QUANDO AS CEREJEIRAS FLORIREM
SEIYA
Vencida a última guerra, tudo voltou à perfeita normalidade, a Terra mantivera-se em paz, possivelmente os humanos comuns, sequer perceberam alguma alteração de ordem, mas ele e seus companheiros cavaleiros, traziam marcados em seu corpo e também na alma, os traumas e cicatrizes de tantas lutas, em idade tão prematura.
Seiya nem sequer percebera sua passagem da infância para vida adulta, sua cronologia de vida era contada através das batalhas que travou, persistiu, venceu... nenhuma delas entretanto, por causas individuais, por ambição alguma, senão a fidelidade aos amigos, a conservação da justiça, a segurança das pessoas inocentes, e seu amor por ela... No passado ele não confessaria isto, nem para si mesmo, nem para seu mais fiel amigo, muito menos à ela, Saori. Enganava a si mesmo, dizendo que estava defendendo o legado de Athena, que nascera para tal, era seu destino, e essa força que o compelia a lutar, era apenas seu objetivo reencarnatório...
Mas agora, sem nenhuma batalha para lutar, ele como homem forjado na guerra, em tempos de paz, não conseguiria se esconder de si mesmo, das lembranças, da chama em seu coração, que incessantemente ardia. Ele amava Saori Kido, não como um cavaleiro fiel e defensor, mas como homem, de carne e osso.
Por um tempo, Seiya pensou que era um encanto de adolescente, primeiro amor, mas há muito sua adolescência lhe fora roubada – sequer a sentiu passar, o sentimento por ela, por sua vez, era constante e infinito... Muito mais encarnado do que desejaria que fosse, queimando muitas noites como desejo incontido a lhe tirar o sono, e em alguns dias nublados, como melancolia a lhe ferir o coração.
Infelizmente, Seiya sofria da maldição do amor unilateral, a dos pobres amantes, que não correspondidos, guardavam para si o sentimento por seu ser de adoração. Qual outra conclusão ele tiraria das atitudes dela? Por alguns anos, nos campos de batalhas, chegou a acreditar que era correspondido em seu amor tão mal disfarçado. Em vários momentos chegou a pensar, naqueles minutos entre a fala da deusa e a fala da menina, sentir um leve estremecimento em sua voz, quando dizia seu nome, ou uma chama em seu olhar, quando todas esperanças desapareciam, e ele surgia, perseverante, para dar sua vida por ela.
Provavelmente, ilusões que o amor platônico lhe pregava. Planejava, na alegria da última vitória, conversar com ela e se declarar finalmente, dar vazão ao amor, desejo, paixão, adoração, todo sentimento a tanto custo contido. Mas após o fim da batalha, de volta a vida normal, cada um tomou seu caminho, o que fazer agora, se seu caminho era viver por ela? Na verdade, Seiya nunca se preparou para a paz, muito menos para não vê-la.
Por terem servido bravamente e salvado Athena, os nobres cavaleiros receberiam uma pensão vitalícia muito generosa, além de terem ganhado casa e carro novo para recomeçarem a vida. Privado da companhia de sua amada, Seiya resolveu dedicar-se a encontrar sua irmã e saber de sua história, desde que se separaram.
Tentou algumas vezes contato com sua amada Saori, não era um covarde, muito pelo contrário, em sua vida, sua impulsividade, apesar de tê-lo salvado, também lhe criara diversos problemas. A cada resposta comedidamente educada do objeto de seu afeto, as esperanças de Seiya iam se apagando, e seu amor infinito, resguardava-se no fundo do peito... sempre fora um homem perseverante, mas era necessário seguir sua vida, apesar de tudo, e aprender a viver em tempos de paz.
_É isso gente, leio fanfiction há anos, comecei no inicio dos anos 2000, lendo sobre Arquivo X. Saint Seiya é um amor antigo, retornei a ver a série clássica, e achei que Seiya e Saori mereciam um encontro amoroso feliz depois de tanto sofrimento.
