—Arizona Robbins?
Estou alimentando o pequeno Erick, quando a voz grossa grita meu nome a minhas costas. Me viro imediatamente assustada.
—Sou eu!. - Grito um pouco alto para que o homem me ouça. Se trata de Walder, o homem que, uma vez por mês -Ou em cada 3 meses- se encarrega de entregar nossas correspondências.
—Tenho algo para você. - Ele diz enquanto vasculha sua bolsa de lado.
—Para mim? - estou evidentemente surpresa, já que esse evento era tão raro quanto poderia parecer.
Walder sorri, e eu imagino se ele está pensando o mesmo que eu. É realmente comum ali, as pessoas receberem algo de seus familiares. Uma boa notícia, uma má notícia, mas nós, que estávamos ali há tanto tempo, sabíamos que as cartas geralmente chegavam em ápices.
Quando seu filho nascia, sua mulher falecia, ás vezes, uma carta apenas para saber se você ainda está vivo, ou morto. A verdade é que, ali, no meio do nada, estavamos fadados há notícias de épices. Nunca um ´´Bom dia´´ ou ´´Você está bem?´´.
De qualquer forma, após algum tempo, nossas crianças se tornam a nossa família, e não é mais necessário cartas, sinais de fogo. Nós estamos bem ali. Eu estava bem ali.
Mas aquilo é tão novo que meu coração se enche de uma ilusão sufocante, e quando Walder me dá a carta, eu não posso esperar um minuto para começar a lê-la.
Termino a refeição de Erick e me encaminho até o fim do acampamento, sentando na minha pedra preferida. É silencioso ali, e uma vez por dia eu me sento ali, apenas para ver o sol se pôr, ou, em noites de insônia, o amanhecer.
Abro a carta e começo a ler, aproveitando os raios fortes de sol:
´´Minha querida Arizona,
Espero que não tenha esquecido de sua mãe. Quero começar essa carta pedindo desculpas por ter desaparecido. Todos os dias penso em te escrever, e ás vezes o faço, mas falta coragem de te enviar, e também, não estou muito certa que essas cartas chegaram até você, é até incrível pensar que penso tão longe, você consiga me ouvir de alguma forma. Veja, eu ainda choro de saudades todas as noites, e não consigo esquecer o seu rosto, e os seus cabelos loiros tão lindos que hoje, devem estar tão queimados pelo sol.
Me perdoe por estar falando essas coisas, é que todos os dias morro de saudades de você, e mesmo sabendo que esse não é motivo suficiente para você voltar, preciso dizer-te de coração, e mil vezes, como minha saudade é grande.
Mas querida, não é por isso que escrevo. Venho te falar de seu pai. Sei como você é em relação a isso, e sei que suas sobrancelhas agora estão juntas e seu bico está formado, mas sabe que se estou escrevendo sobre esse assunto, é porque é realmente sério.
Seu pai está muito doente, não se lembra mais nada do mundo, na maioria dos dias não se lembra ao mesmo como se anda, ou se levanta da cama. Em outros ele está tão quieto, que desconfio não lembrar como se fala.
Mas ele chama por você em todos eles, querida.
O coração dele está fraco, muito fraco, e existe remota chance de que, quando você estiver recebendo está carta, ele não esteja mais entre nós.
Mas, existe uma esperança em mim que diz, que você vai receber essa carta e voltar para casa a tempo de vê-lo.
É isso que eu te peço, Arizona. Que volte para se despedir dele. Não peço para perdoa-lo por tudo, apenas para se despedir.
Eu sou sua mãe, querida, e sei mais que ninguém que, se você não o fizer, vai se culpar para sempre.
Volte!, não me deixe sozinha, por favor.
Esse homem e você são tudo que eu tenho.
Não posso perder outro filho, e meu marido.
Desculpa tantos espaços, não sei escrever essas coisas.
Falei com uma amiga, e assim que voltar você pode começar a trabalhar no hospital em que o marido dela é direito, é o melhor de Seattle e você vai ganhar muito bem!.
Te espero de braços abertos em nossa casa.
Com amor, mamãe.´´
