Fel
Ontem
foi há um milhão de anos atrás Eu
sei que este é o último dia na terra E
os cães se abatem suavemente Eu sei que este é o último
dia na terra Eu sei que este é o último
dia na terra
Em todas
minhas vidas passadas eu fui um babaca
Agora eu encontrei você,
é quase tarde demais
E esta terra parece estar caindo em
esquecimento
Nós estamos tremendo em nossas muletas
Alta
e morta, nossa pele é vidro
Eu estou tão vazio aqui
sem você
Eu parto minhas mãos de xérox
Nós
estaremos juntos enquanto o planeta morre
Eu sei que este é
o último dia na terra
Nós nunca diremos adeus
O amor queima suas
casualidades
Nós somos módulos de provedor
danificados
Derrame as sementes nos pés de nossas
crianças
Eu estou tão vazio aqui sem você
Eu
sei que eles me querem morto
Nós estaremos juntos enquanto o planeta
morre
Eu sei que este é o último dia na terra
Nós
nunca diremos adeus
Nós estaremos juntos enquanto o planeta
morre
Eu sei que este é o último dia na terra
Nós
nunca diremos adeus
Marilyn Manson - The Last Day on Earth
" O amor é como o mel se transformando em fel nos lábios, tocando a pele devagar, desfalecendo em seus braços. Porque poucos um dia podem sentir isso, ou quem sabe, merecer isso."
Ele estava de pé, vestia a roupa com calma. Não havia por que ter pressa, não se importava com nada. Vestia a camisa sob o corpo nu, enquanto o outro apenas observava em meio a capa estendida no chão e o olhar triste. Suas costas eram lindas, a pele era branca. O outro se deixou cair no leito, que nem poderia ser chamado de leito, era apenas um tecido jogado no chão, para uma noite de "amor"?
Vista-se Snape. - disse o outro, a voz fria enquanto colocava os óculos que havia tirado para possuir o corpo do moreno.
O coração de Snape doía, por que era assim com ele? No fundo não havia amor, os dois se encontravam às vezes as escondidas e Snape calado cedia seu corpo ao desejo do outro. E depois um não olhava mais para cara do outro, o coração de Snape já estava dilacerado com isso. Os dois eram jovens alunos de Hogwarts e além disso, Thiago Potter sempre o tratava mal fora daqueles encontros.
Snape levantou, começou a se vestir com calma enquanto Thiago vestia sua capa. A vontade de Snape falar alguma coisa era grande. Após vestir a roupa ele se encostou na parede, cruzou os braços, o cabelo tampava suavemente seu rosto quando ele resolveu chamar o outro.
Thiago… Por favor. - pediu e o outro parou. - Por que faz isso comigo?
O outro riu suavemente diante a pergunta que lhe pareceu um tanto idiota.
Por que eu gosto e por que eu quero. - depois ele caminhou parando em frente ao outro. Apoiou a mão na parede ao lado do rosto de Snape e segurou seu rosto, apertando levemente enquanto encarava Snape. O corpo todo de Snape tremeu, ele não sabia o que pensar na hora, sentiu medo, como sempre sentia de Thiago. - Não me chama de Thiago, não me lembro de ter permitido isso, Severus.
A vontade de Snape era de chorar, ele sentiu a garganta apertar em um nó. Colocou as mãos na cintura do outro, pensou em afastar o toque, já não queria mais o outro perto.
Me deixe em paz, por favor. - pediu e a resposta do outro foi mais uma risada.
Eu posso parar se quiser. Mas não acho que queira isso.
Você não sabe o que eu quero. - disse ele. O que ele queria? Amor e carinho apenas isso vindo do outro.
Ora, Severus. Qual o problema com você? Não esperava que eu fosse te amar ou ser carinhoso. - disse Thiago o soltando. - Não é meu namorado, não é nada meu e não gosto de sugestões.
Potter, eu não quero mais ser tocado por você. Não quero mais esses encontros, chega. - disse saindo de perto do outro. - Eu juro que se você tocar em mim novamente eu conto para o Dumbledore.
Faça o que quiser, não vou tocá-lo mais então.
- disse o outro saindo da sala.
Snape deixou o corpo cair enquanto
era consumido por lágrimas. Ele estava cansado daquela escola,
estava cansado de Potter e seus amigos o perturbando cada vez que se
encontravam e tinha aqueles encontros inúteis. Ele gostava da
sensação de arrepio que seu corpo ganhava quando tocava
o de Thiago. Apertou os próprios braços com os dedos
antes de se levantar e passar as mãos pelo uniforme para tirar
a poeira. No fundo sabia que poderia ter esperado e se preparado para
aquilo.
