Situação: Em andamento.

Disclaimers: Card Captor Sakura pertence à CLAMP, Kodansha, Nakayoshi, Movic, Nelvana, e Mixxine. Fora Oni Hanajima e Linka Seikun, os seguintes personagens são de seus respectivos autores: Ayashi Ceres (Mizu Katanabe), Yuki Amazao (Yuki), Minako Naoe (Pandora Amamiya), Yuki Kurokami (Darkrose), Haru Shinsetsu (Ludi-chan), Mawashi Kaeru (Angel), Akira Shinomori (Zero X), Rine Otori (Ágata) e Nami Kami (Akane Kittsune).

Gênero: Ação/Aventura, Romance, Drama.

Avisos: Saga, OC.

OKAERINASAI
(Bem-Vindo de Volta)

Petit Ange

Cheio de esperança, coberto de ilusão em uma triste escuridão que não conseguia compreender, tem tampouco estar ali. Era difícil recordar de tudo que acontecera, mas com o tempo, aquilo ia mudando. Acho que já chegaram a esquecerem-se, mas a pergunta era: "Havia tudo desaparecido realmente? Ou tudo era uma mentira?".

Talvez isso estivesse muito escondido nos corações de todos, mas seria melhor se isso permanecesse daquele jeito, porque todos tinham medo daquelas recordações, as pessoas já não eram mais as mesmas, já não demonstravam mais seus sentimentos livremente. Mas, seriam esses os pensamentos transmitidos a alguém especial? Ou não? Como saber, se tinham medo de confessar tudo e que tudo mudou mais do que precisava mudar?

As coisas mudaram tanto que era como se nada quisesse superar o que havia passado, como se fosse um segredo que ninguém podia saber, mas ainda recordo que existia esperança naquela bela jovem de olhos verde-esmeraldas, que via um mundo, não como os demais viam. Um mundo que só ela conhecia e sentia... Mas como pode ser que uma simples jovenzinha que alegrava a tantas pessoas com uma enorme tristeza, uma tristeza que ela ocultava. Alegrava os demais e esquecia de si mesma.

As pessoas comentavam como ficara linda com o tempo, e alguns poucos diziam que ela tinha um poder impressionante para tão poucos 16 anos, mas com o passar do tempo, talvez isso mudaria...

Capítulo I: Quebra da Realidade.

Residência Kinomoto – Tomoeda.

Suspirou pesadamente, colocando o primeiro passo nas escadarias. Era para estar feliz há muito tempo, mas pelo contrário, sentia-se totalmente inútil e triste. As coisas só estavam piorando, em todos os sentidos. Desceu, segurando-se no corrimão, e então chegou lá em baixo, lentamente.

Sakura suspirou fundo, novamente, e entrou com um sorriso radiante.

"Bom dia!" – exclama a jovem de cabelos agora longos, até a metade das costas, e olhos verdes. – "Bom dia, papai!" – corre até o pai, Fujitaka, e o beija amorosamente. – "Bom dia, mamãe!" – com animação, mas com nojo, beija Yohko, casada com seu pai há tempos. – "E pra você também, pequena!" – beija e afaga os cabelos da irmã menor, Satsuki, que aparentava ter uns cinco anos.

"Bom dia, Sakura. É melhor comer logo, já está um pouco atrasada." – sorri Fujitaka, que no momento seguinte terminava a refeição e levava sua parte.

"Papai... Já vai sair?" – Sakura pergunta, num tom quase suplicante.

"Eu tenho algumas coisas pendentes na faculdade, querida... Vou voltar tarde hoje..." – suspira, com um sorriso. – "Mas creio que não será problema, uma vez que posará na Tomoyo hoje, não?"

"Ah sim! Não se preocupe!" – sorri animada.

"Sakura-chan, gostaria de sair comigo e Satsuki amanhã?" – Yohko, de repente, lembra. – "Vamos ao parque, ela implorou para eu leva-la. O que acha?" – sorri diante da proposta.

"Sim, onee-chan! Por favor, vamos!" – pedia a pequena, fazendo uma carinha fofa.

Sakura ficou olhando o rosto da irmã encher de ar nas bochechas, fazendo-a ficar extremamente bonitinha. Sorriu com gosto e afagou os cabelos da mesma novamente. Gostava dela, ou melhor, amava-a, mesmo sendo filha daquela mulher odiosa, e no caso, sua meia-irmã.

"Se voltar a tempo, claro que vou, Yohko-san." – responde ela, olhando meio séria para a madrasta.

"Obrigada." – sorri ela.

