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-Fic não recomendada para menores de 18 anos.
- REFLEXOS é uma continuação da fic "A Fogueira das Paixões", também disponível neste site.
RELEMBRANDO A CONCLUSÃO DE "A Fogueira das Paixões":
No final de "A Fogueira das Paixões", Hermione Granger, Alone Bernard, Joyce Meadowes, Serena Bennet e Lanísia Burns, As Encalhadas, conseguiram reverter o poder do ritual que haviam feito para atrair os homens que amavam. Os rapazes perderam o sentimento criado por magia, mas as Encalhadas conseguiram se acertar no campo amoroso.
Hermione ficou feliz ao lado de Rony Weasley; Alone meteu-se numa relação curiosa com Harry Potter e Colin Creevey; Joyce acertou-se com Juca Slooper; Lanísia e Augusto decidiram manter-se afastados até que a jovem se formasse em Hogwarts; Serena e Lewis Lambert decidiram viver apenas como irmãos, esquecendo o sentimento de amor carnal, e a garota começou a namorar Draco Malfoy.
Clarissa Stuart, que queria matar Rony para livrar-se do amor que sentia pelo rapaz, suicidou-se para não ir para Azkaban, ao jogar-se de uma janela. Ted Bacon, um bruxo que queria abrir uma loja de roupas femininas em Hogsmeade chamada Bruxetes, foi preso após Lanísia fazer com que ele confessasse a participação na trama que levou à morte do próprio pai.
Felizes com os seus amores, as meninas abriram um grupo de apoio às garotas que tinham problemas de relacionamento. Colocaram Rebecca, a ex-mulher de Augusto e inspetora de Hogwarts, que sempre desejou prejudicar Lanísia, como funcionária. Ela foi obrigada a servir as meninas depois que elas descobriram que a inspetora fazia performances sensuais num prostíbulo chamado Mansão Lingüiça.
A segunda parte dessa história começa nas férias da Páscoa, quando as Encalhadas estão a poucos meses da formatura...
REFLEXOS: A Fogueira das Paixões 2
Um reflexo é o que volta para nós quando olhamos em um espelho. É aquilo que retorna em conseqüência de nossas ações. Um reflexo pode manifestar-se como vingança; é o troco, o fazer-e-receber. Descaracterizados podemos tornar-se um reflexo de nós mesmos; uma mera imagem, semelhante ao que já fomos, mas alterada na essência. Apenas imagem – outro conteúdo. Um reflexo num espelho pode nos fazer reencontrar marcas do passado, ver a nossa própria face que, algumas vezes, nem queremos enxergar. A vida cobra o que se fez; não se pode evitar. É impossível lutar contra aquilo que os olhos vêem, mas a realidade pode se revelar uma ilusão.
CAPÍTULO 1
Confusão no noivado
Joyce Meadowes espreguiçou-se ao saltar de sua cama naquela ensolarada manhã. Ela sentia algo diferente em si mesma, mas de imediato não lhe ocorreu o que seria. Talvez seus neurônios só funcionassem bem depois de um bom café da manhã, de modo que ela resolveu ignorar essa impressão incômoda e descer para o Salão Principal.
Desceu a escada em caracol e chegou à sala comunal da Grifinória. Atraiu alguns olhares curiosos e ouviu risadinhas abafadas acompanharem a sua passagem. Joyce não entendeu porque estava chamando tanta atenção; sabia que o grupo de ajuda formado com suas amigas, em defesa das jovens encalhadas, estava lhe trazendo alguma fama, mas ela não esperava tanto! Sim, devia ser isso! Satisfeita, Joyce acenou para aqueles que sorriam para ela, lançou beijinhos, sentindo-se muito importante.
Ainda assim, aquela sensação de que algo estava errado, que algo estava faltando, persistia.
Saiu do salão comunal. A Mulher Gorda soltou um grito horrorizado às suas costas. Joyce voltou-se para a pintura da mulher em seu vestido rosado.
-Algum problema ô "boto cor-de-rosa"?
A Mulher Gorda, que estava com as mãos sobre os olhos, não respondeu. Joyce resolveu ignorá-la e dar atenção aos seus novos fãs, que inclusive assobiavam em sua direção. Dois rapazes passaram, dando especial atenção à sua traseira, e a chamaram de gostosa! Se não estivesse namorando Juca, poderia faturar um pouquinho.
Sentindo-se uma popstar, Joyce entrou no Salão Principal, após uma passagem triunfal pelo Saguão de Entrada. Balançando exageradamente os longos cabelos, e rebolando os quadris, ela caminhou até a mesa da Grifinória. Novamente era o centro das atenções; aproveitou tudo isso até que Draco Malfoy berrou:
-Cuidado, Joyce, tem uma aranha no meio das suas pernas!
-NÃOOO! – Joyce deu um salto assustado, olhando apavorada, pela primeira vez, para o seu corpo. Viu de relance uma sombra entre suas pernas e, estremecendo e gritando de pavor, correu para perto de suas amigas. – Tirem! Tirem de mim, por favor!
Ela abriu um pouco os olhos e viu que Hermione, Alone, Serena e Lanísia fitavam-na, confusas e envergonhadas.
-Eh... Tudo bem, Joyce, eu posso tirar, mas preciso de Poção Depiladora para isso... – murmurou Mione num fio de voz.
-Não estou pedindo pra depilar esse monstro que grudou em mim, é pra arrancá-lo!
-Joyce, será que não reparou ainda? – disse Serena, levantando-se. Agarrou-a e, dramaticamente, balançou-a pelos ombros. – Você está nua, Joyce. NUA!
Ela olhou novamente para baixo.
-Puxa, estou mesmo... Agora largue meus ombros porque seus braços estão roçando os meus seios.
-Ah, desculpe...
Ela suspirou, olhando ao redor. Abriu um sorriso diante das amigas.
-Sabem que nem reparei? Nossa, como estou desligada... Mas até que é divertido. É, é sim... Acho que até recomendo. Notei que os corredores do castelo pareciam mais frescos, mas nem pensei que podia ser por falta de roupa...
Ela então se acomodou à mesa para tomar o café da manhã.
-Você... Não vai se vestir? – indagou Hermione, pasma.
-Não. Humm... Esse banco é tão geladinho! Experimentem, meninas, é uma sensação maravilhosa!
-Sim, por que não? – indagou Lanísia, ficando de pé e rasgando as suas vestes.
-Isso aí! O que é bonito é pra se mostrar! – exclamou Alone, seguindo o exemplo das amigas. Ela subiu na mesa e rasgou suas roupas até se livrar de todas as peças.
-Vamos, pessoal, façam o mesmo! – gritou Joyce, tentando estimular os colegas.
-Isso não se escondam! – bradou Dumbledore, levantando-se de sua poltrona.
-Puxa, achei que você tinha morrido!
-Não, Joyce, voltei para mostrar a todos o que tenho de melhor! – e Dumbledore rasgou suas elegantes vestes púrpura, revelando seu corpo magro e esguio.
-Vejam, ele tem uma segunda barba! – apontou Alone.
-Uau, são cabelos púbicos! – disse Hermione, fascinada.
-Nem dá pra ver o "negócio" dele... – falou Joyce, decepcionada.
-Dá sim, é só abrir a cortina – falou Minerva, sábia, piscando o olho para Joyce.
-Já viu professora?