Segurou o rosto para impedir mais lágrimas de descerem, teria que sair dali antes que alguém desconfiasse que ele havia deixado sua cama na Sonserina. Qual era o seu problema? Não podia sair da escola e também não podia ficar nela. Mas estava tão cansado de tudo aquilo que tomou a decisão.
Ele saiu pelos corredores escuros de Hogwarts até o quarto na Sonserina só parando quando finalmente entrou no quarto pegou um pergaminho e começou a escrever.
" Para Eillen Prince
Mãe,
espero que esse bilhete consiga alcançá-la sem que meu
pai veja. Estou cansado de Hogwarts, não acho que esse lugar
seja para mim. Eu venho me esforçando, antes mesmo de entrar
na escola eu sabia tantos feitiços que poderia me formar
direto. Eu fui o melhor aluno em Poção e em Defesa
Contra as Artes das Trevas. Mas estou cansado não consigo
arrumar amigos. Só Lílian.
Por favor, me tire daqui.
Ass: Severus Prince Snape."
Ele enrolou o pergaminho, e colocou no bolso e foi direto para o corujal onde poderia enviar. O corujal era um lugar cheio de corujas da escola onde quem não tinha sua coruja podia mandar suas cartas. Ele parou por um tempo ali, pensando no que era pior: ficar em casa ou na escola. Tudo bem que a situação com James Potter estava ficando insuportável, mas lá pelo menos tinha Lílian Evans, sua amiga desde o primeiro dia da garota em Hogwarts. Agora ele não estava conseguindo amigos na sua casa?
Seus únicos problemas eram Thiago James Potter e Sirius Black. Se lembrou por um momento quando conheceu os dois no trem, uma briga feia sobre qual seria a melhor casa e depois enquanto ele era massacrado pelos dois garotos apareceu Lílian Evans para tirar ele dali.
Ele apertou o papel entre as mãos. Não ouviu o barulho de alguém chegando ali. Não conseguia se controlar, tremia de raiva e por segurar o choro. Era seu último ano, tinha que agüentar.
- Severus, o que aconteceu? - perguntou a voz doce. Ele se virou para ver a aluna do quinto ano da Grifinória. Os cabelos ruivos e fortes amarrados para trás exibindo os olhos amendoados e verdes que a tornavam uma garota muito linda, era também excelente aluna além de ser muito boa. Vinha de família trouxa.
Ele foi até a outra e a abraçou, era apenas o começo do ano e ele já se sentia mal. Ela tomou o bilhete de sua mão se afastando para poder ler.
- Eu não acredito que você vai fazer isso Severus, você não pode se deixar levar pelo Potter e seus amiguinhos idiotas.
- Mas Lílian eu não agüento mais, ele não pode nem me ver que fica me maltratando na frente de todo mundo. Eu não sou um brinquedo.
- Mas você tem que agüentar, está acabando pensa, eu ainda vou ter que aguentar aquele idiota inconsequente por mais uns dois anos, eu que devia desistir.
Ela foi até Severus amassando o papel e o abraçou forte, ela também achava as atitudes de James um tanto quanto idiotas. Mas por outro lado, ela só achava que era coisa de criança e que um dia o bruxo iria mudar.
- Você não vai, eu não deixo.
- Você é um amor Lílian. - disse ele sorrindo. - Nem parece ser da mesma casa daqueles idiotas e agora que chegou aquele aluno novo, o tal Lupin alguma coisa, eles só me irritam cada fez mais.
- Vem, eu vou te ajudar nisso. Vamos para nossas casas que se alguém nos pegar fora da cama teremos problemas.
O dia seguinte estava bem calmo para um sábado. Severus estava sentado na sombra de uma árvore. Com os livros abertos em cima das pernas, ele estudava para a aula de Poções. Ao longe via sua amiga Lílian conversar com outros garotos e toda hora ela olhava para saber se o amigo estava bem.
O Sol cobria todo o seu corpo de modo que ele tinha que fazer uma pequena sombra com as mãos para olhá-la as vezes. E esse sol forte foi logo transformado em sombra. Ele não precisava levantar o rosto para saber quem era.
- Levanta, Snivellus. - disse a voz sarcástica que ele logo reconheceu como sendo de Thiago James Potter. Era o apelido que o chamavam e que ele detestava. Ele obedeceu mas não por que queria, e sim por que iria sair de perto daqueles dois.