"Aliás, onde está Touya, papai?" – pergunta a jovem, mudando de assunto e desviando o olhar da outra, fixando as orbes verdes em Fujitaka novamente, que preparava-se para sair.

"Bem... Seu irmão tinha muito trabalho hoje... Saiu até sem comer." – fala ele, pegando a pasta na mão e aproximando-se da família. – "Então, até depois, Sakura." – beija-a com carinho.

"Até, papai." – sorri e o beija também.

"Até depois, querida." – segura a pequena Satsuki nos braços e a beija também. – "E você também, meu bem, até depois." – dá um beijo rápido em Yohko.

"Tchau." – dá um sorriso.

Diante da possibilidade de se ver sozinha com aquela mulher, coisa que não suportava, Sakura rapidamente mentiu que não estava mais com fome, não sendo contrariada pela mulher, uma vez que sabia do abismo que as separava, e rapidamente, minutos depois do pai ter ido, é a sua vez. Colocou os patins e partiu em disparada, suspirando quando estava longe de casa.

Ao passar por um lugar perto da casa de Yukito, onde costumava passar por puro costume, não mais para vê-lo, como antes, ela nota a presença de uma menina. Era bonita, tinha os cabelos longos e negros, com uma franja, e os olhos azuis-oceano. No mesmo instante, a garota perde o equilíbrio, caindo. Sua mochila voou aos pés de Sakura.

"Ai, ai... Isso só acontece comigo, droga..." – murmura, coçando a cabeça. Notou a falta da mochila nas costas ao apalpar a mesma. – "Hei, cadê a mochila? Ah não, isso não...!" – murmura, nem notando a presença da card captor, procurando sua mochila.

"Ah... Por acaso, está procurando isso?" – sorri, se aproximando e estendendo a mochila dela.

"Sim! Minha mochila!" – a pega ligeiro e coloca-a nas costas de novo. – "Nossa, obrigada! Como se chama, garota?" – pergunta, sorrindo.

"Sakura Kinomoto, prazer. E você?"

"Yuki Amazao, e o prazer é todo meu!" – estende a mão, que Sakura toca no instante seguinte. – "Agora, se me dar licença... Tô meio atrasada..." – sorri sem graça e volta a seguir seu caminho, dessa vez numa corrida rápida.

Sakura ficou um tempo olhando-a se afastar, para em seguida voltar a patinar em direção da escola.

------# I #------

Consultório do Dr. Kinomoto – Tomoeda.

Touya desceu do carro e olhou meio temeroso para a porta. Sentia medo do que vinha a seguir. Suspirou, tentando achar coragem em algum lugar. Era um homem crescido, bem estabelecido e seguro de si, mas ainda sim morria de medo 'dela'. Abriu a porta com vagar, e então uma sombra correu até ele.

"Bo-oom diii-aaa, senhor Touya-aaa!" – sua secretária, Minako Naoe, dizia sorridente, quase que cercando-o na porta. – "Como o senhor está? Dormiu bem? Comeu um café da manhã saudável? Acho que o senhor tem muito trabalho pela frente!" – falava sem parar, fazendo-o escorar-se mais na porta.

Aquela era Minako, sua secretária confiável, porém um pouco instável às vezes, e animada demais, a ponto de até acuá-lo. Tinha os cabelos longos e castanho-escuros, os olhos grandes e negros. Parecia frágil, mas o doutor Touya Kinomoto já havia visto que de frágil ela não tinha nada.

"Bem, certo... Vamos cortar o papo furado..." – ele pigarreia, afastando-a e seguindo caminho. – "O que temos para hoje, Minako?"

"O doutor Nakayama ligou ontem, disse que era para retornar sua ligação o quanto antes! O senhor saiu cedo, por isso não deu pra avisar! Você tem quatro consultas pela parte da manhã e mais algumas pela parte da tarde, e o senhor sabe que só tende a aumentar!" – ia abaixando dedo por dedo enquanto falava. – "Aliás, o senhor Yukito Tsukishiro ligou, dizendo para ligar a ele para saírem almoçar!"

Touya ouviu tudo em silêncio, suspirando em seguida. Muito trabalho, pouco tempo... Olhou Minako, que parecia aguardar sua resposta, extremamente animada.

"Certo, Minako, muito obrigado." – sorriu e passou a caminhar para sua sala.

"Às ordens, Touya-san!" – responde ela, sorridente, sentando-se no seu lugar de novo. – "Sabe que eu o ajudo mais por prazer e não por trabalho!"

"Vou pensar no seu aumento." – sorri irônico, e entra no consultório.

------# I #------

Escola Tomoeda – Tomoeda.