-Sim, mas ele não quis tudo isso! – e Minerva rasgou as suas vestes, ficando nua imediatamente.
-Ela não usa lingerie! – mostrou Joyce às amigas. – Ah-ah, eu sabia!
Todos no Salão já se despiam, revelando seus corpos, jogando as roupas para todos os lados. Colin recolhia as lingeries que eram arremessadas, com um olhar empolgado.
-Vai cheirá-las depois, safadinho? – perguntou Alone.
-Que nada, vou ver com qual fico mais elegante! – disse, mostrando uma vermelhinha.
Joyce não conseguia acreditar; era incrível! De uma hora para outra, o Salão Principal havia virado um salão de naturismo. Que sorte ter acordado nua!
Hagrid subiu na mesa principal, provocando um grande estrondo, e berrou:
-Agora é a minha vez!
-Ai, meninas, me segurem – pediu Joyce às Encalhadas. – É a realização de um sonho. Vou ver um meio-gigante pelado! Preciso conferir o "instrumento" gigante...
-Você está namorando o Juca – lembrou Hermione – não devia ficar de olho nos instrumentos dos outros...
-Nada me impede de admirar os espécimes existentes! Isso é cultura, Hermione... – sorriu para Hagrid. – É cultura...
Hagrid desafivelou o cinto. Jogou as enormes botas. Joyce viu uma delas bater na cabeça de Colin Creevey, que desmaiou e teve as calcinhas roubadas por Blásio Zabini, que saiu correndo, afetadamente. Hagrid arremessou a outra bota. Blásio Zabini desmaiou quando foi atingido e Harry Potter tomou as calcinhas, saindo em disparada pelo Salão.
Joyce voltou às atenções para Hagrid. Ele ficou de costas quando baixava a calça, no mesmo instante em que Harry Potter passava por trás da mesa principal. Hagrid livrou-se da calça, Harry tombou com alguma coisa que saltou para fora e desapareceu por trás da mesa numa chuva de calcinhas coloridas.
-Vocês viram? Harry chocou-se e até desmaiou! – Joyce lambeu os lábios. – Ah, Hagrid, vire-se logo, vire-se e mostre logo tudo o que tem aí!
Hagrid ia virar-se para ela... Ela finalmente ia ver...
-ACORDA!
-Aaaaah!
Ela encolheu-se na cama. Hermione, Alone, Lanísia e Serena estavam sobre ela, gargalhando.
-Droga, saio de um sonho tão bom e acordo com um monte de mulher na minha cama... Andem, pra fora, saiam daqui... – ela começou a empurrar as amigas.
-Com o que estava sonhando Joyce? – perguntou Mione. – Parecia que estava gostando muito...
-Tive uma visão magnífica de uma Hogwarts naturista.
-Todo mundo pelado? – perguntou Serena.
-Todo mundo, inclusive McGonagall e Dumbledore... Ah! – olhou para Alone. – Colin e Harry disputavam calcinhas com Blás Zabini, claro que para uso próprio...
-Você insiste em ver Harry e Colin como duas mariquinhas, mas eu já disse: eles fazem horrores comigo. Os dois têm uma disposição de outro mundo, mané!
-Sei, sei... – falou Joyce, desacreditando.
Hermione, que abria as cortinas do quarto, admirou o amanhecer.
-Acho que teremos um lindo dia de sol – comentou. – Ande, Joyce, se arrume logo, precisamos ajudar sua mãe nos preparativos para o jantar! Temos muitas tarefas até que tudo fique pronto!
Joyce ergueu-se e contemplou o próprio corpo.
-Hum... Estou vestida... O sonho estava mais divertido.
-Mas o dia ainda promete muita diversão pra você! – disse Serena. – Juca vai lhe... – antes que Serena pudesse falar demais, Alone saltou em sua direção e tapou-lhe a boca com a mão.
Joyce não entendeu a confusão.
-Ei, qual é o problema em deixar a Serena falar? – perguntou desconfiada.
-Ela fala demais – disse Alone, olhando feio para a amiga. – Na certa ia descrever tudo o que o Juca vai fazer com você entre quatro paredes, e... Bom, sua mãe ouvir isso não seria nada legal, não é mesmo?
-É, mamãe é até um pouco liberal, mas as minhas intimidades na frente dela, não dá... Controle-se, Serena!
-É, CONTROLE-SE! – falaram Mione, Alone e Lanísia em uníssono.
-Vou ao banheiro, meninas, já volto...
Assim que Joyce afastou-se o suficiente do quarto, Hermione encostou a porta e ralhou com Serena:
-Ficou maluca? Juca pediu para não contarmos nada! Joyce deve continuar pensando que estamos organizando apenas um jantar comum de Páscoa, o noivado é uma surpresa!
-Desculpem, eu fiquei empolgada, só isso...
-Quase que você estraga tudo, Serena – disse Alone, sem esconder sua irritação. – Ia tirar toda a emoção do momento. Juca ia pedir a mão de Joyce, aí ela simplesmente ia olhar para ele, e sorrir: "Claro, eu aceito", sem lágrimas emocionadas, sem a expectativa da resposta, sem desmaio!
-Acha que ela vai desmaiar? – perguntou Mione.
-Não sei, temos que considerar as possibilidades...
-Devíamos ter convidado mais pessoas – disse Serena. – As nossas pacientes do grupo de ajuda às encalhadas, por exemplo...
-Não tinha como – falou Lanísia. – Se enchêssemos a casa de convidados, Joyce ia desconfiar. Deixamos para convidar as meninas e todos os nossos admiradores quando chegar o casamento.
O grupo de ajuda Encalhadas tornou-as conhecidas em Hogwarts. Mesmo com seus namorados e compromissos, elas acabavam tratando-se por Encalhadas – era assim que todos as chamavam em Hogwarts.
-Rony confirmou presença no noivado? – perguntou Serena à Hermione. Como não obteve resposta, ela chamou a atenção da amiga. – Mione, está me escutando?
O rosto de Hermione estava parado e ela olhava fixo para a árvore que ficava ao lado da casa dos Meadowes. As meninas não entenderam porque Mione estava com a expressão tão intrigada; era como se procurasse alguma coisa...
-Algum problema com os ramos do salgueiro?
-Não... Tive a impressão de ter visto algo se movendo, mas não passou disso, uma impressão... Desculpe, Serena, pode repetir a pergunta?
-Perguntei se Rony confirmou que estará aqui?
-Sim – respondeu Mione, dando às costas para a janela. – Disse que deve chegar à metade do jantar. Apesar de ser a noite do noivado de Joyce, não podemos esquecer que também estamos nos feriados da Páscoa. Minha sogrinha Weasley não o perdoaria se ele deixasse de comer junto à família.
-Ele conseguiu permissão pra sair antes?
-Ah! Lanísia, por favor... Rony já é maior de idade, toma as suas próprias decisões... Não precisaria pedir permissão pra mamãe...
Lanísia olhou-a com pena.
-Ele terá que enganá-la não é?
-Sim, a suposta dor de barriga começará às sete da noite – suspirou Hermione. – Sabem, às vezes imagino a Sra Weasley presente na minha lua-de-mel quando resolver me casar com o Roniquinho!
-Ela ainda o chama desse jeito bizarro?
-Não, Alone, sou eu que o chamo assim nos momentos íntimos.
-Ah... Bem criativo...
