DISCLAIMER: Essa fanfic foi baseada na série "Sherlock", da BBC, que já é baseada na obra de Sir Arthur Conan Doyle. Mas o universo da fic pertence às mentes brilhantes e malignas de Steven Moffat (a.k.a. The Great Devil) e de 3 Mark Gatiss(imo) 3.
Os trechos em itálico e negrito são SMSs.
Ah, e óbvio, em se tratando de uma fic saída da mente maligna e perversa de Miss Eowin, ela é YAOI. Enjoy \o/
PARTE I – PEEK-A-BOO, I SEE YOU
Watson subiu os degraus de dois em dois, querendo chegar logo em casa e tomar uma ducha. Junho em Londres era insuportável; o ar abafado e úmido que soprava do Tâmisa tornava a cidade uma grande estufa.
Antes mesmo de entrar no prédio, ele já sabia que seu companheiro estava em casa, e em um humor melancólico. Era possível ouvir da porta que Sherlock tocava violino, uma sonata doce e triste, que escorria escada abaixo, em direção à Baker Street. Balançou a cabeça com amargor. Desde o desaparecimento de Irene Adler, ele estava nessa disposição sombria, mas não admitia estar abalado. Watson sentia-se inquieto, insatisfeito, ao ver o amigo nesse estado. Ele tentava disfarçar, mas sabia que o que sentia era, no fundo, ciúmes. Se fosse ele a desaparecer, ficaria Sherlock nesse estado lastimável? John temia a resposta, mas temia ainda mais o fato de tal questionamento ter-lhe passado pela mente.
Entrou na sala de estar em silêncio, os olhos presos na figura esguia que tocava violino displicentemente encostado na janela. Sem voltar-se nem parar de tocar, Sherlock falou, a guisa de cumprimento.
- Isso foi rápido. – Watson deu um meio sorriso enquanto ia até a cozinha, servir-se de água gelada.
- Bem, as férias escolares começaram hoje, e ela quer viajar com os filhos e o marido. – John falava de sua terapeuta – Ela deixou-me com um sermão breve e a tarefa de, até o retorno dela para a nossa próxima sessão, eu elaborar uma teoria sobre o porquê de meus relacionamentos amorosos falharem miseravelmente.
- Hum. – Sherlock resmungou, mas John foi capaz de ver a sombra de um sorriso no rosto do amigo. Estranhamente, isso fez ele sentir-se mais leve.
- Se você não se importa, eu vou tomar um banho. A sessão foi curta, mas um tanto intensa, e está um calor pior do que o dos piores dias no Afeganistão. – Sherlock apenas assentiu, sem parar de tocar nem um instante. John foi até o pequeno banheiro que os dois compartilhavam, sem se preocupar em passar a tranca. A sra. Hudson tinha seu próprio banheiro, e Sherlock era muito cheio de pudores para entrar no cômodo tendo certeza da nudez de John. O médico tirou as roupas suadas e ligou o chuveiro no frio. A água gelada sempre o ajudava a colocar os pensamentos em ordem, e depois do que sua terapeuta falara, ele tinha muito em que pensar.
- John, você tem certeza mesmo de que não está sabotando inconscientemente seus namoros? – ele dera uma risada constrangida – Eu falo sério. Toda vez que uma relação começa a ficar séria, aparece um novo caso para o Sr. Holmes e você abandona tudo. – ela ergueu a mão, impedindo-o de retrucar – Eu sei o que você vai me dizer: ele é egocêntrico, mimado, mas é um viciado em recuperação e seu melhor amigo, portanto é sua obrigação largar tudo para ajuda-lo. Só quero que você se pergunte uma coisa, John, até nossa próxima sessão: você tem plena certeza de que amizade é tudo o que sente pelo jovem Sr. Holmes?
Watson suspirou quando o jato gelado atingiu os músculos doloridos e tensos das costas. Ele realmente tinha muito no que pensar.
Na sala de estar, Sherlock arranhava o violino, desatento. Sabia que John andava preocupado com o desânimo e a melancolia dele, mas os interpretava erroneamente. Seu tolo amigo pensava que ele estava apaixonado pela Mulher. Achava que seu humor depressivo se devia a isso, quando a questão, embora relacionada, era diferente. Irene Adler mandara alguns dardos muito bem afiados, que souberam penetrar nas minúsculas fendas da armadura emocional do detetive. Quando se conheceram, ela dissera que, quem quer que tivesse acertado seu rosto com aquele soco, devia amá-lo, pois cuidara para não machucar nenhuma de suas feições mais atraentes – e ele viu o desconforto de John ao ouvir aquela afirmação. Mais tarde, em casa, ele lembrou com embaraço que, no calor da altercação física, quando John lhe dera uma gravata, mantendo-o agachado e subjugando-o com o corpo pequeno, ele achara a sensação do contato próximo dos corpos... agradável. Mas como tinha a tendência de fazer com os próprios sentimentos, relegou-os a uma sala esquecida e empoeirada de seu Palácio da Memória. Sherlock Holmes era capaz de destrinchar e desvendar os sentimentos de qualquer um, menos os seus próprios.
