Se eu estivesse em condições curtiria o resto da noite com vocês, mas já cheguei ao meu limite.

- De modo algum me atrapalharia, seria um prazer levá-la em segurança pra casa.

- Não é necessário, posso ir sozinha.

- Eu insisto! – disse decidido.

E sabe o quanto eu estava cansada para ficar discutindo com ele.

Suspirei alto. – Está bem, não estou em condições de discutir nada com você – disse derrotada. -, mas, apenas espere eu estar. – ameacei, o fazendo rir.

Me pergunto, porque ainda resisto as investidas dele, com certeza Kouga seria um namorado perfeito.

Ah, esqueci, sou complicada demais, e minha vida no momento está uma bagunça.

Paguei a bebida e me virei de volta pra Kouga.

- Vamos? – perguntou ele.

- Claro! – respondi sorrindo.

Foi então que senti alguém segurar meu braço, instintivamente virei o rosto pra ver quem era, e me assustei ao ver que era Sesshoumaru.

O que diabos ele estava fazendo agora. Aliás, achava até que ele já havia ido embora, não me lembro de tê-lo visto depois de jogar na cara dele que não beijava tão bem assim, - sendo que era uma total mentira.

- Qual é o seu problema cara? – perguntou Kouga, parando diante de Sesshoumaru.

- Calma Kouga. – pedi olhando pra ele, depois pra Sesshoumaru.

- O que quer? – perguntei ríspida.

- Kikyou me pediu para levá-la pra casa. – respondeu ele, calmo, ainda segurando meu braço de modo possessivo.

- Ela já vai comigo, não precisa se preocupar. – disse Kouga, olhando irritado, pra mão de Sesshoumaru me segurando.

- Será melhor que eu a leve. – disse encarando Kouga desafiadoramente.

O que exatamente estava acontecendo, os dois pareciam estar brigando por mim, não, de jeito nenhum, ri com o pensamento.

Suspirei mais uma vez, e olhei pra mão de Sesshoumaru, a tirei do meu braço, e sai dali deixando os dois à vontade para discutirem. Eu só queria ir para o meu apartamento e dormir, é pedir demais.

Com muita dificuldade consegui sair do interior da boate, o vento frio da noite me fez estremecer, avistei o manobrista e caminhei até ele.

- Poderia chamar um táxi pra mim, por favor. – pedi a ele gentilmente, abraçando meu corpo.

- Sim! – e se afastou de mim.

Logo um táxi parou no encostamento, o manobrista surgiu de repente, e gentilmente abriu a porta do táxi para que eu entrasse, - ele devia ter percebido que eu nem conseguiria abrir a porta - sorri agradecida, e entrei no carro, ao me acomodar perto da janela, senti quando alguém sentou do meu lado, e ouvi a porta sendo finalmente fechada.

Olhei de lado, e a mesma cena de antes se repetiu, eu assustada, ao me deparar com Sesshoumaru.

- O quê? – perguntei confusa.

- Também estou indo embora.

- E não podia pegar outro táxi? – perguntei erguendo uma sobrancelha.

- Esse era o último. – explicou.

Suspirei e virei o rosto para a janela do carro, olhando pra fora.

- Aquele era o tipo de homem que sabe como divertir uma mulher? – perguntou Sesshoumaru, repentinamente.

- O Kouga?! Com certeza é. – respondi depois de alguns instantes pensando.

- E ele te levaria em casa e os dois iriam se divertir?! – presumiu.

Em outra ocasião isso me ofenderia, mas nessa não. Estava bêbada por causa do cara sentado ao meu lado, questionando sobre assuntos que não devia respeito a ele, irritada com ele por ser um idiota, cansada, e com sono, então minha resposta tinha que ser compatível com o que ele insinuava.

- Talvez! – respondi fechando os olhos, eles pareciam chumbo, e simplesmente apaguei.


Abri os olhos com dificuldade e a claridade no ambiente me fez fechá-los de volta, os abri novamente e aos poucos meus olhos foram se adaptando a luz, pisquei várias vezes observando as coisas ao meu redor, desconhecendo tudo ali, eu não estava em meu apartamento, me levantei bruscamente da cama ficando sentada.

Calma Kagome, não entre em pânico, qual é a última coisa que se lembra sobre a noite passada, minha cabeça doía, maldita ressaca, mas consegui forçá-la a me dar respostas.

Ok, lembro de ter entrado num táxi, e...

Sesshoumaru!