Mione ignorou o comentário e dirigiu-se à Lanísia:
-Ainda acho que você deveria ter repetido o convite ao professor Augusto.
-Vocês não conhecem a teimosia daquele lá? Quando cisma, não tem jeito! Na certa está com medo de perder o controle, ao ver-me tão à vontade aqui na casa dos Meadowes, de vestido decotado – suspirou. – De qualquer forma, ele sabe que estou aqui, sabe que foi convidado, então posso dar a sorte dele aparecer. Vou recepcioná-lo muito bem, primeiro aqui na casa da Joyce, depois dentro de mim... – e sorriu.
-Seria um furo no que vocês combinaram – lembrou Hermione. – "Não vamos nos tocar até a formatura, quando deixaremos de ser aluna e professor e nos tornaremos apenas mulher e homem".
-Você é broxante, Mione! – censurou Alone.
-Só estou querendo ajudar...
-Sim, eu sei, você está certa, Mione – falou Lanísia. – Mas nós estamos a quilômetros de Hogwarts! Teoricamente, durante as férias nós deixamos de lado a condição de professor e aluna, o que permite travessuras em meio aos lençóis...
-Ai, ainda acho arriscado. Se alguém flagra vocês, não vai se importar se estão de férias ou não.
-Nossa, parece o Augusto falando – disse Lanísia, entediada. Parou diante do espelho que havia no quarto de Joyce e jogou os longos cabelos, de forma provocante. – Sei que vou ter que seduzi-lo para convencê-lo a fazer uma farra, e tudo só torna a aventura ainda mais excitante! Lanísia de roupa curta é fatal. Espero que ele venha para participar dos meus jogos de sedução.
Joyce voltou ao quarto. A palavra noivado voltava a tornar-se proibida.
-Draco vai ficar com a família também, talvez apareça só no final do jantar – falou Serena.
-E Lewis? – perguntou Hermione.
-Como assim "e Lewis"?
-É seu irmão, não é?
-Isso não significa que eu deva saber tudo sobre ele.
Houve um momento de silêncio.
-Meu irmão não dorme com a esposa aos sábados, domingos e feriados – falou Alone.
-O meu não consegue rir sem molhar as calças – disse Lanísia.
-Minha irmã não consegue comer salsichas sem dar risada – falou Joyce.
-Tá, vocês sabem tudo sobre seus irmãos e irmãs, porém... – Serena interrompeu-se. – Que história é essa das salsichas, Joyce?
-Ela acha o formato engraçado – explicou, dando uma risadinha.
-Tinha que ser sua irmã... – Serena comentou, rindo também. – De qualquer forma, vocês tiveram uma convivência com seus irmãos e irmãs que eu ainda não tive com o Lewis. Às vezes fico sem graça de ficar perguntando as coisas para ele, como se o estivesse "vigiando".
-Está certo, mas você sabe onde ele vai passar a Páscoa? – perguntou Hermione.
-Sim – ela admitiu. – Não que eu tenha perguntado... Ele me falou, antes de sairmos de Hogwarts. Disse que ia para a Toca dos Weasley. Tem interesses particulares por lá...
-Está interessado na Gina?
-Não, Alone, ele está paquerando Molly Weasley! Nossa, que pergunta, hein? Qual é a única garota entre os Weasley?
-Está irritada assim porque Lewis vai passar as férias com Gina? – questionou Hermione.
-Não, claro que não! Viram, é disso que eu tenho medo! Vocês relacionam todas as minhas emoções ao Lewis, e não é bem assim que as coisas acontecem! Não existe incômodo algum, eu estou com Draco, Lewis com Gina, e podem ter certeza de que estamos muito felizes.
-E se, por acaso, eles aparecessem com Rony?
-Eu os receberia muito bem, Mione – Serena parecia tranqüila em sua resposta, mas suas mãos se torciam de ansiedade, sinal percebido por todas as suas amigas. – Muito bem... – e, procurando mudar de assunto... – Alone, você já estava dormindo quando uma coruja trouxe um bilhete de Harry.
-Ah, onde está?
Serena usou a varinha para que o bilhete saísse da gaveta do guarda-roupa de Joyce e fosse parar nas mãos de Alone. Ansiosa, a jovem leu o bilhete rapidamente.
-Ótimo Harry e Colin estão vindo! Aqui diz que passarão a manhã fazendo compras no Beco Diagonal. Espero que tragam um presente para mim, ou vão se arrepender amargamente...
-Lado negro de Alone vindo à tona novamente, é bom que os escravos Harry e Colin tomem cuidado – disse Joyce. – Estou pronta para descermos... Ah, Alone, Juca também ia ao Beco Diagonal antes de vir, talvez eles acabem se encontrando por lá.
Já saíam do quarto quando Hermione notou um brilho dourado no chão, absorvendo a luminosidade do sol intenso que penetrava pelas janelas.
-Nossa, os brincos que Rony me deu! – agachou-se, pegando o objeto. – É uma lembrança do nosso primeiro mês de namoro, perder esses brincos seria trágico demais... – ela guardou-os numa caixinha dentro de sua mala. – Pronto, agora podemos ir!
Elas deixaram o quarto ao mesmo tempo, encostando a porta quando passaram.
Houve um movimento agitado nos ramos do salgueiro.
A pessoa que ali estava não tinha mais nada a observar.
O quarto estava vazio. A janela aberta. Ela ia entrar.
A mesa do café-da-manhã já estava posta quando elas desceram.
A casa dos Meadowes era formada por cômodos espaçosos e a cozinha não fugia à regra. Uma enorme mesa retangular ficava no centro do aposento; ao fundo, a pia de mármore, os fogões à lenha e a despensa. Alguns quadros tornavam o ambiente agradável; em um deles, um bruxo, que mexia o conteúdo de um caldeirão, às vezes pulava dentro dele para tomar um banho do que quer que estivesse cozinhando.
As meninas sentaram-se à mesa e começaram a se servir das tortas, torradas e doces que a Sra Meadowes havia preparado.
Um exemplar do Profeta Diário estava dobrado na cadeira vazia ao lado de Joyce. Enquanto as amigas discutiam qual das geléias da Sra Meadowes era a mais saborosa, Joyce desdobrava o jornal para espiar as notícias mais importantes. Sua risada ao ler a manchete de capa fez com que as amigas se calassem imediatamente.
-Olha vejam só: CONFIRMADO – PRISIONEIROS FOGEM DE AZKABAN. Bacon está entre os foragidos...
-COMO É QUE É? – as Encalhadas perguntaram, em pânico.
-Arre! Não sabia que a comida andava escapando de Azkaban – disse Joyce, rindo, sem perceber a palidez que se apoderara dos rostos das amigas.
-Joyce... Você não percebe a gravidade da situação? – indagou Mione.
-Sim, eu compreendo perfeitamente... Isso revela as gigantescas falhas no nosso sistema carcerário...
-Joyce, não se trata de um bacon qualquer, não é bacon de comer! Esse é o SENHOR Bacon. Ted Bacon!
-Nãããããão! Como não pude perceber antes? – ela largou o jornal, sentindo-se trêmula. – Oh, isso é o fim do mundo...
-Lanísia, desculpe a sinceridade, mas você está encrencada – disse Serena, pessimista.
-O Bacon vai matar você – apoiou Alone.
-Não só eu – disse Lanísia, olhando-as. – O Bacon vai matar a todas nós.
