Parte Um

Vendo minha atual condição, estou partindo do principio de que todos que forem passar alguma data comemorativa na casa dos pais do seu namorado (ou namorada) deveriam ter um livro, um manual na verdade, que lhe dê todas as dicas de como falar e agir perto deles.

Não é como se os pais do meu namorado fossem espécies de monstros, que me darão pesadelos à noite. Muito pelo contrário, eles são lindos e, pelo que já conversamos pelo telefone – afinal, apesar de termos dois anos de namoro, os pais de Sesshomaru moram em Tókio enquanto que a gente mora em Okinawa – são incrivelmente agradáveis.

Passamos já o natal e o ano novo juntos, mas em Okinawa, e eu fiquei na minha casa (esse é ponto crucial da questão)!

Agora é totalmente diferente, vou passar a semana na casa deles enquanto termino de ver o apartamento para alugar, matricula da universidade e móveis para o apartamento.
Quanto a data comemorativa, é o aniversário de casamento dos pais do Sesshomaru. O que me lembra que eu não faço idéia do que vestir, e me parece que o baile será à fantasia -Sesshomaru já declarou que ira fantasiado dele mesmo... mereço?

Estou sem graça, admito, não sei como me comportar quando chegar na casa dos Taishos. Queria estar tão tranquila como o meu namorado, que desde que entrou no avião está ouvindo musica e ignorando minha existência aflita.

- O quê? – Ele me perguntou tirando os fones de ouvidos. Soltei um suspiro: aquele tom grosseiro e a expressão mal humorada... Sesshomaru nunca muda.

- Não é nada.

- Parece nervosa.

- É que, chegando a Tókio, tenho muita coisa para fazer. Fechar o contrato de aluguel, entrar em contato com a Sango e o Miroku para saber se eles querem que eu adiante tudo para quando eles vierem. – comecei a enumerar as coisas nos dedos, claro que ele me interrompeu.

- Está se preocupando demais, já disse que...

- Não vou morar com seus pais. Não é certo.

- A casa é grande.

- Não.

Ele rolou os olhos voltando colocar os fones de ouvido. Esse é o seu ato amoroso de dizer "tudo bem, querida, não vamos discutir", que na forma que ele faz mais parece um "foda-se, a vida é sua!". Idiota irritante.

- Não me xingue em seus pensamentos – ele resmungou. Às vezes acredito que ele lê a minha mente. – E eu não leio mentes.

Hã?

O belisquei, recebendo um olhar enervante. Mas logo fechou os olhos, voltando a ignorar a minha atormentada pessoa.

A minha aflição é conseqüência do constrangimento. Afinal, quando vim com Bankotsu, Sango e Miroku para fazer a prova da Universidade de Tókio ficamos todos em um hotel (Bankotsu veio por que estava de férias e colocou na cabeça que eu estaria em perigo se viesse sem ele).
Quando anunciei que me mudaria definitivamente para Tókio – pois havia passado na universidade (ainda não acredito que passei em medicina na maior universidade do Japão) - minha mãe quase enfartou de orgulho. Então começou a chorar, pois se lembrou que eu teria que sair de Okinawa.

Isso me lembra o drama que Jakotsu e Bankotsu fizeram quando eu anunciei que me mudaria para Tókio, eles interditaram meu namoro... Quando não aceitei a decisão deles, eles começaram a falar que eu era muito rebelde.

Sango e Miroku também passaram na universidade, mas eles virão daqui uma semana. Estou vindo mais cedo com Sesshomaru justamente por causa da festa de aniversário de casamento que será nesse sábado.

- No que está pensando? – perguntou Sesshomaru me pegando totalmente desprevenida.
- Estava pensando em fugir com o comissário de bordo, ele é incrivelmente lindo e simpático... Friso o simpático.

- Fuja. – ele falou tirando os fones de ouvido. Quase sorri. Ele está com ciúmes, apesar de parecer um cubinho de gelo (palavras do tio Kayo), ele é incrivelmente ciumento. – Vamos ver se ele é digno.
Então chamou o comissário de bordo. Eu queria matar o Sesshomaru! Esganá-lo! Mas me virei para janela e me encolhi em meu acento. O que ele está pensando?

- Senhor?

- Minha namorada te achou muito lindo e simpático. Está interessado nela? – Sesshomaru me apontou, rangi os dentes contendo minha vontade de voar em seu pescoço.

O rapaz me observou confuso, me encolhi mais no acento.

- Muito engraçado, senhor.

- Estou com cara de quem está brincando?

Acho que me fundi à poltrona.

- Sesshomaru. – chamei entre os dentes.