Como na reunião com Irene no gabinete de Mycroft, em que descobrira que a dominatrix nutria sentimentos por ele. Ela chamou-o de "O Virgem", certamente referindo-se ao aspecto físico da questão, mas acertando sem querer outro de seus afiados dardos. A questão não era apenas física, mas emocional. Sherlock nunca sentira interesse ou desejo por outro ser humano, nem mesmo durante os anos de sua adolescência. Sua mente sempre subjugou seu corpo, e ele não sentia nem mesmo a necessidade de tocar-se. Ele nem ao menos tinha ideia se preferia mulheres ou homens; a visão de um corpo nu nunca lhe despertara qualquer tipo de reação. A ideia de contato físico lhe era, normalmente, repulsiva.
Com a exceção de John. Sherlock não se importava de tocá-lo casualmente, ou de ser tocado por ele.
Nesse ponto, Sherlock estranhou a quietude que vinha do banheiro. Watson sempre cantava no banho, invariavelmente. Antigas baladas românticas, rock dos anos 80, clássicos dos Beatles... John tinha uma voz clara e afinada, e Sherlock gostava de ficar sentado na sala em silêncio, ouvindo a voz do outro sobrepor-se ao ruído da água. Esse silêncio era uma quebra perturbadora na rotina. E se John tivesse colapsado durante o banho? Talvez a água fria sobre o corpo quente houvesse provocado um choque térmico. Ele resolveu espiar, apenas para se certificar de que o amigo estava bem. Ou foi o que disse para si.
O detetive abriu sem ruído a porta do banheiro. Dentro do box de vidro, sob o forte jato da ducha e de costas para a porta, John ensaboava os cabelos curtos com vigor. Sherlock pegou-se observando o corpo do amigo. Apesar de baixo e aparentemente magro, o corpo de John era forte e bem constituído. Os ombros eram largos e musculosos, e o torso se estreitava suavemente em direção aos quadris. Sherlock observava, hipnotizado, uma série de longas cicatrizes que cortava a pele dourada das costas do médico, e que ele imediatamente reconheceu como sendo de uma chibata de três pontas, instrumento comum de tortura e punição. Ele viu John virar-se devagar, enquanto tirava a espuma do cabelo. Apreciou o sabão escorrendo pelo peito esculpido do amigo, prestando atenção na cicatriz em forma de estrela onde ele tomara o tiro no ombro esquerdo, e outra cicatriz que ainda não conhecia, que atravessava o osso pélvico no lado direito. Viu Watson suspirar e esfregar os olhos, abrindo-os e dando de cara com o detetive parado na porta do banheiro.
- Sherlock! – ele gritou, ultrajado, ao ver o amigo em pé, de braços cruzados, com a cabeça levemente inclinada e um rubor leve nas maçãs do rosto – Que diabos você está fazendo aí?
- Você não estava cantando. – Sherlock respondeu, em voz baixa. Pigarreou e continuou, ao sentir a voz firmar-se. – Você sempre canta no banho, então achei que poderia ter passado mal.
- Bom, - John respondeu, virando de costas – agora que viu que eu estou vivo, pode por favor me dar licença?
- Claro. – Sherlock bateu a porta e encostou-se na parede com um suspiro. Sentia-se... estranho. Baixou o olhar e viu algo que nunca vira em suas três décadas de vida: seu corpo finalmente se rebelava contra sua mente.
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- Maldição! – John resmungou, esmurrando os azulejos do banheiro. O que dera em Sherlock, o pudico e puritano Sherlock, para invadir o banheiro daquele jeito? "Você não estava cantando", uma ova! E há quanto tempo ele estaria parado ali? Trêmulo, John lembrou da posição de Sherlock, olhando-o como se ele fosse um de seus experimentos forenses, aquele olhar intenso, penetrante e analítico nos olhos azuis-acinzentados. Quando fora flagrado, ele corara de leve, adoravelmente. John suspendeu sua corrente de pensamentos; desde quando passara a achar Sherlock "adorável"? Ele sentiu uma sensação familiar no ventre e um calafrio desceu por sua espinha. – Ah, merda. Porque a droga da minha terapeuta sempre acerta? – ele resmungou, já levando a mão para resolver seu (não tão) pequeno problema.
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N/A: Então... só uma coisinha que passou pelos meus processos mentais durante dois dias que fiquei sem computador no trabalho. Ela é uma fic relativamente curtinha, em sete partes, mas vai ter continuação depois, e outras fics no mesmo universo. Porque pensar em John e Sherlock, e em Mycroft e Lestrade makes me hot *o*
E quem me convenceu a entrar de cabeça nesse universo foi, como sempre, minha sista ARWEEN GRANGER. Então, amada, essa história é tua, assim como todas as outras johnlocks e mystrades que estão por vir.
Essa cena do banho eu consegui escrever ouvindo a indignação na voz do Martin Freeman. He's such a cutie *o*
Estou terminando o cap VIII de Can You Feel, juro pra vocês D= Mas é uma fic pura demais para os pensamentos sujos que andam tomando minha cabeça ultimamente, huahuahuahua.
Deha mata!
Eowin