-Lanísia tem razão. O bacon e todas as comidas gordurosas vão acabar com o mundo – anunciou a mãe de Joyce, que entrava na cozinha naquele instante. – Não passam de psicopatas. Acabam com nosso corpo, depois entopem nossas artérias...
-Mesmo se não soubesse que era sua mãe, não seria difícil de adivinhar – comentou Hermione à Joyce, baixinho. Depois, alteando a voz: – Bom dia, Sra Meadowes!
-Não se ocupem com formalidades, meninas, já disse! Podem me chamar de Celine, afinal, é meu nome mesmo! – e foi até o forno, gingando os quadris. – Hum, precisa assar por mais tempo... – concluiu após avaliar o bolo. – Enquanto isso eu continuarei arrumando a casa. Desculpem pela interrupção...
Celine Meadowes era dona de um rosto belíssimo e um corpo esguio. Seus longos cabelos encaracolados lembravam muito os de sua filha. Era uma mulher conservada. Infelizmente, havia algo em seu rosto que prendia todas as atenções e acabava se tornando o único detalhe em que as pessoas se concentravam; Celine tinha olhos de cores distintas. Um trazia um castanho comum, enquanto o outro era uma bola escarlate que adquiria um vermelho ainda mais intenso quando era exposto à luz.
Hermione sabia que ter íris escarlate não era um bom sinal. Era uma das conseqüências deixadas em bruxos atingidos por feitiços das trevas muito poderosos. Na véspera, ao chegar, perguntou à Joyce sobre os olhos da mãe, mas ao perceber que a amiga estranhou sua curiosidade, Mione achou melhor esquecer o assunto.
Se não estivesse tão preocupada com a fuga de Ted Bacon, talvez indagasse à amiga novamente; a maneira como o olho vermelho de Celine fulgurou sob a luz do teto da cozinha lhe provocou um incômodo frio na barriga...
O que teria acontecido a Celine?
-Encalhadas, não podemos nos precipitar! – disse Joyce, assim que sua mãe se afastou. – O fato do Bacon ter escapado não significa que estamos ameaçadas!
-Não, imagine – comentou Lanísia, irônica. – Apenas armamos um plano para que ele confessasse sua participação na trama que levou à morte do próprio pai e rimos dele no momento em que foi preso.
-É mesmo, falamos que ele ia ser abusado em Azkaban! – recordou Alone. Olhou curiosa para as amigas. – Será que pegaram ele de jeito lá dentro?
-Na certa! Quando chegou lá, ele era carne fresca no pedaço...
-Humm... Bacon fresquinho, foi o que todos os prisioneiros pensaram! – zombou Joyce, provocando gargalhadas em todas elas.
Lanísia riu, mas foi uma risada tensa. Não queria alarmar as amigas – não em um dia tão especial quanto aquele, em que Juca pediria a mão de Joyce em casamento – mas a fuga de Bacon não pressagiava boas coisas.
Dois andares acima da cozinha onde elas riam, procurando despreocupar-se, o quarto de Joyce era invadido por uma desconhecida.
Era perto de cinco horas da tarde quando as meninas subiram de volta aos quartos, após deixarem tudo organizado para o jantar – desde as comidas até a limpeza de toda a casa. Hermione e Serena dormiam no quarto de Joyce, de modo que todos os seus pertences estavam organizados lá dentro. Alone e Lanísia seguiram para um dos quartos de hóspedes, discutindo qual roupa iam usar – avaliando-as pelo grau de sensualidade.
-Lanísia já quer ficar preparada para o professor – comentou Mione, fechando a porta do quarto. Caminhou até sua mala e retirou de lá um vestido comprido. – Vou usar este aqui, o que acham?
Era um vestido longo e verde... na visão de Joyce e Serena, longo demais.
-Acho que está muito comportado, mas podemos dar um jeitinho nisso – Joyce puxou a varinha e fez rasgos frontais no vestido, além de encurtá-lo.
-Mas... Desse jeito vou ficar exposta!
-Acredite, com um vestido desses, Rony vai querer ficar exposto também e sua noite será muito mais divertida – disse Joyce, maliciosa. – Agora anda!
Hermione foi tomar um banho.
Depois de uma hora, todas já terminavam de se arrumar. Joyce havia optado por um vestido branco, enquanto Serena havia escolhido um vestido roxo depois de ter vestido um amarelo e sido chamada de "espiga de milho" por Joyce. Mione admirava-se no espelho, observando o vestido, quando decidiu usar os brincos que Rony havia lhe dado.
-Acho que ele vai ficar feliz em ver que estou usando... – disse para Joyce e Serena, enquanto se curvava para a mala e puxava a caixinha. Ao abri-la, teve uma surpresa.
Dentro dela, não havia mais seus brincos, e sim um pequenino escorpião.
-NÃO! – Hermione gritou, jogando a caixa.
Serena e Joyce assustaram-se. Serena ficou com um enorme risco vermelho no rosto – passava batom nos lábios no momento do susto. As duas aproximaram-se de Hermione, que havia recuado, trêmula, para o canto da parede.
-O que foi? – perguntaram ao mesmo tempo.
-Os brincos... Sumiram! – respondeu Mione, sem tirar os olhos da caixinha. – Roubaram os brincos!
-Tem certeza de que foram roubados?
-Sim, Joyce... Oh, droga, levaram os brincos e deixaram um bicho dentro da caixa!
Cautelosas, Joyce e Serena deixaram Hermione e aproximaram-se da caixa, que estava caída de lado próxima ao guarda-roupa. Joyce agachou-se para observar melhor.
-Ai, cuidado amiga! – gemeu Serena, apavorada.
Joyce descobriu o bicho, ainda colado ao fundo da caixa, mas não havia o que temer...
-É um escorpião, mas já está morto.
Ela deixou o animal morto cair sobre o chão. Mais calma, Hermione aproximou-se das amigas para dar uma olhada no bicho – enquanto se aproximava, não deixou de pegar a varinha que estava sobre a cômoda.
-Um escorpião negro... – comentou, ao mesmo tempo em que sentia um calafrio. – É comum ter escorpiões por aqui, Joyce?
-Que eu me lembre, nunca vi nenhum.
-Será que ele engoliu os brincos e morreu engasgado?
-Claro que não, Serena! Alguém levou os brincos e colocou o escorpião no lugar – Hermione aproximou-se da janela aberta. – Já dá pra imaginar por onde a pessoa entrou...
-O salgueiro! – exclamou Serena de repente. – Você teve a impressão de ter visto alguém se movendo por trás das folhagens, lembra?
-Sim, acho que eu devia estar certa. Tinha alguém só esperando deixarmos o quarto vazio para entrar!
-Meninas, será que não foi o... Bacon? – indagou Serena, preocupada.
Mione fechou a janela.
-Acredito que não. Alguém deve ter feito isso de brincadeira, não há motivo para pânico... E não houve nada de ruim, não é mesmo? A pessoa levou os brincos, mas não queria nos fazer mal. Se quisesse, teria deixado o escorpião vivo.
-Isso, deve ter sido bobagem de algum desses moleques que moram aqui perto – disse Joyce, voltando para o espelho. – Serena, venha terminar de se arrumar também, tem batom até no meio da sua testa!
Sentada na cama de Joyce, Hermione suspirou, pesarosa.
-Droga, a pessoa podia ter feito a brincadeira que quisesse, mas por que levar justo os meus brincos? – disse para si mesma, enquanto colocava os sapatos.