Sakura entrou na escola lentamente, procurando seu armário e, ao achá-lo, tirando seus patins. Colocou os sapatos, arrumou a mochila nas costas e rumou para a sala de aula. Olhava em volta com um desinteresse contínuo, aquilo já havia tornado-se comum demais. Não queria magoar as pessoas ao redor, estava se tornando uma 'aborrecente', mas não deixava ninguém ver aquilo.

Fingiu um sorriso animado e correu de forma animada também, até chegar na sala, abrindo a porta e dando de cara com vários colegas.

"Bom dia!" – exclama sorridente, caminhando até seu lugar.

"Bom dia, Sakura!" – respondem alguns colegas, entre eles seus amigos Chiharu e companhia. Suspirando meio cansada, senta-se em seu lugar, e fica olhando para a janela.

"Dormiu bem essa noite, Sakura?" – uma voz conhecida a acorda.

"O quê? Tomoyo?" – Sakura olha para a amiga de cabelos cinzas e olhos lavanda, e nota que estava preocupada. De todos, Tomoyo era a que mais se aproximava da verdade. – "Ah... Pra ser sincera, não muito bem... Kero roncou muito essa noite, não sei porquê..." – mentiu, suspirando, mas voltando a sorrir logo em seguida. – "Mas não se preocupe, Tomoyo! Estou bem! Lembre-se que hoje eu vou dormir lá na sua casa, como combinamos, então estarei ainda melhor!"

"É sim. Eu sei que vai!" – sorri ela. – "Aliás, eu fiz uma fantasia nova para seu treino novo! Você tem que ver, é muito bonita! Tenho certeza que ficará perfeita em você!" – falava, segurando a mão de Sakura, com os olhos brilhando.

"Ah, sim, sim... Eu confio no seu gosto totalmente, Tomoyo..." – sorri ela, com uma gota na cabeça.

"Hei, Kinomoto..." – chama uma voz baixa.

"O que foi, Oni-chan?" – pergunta ela, olhando para a menina ao seu lado.

Uma adolescente de aparentes 16 anos como ela, de cabelos longos e ondulados, loiros. Os olhos eram azuis e extremamente penetrantes. Lembravam os de Shaoran. Ao seu lado estava Ayashi Ceres, as duas pareciam amigas, estavam sempre juntas. A outra tinha cabelos castanho-escuros, com uma franja que caía sobre os olhos, quase cobrindo-os e os olhos âmbares oscilavam entre a inocência e a melancolia. Ayashi parecia gostar dos acessórios punks, pois sempre estava com algum. Dessa vez, uma spike em cada braço.

"Kinomoto, eu e a Ayashi queremos saber... É verdade que fez mágica ontem?"

"Hein!" – Sakura e Tomoyo, que continuava ao lado dela, assustaram-se. – "Ma-mágica! Por que isso! Por que querem saber!"

"É que a Ayashi disse que você fez um gol mágico ontem! É verdade?" – pergunta a loira, olhando-a firmemente e de forma curiosa.

"Ah... Isso..." – suspirou aliviada a morena, olhando para Tomoyo, que parecia na mesma. – "S-sim! Eu fiz um gol maravilhoso ontem. Mas você não viu, né?"

"Droga! Era verdade!" – pragueja Oni, olhando para Ayashi. – "E você nem me chamou pra ver, sua amiga da onça! Eu te odeio!" – bate de leve no ombro dela.

"Nossa, que medo." – zomba a outra.

"Bem, de qualquer forma... Obrigada, Kinomoto, era só isso. Desculpa aí qualquer coisa!" – diz, se afastando com a amiga, e as duas voltaram a se sentar e conversar novamente.

"Nossa, que susto..." – suspirou Sakura, depois que as duas afastaram-se.

"Sim, é verdade!" – suspira igualmente Tomoyo. – "Também tomei um susto. Ainda bem que foi apenas sobre a sua atuação de ontem..." – sorri. – "Que, por sinal, foi linda!"

"Ãh, Tomoyo, vai ficar babando ovo pra cima de mim até quando?" – ri ela, sendo seguida pela amiga.

"Sabe que eu a admiro muito, Sakura! Não se faça de humilde ou desentendida!" – sorri ela.

"Todos vocês, aos seus lugares." – fala uma voz masculina penetrante e calma, abrindo a porta. – "Agora, vamos lá."

"É o professor Kurokami..." – suspira a card captor.

"Sentamos ao lado, nem é tão ruim! Não ficaremos sem nos falar!" – fala Tomoyo, sentando-se rapidamente. – "Aliás, mudando de assunto, como acha que foi no teste surpresa?"

"Ah... Depois das aulas particulares de matemática que ando tendo, acho que estou bem!" – sorri.