Assim que levantou seu olhar ele viu Thiago o olhando com nojo e claro, logo atrás estava Sirius Black.
- Me deixe em paz, você e seu guarda costa.
Thiago tirou sua varinha e apontou para Snape que já sentia medo antes mesmo de saber o que o outro faria.
- Leviacorpus. - disse ele ouvindo os gritos de Snape e rindo junto com Sirius enquanto Severus era suspenso pelo tornozelo no ar ficando de cabeça para baixo, e claro, chamando a atenção de todos. A maior parte dos alunos da Grifinória riam.
Lílian correu para socorrer o amigo tirando a varinha do bolso e gritando rápido.
- Liberacorpus. - e assim Snape caiu no chão e ela olhou furiosa para Potter, a garota era uma das poucas que terminavam com as atitudes ruins de Potter. - Você é algum tipo de idiota? Deixa ele em paz, ele não fez nada para você.
- Ele existe, é o suficiente.
- Se você não gosta dele, Potter ignore-o mas não o maltrate. - disse ela. Mas uma discussão começava e Potter nunca respondia à garota por muito tempo.
Logo mais três pessoas se juntaram ao grupo. Um loiro de olhos cinzentos e dois garotos grandes. Todos alunos da Sonserina.
- Malfoy, Crabbe e Goyle. - disse Thiago.
- Chega Thiago, vamos embora. - disse Sirius.
- Snape você vem com a gente. - disse Malfoy e o garoto largou Lílian e saiu com seus amigos da Sonserina. - Vamos te ensinar a tratar grifinórios.
E assim o grupo se separou. Sirius e Thiago foram para a sala comunal da Grifinória, Lílian voltou a se juntar a suas amigas no jardim e Snape saiu com os demais alunos da Sonserina. Muitas coisas prometiam mudar naquele seu último ano em Hogwarts, Snape esperava por boas mudanças.
Sala comunal da Grifinória…
A lareira estava acesa a qualquer hora do dia e naquele dia não seria diferente. Ele estava sentado com o livro aberto e as pernas cruzadas pousadas em cima do braço do sofá. Quem o visse daquela forma relaxada certamente pensaria que ele estava prestando atenção a cada palavra daquele livro idiota que ele não sabia nem o nome. Os cabelos cacheado e pretos cobriam a visão de seu rosto pensativo. Ele por fim se irritou, do outro lado da sala Remus Lupin apenas pensava que havia demorado demais para que se irritasse.
O livro foi fechado e atirado bem perto de Potter, que é claro, se assustou com aquilo que não era esperado, o que era típico de Black, atitudes totalmente impensadas em momentos impróprios, ao menos era assim a definição de Lupin aos muitos comportamentos de Sirius.
- Chega, cansei. Perdeu a graça, James. - disse ele e o outro o olhou com o rosto totalmente interrogativo. Black se levantou sem olhar para Lupin que estava curioso para saber o que era daquela vez.
- Cansou do quê? Do livro? Aposto que você nem estava lendo, Sirius. - disse Potter calmo. Lupin apenas observava calado a tudo.
- Não, não é disso que eu cansei. Vamos parar de perturbar o seboso, cansei disso porque fazemos todos os dias.
Sim, aquela era realmente nova. Sirius meio que defendendo Snape? Por essa James não esperava, ele olhou interrogativo para o outro.
- Por quê? É um dos passatempos mais divertidos que temos.
- Eu não acho.
- Eu concordo com ele, não vejo mais sentido nisso, James. - disse a voz calma de Lupin.
- Você concorda? - perguntou Sirius olhando direto para Lupin com um olhar realmente estranho, um misto entre raiva e perplexidade.
Lupin ficou tremendamente envergonhado com aquela atitude de Black, não esperava aquilo do amigo e não conseguia compreender, primeiro o porquê de Sirius defender Snape e depois o porquê daquele olhar. Ele se encostou e achou prudente voltar a ler.
- Você esta a fim do seboso, Sirius? - perguntou James que não demonstrava nada em seu rosto e agora voltava a olhar para o livro que contava toda a história do Quadribol.
- Não é isso. - disse ele depressa olhando para Lupin, que não demonstrou nada e continuava lendo o livro como se não tivesse prestado atenção às palavras de Sirius.
Porém tudo o que ele sentia era ciúmes, não demonstrado, por Sirius, e claro, prestava atenção a cada palavra dele sentindo o coração bater mais de ansiedade pelo que Sirius fosse responder.