No terreno da casa de Joyce, escondida atrás de um arbusto, uma garota segurava um par de brincos nas mãos. Eram dourados, um pouco gastos; talvez não tivesse valor para outras pessoas, mas para ela valia muito.
Ela sentia que aquele era o primeiro sinal de uma nova vida.
Cinco minutos depois, a campainha soou, anunciando a chegada dos primeiros convidados. As meninas saíram dos quartos, apavoradas.
-Alerta-macho, alerta-macho! – berrou Joyce, empolgada, encontrando as amigas no corredor. Lanísia usava um decotado vestido vermelho – a sua cor favorita – e Alone, que também havia exagerado no decote, estava vestindo um cor-de-rosa, bem colado ao corpo. Ansiosas, todas correram para as escadas, na ânsia de descobrir quem havia chegado.
Pela porta, passavam Harry, Colin, Juca Slooper e, para surpresa de Lanísia, o professor Augusto ao lado do professor Flitwick. Augusto usava uma camisa social, com as mangas enroladas até os cotovelos, despojado como em poucas vezes que ela o vira.
-Augusto! – gritou Lanísia, correndo e abraçando-se ao professor. Encostou a cabeça no peito dele, sorridente, esquecendo-se de onde estava e de quantas pessoas estavam por ali. – Que maravilha!
Augusto, constrangido, olhava para todos os lados, sem saber o que fazer. Tenso, envolveu os ombros da jovem, dando leves tapinhas em suas costas.
-É... Não podia recusar um pedido de Celine... Também estou muito feliz em estar aqui... – disse, acenando para as outras meninas.
Joyce reparou que Flitwick e Celine estranhavam todo aquele entusiasmo de Lanísia; resolveu tomar uma providência para que a situação não se agravasse.
-Ah, professor, também estamos tão contentes! – e correu na direção de Augusto, agarrando-lhe num abraço pelo lado esquerdo do corpo.
-Sim, é muita felicidade! – comemorou Alone, agarrando-se ao outro lado.
-Arranjem espaço pra nós duas também – pediu Serena, correndo com Hermione. Quando as duas grudaram-se a Augusto, o professor não conseguia sequer se mover.
-Ótimo, ótimo, obrigado meninas, mas... Por favor, daqui a pouco não respiro mais...
-Desculpe, professor, já vamos nos afastar – disse Joyce, ao mesmo tempo em que puxava Lanísia pelo braço e lhe lançava um olhar de censura.
As garotas deixaram Augusto livre para entrar na casa. Lanísia ia segui-lo, mas foi impedida por Joyce, que ainda agarrando-a pelo braço não permitiu.
Flitwick, parado na soleira da porta, estendeu os braços diminutos.
-Também não esperavam minha visita, não é mesmo, meninas?
As Encalhadas apenas olharam-no por um segundo e depois se dispersaram, deixando o pobre professor na espera de um abraço apertado.
Joyce, antes de aproximar-se de Juca, resolveu "passar" Lanísia para Hermione.
-Fique de olho nela por enquanto, Mione – cochichou para a amiga. – Depois do "fora" que essa maluca deu, descobrem a queda dela pelo professor em dois tempos!
-Pode deixar – disse Hermione, séria, grudando-se ao braço de Lanísia.
-Será que vão me segurar a noite toda? – perguntou Lanísia à Mione enquanto Joyce ia para perto de Juca.
-Não, só pelo tempo suficiente para que você controle seu fogo! Só por que não estamos em Hogwarts acha que pode fazer amor com o professor no meio do tapete da sala de visitas?
-Hum... – ela estirou o pescoço para olhar o tapete do outro cômodo. – Ele parece bem confortável para isso, se você quer saber...
-Lanísia, olha pra mim... Olha pra mim, sua doida! Ótimo, agora ouça bem: essa é uma noite importante para a Joyce, embora ela ainda não saiba. Corremos o dia todo para que tudo saísse perfeito, e você ser flagrada com um homem mais de vinte anos mais velho, professor de Hogwarts, diante dos convidados, entre eles outro professor da escola, pode atrapalhar tudo o que está planejado... Fui clara?
-Mas eu tomarei cuidado...
-Será que tenho que repetir?
Lanísia suspirou.
-Está bem... Vou tentar me controlar... Desculpe, Mione, mas Augusto me tira do sério, especialmente quando está assim, sem todo aquele estilo sério de professor. Está tão à vontade... – ela lambeu os lábios, observando Augusto que conversava com Celine e Flitwick. – Nossa, até fico zonza...
-Acho que o jeito é arriscar e torcer para que você controle seus hormônios – falou Hermione, soltando o braço da amiga. – Desisto! Vou pegar uma bebida, quer alguma coisa?
-Não... Vou ficar por aqui...
Assim que Hermione se dirigiu à cozinha, Lanísia entrou na sala de visitas. O círculo de conversas formado por Augusto, Celine e Flitwick havia se formado próximo à lareira; Lanísia caminhou até uma poltrona que ficava em frente a Augusto e, fitando-o, cruzou as pernas. O vestido vermelho, que já era curto, revelou ainda mais do seu corpo.
Ela deu uma risadinha ao perceber que Augusto começava a perder-se na conversa; sem parar, seus olhos desviavam-se de Celine e Flitwick para então pousarem nas longas e torneadas pernas de Lanísia.
Na cozinha, Mione acabava de perceber o que a amiga estava fazendo. Hermione aproximou-se de Serena, que roubava um dos morangos da torta que seria servida de sobremesa.
-Olhe o que aquela maluca está fazendo!
-Qual delas? – perguntou Serena, mas não precisou da resposta; a posição de Lanísia era difícil de ser ignorada. – Ah, aquela ali não tem jeito. Ela avisou que ia provocá-lo por não estar em Hogwarts...
-Mas Flitwick está aqui! Se ela está se comportando em Hogwarts, devia ser cautelosa aqui também!
-Tudo o que dissermos será em vão. Melhor deixá-la exibir o que quiser. Se vir o que ela está fazendo, talvez o Flitwick acabe gostando.
-Onde estão Alone, Harry e Colin?
-Devem estar lá fora, se divertindo – Serena roubou outro morango. Com a boca cheia, ela continuou. – Por mais estranho que seja o relacionamento entre os três, ninguém pode proibi-los.
Mione afastou um pouco a cortina que cobria a janela da cozinha e viu os três juntos, sentados em um dos bancos do jardim. Alone estava sentada entre Harry e Colin, com um pacote de sapos de chocolate aberto no colo. Divertia-se dando chocolates nas bocas dos meninos, que pareciam implorar por beijos; às vezes, eram atendidos com beijos nos lábios ou no pescoço.
-É ótimo podermos brincar dessa forma sem sermos censurados, não acham? – perguntou Alone, acariciando os cabelos despenteados de Harry.
-Sim – ele concordou. – Tudo bem que resolvemos ignorar os comentários maldosos, mas tem vezes em que passam dos limites. Ainda estou com o braço roxo por causa daquele soco do Crabbe.
-Fui contra você ter reagido, mas consigo entender – disse Colin.