- Sim? – Ele me lançou um daqueles olhares desafiadores enquanto o comissário ainda tentava entender a situação. – Ela mudou de idéia, parece que ela ainda me quer como namorado. Então... pode ir.
O rapaz sorriu de forma nervosa, acho que pensou que éramos dois loucos. Dei um soco no ombro do idiota do meu namorado que quase me matou de vergonha, cruzei os braços quando ele me lançou um olhar irônico e vitorioso.

- Ele não se mostrou digno.

- Cale a boca.

- Ainda quer me trocar?

- Se continuar assim... Vou trocar!

Ele deu um meio sorriso se aproximando, mordeu levemente minha orelha e... Eu odeio o fato do meu corpo sempre me entregar para ele. É só ele se aproximar demais que começo a tremer e meu coração dispara. Sem contar aquelas malditas borboletas no estômago e o frio na espinha... Depois de dois anos, as mesmas reações de começo de namoro, com a mesma intensidade – aliás, intensidade maior, se for possível isso.

- Vai mesmo?

- Para com isso.

- Só quando me disser o que está lhe incomodando.

- Só estou nervosa por estar indo para casa dos seus pais.

- Garanto que eles não são canibais.

- Muito engraçado.

Ele se arrumou na poltrona se aproximando de mim, entrelaçando os dedos da mão com os meus e beijou minha testa.

- Não perca seu tempo se preocupando com algo tão irrelevante.
E essa é a forma romântica dele me falar "não se preocupe, estarei com você".

O resto da viagem foi feita no mais absoluto silencio. Para quê me preocupar em puxar assunto com o meu namorado? Ele prefere ficar calado, ele dá novos significados a palavra "calado", as vezes esqueço que ele não é mudo...

Por que eu me apaixonei mesmo?

Ah sim, ele é gostoso. E muito. Ombros largos, cabelo comprido prateado, olhos dourados – olhos lindos, um tanto frios, mas, ainda assim, lindos. Hoje ele está trajando calça jeans com blusa social, está perfeito, vou mordê-lo.

- Ai.

- Não resisti.

Ele me deu um daqueles sorrisos cínicos, que ainda não defini se odeio ou amo.

- Sei que sou irresistível.

- E prepotente.

- Talvez, mas eu sou perfeito e na perfeição não cabe defeitos.

- Arrogância é um defeito.

- Pois é. Você deveria deixar de ser arrogante, Kagome.

Rolei os olhos, voltando minha atenção para janela do avião. Às vezes é melhor não discutir com ele.

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Quando desembarcamos, liguei para minha mãe. Ela começou a chorar no telefone falando que eu não deveria ter crescido, passei o celular para o Sesshomaru. Sabe aquela historia de genro não se dá bem com a sogra?"... no meu caso a sogra foge com o genro se eu bobear.

- Aqui, senhor? – Perguntou o taxista parando no lugar que Sesshomaru indicou.

- Não, pedi para você parar aqui por que quereremos terminar o trajeto a pé.

O taxista nos olhou curioso, bati minha mão contra a testa e paguei o homem empurrando o meu namorado sem educação para fora do taxi. O taxista ainda foi gentil e saiu para nos ajudar com as malas, pedi desculpa e segui com Sesshomaru para dentro de uma casa, tiramos os calçados ao entrar e ele colocou nossas malas no canto. Era uma casa tradicional japonesa, como a casa do tio do Sesshomaru – já estou com saudades de Kisa e Takeru, eles decidiram não vir para Universidade de Tóquio, mas virão para o casamento, chegam na quarta-feira junto com os pais de Kisa.

- Você foi muito mal educado com o taxista.

- Não gosto de idiotas.

- Como você se atura então?

- Eu não me aturo, você que me atura.

- Verdade. – ele deu um meio sorriso seguindo pelo corredor da casa, o segui, ele é o filho do dono, tem liberdade, se eu me manter perto dele não estarei sendo sem educação, espero.
Sesshomaru entrou na cozinha pegando uma maça em uma cesta sobre a mesa, uma mulher se virou para ele com um belo sorriso, era um senhora de aproximadamente sessenta anos, ou mais.
- Fez boa viagem, mestre Sesshomaru?

- Sim, essa é minha namorada Kagome, Misaki.

Aproximei e me inclinei em reverencia.

- Muito prazer.

Ela me deu um doce sorriso se aproximando, segurou minha mão com uma expressão materna em seu rosto.

- Cuide bem desse garoto, ele é muito carente e não sabe se virar sozinho.

- Misaki!

E pela primeira vez em minha vida, vi Sesshomaru vermelho, não evitei o sorriso sacana que brotou em meus lábios.

- Eu sei o quanto ele é carente, não se preocupe, cuidarei muito bem dele.

