"Não amar, é sofrer; amar é sofrer mais!"
Menottti Del Picchia
"O Amor e as Eras"
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Tema 01: Grécia Antiga.
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"This is Sparta "
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Eu mal podia acreditar no que via. Eu, que era tão acostumado a vê-lo sério, agora o via sem nenhuma expressão. Nem mesmo a sua falta de cinismo era presente em seu rosto. E no lugar de minhas ofensas e até mesmo as dele, eu o ouvia suspirar pesado. Eu o escutava pacientemente e naquele momento eu queria apenas escutar suas grosserias.
Mas eu não podia. Eu não poderia fazer mais nada a não ser pedir para os deuses. Talvez Ares se compadecesse da minha dor naquele momento e mesmo que eu tivesse certeza de que ele não faria, desperdicei meu tempo levando-lhe ao templo algumas oferendas.
Ao ouvi-lo gemer de dor, esqueci de todos os Deuses e me destinei até o mais forte deles, Zeus, e também pedi para que Hades não o aceitasse em seus domínios. Limpei-lhe a face quando o suor já me salgava a língua. Eu sabia que aquele gosto salgado estava por se extinguir a qualquer momento do meu paladar.
Bastava apenas que ele desse um suspiro mais profundo para que eu perdesse a cabeça e corresse para deter o maldito que o havia posto entre a vida e a morte. Ainda que eu levasse a vida para assim fazer. Algo difícil em tempos de guerra. Algo difícil para se fazer quando se têm de zelar pela própria vida.
Mas daquela face eu jamais me esquecerei e peço a Hefesto que me faça a mais poderosa das armas para que eu possa cortar o pescoço e beber do sangue do responsável pela minha dor.
O cabelo negro dele ainda parecia mais escuro quando se contrastava com a pele desfalecida.
Eu que amava o contraste do branco com o negro, agora me preocupava com o alvo da minha excitação. Faltava-lhe sangue e queria dar o meu a ele.
Queria poder dizer a Sai o quanto ele era importante para mim. Queria fazer muitas coisas, mas agora não me restavam alternativas. Beijei-lhe os lábios partidos e ressecados e umedeci sua boca com a minha saliva e meu choro.
E naquela cena desiludida e triste, tão culpada e inocente ao mesmo tempo, Naruto segurou-lhe as mãos, para logo depois as soltar.
- E eu te prometo – falou ele, remexendo nos fios escuros. – Vou trazer-lhe o coração ainda pulsante nas minhas mãos daquele que o deixou assim – disse, fora de si. – Pois quando o maldito fez isso – prosseguiu. – Ele levou o meu – completou o loiro.
Mas agora ele não podia fazer mais. Ele havia se tornado um soldado e ainda tinha uma guerra. A guerra de Esparta.
A minha guerra eu lutarei sozinho e já venho lutando, desde que você caiu sobre os meus cuidados. A minha guerra eu terei de fazer depois.
Se eu fizer agora, atrapalharei e correrei o risco de ser morto. E eu jamais me perdoaria se eu me juntasse a você sem ter cumprido a minha promessa.
Eu sou um instrumento de luta e não tenho direito a ter sentimentos. Eu apenas tenho de lutar. Mas vou lutar por você, pois eu posso ter a minha dor.
Eu sou um soldado, e a partir de hoje esse será meu ideal e essa será a minha honra.
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Sparta ou Esparta foi uma das cidades-estados mais importantes da Grécia Antiga. Ali o destino de todos os garotos eram as Batalhas. Desde muito cedo, os garotos saudáveis eram levados para escolas para a sua formação militar e aqueles que nasciam deficientes eram destinados à morte. Os cargos nessa sociedade eram em geral, ocupados pelas mulheres.
A afetuosidade entre as pessoas de mesmo sexo na Grécia Antiga não eram taxadas como hoje. Não havia nem mesmo uma palavra para designar este tipo de relacionamento. A condenação desse tipo de prática surgiu com a expansão do Cristianismo e só então formulou-se o termo "Homossexualismo" para tal relação.
De acordo com a mitologia grega, Ares é o deus da Guerra, Hades é o senhor do submundo (para aonde os mortos vão) e Hefesto, o Deus da criatividade.
N/A: Através de One-shots, tentarei mostrar como o quesito "amor" sofre influências externas ao curso da História. Tentarei seguir uma ordem cronológica.
Espero que gostem.
Kissus e dêem GO!