Dois dias antes de saírem de Hogwarts para as férias da Páscoa, Crabbe aproximara-se dos três, nos jardins da escola, segurando uma enorme faixa. Nela estavam escritas ofensas, chamando-os de "depravados e indecentes". Quando Crabbe tentou passar a faixa pelo corpo de Alone e insinuou que ela era usada apenas por Harry e Colin "para quebrarem a rotina", Harry perdeu o controle e avançou para o brutamontes. Recebeu o soco no braço e a situação só não terminou na ala hospitalar porque Augusto apareceu no momento e aparteou a briga.
-Nós não podemos começar a reagir ou vamos dar um motivo para que impeçam o nosso relacionamento – disse Alone.
-Meu medo é que consigam impedir de qualquer forma, mesmo se não brigarmos – falou Harry. – Tenho certeza que o boato de que McGonagall recebeu corujas de alguns pais reclamando sobre nós três é verdadeiro.
-Não conseguiram impedir até agora, não vão impedir mais – disse Colin, sorrindo quando Alone lhe deu uma mordida na orelha.
-Adoro seu otimismo – ela beijou-o no rosto e depois abraçou os dois ao mesmo tempo. – Se eles fizessem idéia da experiência fantástica que estamos vivendo, nos deixariam em paz.
-Talvez até quisessem embarcar na onda também – Harry riu, afagando o corpo de Alone.
-Opa, opa, calminha, mané! – ela esquivou-se; Harry, então, passou a afagar o rosto de Colin. – Meninos, olhem aqui, tomem, mais chocolate pra cada um de vocês, e, por favor, mantenham a calma, podem nos ver ali da cozinha!
-Então seria mais interessante desaparecermos por esse jardim! – sugeriu Colin. – O que acha, Harry?
-Acho uma ótima idéia, Colin! – Harry sorriu para ele, entusiasmado. – O que me diz, Alone?
Ela mordeu o lábio, como se considerasse a hipótese.
-Bom, vê-los assim, tão animadinhos, me impede de recusar... Mas ouçam bem: só uns beijos e alguns amassos, ou vamos nos atrasar para o jantar... Ei me soltem!
Harry e Colin pegaram-na nos braços.
-Relaxe porque vamos levá-la para trás de um arbusto maravilhoso!
-Para que sujar seus pés se tens aqui os seus súditos? – brincou Colin.
Rindo, os três desapareceram na escuridão, embrenhando-se pelo quintal verde da casa dos Meadowes. A essa altura, apenas Serena observava pela janela, mas com os pensamentos distantes. Mione pigarreou, despertando a amiga de seus devaneios.
-O que foi?
-Você acabou com todos os morangos que estavam na torta... Trate de decorá-la novamente antes que a mãe da Joyce perceba!
-Nossa, tem razão, ela não ia me perdoar. A esfomeada que acaba com a bela torta preparada por ela, bem no jantar de noivado da filha caçula!
-Eu ajudo você – ofereceu-se Mione. – A qualquer momento Celine vai anunciar o jantar...
-Falou com Joyce?
-Sim. Por enquanto Juca conseguiu esconder, mas se o jantar demorar muito ele pode pôr tudo a perder...
-Por que diz isso?
-Será que é mal de Parkinson?
As mãos de Juca tremiam incontrolavelmente. Joyce, sentada ao lado do rapaz na sala de visitas, estava preocupada. O rapaz não conseguia sequer levar o copo de suco à boca; na última tentativa, inundou a frente da camisa.
-Parkinson? Quem é esse?
-Sei lá, só sei que tem uma doença que faz a pessoa tremer muito e ela leva o nome desse trouxa.
-Não, acho que não é isso...
-O que seria então?
Juca respondeu a primeira coisa que lhe veio à cabeça.
-Abstinência sexual!
-Abstinência?
-Sim!
-Certo, estamos há alguns dias sem nos tocarmos, mas quem disse que abstinência causa tremor no corpo?
-Acho que li em algum lugar...
-Ah, sem essa! Se isso fosse verdade a Lanísia ia parecer uma batedeira ambulante... Sabe quanto tempo que ela está "na seca"? Há meses, queridinho...
Joyce analisou-o com atenção. Juca não conseguia nem ao menos olhá-la nos olhos, e suas bochechas proeminentes estavam coradas. Ela franziu a testa.
-Está me escondendo alguma coisa, Sr Slooper?
Felizmente, a irmã de Joyce entrou na sala naquele momento, atraindo para si todas as atenções – e fazendo com que Joyce se esquecesse da pergunta. Brenda Meadowes era mais velha que Joyce, casada e tinha um cargo importante no Ministério da Magia. Assim que a jovem terminou de cumprimentar os convidados, Celine anunciou o jantar.
Todos se acomodaram na mesa. Augusto esperou até que Lanísia escolhesse um lugar; assim que a jovem sentou-se numa das cadeiras, o professor procurou o assento mais afastado, do outro lado da mesa. Juca sentou-se ao lado de Joyce; ia afastar a cadeira para ocupá-la quando a derrubou no chão.
-Desculpem – falou Joyce, enquanto Juca fazia tentativas infrutíferas de erguer a cadeira. – Ele está tremendo um pouco... – Juca deixou a cadeira cair novamente, dessa vez sobre seus pés; ele soltou um gemido de dor. – Na verdade, tremendo demais... Deixe comigo, querido... – e assim Joyce recolocou a cadeira no lugar, pedindo para que Juca mantivesse as mãos bem afastadas da mesa.
Para alcançar a mesa, Flitwick conjurou duas almofadas e sentou-se sobre elas. Brenda e Celine sentaram-se lado a lado. Serena sentou-se próxima a Hermione, que tinha uma cadeira vaga à esquerda para que Rony ocupasse assim que chegasse.
A mesa estava repleta. Joyce espetou o peru.
-Ah, que peruzão! Adoro! – disse, enquanto servia-se da ave.
-Joyce, cuidado, ou vão pensar que você está se referindo a outra coisa – pediu Juca a meia voz.
-Não... Em relação a esse outro assunto, um passarinho já está bom, fica tranqüilo, meu querido – ela beijou-o.
Serena espetou uma salsicha com um garfo e ergueu-a na direção da irmã de Joyce. Quando Hermione percebeu o que ela ia fazer, já era tarde demais; só lhe restou baixar a cabeça em sinal de constrangimento.
-Essas salsichas estão lindas, não acha?
A irmã de Joyce levou uma das mãos à boca, contendo uma risadinha.
-Por que está rindo? – Serena fingiu inocência. – É o formato que lhe lembra "alguma coisa"?
-Ah... Não sei... – a irmã de Joyce nem sabia o que responder, parecia querer afundar debaixo da mesa.
Hermione tirou o garfo da mão de Serena, com rispidez, e para disfarçar, comentou em voz alta:
-Humm, que salsichão! Desculpe amiga, vou ter que roubá-lo pra mim... esse é dos bons!
Mione engoliu em seco ao ver que todos olhavam para ela, boquiabertos. Com as bochechas vermelhas, ela depositou a salsicha no prato e continuou a servir-se, sem deixar de avisar a Serena:
-Você me paga.
-Por quê? Seu comentário foi ótimo, a irmã da Joyce mal está conseguindo segurar o riso! Que neura mais esquisita!
O jantar transcorreu normalmente. Em dado momento, Alone, Harry e Colin juntaram-se à mesa – sem deixarem de perceber o olhar torto que Flitwick lhes lançou. Sabendo que a mãe de Joyce não os recriminava, e sentindo-se à vontade, os três sentaram-se juntos – apenas evitaram palavras de carinho ou carícias.
