A cozinha estava tão apinhada naquela noite que tornava difícil o uso de garfos e facas. Harry se viu espremido ao lado de Gina; as palavras não ditas que os dois havia trocado o fez desejar que estivessem separados por mais gente. Ele fazia tanto esforço para não roçar no braço dela que mal conseguia cortar a galinha no próprio prato.

- Alguma notícia de olho tonto? – perguntou Harry a Gui.

- Não - assim que Gui respondeu uma explosão foi ouvida no quintal junto com um clarão que sobressaltou a todos.

Imediatamente todos se levantaram e todas as varinhas foram apontadas para a porta. Como os comensais conseguiram penetrar nos fortes e poderosos feitiços de proteção que envolvia a Toca? Harry se perguntava temeroso não só com o que poderia acontecer com ele, mas também com todos os presentes agora que não tem mais os feitiços de proteção no qual tanto confiavam. Fred, Jorge Rony e Hermione que eram os mais próximos a janela deram passos incertos e cautelosos até ela prontos para atacar ao primeiro sinal de movimento. Mas Harry sabia que eles não iriam conseguir enfrentar o exército de comensais que com certeza estavam lá fora. O quarteto finalmente conseguiu olhar pela janela em cima da pia e todos dispararam feitiços para o quintal sem parar. Deixando Harry nervoso, pois ele não conseguia ver no que eles estavam atirando. Um grito agudo feminino pode ser ouvido e os feitiços pararam, mas Rony, Mione e os gêmeos continuavam segurando firmemente as varinhas.

Eles permaneceram assim por longos e apavorantes segundos que Harry sabia que podiam ser seus últimos.

A respiração de todos estava ofegante. O menino-que-sobreviveu podia sentir o coração martelando em seu peito tão forte que parecia querer sair pela boca. O silêncio continuou atormentando e agoniando a todos os presentes que pareciam não ter coragem de se mover. Todos esperando que a porta fosse aberta com um estrondo e por ela entrassem Voldemort e todos os seus sanguinários seguidores lançando maldições imperdoáveis neles até que não sobrassem mais ninguém com vida.

- O que houve? - Gina quebrou o silencio perguntando em um sussurro ao quarteto que ainda olhava para algum lugar no quintal com as varinhas erguidas.

- Eu acho que foram só eles. - um dos gêmeos finalmente falou. Como assim "eles"? Quem são "eles"? Harry se perguntava.

O senhor Weasley que estava em pé na cabeceira da mesa e mais perto da porta deu alguns passos em direção a ela e parou olhando para os que estavam olhando pela janela.

- Posso? - ele perguntou, para ter certeza de que poderia abrir a porta da cozinha e ver quem eram "eles".

Harry engoliu em seco e percebeu que quase todos os outros também fizeram. Hermione apenas lançou uma olhadela com as sobrancelhas erguidas para o senhor Weasley mostrando o pânico que sentia com as inúmeras possibilidades de tragédias que podiam acontecer, mas a morena logo voltou a olhar para a janela como se estivesse deixando a resposta à pergunta para outro alguém. Rony também olhou assustado para o pai e logo voltou o olhar para a janela. Os gêmeos por sua vez não desgrudavam o olho do quintal e ainda olhando para lá movimentaram a cabeça positivamente bem devagar e suavemente, também com medo do que podia acontecer com o pai. O senhor Weasley deu mais dois passos incertos e parou segurando a maçaneta da porta com uma mão e a varinha com a outra. A tensão na Toca era palpável e o silencio reinava cortado apenas pela respiração rápida e nervosa de todos. Arthur Weasley olhou para trás para todos os rostos pálidos e apavorados que o olhavam sentindo cada um, um misto de emoções, mas ele se voltou decidido para porta, pronto para encarar quem quer que esteja a sua espera, ou pelo menos, era isso o que Harry achava.