"Vai ver, você está boa agora. Já notei seu avanço!."

Yuki Kurokami fecha a porta e, em silêncio, caminha até a mesa do professor. Larga as provas e papéis ali em cima, e olha a sala, que estava em silêncio. Matemática era uma matéria complicada, mas ele a tornava um pouco mais leve. Era alto e tinha uma cicatriz que atravessava o olho direito, que aliás era cego. Tinha cabelos negros, com uma franja que caía-lhe sobre os olhos azuis.

"Devo dizer que o resultado me impressionou. Creio que teremos muito trabalho pela frente." – fala calmamente, como era seu normal, pegando os papéis.

"Ah, meu Deus... Estou nervosa..." – suspira Sakura.

"Calma Sakura, você vai se dar bem, tenho certeza!" – encoraja Tomoyo, com um sorriso.

"Senhorita Kinomoto." – chama o professor, parando na classe dela.

"S-sim, professor Kurokami!" – responde nervosa.

"Devo dizer que estou surpreso. Pelo que ouvi dos outros professores e vi em seus cadernos, achei que fosse menos estudiosa. Porém, saiu-se muito bem, senhorita Kinomoto." – entregou o teste para ela, e Sakura olhou o papel incrédula.

"Nossa... Tirei tudo isso...!" – murmura, surpresa.

"Aliás, você foi muito bem igualmente, senhorita Daidouji." – sorri discretamente o professor, entregando-lhe sua prova.

"Obrigada, professor." – sorri a garota.

"Senhorita Kinomoto, anda fazendo alguma coisa? Aulas particulares, cursinho, algo parecido? Ou essa melhora foi estudo mesmo?" – pergunta.

"Não! Meu pai pagou-me aulas particulares em casa." – responde ela, ainda olhando a prova.

"Entendo. Bem, está fazendo um bom trabalho." – Yuki diz, voltando a tarefa de entregar as provas para todos. Assim que o fez, voltou a sua mesa, mandando os alunos abrirem os livros em alguma página, e pegou o giz, pronto a escrever no quadro-negro.

------# I #------

Escola Tomoeda: Recreio – Tomoeda.

As duas amigas caminhavam até debaixo da grande árvore onde costumavam sentar para lancharem, enquanto conversavam sobre tudo que conseguiam achar como assunto. Sakura sentia-se um pouco melhor entre amigos... Era um alívio para seu coração. Andava distraída, animada, quando de repente, parecia ter levado uma pancada.

"Ai...!" – murmura, vendo uma bola de vôlei caindo ao seus pés.

"Ah, Sakura! Está tudo bem!" – Tomoyo foi até ela, tocando-lhe delicadamente no local onde havia batido. – "Nossa, está doendo? Tem um galo aqui!"

"Um pouco... Ai..." – murmura.

"Ah... Com licença, eu a acertei...?" – uma voz de criança pergunta, receosa.

"Hein?" – as duas olham para o lado, e vêem uma bela menininha de cabelos rosas e ondulados. Os olhos eram expressivos, de uma coloração vermelho-rubi, muito bonitos. Vestia o uniforme de verão, e as mangas estavam ainda mais arregaçadas. – "Ah, não, não se preocupe... Não foi muita coisa...!" – fala fracamente a garota, enquanto alcançava a bola para a menininha.

"Me desculpem, eu cortei a bola forte demais!" – sorri sem graça, aproximando-se um pouco. – "Sou Mawashi Kaeru, a propósito. Estudo na quinta série!" – sorri mais.

"Somos Sakura Kinomoto e Tomoyo Daidouji, prazer." – sorri a card captor.

"Você está com o uniforme de verão, sendo que estamos já no período de frio?" – pergunta Tomoyo, notando a roupa que a garota usava. – "Aliás, não deveria vestir o uniforme de educação física pra jogar?"

"Não, não precisa! Eu nem me sujo! Além disso, corro tanto que já venho quente e nem preciso de uniforme de inverno!" – sorri animada.

"Hei, Mawashi-chan, é pra hoje! Pega logo a bola e vamos continuar!" – grita uma das colegas da mesma, lá do fundo, fazendo sinais para ela vir logo.

"Me desculpem, preciso ir..." – suspira.

"Não tem problema. Bom jogo." – sorri Sakura.

"Desculpa pela bolada, Kinomoto-san, não vai acontecer de novo!" – sorri Mawashi novamente. – "Até depois, moças! Bom almoço para vocês!"

"Tchau." – sorriem as duas.

"Que coisa... Tem certeza que não está doendo...?" – Tomoyo toca com suavidade novamente no galo de Sakura, enquanto caminhavam.