Em todo o tempo, Lanísia fitava o professor. As amigas estavam estranhando o fato de ela sentar-se tão longe, mas a sensação não durou muito tempo; como era de se esperar, Lanísia arranjou um motivo para trocar de lugar.
-Me desculpem, mas queria conversar um pouco com o professor Flitwick – disse, sentando-se ao lado do professor e atraindo o seu prato com a varinha. – Sempre tive curiosidade pra saber o que o senhor faz nas férias...
Enquanto Flitwick começava a relatar sua futura viagem ao Egito, Lanísia tirava uma das sandálias. Embora o professor esperasse um interesse da jovem por sua viagem, Lanísia ignorou-o; já estava no lugar que desejava, da forma que precisava. Discretamente, enquanto bebia goles de sua taça de hidromel, ela estendeu o pé até atingir a virilha de Augusto.
A reação foi imediata; Augusto teve um sobressalto, que foi percebido por todos.
-Algum problema, Augusto? – perguntou Celine. – Está se sentindo mal?
-Não, estou ótimo... O-obrigado... – gaguejou, lançando um olhar irritado à Lanísia, que apenas sorriu em resposta.
Ela investiu novamente, dessa vez movendo os pés delicadamente. Ao sentir um movimento na calça de Augusto, piscou o olho para ele; o professor tirou o costumeiro lenço do bolso e secou a testa.
-Acho que tem algum problema mesmo, professor – disse ela. – Está suando... Tem certeza de que está tudo bem?
-Sim... – Lanísia moveu o pé novamente; o professor estremeceu diante de todos os olhares. – Nossa... Droga!
-Augusto, se quiser se retirar por algum motivo...
-Não, Celine... Daqui a pouco, se precisar...
-Por que não pode sair agora, professor? – indagou Lanísia. – Algo o impede de levantar-se diante de todos nós? Seria isso...
E tocou-o novamente por baixo da mesa, com os dedos dos pés, sentindo-lhe a excitação pela rigidez que se revelava através do toque.
-Lanísia, não... – gemeu ele, nervoso.
-Isso o quê? – perguntou Celine, curiosa.
-Nada... – respondeu Augusto. – É brincadeira da Lanísia, ela é assim mesmo... Todos os professores sabem disso, não é, Flitwick?
Flitwick balançou a cabeça, incerto.
A campainha soou. Hermione levantou-se.
-Deve ser o Rony! Vamos Serena, talvez Lewis esteja com ele...
Elas correram juntas até a porta. Ao abrirem, depararam-se com Rony Weasley. Mione jogou-se nos braços dele, agarrando-o pelo pescoço.
-Rony, que saudade! – disse apaixonada, beijando-o. – Venha o jantar já foi servido...
Serena estava diante de Lewis, que usava uma camisa preta que, na sua opinião, contrastava perfeitamente com o tom de sua pele clara.
-Que bom que você veio! – ela disse, contente, dando-lhe um beijo no rosto. – Nossa, está tão perfumado...
-Gostou mesmo do visual?
-Bastante! – ela respondeu, enquanto Lewis ajeitava o cabelo com as mãos. – Sempre disse que você fica um arraso de preto...
-Acha que não me lembrei disso? Confiei que a sua opinião também seria compartilhada por Gina.
-E ela também gostou? – perguntou Serena, sentindo uma estranha pontada de desânimo.
-Por que não pergunta a ela? – disse Lewis, abrindo caminho para Gina, que aparentemente havia ficado atrás para ajeitar o sapato e agora aparecia na porta.
O desânimo de Serena aumentou.
-Está brincando com a gente, menina?
Gordon Reeves, o vizinho de Joyce, havia interrompido a partida de quadribol que jogava com os amigos para conversar com a garota maltrapilha que se aproximara. Descera com intenções de diverti-se com a aparência bizarra da menina, mas assim que pousou a vassoura, recebeu uma informação que era de cair o queixo.
-Tem certeza? Joyce Meadowes, ficando noiva?
-Sim, nesse exato momento – disse a garota, afastando os cabelos do rosto; o rapaz percebeu que suas mãos pálidas eram cobertas por cicatrizes. – Se forem até lá, poderão conferir pessoalmente...
A menina falava muito baixo, num tom tímido. Gordon assobiou, chamando os amigos para darem uma passada na casa dos Meadowes; quando se voltou, a garota já havia desaparecido.
Gina, que usava um longo vestido azul, adiantou-se para cumprimentar Serena. A jovem forçou um sorriso, tentando parecer simpática.
-Chegamos muito tarde para o noivado? – perguntou Gina, em voz baixa.
-Oh, não, não, Juca estava esperando que todos chegassem para fazer o pedido... Vamos, entrem, fiquem à vontade...
Ela observou-os caminharem até a mesa, de mãos dadas. Serena voltou a sentar-se ao lado de Hermione, que conversava animadamente com Rony.
-Hoje foi uma correria... Só aconteceu uma coisa desagradável. Lembra dos brincos que me deu quando completamos um mês de namoro?
-Sim.
-Eles sumiram. Na verdade, foram roubados. Acredita que deixaram um escorpião morto no lugar?
-Nossa, que sinistro – disse Rony, arrepiando-se. – Escorpiões são relacionados às Artes das Trevas, assim como as cobras. Quem poderia ter feito uma coisa dessas?
-Não faço a menor idéia – respondeu Hermione. – Mas deve ter sido uma brincadeira... A pessoa pegou pesado, mas não vejo outra razão para isso.
-Aquele tal de Ted Bacon escapou de Azkaban...
-Sim, nós lemos hoje de manhã. Não posso mentir pra você e dizer que não estou preocupada, mas hoje não quero que nada estrague a noite de Joyce. As outras meninas pensam como eu, então resolvemos ignorar a fuga do Ted.
-Será mais seguro quando voltarmos para Hogwarts.
-Sim, Ted não tem como entrar lá, sequer se aproximar, sendo um foragido de Azkaban – Mione suspirou. – Espero que até irmos para a escola não aconteça nada ruim...
Serena cutucou o braço de Mione para chamar-lhe a atenção. Baixinho, ela perguntou:
-Acha que os dois já estão namorando? – disse, indicando com um discreto movimento da cabeça o casal Lewis e Gina.
-Depois pergunto para o Rony... – Mione desconfiou. – Por que não pergunta você mesma ao seu irmão?
-Não quero parecer intrometida... Só isso... – foi a resposta de Serena, que não conseguia despregar os olhos de cada gesto do casal.
Depois que todos tinham se servido, Juca chamou a atenção de todos, batendo com uma colher em sua taça. Estava tão desajeitado que acabou depositando força demais no movimento; a parte superior da taça quebrou.
-Desculpem... Eu preciso fazer uma interrupção para algo muito... importante – seu rosto estava vermelho.
Tomando fôlego, Juca ficou de pé e agachou-se diante de Joyce. Teve dificuldades para conseguir fixar o olhar em seu rosto, mas ao encontrar os olhos marejados de lágrimas de Joyce, a coragem pareceu brotar dentro do seu peito. Tranqüilo, ele disse:
-Esse é um dos motivos de eu estar aqui prestes a lhe fazer um pedido. Você me acalma, me traz tudo o que eu sempre sonhei, de uma forma que jamais imaginei.
Joyce sorriu, sem controlar a emoção.