Claro que Sirius interpretou aquilo de forma diferente, para ele não era timidez, era apenas uma indiferença que o magoava, era incrível como Lupin não notava os seus sentimentos e aquilo o irritou.
- E se eu estiver? - disse um tanto irritado olhando para Potter mas na verdade ele olhava de soslaio para Remus, que pareceu tremer com o que ouviu, mas para Black era sua impressão.
- Fique com ele, não me importo, só quero que seja feliz. - disse Potter. Mas no fundo também se roía de ciúmes, não por Black mas por Snape que andava fingindo não lembrar dos encontros e havia lhe dado dois bolos e só andava com os idiotas da Sonserina. Mas agiu frio como sempre.
Já Remus era bem diferente, assim que Sirius saiu pelo retrato da Mulher Gorda, ele simplesmente fechou o livro e sentiu uma vontade enorme de chorar. Porque para ele, Sirius nunca olharia para outro garoto e muito menos para ele. E agora ver que o outro parecia interessado em Snape, talvez apaixonado, o feria muito.
- Não vai dizer nada, Lupin?
- O que quer que eu fale?
- Você gosta dele, vai deixar que ele simplesmente fique com o seboso?
Lupin não sabia se sorria ou se chorava. Estava nervoso porque era muito diferente ver Black cheio de garotas e Black podendo ter um caso com Snape. Ele mordeu os lábios sem saber o que responder para Potter que o olhava e ele também o olhou.
- Antes de vir com essa história estranha, ele gostava de você. Não acha que é estranho demais ele simplesmente defender o seboso e depois falar aquilo? Acho que ele estava te provocando.
- Por quê? Não tem por que ele fazer isso. Não tem por que ele olhar para mim e nem seria racional ele gostar do Snape, isso eu concordo, mas isso que está dizendo dele gostar de mim é utópico. - disse Lupin por fim se levantando. - Me desculpe não levar a sério isso. Tenho uns trabalhos de monitor a fazer. - disse por fim, saindo Lupin.
Ele, na verdade, caminhou até o banheiro entrando nele e fechando-se em uma cabina. Seu coração doía e ele estava tentando disfarçar bem toda aquela crise de ciúmes que estava tendo, afinal para ele já tinha superado o fato que nunca teria as atenções de Black só para si.
Se
surpreendeu ao sentir uma lágrima escorrendo, chegou a tocar
ela com os dedos para ver se era real, devia estar acostumado a não
ter as coisas, sempre achou que tinha demais, uma hora era claro que
alguma coisa iria ser dolorosamente tirada de si.
Respirou fundo e
depois apertou nos dedos o uniforme. Agora sairia dali como se nada
tivesse acontecido e voltaria a se empenhar em ser o melhor aluno
como agradecimento por finalmente estar estudando. Era o quinto ano e
agora ele teria calma e deixaria de se sentir triste porque perdeu o
que nem havia ganho.
Na sala, James ainda se esforçava a se acalmar, ele estava irritado porque Sirius agira por impulsividade e ainda mais por defender o seboso e ainda mais por Snape passar a ignorá-lo. Ele acabou largando ali mesmo o seu livro e foi atrás de Sirius, mas não o achou.
Sirius porém estava circulando pela escola. Na verdade ele não se preocupou com Snape, não era aquele o seu problema, ele só resolveu olhar para o outro para atingir Lupin da pior forma possível. Se sentou aos pés de uma árvore, sua vontade era chorar de raiva. Como Lupin conseguia ser tão impassível, ele havia praticamente declarado amor à Snape e Remus continuava a ler aquele maldito livro.
Sua vontade era simplesmente de levantar e rasgar o livro todinho, mas ficaria claro demais. Primeiro ele tentou com as garotas, mas Lupin nunca parecia se afetar com nenhuma atitude de Sirius. Ele deslizou os dedos pelo meio dos fios dos cabelos, apertando-os na raiz. No fundo aquilo tudo pareceu ridículo, ele se envolver com Snape, mas iria provocar Lupin, uma hora ou outro se Lupin gostasse dele, iria parar de agir como agia.
Para ele Lupin era simplesmente bom demais, ele queria que Lupin tivesse uma crise de nervos e colocasse as emoções para fora. Mas ele não sabia que outra pessoa também poderia colocar emoções para fora quando o escolhido para fazer ciúmes desta vez fosse Severus Snape.
