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"Paranóia é só uma forma de consciência, e a consciência é só uma forma de amar". - Charles MansonA FENDA NO TEMPO
(baseado no conto "THE LANGOLIERS" de Stephen King)
Capítulo 1
LOS ANGELES - CA
Um carro parou em frente ao aeroporto de Los Angeles. Dentro dele, um homem segurava uma foto de uma mulher. O outro homem, sentado ao seu lado, na direção do carro, só o observava. O primeiro homem guardou a foto em um envelope pardo e disse com forte sotaque inglês:
- Ela é apenas uma espectadora inocente.
O outro homem também inglês deu de ombros, não se importando:
- E daí?
- Diga a eles que eu me recuso. - e tentou sair do carro.
O outro homem o impediu, segurando fortemente seu ombro esquerdo, e o ameaçou:
- Terá que fazê-lo até quinta-feira, e em Washington, onde ele mora. - e lhe devolveu o envelope.
Ele o pegou e saiu do carro, tendo o olhar fuzilante do outro homem atrás de si, que gritou:
- Eu o verei em Londres, no sábado. Vamos celebrar com muita cerveja!
Ele atravessou a rua, e entrou no terminal de embarque. Ele passou por uma garotinha, de aproximadamente 11 anos, que usava óculos escuros. À frente dela, parou uma limusine preta. O motorista abriu a porta e dela saiu um homem de terno escuro, pálido que nem papel, com olheiras roxas e profundas, e rosto cansado. Atrás dele, outro homem corria, o chamando:
- Sr. Toomey! Sr. Toomey! - ele gritou, e conseguiu alcançá-lo. - Graças a Deus! Conferi os valores dos títulos estrangeiros. Não ganhou US$ 43 milhões, e sim os perdeu!
- Eu sei. - disse ele calmamente.
- O senhor sabe? - o homem disse completamente surpreso.
- É claro! Eu chefio o departamento. - ele lhe deu as costas. – Eu ligo de Washington.
- Sr. Toomey, não pode ir para Washington. – e segurou o seu braço.
Sr. Toomey o olhou ferozmente, e olhou para o seu braço que o homem segurava. O homem, meio sem jeito, o soltou e falou bem devegar:
- O senhor autorizou essas transações. A diretoria vai crucificá-lo!
- Eu sei. Por isso eu tenho que ir. Relaxe, pois tudo ficará bem. Na verdade, tudo ficará maravilhoso! - disse sorrindo.
Toomey se virou e entrou no terminal.
A garotinha parada atrás dele, comentava com uma mulher que a acompanha:
- Há algo estranho na mente deste homem.
- Depois, Dinah, depois. - disse a mulher, e a puxa para dentro do terminal.
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Dentro do terminal lotado, um homem andava impaciente. Olhou para um dos monitores de vídeo onde marcam os vôos de chegada e de saída do aeroporto. O homem é alto, moreno e usa um sobretudo preto que quase lhe chega aos pés. É Mulder. Ele batia a passagem na mão direita impaciente, enquanto esperava o vôo de volta para Washington. Ele bocejou e tampou a boca com as costas da mão. Ele voltou o corpo, se virando para o mundo de bancos no saguão da American Pride. E lá estava ela. Scully dormia tranqüilamente apoiando a cabeça na mão. Mulder sorriu e bocejou de novo.
Mulder e Scully voavam de volta para Washington depois de um caso exaustivo e sangrento em San Fernando Valley, na Califórnia.
Todos os vôos saídos de Los Angeles para todo o país estavam saindo atrasados. E pelo jeito, a espera seria ainda maior.
O homem inglês tentando ir até o portão de embarque, esbarrou em Mulder, que com o empurrão derrubou a passagem no chão.
- Desculpe. - pediu o inglês.
- Não foi nada. - disse Mulder se abaixando e pegando a passagem.
Nos alto-falantes, se ouviu uma voz feminina:
- "Vôo 29 para Washington, da American Pride...".
- Graças a Deus! - exclamou Mulder.
Ele andou até Scully, que ainda dormia.
"Não queria acordá-la", pensou.
Ele delicadamente acariciou o rosto da parceira. Ela acordou, abrindo os enormes olhos azuis, fixos em Mulder por alguns segundos. Parece que naquele momento, ela não sabia onde estava e o que está fazendo. Se estivesse numa cama, viraria para o outro lado, e voltava a dormir.
Sussurrando, ela perguntou, tomando consciência de tudo:
- O que foi?
- É o nosso vôo.
Ela se levantou, ajeitando o costume Channel e os cabelos ruivos nos olhos. Pegou o sobretudo preto em cima do banco e o vestiu. Ela bocejou também.
- Uau! De onde vem tanto sono?
- É cansaço acumulado.
- Estou louca para ir para casa.
- Calma, daqui a pouco, em poucas horas chegamos.
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Dentro da cabine de um avião recém-chegado, um piloto conversava com seu assistente;
- Esses malditos indicadores são inúteis. - e olhou para os botões de controle de pressurização da cabine. - Não saberemos onde foi o vazamento de pressão.
- Esqueça. Esse problema agora é dos engenheiros.