-Nesses três meses, vivi algo que não posso descrever. Foi tudo uma realização de um sonho, porque não esperava ser amado por alguém tão linda e especial como você. Joyce Meadowes... você quer se casar comigo? Tá, eu sei, sou atrapalhado, nenhum galã, mas acho que tenho certas qualidades, e posso te fazer feliz, eu prometo, posso errar às vezes, mas...
Ela levou um dedo aos lábios do rapaz, interrompendo-o.
-Se não fosse tudo isso, não seria o meu Juca.
-Então... Você vai aceitar, não vai? – ele perguntou, sorrindo encabulado.
-Claro que sim!
Eles beijaram-se, sob os aplausos de todos os presentes. Hermione, Alone, Lanísia e Serena tinham lágrimas nos olhos. Juca então pegou a mão de Joyce para colocar-lhe o anel de ouro e selar o compromisso. Juca lutava contra o tremor para conseguir enfiar o anel no dedo da amada quando a porta da sala abriu-se de repente. Por ela entraram quatro rapazes, que interromperam o momento mágico que se desenrolava na casa dos Meadowes.
-Então é verdade? – perguntou o mais alto deles, Gordon Reeves. – Joyce Meadowes vai se casar? Não é piada meninos! – disse, olhando para os amigos, que caíram na gargalhada, assim como ele.
-Tem que ser muito idiota pra se casar com uma garota tão fácil – comentou um baixinho. Ele chegou perto para olhar melhor para Juca. – Ah, mas esse tem cara de bobão mesmo! Vai ser fácil de enganá-lo, hein, Joyce?
Juca baixou os olhos, constrangido, a mão suspensa no ar, com o anel de Joyce fechado entre os dedos. Joyce não sabia o que fazer...
-Meninos, por favor, queiram se retirar...
-Ah, mas antes precisamos marcar nossos encontros, gata – continuou Gordon. – Todas as férias passamos por aqui e nos divertimos um pouco...
-Isso é passado! Estou aceitando um pedido de casamento, se você ainda não percebeu!
-Entendi a jogada... Sei que agora terá que ser às escondidas porque você terá um maridinho, mas conhecemos você, Joyce, é nossa vizinha mais liberal. Tão fogosa que precisa de mais de um homem pra dar conta... Diz aí, Joyce, quando esse babaca vai embora?
Chorando, Joyce olhou para Juca, envergonhada:
-Me... Desculpe... Você não merece isso... Não merece... Não posso casar com você!
Joyce saiu correndo da cozinha. Hermione, Serena e Alone levantaram-se imediatamente.
-JOYCE, ESPERE! – passaram pelos garotos e saíram da casa em direção aos jardins, para onde Joyce havia corrido em seu desespero.
Lanísia pensou em segui-las, mas reparou que Augusto – que já havia controlado a excitação repentina – levantou-se da mesa e entrou no corredor que levava ao banheiro. Celine e os outros pediam para que Gordon Reeves e os outros garotos se retirassem, de modo que todos estavam distraídos; Lanísia não perdeu tempo e seguiu Augusto.
Ela correu para alcançá-lo antes que entrasse no banheiro. Ele levava a mão à maçaneta da porta quando Lanísia surgiu no corredor. Com as mãos sobre os seios, ela caminhou em sua direção; a visão do corpo de Lanísia imobilizou-o, deixando-o sem ação...
-Você está tão sexy hoje... – ela comentou, sua voz doce e sensual. – Está ainda mais irresistível...
-Lanísia... Pare, por favor... Alguém pode nos flagrar aqui...
-E não são os riscos que tornam tudo mais excitante? – ela perguntou, encostando-o à parede, as mãos acariciando-lhe o peitoral. – Adoro o perigo... A emoção... A adrenalina... – acariciou-lhe a virilha. Riu diante do rosto assustado de Augusto. – Humm, ele está me chamando... Não chama, porque eu acabo atendendo...
Ela grudou-se aos lábios dele, ao mesmo tempo em que segurava os braços de Augusto pelos pulsos. Ele ficou imobilizado, a mercê, enquanto era atacado por Lanísia em pleno corredor...
À distância, Alone, Hermione e Serena viam Joyce correndo na escuridão, a forma branca de seu vestido destacando-se em meio ao breu provocado pelas enormes árvores que cercavam a propriedade. Mione, Serena e Alone entraram na mesma trilha em que a amiga corria.
Algo, no entanto, interrompeu Hermione, que acabou ficando para trás enquanto Serena e Alone prosseguiam no encalço de Joyce. Ela ouvia algo vindo por detrás de alguns arbustos que margeavam a trilha; parou para escutar melhor, até que finalmente conseguiu identificar o que era.
Alguém estava chorando.
Hermione então se aproximou da mata, iluminando o local com a varinha. Vasculhou alguns arbustos até que, finalmente, ao afastar alguns ramos, encontrou a origem do som.
Uma garota estava sentada sobre uma pedra, encolhida, com a cabeça oculta nos braços. Uma cabeleira negra, mal cuidada, escondia seu rosto; suas roupas eram encardidas e esfiapadas. Quando a luz que irrompia da varinha de Mione caiu sobre ela, a jovem ergueu o rosto.
Tinha imensos olhos negros, que recaíram sobre Mione.
Por um momento, a mágoa e a dor presentes naquele olhar fizeram-na arrepender-se de se aproximar.
Não muito longe dali, numa cabana quase escura, iluminada apenas por pequenas velas e pelo fogo que crepitava numa lareira de pedra, Ted Bacon estava sentado diante de uma bruxa gorducha, de cabelos brancos. Fitando o crânio que ela trazia pendurado ao pescoço, Ted apoiou-se num enorme espelho oval, agoniado com a espera.
-Saia de perto desse espelho – ordenou a bruxa com sua voz rouca.
-Por quê?
-É o objeto mais valioso dessa casa. Não pode ser tocado.
Para Ted, parecia um espelho muito velho. Também não devia ter utilidade, já que não refletia coisa alguma; tudo o que havia dentro dele era escuridão. Por um momento, pensou: por que ela tem tanto cuidado com esse espelho? Mas um rápido olhar pelas prateleiras empesteadas de poções e animais mortos foi suficiente para convencê-lo a esquecer esse assunto. Aquela bruxa mexia com perigosas Artes das Trevas; quanto menos soubesse, melhor.
-Acha que a sua filha vai conseguir mesmo se aproximar daquelas meninas irritantes?
-Sim, ela vai seguir o que combinamos com perfeição – respondeu a mulher, a rouquidão aumentando. – É necessário que ela se aproxime das meninas para obter o que precisamos para realizar a Magia do Aprisionamento. E ela vai conseguir. Conheço a minha Marjorie...
Ao recuperar a fala, Hermione perguntou à menina:
-Posso ajudá-la?
-Sim... – a voz era fraca, quase um sussurro.
-Qual é o seu nome?
Fechando as mãos magras e pálidas sobre os brincos roubados que tinha no bolso, ela respondeu:
-Marjorie.
N/A: Espero que tenham gostado da volta das Encalhadas! Quem será Marjorie? O que ela precisa retirar das meninas? O que seria a Magia do Aprisionamento? Será que Joyce ainda vai aceitar o pedido de casamento de Juca? Questões respondidas nos próximos capítulos, conto com vocês! Para comentar, é só clicar no quadro abaixo REVIEW THIS STORY / CHAPTER. Comentem, por favor!