"Não, tá tudo bem Tomoyo. Já levei muitas boladas na vida!" – sorri Sakura, mostrando-se forte.

"Se você diz..." – suspira.

------# I #------

Residência Anagizawa – Inglaterra.

Eriol executava no piano imperial, impecavelmente, as notas de Ave Maria, de Franz Liszt. Seu pequeno corpo agora era o corpo de um adolescente, e conseguia executa-la com perfeição. Olhava para um ponto qualquer, já decorara as teclas do piano, tocando-o sem precisar olhar. Ao seu redor, uma sala decorada ao estilo França antiga.

"Eriol..." – chamou Nakuru, sendo ignorada pelo mesmo, que continuava a executar a melodia. – "Hei, Eriol!" – chama de novo, não gostando daquilo.

O rapaz fez um sinal para que ela esperasse, e Nakuru entrou e fechou a porta, encostando-se na mesma. Suspirou e ficou ouvindo a música, até que esta acabasse. Quando Eriol executou a nota final, fechou o piano delicadamente e virou-se para a moça.

"E então? O que queria?" – sorriu cordial.

"Por que fez isso?" – pergunta ofendida.

"Você me atrapalhou no meio da música, minha querida... Sabe que eu gosto de terminar o que começo... Principalmente quando se trata de melodias no piano." – sorri novamente.

"Ah, tudo bem." – suspira. – "Temos visitas! Era isso que queria lhe dizer!"

"Ótimo, mande-a entrar. Já esperava-a há horas." – levanta-se da cadeira e senta-se na poltrona a frente de uma outra, na qual a convidada iria sentar-se.

"Tudo bem." – Nakuru entreabriu a porta, olhando para fora. – "Aqui está. Com licença." – retira-se.

A mulher andava com passos nobres e lentos, vestia um vestido negro e belíssimo, simples porém inesquecível. Os cabelos soltos e lisos, ruivos-acastanhados, e os óculos escuros escondiam o brilho e a magnitude dos belos olhos castanho-claros.

"Boa tarde, Eriol." – fala Kaho Mizuki, sentando-se na poltrona a frente dele.

"Boa tarde, Kaho. Vejo que chegou mais cedo do que eu previa." – sorri ele.

"Sim, por sorte pude sentir isso rápido demais... Foram muito descuidados nesse ponto." – suspira, colocando uma mão no rosto, escorando-o na mão. – "Sentiu também, não foi?"

"Muito pouco, mas senti sim." – fala sério. – "Por enquanto não há necessidade, pois sua energia está muito fraca... Mas, se continuar assim, se as coisas piorarem, como eu imagino que vá acontecer... Vou ter que regressar a Tomoeda."

"Tenho certeza que ela irá atacar Sakura para atrai-lo. E se ela não o fizer, eles o farão." – Kaho diz, olhando um pássaro que pousara na janela ricamente decorada.

"Sakura é uma menina forte, e só aumentou com o tempo. Com ela, não me preocupo no momento..." – suspira o rapaz. – "O problema é se eles aproximarem-se dela para absorver energia, resgatar informações ou até tentar mata-la... Aí sim, seria um problema."

"Tudo parecia tão bem... Parecia que ela jamais iria voltar..." – suspira igualmente Mizuki.

"Uma pessoa como ela sempre volta. Clow tem assuntos pendentes com ela, e creio que os dois irão se encontrar uma hora ou outra." – fala, notando a falta de um chá. – "Prefere chá comum ou com leite, limão, creme ou algo assim?"

"Não, apenas um comum." – fala a mulher.

------# I #------

Restaurante Gutes Joch – Tomoeda.

Yukito Tsukishiro ajeitou os óculos enquanto sorria animado, conversando com a garota ao seu lado, e sua animação aumentou quando viu o carro preto estacionar no restaurante. Sabia quem iria descer, e sua intuição mostrou-se certa: de dentro dele, um homem de terno e de rosto atarefado aparece. Ele acena, mostrando ao recém-chegado onde os dois estavam.

"Toooo-yaaaa!" – grita, chamando-o, e chamando a atenção dos outros lá dentro, mas não ligou.

Touya suspirou e olhou com graça para Yukito. Ao lado dele, a terceira integrante do "grande trio", Haru Shinsetsu. Os cabelos eram roxos, abaixo do ombro, e uma franja lhe caía no rosto. Seus olhos eram discretos e acizentados. Vestia um conjunto provocante e negro, mas que parecia não mais incomodar os outros dois, já acostumados aos gostos dela.

"Boa tarde Yukito, Haru... Quase não os achei." – responde irônico, olhando Yukito.