- Como poso esquecer? Um escape repentino de pressão é fatal. Poderíamos ter virado patê humano. - ele levou as mãos a cabeça. - Putz, cara! Acho que estou nesse trabalho há tempo demais.
Eles ouviram uma batida na porta da cabine. O co-piloto se levantou e a abriu. Um homem de terno vermelho da empresa aérea entrou:
- Capitão Engle?
- Sou eu. - disse o piloto. - Mas não achamos o vazamento de pressão.
- Não é a respeito do vazamento, capitão. Podemos conversar lá fora, por favor?
- Por quê? O que houve?
- Lá fora, por favor. - o homem insistiu e saiu da cabine.
Capitão Engle olhou o amigo sem entender, tirou o cinto de segurança e se levantou do banco. Seguiu o homem, um pouco atônito.
Os dois passaram pelo corredor de saída dos passageiros.
- O que está havendo afinal? - perguntou ele.
O homem pegou a mala de viagens do piloto, enquanto o próprio vestiu o blazer da companhia.
- É a sua esposa. - disse o homem.
- Minha esposa? - disse o piloto, sem entender. E então, compreendeu. - Ah, ex-esposa. Somos divorciados. Por quê? O que aconteceu?
- Houve um acidente. - ele disse um pouco sem jeito. E tentou quebrar o gelo. - Vamos ao meu escritório?
Capitão Engle não esperou. Não quer saber de rodeios. Empurrou o homem contra uma parede e perguntou:
- O que houve com Annie? Ela se feriu muito?
O homem ficou mudo. Pelas suas feições tristes e com o olhar dizendo tudo, se descobriu o que aconteceu.
- Ela morreu?
O homem o olhou profundamente nos olhos, e só confirmou:
- Sim. Infelizmente, sim. Houve um incêndio no apartamento dela.
Capitão Engle, meio desolado, ficou calado. O homem perguntou:
- Sente-se bem, capitão?
- Sim. Foi apenas... o choque.
- Poderá pegar o vôo que está partindo para Washington.
- É, é melhor eu fazer isto. - e eles andaram até o portão de embarque.
Ouviu-se a voz novamente nos alto-falantes:
- "Senhoras e senhores, todos os passageiros do vôo 29 para Washington devem embarcar agora...".
- O vôo está lotado. - disse o homem.
- Acho que sim - confirmou o capitão Engle - Como está o tempo?
- Nuvens a 20 mil pés do Great Plains até Washington. Uma aurora boreal foi vista sobre o Deserto Mojave.
- Sobre a Califórnia? Nesta época do ano? - se surpreendeu o capitão.
- É possível.
Os dois passaram por uma fila onde os passageiros esperam para os últimos detalhes para subir no avião. Nela está a garotinha, Dinah, e está também Sr. Toomey que gritava e reclamava com uma das moças do balcão da companhia:
- Exijo um lugar à janela!
- Por que não fala com a... - a moça começou.
- Fale você com ela. Só falarei com você!
O homem comentou com capitão Engle:
- Sempre tem um desses, né?
- Sempre. - afirmou ele.
- "Como o vôo está lotado, pedimos que coloquem toda a bagagem de mão no compartimento superior. Ou sob o assento à sua frente. Podem pedir ajuda dos comissários de bordo...".
O homem pôs a mala do capitão no compartimento superior. O capitão tirou o blazer ainda desolado.
- Bem, acho que é tudo, capitão. Desejo-lhe boa viagem. E meus pêsames.
- Obrigado. - e se sentou.
Algumas poltronas atrás dele, Mulder e Scully se acomodavam. Sentam lado a lado, e sentiram o avião manobrar para a cabeceira da pista para seguir viagem rumo a Washington.
Scully, após pedir um travesseiro a comissária, se ajeitou, procurando uma posição para dormir:
- Não sei quanto a você, Mulder. Mas eu vou voltar a dormir.
- Eu também quero dormir um pouco.
Uma comissária se aproximou deles e pergunta:
- Querem algo para beber?
- Não, obrigado. - disse Mulder com um sorriso de orelha a orelha.
- Eu também não. Obrigada. - disse Scully.
- Tenham uma boa viagem. - diz a comissária sorrindo para Mulder. Ela se virou e falou com outros passageiros.
Scully reprovou Mulder:
- Tenta se controlar, Mulder.
- Controlar o quê? - disse fingindo não entender.
Scully sorriu e se virou:
- Boa noite, Mulder.
Ouviu-se a torre de comando:
- "Pode partir, vôo 29. Tenha uma boa viagem até Washington."
O mostrador eletrônico é acionado: "Ponham os cintos de segurança".
O piloto falou com os passageiros. Mulder ouviu aquela voz tediosa enquanto afrouxava o nó da gravata.
- "Sobrevoaremos esta noite as Montanhas Rochosas e Denver, passaremos depois sobre St. Louis e chegaremos a Washington..."
Capitão Engle olhou para os lados e pegou um travesseiro da poltrona adjacente. O ajeitou para dormir.
- "... Por isso, pessoal, relaxem e aproveitem o vôo, e obrigado por terem escolhido a American Pride".
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