Não, de jeito nenhum eu poderia estar no apartamento dele, me movi na cama a fim de sair dela, quando puxei o lençol vi que estava apenas vestida com a roupa intima, puxei o ar com força, eu não poderia ter dormido com Sesshoumaru e não me lembrar de nada, isso seria imperdoável, não, não aconteceu nada eu estava bêbada demais para isso.

Mas que droga, queria que tivesse acontecido, mesmo que eu não me lembrasse de nada.

Suspirei frustrada e me levantei da cama.

- Decepcionada por estar vestida?

Perguntou Sesshoumaru de repente me assustando, olhei na direção que vinha a voz dele, ele estava na porta do banheiro usando apenas uma toalha ao redor da cintura, deixando a mostra o peitoral super definido dele, quase babei com a visão a minha frente, só que então lembrei como estava vestida, ou não vestida, tanto faz, puxei o lençol e me cobri com ele.

Estreitei os olhos, lembrando o que ele havia dito.

- Se quiser podemos resolver isso. – disse sorrindo maliciosamente.

- Onde estão minhas roupas? – perguntei irritada.

- Talvez se fosse o Kouga, você pensaria no assunto, ou talvez nem precisasse. – comentou, ignorando minha pergunta, o que só me deixou mais irritada.

O que tinha de errado com esse idiota.

- Escute Sesshoumaru, - disse dando um passo a frente. – não sei a que tipo de mulheres está acostumado, e não me interessa saber, mas não sou uma delas, por isso não me trate como qualquer uma. – disse furiosa, olhei ao redor a procura das minhas roupas, e as avistei em cima de uma poltrona, caminhei até ela e as vesti, ignorando a presença dele, - ele já tinha me visto daquele jeito mesmo, não adiantava mais nada me esconder.

- E não fique fazendo insinuações sobre o Kouga, pois nem sequer o conhece. Ele age conforme seus sentimentos, e não fica com joguinhos idiotas, Kouga é muito mais homem que você. – disse terminando de pôr os sapatos.

- Quer que eu prove o quanto sou homem a você? – ele desafiou, andando até mim.

- Não precisa, - disse rapidamente. – pois já me provou que tipo de homem você é quando me beijou. Está acostumado a ter tudo aos seus pés, principalmente mulheres, e quando alguma parece não ceder facilmente aos seus encantos, tenta convencê-la do contrário.

- Talvez você também não devesse fazer insinuações sobre mim, já que não me conhece. - retrucou calmo. – Por que está tão brava em relação ao beijo? – perguntou curioso. - Sei que gostou, não negue. – disse sorrindo.

Estreitou os olhos.

- Me responda uma coisa, por que realmente você me beijou? – perguntei séria.

- Pra provar a você que estava mentindo, que ao contrário do que dissera, estava sim interessada em mim. – respondeu calmamente.

Desviei o olhar do dele e suspirei.

- Por isso. – disse.

Então comecei andar em direção a porta que imaginava ser a saída, não pude ver a expressão dele depois do que eu disse, também ele não pareceu se importar com isso, já que não ousou falar nada quando abri a porta e sai de seu apartamento.

O que eu estava esperando? Que ele viesse atrás de mim, como sou ingênua.


Enfim, depois desse dia não voltei a vê-lo, nem ouvi falar dele, já que ameacei matar qualquer um que ousasse tocar no nome de Sesshoumaru perto de mim, claro que ninguém entendia o porquê desse meu ódio por ele, às garotas tentaram me persuadir a contar o que aconteceu, o que consequentemente só me deixou mais irritada, me contentei em dizer a elas que ele era a pessoa mais irritante do mundo, e que desejava nunca mais por meus olhos sob ele.

Em compensação eu e Kouga a partir daquele dia começamos a nos relacionar mais, estávamos que digamos nos conhecendo melhor, pra não dizer que estávamos ficando.

Ok, ainda pensava muito naquele idiota, até demais para o meu gosto, mas isso não importava, logo o tiraria da minha cabeça, Kouga me ajudaria a fazer isso, bem, assim espero.

Finalmente termino o trabalho que estava fazendo, sim, enquanto meus dedos percorriam rapidamente pelas teclas do notebook, minha mente vagava para tais acontecimentos. Fecho o notebook, e olhando pra fora pelas janelas da biblioteca, vejo que já anoitecera há muito tempo, não tem importância mesmo, não tenho nada para fazer, a não ser me sentar frente à televisão e, assistir qualquer coisa que me distraia, enquanto me empanturro de coisas calóricas e gordurosas, - não que eu ligue muito pra isso tipo de coisa.