"Bem, você aceitou meu convite para almoçar fora e respirar, então agüente aí!" – responde ele, animado, indicando o lugar para Touya sentar.

"E então? Muito trabalho, Touya-kun?" – pergunta Haru, que bebericava água enquanto falava.

"Quatro pela parte da manhã..." – suspira cansado. – "E mais um monte de consultas pela parte da tarde... Nem sei porque quis ser médico mesmo..." – olha o cardápio em cima da mesa.

"Oras, é uma profissão divertida, não acha, Yuki-kun?" – pergunta a garota, olhando o rapaz que sorria divertido.

"Claro, é cansativa, mas divertida." – sorri.

"Fala isso porque não é você que faz o que eu faço... Você é um pacato arquiteto!" – aponta para Yukito, com um meio-sorriso. – "E você é uma ainda mais pacata garçonete!" – aponta para Haru. Olhou para os olhos dela, mas não gostava muito de fazê-lo. Sentia sempre uma coisa estranha e estranhamente reconhecível quando a via.

"Hei! Fala como se nossas profissões não fossem nada!" – Haru reclama em tom zombeteiro.

"Desculpe... Não foi a intenção." – suspira, atirando-se mais na cadeira. – "Mas que esse emprego está me matando, isso está."

"Devia descansar mais, To-ya!" – Yukito protesta, num tom preocupado. – "Já imaginou se você pegar alguma doença ou se estressar? Não seria bom."

"Você está falando com o 'grande Touya', Yuki-kun!" – ri Haru. – "Esse cara aí não pega nada! Nunca vi ele com um simples resfriadinho! Ele é imortal!"

"Tem razão." – ela é acompanhada por Yukito nas risadas.

"Não sou só eu o único 'imortal' aqui." – suspira Touya, num tom indireto.

"O que quer dizer?" – perguntam os dois em uníssono.

"É... O que quer dizer?" – Haru parecia ainda mais desconfiada.

"Nada não. Vamos pedir alguma coisa ou ficar de papo-furado o tempo todo?" – Touya faz um sinal para chamar um garçom. – "Infelizmente, eu estou sob as garras do tempo."

------# I #------

Escola Tomoeda – Tomoeda.

"E assim, podemos ver que..." – Yuki Kurokami foi interrompido pelo sinal, que tocou para a felicidade dos alunos. A matéria era nova e complicada, e ao ouvir o sinal, o professor fechou o livro. – "Livraram-se disso hoje! Amanhã teremos mais." – declara, arrumando as coisas e saindo. – "Até amanhã."

"Até." – responderam todos os alunos. Ao fechar a porta, imediatamente, a sala vira uma bagunça de novo.

"Aaaahhh... Ninguém merece... Eu quase morri..." – suspira Sakura, caindo na classe.

"Realmente, hoje não estava fácil." – sorri Tomoyo.

"Mas ainda bem que consegui entender essa matéria graças ao professor Akira. Senão, eu já estaria mais perdida do que estou agora..." – suspira de novo.

"Sakura... Você vai lá em casa depois que sua aula particular acabar?" – pergunta a outra, lembrando-se do tópico quase esquecido.

"Sim. Talvez possa demorar um pouco, mas... Creio que apareço até o jantar." – sorri.

"Ah, então está tudo bem." – sorri também.

Enquanto isso, lá fora, Yuki ia saindo em direção da sala dos professores, imerso em pensamentos secretos. A sua frente passava o professor que entraria na classe agora. Um homem alto, de cabelos prateados, curtos e olhos estreitos e dourados como as de um gato. Usava um terno impecavelmente branco, era alto e tinha nas mãos uma pasta marrom e várias outras coisas.

Por causa de seu ar misterioso e por vezes melancólico, e de sua beleza quase que intocável, ele era motivo de suspiro entre muitas garotas da escola. Flagrou vez ou outra alguns bilhetes de amor em suas coisas, de admiradoras secretas, mas ele também era admirador secreto de alguém. Alguém que se foi, e tudo começou por causa da pessoa que passava pelos corredores na mesma hora que ele. Ele unido a uma outra pessoa, extremamente odiosa também.

Nami Kami, o professor de Japonês da escola, passava distraído, porém notou a sua frente outra pessoa. Seus olhos se encontraram com os daquela criatura odiosa que lhe era Yuki Kurokami. Olhou-o de soslaio com o mais puro ódio. Não conseguia controlar-se quando o via. Era ódio puro e incontrolável que lhe escapava dos olhos dourados. Ele era um traidor miserável que só merecia seu desprezo.

"O que foi?" – perguntou Yuki, ao ver-se tão observado por Nami, mesmo que ele também olhasse o mesmo com desprezo.