- Kagome!

- Você escolheu bem. – Ela sorriu e voltou a cortar os legumes que, até então, não havia notado que ela estava picando.

Sesshomaru deixou a maçã com uma mordida na mesa e saiu da cozinha com os braços cruzados, peguei a maçã e o segui, estou com fome.

- Misaki. – ele resmungou.

Não importa o quanto eu vejo, eu sempre amo a capacidade das pessoas que conviveram com o Sesshomaru quando criança, pois tenho certeza que Misaki é uma delas, a facilidade que eles tem em constrangê-lo e a capacidade de fazê-lo abandonar a máscara de indiferença sobre tudo e todos.
Sesshomaru me mostrou meu quarto, que era ao lado do dele e do irmão dele – digo, meio irmão dele (ele faz questão de frisar o meio irmão).

O quarto era lindo, uma cama de casal linda e confortável, a mobília entrava um pouco de contraste com o aspecto tradicional da casa, já que era um pouco mais moderna – admito que adorei.
- O banheiro é no final do corredor, mas, se quiser, o meu quarto é suíte.

Levantei a sobrancelha esquerda observando o meu namorado encostado no batente da porta, ele me lançou um daqueles sorrisos cheios de quartas intenções.

- Você pode ficar comigo em meu quarto.

- Não confio em você.

Ele me lançou um olhar de pura magoa fingida e mal interpretada.

- Nunca faria que você não quisesse. – E me due outro meio sorriso sacana. – Você quer?

Corei furiosamente, a verdade que apesar de dois anos de namoro nunca chegamos aos finalmente, motivos são diversos:

Primeiro: Bankotsu é ciumento, quando soube de meu namoro, começou a marcar em cima.

Segundo: amigos inconvenientes que aparecem quando menos se espera, isso inclui o Jankotsu que parece que desenvolveu um sistema para atrapalhar sempre.

Terceiro: ele nunca fala sobre isso comigo, é a primeira vez que faz uma piada assim (aliás, ele fez uma piada?).

Enfim, apesar de ser muito gostoso e ter uma bela pegada, Sesshomaru é reservado, a maior parte das vezes não sei que ele está pensando, e ele não faz o tipo de homem que fica agarrando a namorada a toda hora, ele é meio frio nesses aspecto... Ele deveria se chamar Ice Men.

- Complicado. – pensei em voz alta.

- Quem?

- Você.

Ele deu de ombro e saiu do quarto, mas antes falou que o convite ainda estava valendo. Certo, depois de dois anos eu ainda ficou muito sem graça com esse idiota.

Voltei minha atenção para minha mala, que Sesshomaru trouxe até meu quarto. Apenas pelo fato de não ter o que fazer, mexi nela conferindo se não havia esquecido nada. E como toda mala de viagem onde colocamos tudo que precisamos, conferimos duas, três, até dez vezes antes de saímos de casa e quando finalmente você chega ao lugar destinado e a confere novamente você nota que esqueceu algo essencial... A porcaria da escova de dente.

Preciso sair para comprar uma antes de escurecer, mas agora estou cansada, vou deitar.
- Quem é você? – ouvi uma voz masculina a porta do meu quarto, me virei para ela e me deparei com um garoto, acho que com a minha idade, cabelo prateado, olhos dourados, se não fosse a careta intrigada eu juraria que era Sesshomaru mais novo.

- Kagome Higurashi...

- Ah... namoradinha do idiota. – ele deu as costas e saiu, mal educado, cadê uma pedra quando se precisa de uma?

- MAS QUE MENINA MAIS LINDA.

Arregalei meus olhos quando senti algo me apertar, ou melhor, alguém me abraçar e me apertar, esse alguém se afastou e esfregou a bochecha contra a minha.

- A mulher que conquistou o meu cubinho de gelo, seja bem vinda a família, Kagome.

Reação exagerada.

Abraço sem permissão.

Chamar Sesshomaru de cubo de gelo ou algo que caracterize seu mal humor e frieza.

Não resta duvida, esse é o pai do Sesshomaru, irmão do tio Kayo.

OooOOOoooOOOoooOOOoo

Nota da Autora que está caindo de sono – Como sempre, agredeçam a fic a minha beta, ela gostou tanto da outra fic que eu resolvi fazer essa para ela, estou pensando em faze mais uma ainda continuação dessa, que eu não faço por essa beta :va:

Espero que vcs gostam, muito obrigada pelas reviwes da outra fic.

ESSA FANFIC É CONTINUAÇÃO DIRETA DE "FESTA DE HALLOWEEN" NÃO SEJÁ UM PERDIDO (A) NA VIDA, LEIA A OUTRA FIC ANTES DESSA.