A porta foi aberta com um rangido metálico agonizante. Mas ao contrário do que todos esperavam não havia nada a não ser a paisagem rural da Toca. Harry ouviu o Sr. Weasley respirar profundamente tomando coragem para ir até a soleira da porta se tornando um alvo fácil para qualquer bruxo que quisesse o atingir. Mas, mais uma vez, nada aconteceu deixando todos intrigados. Ele olhou para o quintal e apontou a varinha para um ponto na direção para a qual Mione, Rony e os gêmeos também apontavam. O senhor Weasley foi andando para a direção que apontava saindo do campo de visão de Harry. Logo um por um, todos foram para o quintal para ver o que havia.

Quando Harry finalmente conseguiu ver o que havia ficou curioso ao perceber que não se tratavam de nada além de crianças que deviam ter em torno de 10 anos. Os dois corpos inconscientes estavam deitados no chão á uma distancia de uns 2 metros. Eram uma menina e um menino. A garota tinha cabelos ruivas cacheados, sardas pelo nariz e era facilmente confundida com uma Weasley. Já o garoto era peculiarmente parecido com Harry com os mesmos cabelos negros bagunçados, mas ele não usava óculos e não tinha nenhuma cicatriz na testa.

- Será mesmo que são comensais? - Gina perguntou ao lado de Harry também observando o garoto.

- Provavelmente. - Gui respondeu ao lado da irmã. - Esse daqui deve estar usando alguma poção polissuco para se transformar no Harry. - ele continuou. - Só não entendo por que você-sabe-quem só mandou dois comensais. - Gui se perguntou olhando para o garoto estirado no chão, com uma expressão pensativa.

- Mas se foi poção polissuco, de quem seria o DNA para o comensal se transformar nessa garota? - Hermione perguntou fazendo Harry se virar para trás já que ele estava entre os dois comensais. O moreno analisou um pouco a ruivinha deitada na grama com os cabelos encaracolados espalhados pela grama.

- Acho que é uma versão Weasley de você Mione. - Gina argumentou. Fazendo Hermione olhá-la com uma sobrancelha erguida.

- Eu? - Mione perguntou e Harry analisando mais a amiga e comparando-a com a garota percebeu que elas eram realmente parecidas.

- É. Olha, - Gina falou indicando a menina ruiva. - Parece você dormindo com o cabelo pintado. - ela apontou e Hermione ficou um tempo olhando a garota e depois fez uma careta concordando.

- Mas, por que algum comensal iria querer se transformar em uma versão ruiva minha e no Harry? - Hermione perguntou.

- Talvez achassem que não íamos atacar alguém que achássemos que fossem vocês. - Sr. Weasley tentou responder. - Talvez eles não saibam que vocês estejam aqui... - ele continuou.

- Mas se eles não sabem que o Harry está aqui então por que eles vieram pra cá? - Um dos gêmeos perguntou.

- Ele está acordando! - Gui esclamou e todos imediatamente formaram um circulo em volta do garoto que ia aos pouco abrindo os olhos.

O menino abria e fechava os olhos parecendo tentar focar no céu para o qual estava olhando. Depois de algumas piscadas ele pegou alguma coisa no bolso que não podia ser a varinha, pois o próprio Harry a havia pegado e estava segurando-a firmemente. Harry viu que ele estava pegando um óculo circular idêntico ao que ele próprio usava, mas o do garoto estava com o vidro totalmente arranhado. Quando o garoto finalmente levantou o tronco sentando na grama e olhando para Harry e Gina, ambos com as varinhas apontadas em sua direção. Harry com alguma dificuldade conseguiu ver que os olhos do garoto também eram verde-esmeralda assim como os dele, provando assim que ele realmente era alguém disfarçado de Harry. O garoto estreitou os olhos tentando ver Gina e Harry entre as várias rachaduras nas duas lentes dos óculos.