"Não me dirija a palavra, seu cachorro traidor." – fala, cortando tudo e afastando-se.

Yuki sorriu e continuou andando. Nami suspirou e parou segurando o lugar onde se abria a porta. Ficou olhando para baixo alguns instantes. Odiava entrar naquela sala, já que tinham dois 'deles' e odiava passar pelos corredores, onde por vezes encontrava outros 'deles'. Acordou-se ao ouvir barulhos, vendo que a bagunça dos alunos já estava indo longe demais.

Não era hora de pensar nela e nem neles. Em ninguém. Ele tinha uma vida nova agora... Precisava viver, como ela havia lhe pedido. E vigiá-los.

"Bom dia, pessoal. Vamos sentando, chega de bagunça." – fala, enquanto caminhava para seu lugar, pronto a iniciar uma nova aula e tentar esquecer os problemas.

Um suspiro ou outro, algumas estudantes olhavam-no com olhares sonhadores. Os olhos de Nami fixaram-se em duas estudantes sentadas no fundo. Uma loira e outra morena com spikes nos braços. Elas também retribuíam-lhe o olhar, mas não era sonhador nem nada. Era quase cúmplice.

"Não, Nami... Não é hora pra isso..." – suspira para si mesmo, pegando um giz. – "Enfim, vamos começar desde já, pois temos muito a fazer." – dizendo isso, iniciou o último período de aula.

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Petshop Bronnehot – Tomoeda.

Mawashi Kaeru caminhava em direção da petshop onde deixara uma encomenda marcada. Um shampoo anti-pulgas para seu cachorrinho. No meio do mesmo, encontrou um homem de cabelos negros e olhos azuis-escuros caminhando sem pressa. Reconheceu-o na mesma hora, mas não fez nada para alcançá-lo. Não tinha intimidade com ele desde antes.

Suspirou e seguiu caminho, pensando em coisas passadas enquanto caminhava. A garota de aproximados treze anos chegou em frente a petshop que ficava na mesma rua aonde o rapaz conhecido dela parou, numa casa amarela com um portão marrom, sendo recepcionado por uma bela mulher de cabelos ruivos e encaracolados.

Parou de observa-los, tinha de vigiar aquela casa também, mas agora não era hora. Entrou na petshop, sendo recepcionada pelo barulho de um sino.

"Com licença." – chamou, olhando ao redor.

"Já vou! Espere um pouco!" – disse uma voz feminina, meio ofegante. Mawashi ficou esperando pacientemente, ocupando-se em olhar em volta, até que a atendente apareceu, correndo. – "Ah, desculpe a demora... As coisas aqui são uma coisa..." – ia falar algo, mas tropeçou e voltou a cair.

"Ah... Você está bem...?" – Mawashi ficou escorada no balcão, tentando ver o estrago e a moça acidentada.

"Não! Estou sim!" – fala a moça, levantando-se em seguida com um sorriso. – "Isso acontece sempre, Mawashi-chan, você sabe! Aliás, novamente, me desculpe a demora em te atender..." – suspira com um meio-sorriso, parando em frente da menina.

"Sem problemas, Rine-chan." – sorri a mesma.

Rine Otori era a dona do petshop, e velha conhecida da pequena Mawashi. Possuía os cabelos longos, até o fim das costas e de coloração verde. Os olhos eram castanho-escuros e bondosos. Não era tão alta, e parecia muito atrapalhada. Parecia não, ela era extremamente atrapalhada.

"Eu vim pegar a encomenda que pedi." – diz a menina, olhando com carinho para a outra.

"Ah, sim, claro! O shampoo! Eu lembro!" – Rine corre até uma prateleira, procurando o shampoo que deixara reservado para a pequena. – "Sim, é esse aquiiiiiiiiiiiiiiiiiii..." – no mesmo instante, desequilibra-se e acaba caindo. – "Ai, ai, ai..." – murmurava de dor, sentada no chão.

"Você está bem mesmo, Rine-chan!" – pergunta Mawashi, com uma gota na cabeça.

"Claro, sem problemas." – sorri Rine, levantando-se em seguida e entregando-lhe o shampoo dentro de uma sacola de plástico. – "Aqui está, Mawashi-chan. Como já pagou, então estamos quites."

"Sim, obrigada Rine." – dizendo isso, com um sorriso, a pequena vai saindo.

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Residência Kinomoto – Tomoeda.

O sol já estava se pondo quando Sakura chegou em casa, cansada. Como de costume, encontrou a mãe sentada no sofá, conversando pacificamente com um homem de cabelos curtos e negros e um par de olhos penetrantes e misteriosos, de coloração azul-escuro. Parecia ser jovem para um professor, e era alto. Ao ver a garota que se aproximava, sorriu tranqüilo para ela.