Deixo a universidade e conduzo o carro pelas ruas de Kyoto, meu apartamento não é muito longe da universidade, trinta minutos e estou em segurança em casa, continua a dirigir prestando atenção no trânsito, ser cautelosa nunca é demais, lembro-me que tenho que ligar para minha mãe, minha secretária eletrônica e caixa postal estão cheias de mensagens dela, todas sem resposta porque chego tarde em casa e cansada, e sempre adio a ligação, ela já deve estar pensando que eu morri, só espero que ela não venha à Tókio conferir pessoalmente.

Suspiro aliviada, vendo que estava perto de casa, paro no sinal vermelho e fico esperando que ele abra, ninguém vinha atrás de mim, piso no acelerador para que o carro volte a andar, estava atravessando o meio do cruzamento, quando um carro em alta velocidade vindo no sentido contrário, veio em minha direção, tudo aconteceu muito rápido, o carro se aproximando, os faróis me cegando, o impacto dos dois carros se chocando, a dor em minha cabeça, e tudo ficou escuro.


Tentei por duas vezes abrir os olhos, mas eles se recusavam a abrir, tentei mais uma vez, tendo sucesso dessa vez, porém voltei a fechá-los, pois a luz era muito forte, fui abrindo-os aos poucos até se acostumarem com a claridade, e pela segunda vez eu estava num lugar desconhecido, olhei mais atentamente ao redor, e finalmente me dei conta de onde estava, um maldito hospital.

Odeio hospitais!

Espera o que eu estava fazendo mesmo num hospital?

Ah, o acidente!

Passei as mãos de cada lado da minha cabeça e senti algo em volto nela, olhei para o restante do meu corpo para ver os outros estragos, fala sério uma perna quebrada, é pelo menos foi à esquerda, não entendo porque logo eu fui sofrer um acidente, a pessoa que dirige com mais cuidado no mundo inteiro, pena que não posso dirigir também pelos outros, o que me fez lembrar da pessoa que dirigia o carro que me atingiu, será que ele estaria bem, - deve ser estranho se preocupar com a pessoa que provocou o acidente - mas me preocupo.

Ouço a porta sendo aberta, e olho em sua direção pra ver quem entrara no quarto, arregalo os olhos ao vê-la.

- Mamãe! – disse surpresa.

- Kagome, como pôde me deixar tão preocupada com você, - disse ela, meio irritada. – nenhuma ligação sequer, o que aconteceria se seu pai e eu não tivéssemos resolvido vir visitá-la, receberíamos a notícia que sofreu um acidente meses depois de ter acontecido, e se tivesse morrido...

- Mãe, eu estou bem. – a interrompi, se a deixasse continuar a falar, ela nunca mais pararia. – Ia justamente ligar para vocês quando chegasse em casa, porém o mundo conspirou contra isso. – girei os olhos.

- Ah, Kagome, fiquei tão preocupada quando Kikyou me ligou dizendo, que você tinha sofrido um acidente e estava no hospital. – disse ela chorosa, sorri pra ela.

- Estou bem mãe, fique tranquila, não foi nada demais, daqui a alguns meses estarei perfeitamente bem. – a tranquilizei. – E onde está o papai? – perguntei confusa, era estranho ele não estar presente.

- Está conversando com seu médico querida, - respondeu sorrindo. – que, aliás, é um gato.

- Mãe! – a repreendi rindo.

Para tudo! Vamos analisar a situação.

Eu estou num hospital.

Certo!

Há vários hospitais em Kyoto, com vários médicos gatos.

Correto!

Quais são as probabilidades de eu vir parar justo no hospital onde Sesshoumaru trabalha?

Com certeza, mínimas.

Sorri alegre. A porta se abriu novamente, mas dessa vez não olhei pra ver quem entrava, estava olhando pra minha mãe, que dizia algo que não fazia idéia do que era.

- Kag! – reconheci a voz do meu querido pai, e sorrindo virei o rosto de lado a fim de vê-lo, e quando o fiz, meu sorriso morreu por completo, porque ao lado do meu pai estava, sim, ele.

Por que Deus, de todos os hospitais que existia na cidade, o senhor me mandara justo para o que Sesshoumaru trabalhava, foi algum pecado grave que cometi, se foi, peço humildemente que me perdoe, mas eu não mereço tamanha punição.

Sai do meu estado de choque quando meu pai me abraçou cuidadosamente, e sorri com o ato dele.

- Não imagina o quanto fiquei preocupado contigo, filha. – disse ele se afastando de mim.

- Estou bem papai, fique tranquilo. – repeti o mesmo que disse a minha mãe.

