I

- Não!

- Mas por que não, papai?

- Não é óbvio? Minha filha, namorando a um elda!

- Mas ele é boa pessoa!

- Boa pessoa! Invade a minha fortaleza, tenta me roubar a silmaril e é boa pessoa!

- Papai, já faz tanto tempo que ele fez isso! As pessoas mudam... você também está aqui em Valinor, depois de tudo!

- Não, não e não. Ele é um elda!

- Até que o senhor sentou pra conversar com o pai dele sobre casamento e etc...

- Conversar é uma coisa. Namorar, ter relações mais íntimas, é totalmente diferente!

Mairen olhou o pai com cara feia e ficou alguns segundos sem nada responder. Em seguida, porém, passou a dizer, como numa última tentativa de se fazer entender:

- Ao relacionamento de Moriel e Lossiel não se opõe!

- Ah, minha filha... Lossiel é diferente! Primeiro que ela não é elda. É uma maia de primeira grandeza! Segundo que ela colocou prumo no seu irmão! Veja como ele era amuado, sem um objetivo na vida... agora ele está bem melhor! Tudo isso foi ela quem foi dando ânimo e sentido na vida dele. Sem contar que eu já disse a ele várias vezes: se perder essa, não arruma outra assim! Pra aguentar o que ela aguenta dele, coitada... mas até que conseguem se entender.

- Maedhros também é boa pessoa...

- É um elda vagabundo! Não e ponto final!

Melkor franziu o cenho e Mairen viu que não ia tirar nada dali. Então bufou e foi embora. O vala continuou com a cara fechada, até a hora em que Mairon chegou.

- Melkor, se continuar assim, ela vai se rebelar e vai acabar se encontrando às escondidas com ele!

- Pois que vá!

- E se ela resolver fugir com ele?

- Que fuja! E que nunca mais volte a esta casa se assim o fizer!

Ainda com o cenho fechado, Melkor se retirou da companhia do consorte. O maia balançou a cabeça. Por alguma razão, ele sabia o que era viver uma paixão proibida... não fora ele um dia um ferreiro de Valinor apaixonado pelo que fora um dia o Sinistro Inimigo do Mundo? E agora estava ali, casado com ele, porém o que não precisara passar para assumir aquele amor!

- Melkor, você não entende... você não entende do que alguém proibido de amar é capaz de fazer!

Sim, porque para Melkor fora fácil. Para ele fora só amar a Mairon, o qual já estava ali em sua fortaleza e já dera inúmeras provas de amor. Mas e Mairon? Tivera de fugir de casa, de fazer as coisas às escondidas, ser espião, isso pra nem saber se ia ser correspondido.

Balançou a cabeça e se recolheu, já sabendo que Mairen não ia deixar as coisas morrerem ali. E aquele pressentimento não o enganava.

OoOoOoOoOoOoO

- Grávida?!

A moça apenas abaixou a cabeça, sem ousar responder diretamente. Melkor continuou a vociferar, indignado:

- É dele?!

- Sim.

- Mas o que foi que eu te falei sobre não querer que namorasse aquele imbecil?!

- Falou sobre namorar, mas não sobre fazer "aquilo"...

- Gnnnn, não brinque comigo, mocinha! Vamos agora mesmo até a casa desse elda atrevido!

- Mas papai-

- Nada de "mas"! Não foi você quem quis assim? Pois que aguente as consequências!

Mairon viu o marido tomar a mão da filha, a qual se encontrava atônita, e levá-la para a casa de Fëanor, na qual o tal de Maedhros residia. Rolou os olhos outra vez, sabendo que não ia dar em boa coisa.

- Eu havia dito que não adiantava proibir...

Meren estava ali perto e replicou:

- Parece que Mairen e Maedhros seguiram o seu exemplo, não?

Mairon não sabia se a alegação do filho se referia ao fato de Mairen ter feito sexo com o consorte (pois ele e Melkor faziam bastante sexo, de fato) ou porque ambos estavam a viver um amor proibido. Fosse qual fosse a alternativa, a alegação de Meren estava correta.

- Seguiram, meu filho. Mas seu pai nunca entenderá isso...

OoOoOoOoOoOoO

Já na casa dos Curufinwë, Melkor se precipitou até a porta e batia na mesma com força. Ninguém atendia, já sabendo se tratar do pai de Mairen. Chegou um momento, porém, que não houve opção senão abrir, uma vez que caso fizessem o contrário, Melkor seria bem capaz de arrombar a porta.

Fëanor abriu a mesma e se colocou na frente do vala.

- O que é que você quer, batendo assim na porta da minha casa?! Pensei que os momentos de luta já haviam ficado para trás!

- E como poderiam ficar, se seu filho engravidou a minha filha?!

- Ern... como é isso?!

- Isso mesmo que você ouviu: Maedhros engravidou a minha filha!

"Mas justo a filha do Melkor", pensou Fëanor. "Tanta mulher por aí, e ele tinha de justamente ficar perpetuando rixas antigas dessa forma!"