"Ah, olá Sakura-chan. Vejo que hoje chegou cedo, até." – sorri, levantando-se e abraçando-a com cortesia.

"Sim, hoje me superei." – sorri Sakura, abraçando-o também. – "E boa tarde, professor."

"Bem... Deixei um suco em cima da mesa, caso queiram beber enquanto estudam. Vou deixá-los a sós agora. Bons estudos." – sorri Yohko, retirando-se do lugar em seguida.

Akira Shinomori, professor particular de matemática de Sakura, sentou-se e indicou-a aonde sentar, onde a menina, em silêncio, sentou-se, deixando a mochila atrás da cadeira.

"O que havíamos revisado na última aula mesmo...?" – pergunta ele, distraído, enquanto pegava os cadernos e livros utilizados no estudo.

"Álgebra. Aplicações de números complexos." – suspira ela, já com o material à mão.

"Ah! É mesmo, foi isso mesmo!" – sorri ele, abrindo o livro na página indicada. – "Certo, hoje estou de bom humor. Vamos começar com uns exercícios de fixação bem simples!" – sorri.

"Sim, senhor." – sorri Sakura, aproximando-se para ver os mesmos.

"Aliás, sua mãe faz sucos deliciosos..." – Akira comenta, depois de ter bebido um gole do suco do dia, desta vez de caju. – "Adoro vir aqui tomar sucos de vez em quando." – comenta sorridente.

"É mesmo... Pelo menos os sucos são bons..." – suspira a menina de qualquer jeito.

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Residência Daidouji – Tomoeda.

A card captor havia atrasado-se um pouco mais do que esperava por uma implicância de Kero em levá-lo junto. Desde quando chegou da escola ele estava estranho, dizendo coisas sobre antigos poderes que estavam renascendo, coisa que ela não entendeu e não fez questão de entender. "Provavelmente, andou comendo muito doce de novo", pensou de qualquer jeito. Com sua mala, chegou até a residência de Tomoyo.

Depois de ser recebida calorosamente pela mãe da amiga, Sonomi, e até pela própria Tomoyo, Sakura pôde respirar finalmente ao entrar no quarto encantador da outra.

"Fique a vontade, amiga!" – diz Tomoyo. – "Já mandei preparar a sua cama!" – mostrou uma bela cama ao lado da dela.

"Nossa... Eu vou dormir ali?" – pergunta, com um sorriso.

"Sim! Vai sim! E vamos aproveitar e treinar hoje, não? Você prometeu!" – falou, com os olhos brilhando de emoção. – "Eu fiz uma roupa especialmente para essa ocasião! Quero vê-la treinando com o meu novo modelo, que por sinal, está muito bonito! Já estou tentando melhor agora, já que não estamos mais duas meninas como antes..." – sorri, olhando para Sakura. – "Já estamos moças."

"É mesmo, o tempo passa correndo." – comenta a garota de olhos verdes.

"Muito. Mas foram anos divertidos." – sorri novamente Tomoyo. – "Aliás, você me ligou de repente... É verdade que Kero está aqui também?"

"Sim, está aqui." – suspira Sakura, abrindo a mala e deixando Kero sair.

O pequeno 'ursinho' laranja sai, reclamando de falta de ar e espaço, olhando ao redor e percebendo que estava no quarto de Tomoyo. Senta-se na cama dela e olha em volta.

"Estranho..." – comenta.

"Olá Kero!" – sorri Tomoyo. – "Mas, o que foi?"

"É, desembucha Kero. O que aconteceu? Você mesmo não encheu pra vir até aqui porque 'sentiu uma energia estranha no ar'?" – Sakura perguntou, em tom zombeteiro.

"Não foi brincadeira, eu senti. Passei o meu dia inteiro sentindo essa presença." – falou sério. – "Mas agora, de repente, ela sumiu."

"Sério? Por que eu não senti nada desde o começo?" – pergunta Sakura.

"Não sei." – fala Kero, simplesmente.

"Mas não acho que seja algo muito..." – Tomoyo foi interrompida por um forte barulho que ecoou nos jardins dos fundos. Os três estancaram.

"O que foi isso!" – pergunta Sakura. – "Eu estou... Que presença poderosa...!" – exclama.

"De novo essa presença! Só que dessa vez está muito forte!" – Kero exclama também.

Continua...

Notas: Prometo fazer o máximo para não demorar muito. Comentem, isso é a fonte de energia e ânimo para um ficwritter. Nos vemos na próxima! Até mais.