- Estava conversando com o seu médico, ele falou que ainda não sabe dizer se a pancada em sua cabeça afetou alguma coisa, ou não.

- disse virando o corpo na direção de Sesshoumaru.

Juro como já tinha esquecido que ele estava no quarto.

- Com certeza não, estou perfeitamente bem, e já posso ir pra casa. – disse estreitando os olhos para Sesshoumaru, que ergueu uma sobrancelha.

- Você é médica? – questionou ele.

- Não! – respondi franzindo as sobrancelhas.

- Então seu diagnóstico não é válido. – retrucou calmo.

- Mas eu sou a paciente e, estou dizendo que estou bem, como à palavra de um médico pode valer mais do que a minha.

- Mesmo assim, não posso liberá-la sem ter certeza que está em perfeito estado. – explicou ele. – Também existe o fato de ter uma perna quebrada.

- Posso ficar em casa de repouso sem problemas. – disse dando de ombros.

- De jeito nenhum, - disse minha mãe, se intrometendo na nossa discussãozinha. – conheço você, e sei perfeitamente bem que não ficará em casa descansando.

- Mãe, eu juro que ficarei. – tentei convencê-la.

- O Dr. Sesshoumaru recomendou que permanecesse aqui por enquanto, até que esteja em melhores condições. – disse meu pai, olhei pra ele surpresa.

Eles não estavam entendendo, se eu ficasse no mesmo hospital que esse homem, eu provavelmente acabaria morta, ou talvez ele.

- Sabemos que odeia hospitais, mas terá que aguentar ficar aqui filha. – minha mãe tentou me convencer.

Ela e meu pai provavelmente estavam com medo que eu tentasse fugir do hospital, eu sei, parece criancice minha, mas eu realmente seria capaz disso, - talvez eu já tenha feito isso – ainda mais tendo esse desgraçado como meu médico.

Ei, porque será que estou com tanta raiva dele, o que ele fez não foi algo tão grave assim, talvez eu esteja exagerando, talvez a decepção e a desilusão tenham sido grande demais, que foquei apenas no ódio.

Aí... minha cabeça começou a latejar.

- Tudo bem! – disse derrotada. – Mas, vou ficar estudando aqui, não posso me atrasar nos estudos. – meus pais olharam pra Sesshoumaru.

- Desde que não se esforce muito. – disse Sesshoumaru.

Sabe como é estranho ouvir Sesshoumaru falando desse jeito, deve estar falando desse jeito apenas porque meus pais estão presentes, esse infeliz devia ser ator isso sim.

Minha cabeça continuava a doer.

- Está sentindo dor? – perguntou Sesshoumaru, me observando.

Será que fiz uma careta inconscientemente e ele percebeu?

- Um pouco! – respondi a contragosto.

- Vou pedir à enfermeira que lhe traga alguns analgésicos, - disse rabiscando algo em sua prancheta. – mais tarde faremos alguns exames para verificar se a pancada não causou nenhum dano. - explicou agora olhando para o meu pai. – com licença. – pediu e se virou.

- Espera Sesshoumaru, - disse rapidamente, sem me dar conta da forma intima que o tratei, ele se virou de volta e, me olhou interrogativamente junto com meus pais. – é... só queria saber o que aconteceu com o motorista do outro carro. – ele estreitou os olhos, não sei por que motivo, e fez silêncio por um momento.

- Ele não teve a mesma sorte que você, - engoli em seco com a notícia. – morreu no local do acidente. – informou pacientemente, desviei o olhar do dele, não querendo transmitir o que estava sentindo.

- Obrigado, era só isso que eu queria saber. – agradeci a ele sem olhá-lo.

- Então, com licença. – pediu novamente, e logo escutei a porta ser aberta e depois fechada.


Dormi um pouco depois de tomar os analgésicos que a enfermeira me trouxe, e a tarde fiz os exames, Kikyou, Sango e Inuyasha vieram me visitar, os três me arrancaram muitas risadas apesar de tudo, e rabiscaram meu gesso, logo depois veio Kouga, ele não passou muito tempo e agradeci imensamente por isso.

Agora finalmente sozinha nesse quarto escuro, os sentimentos que evitei sentir no decorrer do dia vieram com força, a notícia que o motorista morreu ainda me perturbava, sei que não o conhecia, mas ele era um ser humano como qualquer um, não merecia morrer daquele jeito.

E o pensamento que evitei pensar com todas as minhas forças, veio a minha mente, que poderia ter sido eu a ter morrido, que minha vida poderia ter sido tirada, acabando com tudo, meus sonhos, meus objetivos, tudo, nunca mais estaria com minha família, meus amigos, o sonho de ser advogada, tudo não existiria mais, partiria sem ao menos ter sido amada de verdade por alguém.