- Pai? - o garoto perguntou como se não tivesse certeza se Harry era mesmo seu pai. O menino-que-sobreviveu ficou confuso com o que aquele comensal pretendia fingindo que era seu filho. - Pai é você? – o menino perguntou de novo dessa vez com um pouco mais de certeza de que aquele era realmente seu pai. - Quebrei meus óculos de novo, - o moreno continuou como se estivesse lamentando por ter quebrado os óculos. - Mas eu juro que não foi culpa minha! - ele tentou se desculpar. - Eu estava aqui brincando com a Rose e ai veio um clarão estranho e quando eu olhei pra cozinha eu vi, acho que a tia Mione e o tio Rony, então eu vi uma luz vermelha e cai em cima dos óculos. - o garoto se explicou deixando todos ainda mais confusos. Como ele conhecia Hermione e Rony? Por que ele achava que Harry era seu pai? E por que achava que Hermione e Rony eram seus tios?

- Quem é você? - Gina perguntou de um modo nada educado.

- Mãe? - o garoto perguntou estreitando os olhos mais uma vez e pareceu ter certeza de que era mesmo sua mãe. - Mãe sou eu! – ele exclamou como se fosse óbvio.

Gina aproximou a varinha do garoto até encostá-la na testa dele e perguntou séria e ameaçadoramente. - Qual. É. O seu. Nome? – Ela perguntou de um jeito tão ameaçador que Harry chegou a pensar que aquela não era Gina. O menino engoliu em seco sentindo a ponta da varinha de sua suposta mãe.

- Albus Severus Potter. - ele respondeu sem hesitar. Gina sabendo que aquilo era mentira voltou a ameaçar.

- Eu vou perguntar só mais uma vez: Qual. É. O seu. Nome? – ela perguntou rude de novo.

- Albus Severus Potter! - ele respondeu de novo sem hesitar, mas estava pálido de pânico.

- Al? - uma voz feminina perguntou atrás de Harry. Esse se virou para ver a garota ruiva olhando-os. Harry e Gina saíram do meio dos dois deixando-os dentro de um circulo só de varinhas apontadas para eles.

- Rosie! - o garoto exclamou indo se arrastando para o lado da garota que olhava para todos com uma expressão confusa. Ela tinha olhos azuis claros como os de Rony e agora com eles abertos parecia-se muito menos com Hermione.

- O que foi? - ela perguntou para o suposto Potter depois de olhar para cada um dos bruxos que os cercavam.

- Eu sei lá acho que agente está em outra dimensão por que meus pais nem sabem quem eu sou e minha mãe é algum tipo de criminosa sinistra... - o garoto falou em voz baixa para a companheira. Harry teve vontade de rir com a suposição do menino de Gina ser uma "criminosa sinistra". A tal Rosie olhou para Gina com uma sobrancelha erguida e Gina manteve a varinha apontada para eles. Então a ruivinha voltou a falar com o "Potter".

- Ela não parece uma criminosa sinistra. - a garota murmurou para o comensal. - Parece só a tia Gina mesmo. - ela disse simples. – Você também com esses óculos quebrados não deve estar conseguindo ver nada. - a comensal observou.

- Eu sei... Mas eu juro que foi a tia Mione que me lançou um feitiço que me fez cair em cima dos óculos. - ele alegou de novo.

- Eu acho que vi o tio Jorge e meu pai. Não sei, mas eu acho que foram eles que lançaram as maldições na gente. - ela murmurou para o garoto mostrando que conhece realmente os Weasleys. – E provavelmente eles vão fazer isso de novo. - ela completou vendo por trás dos ombros do garoto Rony apontando a varinha para eles.

- Quem é você? - Rony perguntou frio para a garota.

- Rosie Weasley. - ela respondeu sem hesitar. Rony sabia que era mentira, pois ele conhece sua própria família bem o bastante para saber que não existe nenhuma Rose Weasley.

- Fale a verdade! - Gui exigiu ameaçador.

Harry viu que a garota olhou para ele e ficou mais nervosa, percebendo que eles já sabiam que eram comensais. Harry não via outra explicação para o nervosismo dela.

- Ro-Ro-Rosie Weasley. - ela gaguejou nervosa respirando cada vez mais profundamente.

- A verdade! - Gui exigiu de novo soando realmente assustador. Até mesmo Harry sentiu um calafrio ao ouvi-lo falar daquele jeito.


N.a: posto o resto quando receber reviews.

bjoss