Sebastian encarou o trono a sua frente e a já enorme fila de pessoas querendo as resoluções de seus problemas decretadas pelo regente e suspirou frustrado. Odiava aquela parte, era tão entediante. Ouvir sobre cada disputa absurda daquelas pessoas, como se ele quisesse saber sobre quem roubou a ovelha de quem e a esposa de que pessoa foi vista saindo da taberna no dia anterior. Ele estava mais preocupado com outros assuntos, como seu irmão ter sumido da corte desde que soubera que perderia sua legitimidade e sua chance de se tornar rei. Principalmente, por ter perdido Mary.

Ele olhou para o lado e não se surpreendeu a notar a presença da sua futura esposa. Futura esposa. Parecia até mentira quando ele pensava. Sua mãe sempre dissera que a vida dava muito mais voltas do que o esperado. Ele apenas não sabia o quanto ela estava certa.

"Você podia ao menos fingir não estar a caminho da decapitação." Mary disse, com um pequeno sorriso no rosto, sem desfazer a pose de rainha que precisava manter todo o tempo em que estava em público. Era algo que Bash sempre admirara nela, sua postura perante a corte. Era algo com o que ele nunca precisou se preocupar.

"Como fingir diante de uma tarefa tão tediosa quanto essa?" Disse em voz baixa, ainda olhando para o trono e evitando o contato com outras pessoas que possam perceber a sua falta de entusiasmo.

"É seu dever como regente e futuro rei mostrar interesse nos assuntos de seus súditos." Mary anunciou provavelmente pela centésima vez. "Eles precisam te amar tanto quanto respeitar e temer. Por isso essa tarefa foi inventada."

Ele balançou a cabeça. "Pois me aponte quem inventou tal loucura para que possa cortar a cabeça de uma vez."

Ela riu de novo, tentando esconder tal ato das pessoas que estavam a sua volta. "Talvez eu possa tornar a tarefa um pouco menos entediante." Ela sugeriu com um olhar malicioso que fez Bash se arrepiar.

"E como você sugere a melhoria dessa tarefa?" Ele esqueceu a compostura e a encarou, tentando desvendar todos os segredos por trás dos intensos olhos da moça a sua frente.

"Bem, se você conseguir não parecer tão torturado durante todo o processo, eu poderia pedir que minhas damas juntassem algumas frutas e pães, e fugiríamos para os jardins dos castelo ao entardecer. Só nós dois com o pôr do Sol. Talvez possa tornar essa atividade um pouco mais... suportável?"

"Ter você ao meu lado torna qualquer tortura suportável." Ele disse pegando a mão dela e beijando antes de se dirigir para o trono.

Ele ouviu todas as súplicas, reclamações e pedidos de seus súditos, com um sorriso nos lábios e um olhar interessado. Volta e meia ele observava Mary, que tinha uma expressão orgulhosa em seu rosto. Só aquilo já era suficiente para ele fingir interesse naquilo tudo. Ele seria rei. Por ela.