Um soluço desceu por minha garganta, e quando percebi já estava em prantos, chorando descontroladamente, cobri meu rosto com as mãos, tentando conter o barulho do meu choro, mas acho que não adiantou muita coisa, não sou de chorar, mas no momento eu sentia a necessidade incontrolável de fazê-lo, a angústia que sentia dentro de mim era grande demais para suportar, não conseguiria suportar guardar esse tipo de sentimento dentro de mim, não por muito tempo.

Senti quando braços me envolveram e me puxaram para perto, não sabia quem exatamente estava me abraçando, porém no momento não importava, nesse momento era tudo que eu mais precisava alguém para me abraçar, fazendo me sentir protegida, e era exatamente desse jeito que estava me sentindo nos braços da pessoa desconhecida. Chorei em seu peito por um bom tempo, até finalmente me acalmar e parar de chorar, mas mesmo depois disso, ela não me afastou, sentindo que já estava abusando desse alguém, me afastei devagar dela, e ergui o rosto para encará-la.

O quarto estava mal iluminado, a única luz que existia no cômodo vinha do corredor, através da porta entreaberta do quarto, entretanto, mesmo assim pude enxergar seu rosto, não perfeitamente, mas o reconheci imediatamente, pisquei os olhos, atordoada.

- Sesshoumaru. – sussurrei surpresa.

- Você está bem? – perguntou ele, calmo, ainda sentado próximo a mim.

- Estou. – respondi num fio de voz.

- Por que estava chorando? – perguntou.

Eu não queria responder isso a ele, então permaneci calada.

- Se deu conta que poderia ter sido você no lugar do motorista?! – presumiu, continuei calada, agora sem olhá-lo. – O seu silêncio responde a pergunta. – suspirou. – Se eu soubesse que ficaria assim não teria contado sobre ele.

- Por quê? – perguntei voltando a olhá-lo, que já estava a me olhar.

- Porque vê-la desse jeito me deixou preocupado. - respondeu.

Arregalei os olhos, surpresa, o que ele estava querendo dizer com isso, por que ficaria preocupado comigo.

Ah, claro! Ele é meu médico, normal se preocupar com meu estado, principalmente o psicológico.

- Não foi nada, estava apenas agindo como uma idiota.

- Não acho, - discordou ele. - você estava apenas sendo humana, colocando para fora o que estava sentindo. – ele moveu a mão direita que estava apoiada na cama e a levou até meu rosto, para minha surpresa. – Quando vi que era você na maca... – suspirou pesadamente.

Nossos olhares se encontraram, mas não como antes, era diferente, eu sentia algo novo ali. Permanecemos assim por alguns segundos, até nossos rostos começarem a se aproximar, sentir os lábios dele nos meus foi novamente incrível, sua língua invadiu minha boca e se encontrou com a minha. Diferente do beijo na boate, esse era lento e calmo, sem pressa, não foi impulsivo, ou planejado, ambos desejavam verdadeiramente esse beijo.

Lentamente fomos afastando nossos lábios, como se nenhum dos dois desejassem fazer isso, eu pelo menos não queria, porém apesar do efeito do beijo sobre mim, existia uma pergunta que não queria calar: porque ele me beijou, o que exatamente esse beijo significava, porque simplesmente eu não conseguia entender, uma hora ele diz que não está interessado, que só me beijou para provar que eu estava interessada nele, - o que é absolutamente verdade, mas ele não precisa saber disso – como agora ele pode ter mudado de idéia em relação a mim, por que, não faz sentido.

O fito com um misto de confusão, porém ele demonstrava estar calmo, como se nada estranho tivesse acontecido, acho que vou definitivamente enlouquecer.

- Agora é melhor você descansar. – disse ele, se levantando da cama, pisquei confusa pra ele, que sem dizer mais nada, se virou e saiu do quarto fechando a porta.

Como se eu fosse conseguir dormir depois dele ter me beijado, ainda mais sem saber o que isso queria dizer, será que o infeliz estava novamente brincando comigo, porque se for isso, nunca o perdoarei.

Mas foi um beijo tão sincero, ao menos eu achei que foi, e ele pareceu tão preocupado comigo, não como médico, era o tipo de preocupação que se é necessário algum afeto por parte da pessoa.

Balancei a cabeça de um lado para o outro.

O que eu estou pensando Sesshoumaru não sente nada por mim, nem o mais simples dos afetos.

Então por que ele me beijou?