O vala negro continuou com a verborragia:

- Pois eu pensava que aqui em Valinor as pessoas tinham o hábito de deixar o sexo pra depois do casamento! Quando foi que os hábitos mudaram por aqui?

O elda fez uma expressão de surpresa.

- Não seja hipócrita, Melkor! Você e Mairon foram amantes por anos a fio antes de enfim se casarem! Isso sem contar os amantes que teve antes dele, que todo mundo sabia e comentava!

O vala engoliu em seco, mas logo arrumou uma resposta:

- Ora, quando Mairon engravidou eu casei! Não casei? Pois então, não fiquei largando filha dos outros grávida por aí! E seu filho, que nem tomou conhecimento da gravidez dela?!

- Ah, então o problema não é quando faz o sexo, mas se engravida ou não?

- Pois sim! Minha filha agora vai ficar aqui, com uma criança que não é nem elda nem ainu, a criança sem pai sem nada?!

- Se é esse o caso, vou chamar o Maedhros.

Fëanor foi pra dentro de casa e chamou ao filho afinal:

- Maedhros, o Melkor e a filha dele, a Mairen, estão aí na porta.

O elda ruivo se pôs branco que nem papel na hora.

- Eles... estão?

- Sim, e dizem que ela está esperando um filho seu.

- U-um filho?!

- Sim. Veja lá, você já é adulto, deve resolver seus problemas por si só. Vá lá falar com eles!

Sem opção e ainda se sentindo atordoado, Maedhros vai até a porta de casa e vê ambos, pai e filha, a lhe esperar. Assim que o vê, Mairen se lança em seus braços.

- Nelyo, meu pai vai nos matar!

- Matar...?

Melkor toma a palavra, um semblante bastante sinistro tomando conta de seu rosto.

- Escuta aqui, seu filho de uma puta: se pensa que vai engravidar a minha filha, largar ela com a criança por aí e que fica por isso mesmo, está muito enganado!

- Que quer de mim, senhor?

- Quero que assuma a criança, ora!

Mairen se lamentou, chorosa:

- Nelyo, ele diz que se você não casar comigo, ele não sabe o que faz!

Melkor retomou a palavra:

- Um elda vagabundo desses! Eu disse que não prestava, pois se prestasse já teria pedido a sua mão há muito tempo!

- Pedir a mão? Ora, como eu ia fazer isso, se o senhor se opunha?

- Papai, vai continuar se opondo mesmo comigo grávida?

- Ora! E esse inútil lá vai querer casar com você? Ele quer é fazer filho na filha dos outros e sair andando! Ah, mas isso não fica assim... ouviu seu elda enxerido?! Dessa vez você perde as duas mãos e também o...

- Eu caso.

- E também vai ficar na minha masmorra mais funda! Quer dizer, não tenho mais masmorra em Valinor. Mas a gente improvisa uma de última hora!

- Papai, ele disse que casa!

- E vou arrancar seus dedos e- peraí, ele casa?

- Caso.

- Não vai oferecer resistência?

- Se meu sogro assim me aprova, eu caso.

- Nenhumazinha?

- Não. Podem marcar a data.

Melkor ficou com cara de tacho, sem saber o que dizer, pois se o elda casava, ele não tinha mais motivos para puni-lo. Ao ver que o namorado não se opunha ao casamento, Mairen pulou nos braços dele outra vez, então de alegria.

- Nelyo, eu não acredito! Finalmente nos resolvemos! Papai, papai, já sei! Podemos aproveitar e fazer uma cerimônia só no mesmo dia: a de Moriel com Lossiel e a minha com Maedhros! Que acha?

- Ahn... pode ser.

- Isso! Vamos casar! Mas agora que a relação ficou realmente séria, ele vai frequentar a nossa casa, não vai?

- Esse elda... na minha casa?!

- Papai, ele é seu futuro genro! Tem que frequentar a nossa casa! É isso, vamos tomar um chá lá em casa agora!

Fëanor ouviu os gritos de felicidade de Mairen e foi ver no que aquilo tinha dado.

- Então? Se resolveram.

Sem mais nada a dizer, Melkor simplesmente declarou, ainda com cara de tacho:

- Seu filho e minha filha vão casar.

- Ah, sim? Está vendo, mais uma vez nossos caminhos se unem, Morgoth.

- Eeeeeeei, Morgoth não!

- OK, Melkor, que seja!

Sendo assim, nada mais restou ao vala do que aceitar que o elda ruivo seria o mais novo membro de sua família - junto com o bebê que já estava a caminho.

To be continued

OoOoOoOoOoOoO

Geeeente, que bagunça! O Melkinho achando que ia conseguir punir o Maedhros, mas nem deu! kkkkkkkkkkkkkkk! OK Melkor, sem matanças por enquanto... sua era de torturas já acabou!

Beijos a todos e todas, em breve continuo!