Os personagens pertencem ao Kishimoto-sensei.

Capítulo 1 - Conhecendo seus personagens

23 de outubro de 2009.

Para Hyuuga Hinata. Entregar em mãos.

Urgente.

A jovem encarou mais uma vez o envelope pardo jogado na mesinha do escritório, por cima dos relatórios que teria que ler e fichas para assinar. Suspirou. Porque teve que começar a trabalhar tão cedo? Pensando agora deveria mesmo ter aproveitado todas aquelas festas quando teve oportunidade. Se bem que nunca se sentiu a vontade em festas.

Preso ao envelope, um bilhete com a caligrafia grande e inclinada da amiga.

Vemos-nos no almoço.

Ps.: não assina o envelope ainda.

Hyuuga Hinata é uma mulher baixa para sua idade, com cabelos azulados e lisos até abaixo dos ombros, seios incomodamente grandes e quadril largo, se comparado ao resto das japonesas. Os olhos são tão claros que é impossível ver sua íris. Em 27 de dezembro completará 25 anos, idade que o pai insiste em casá-la, mesmo que acorrentada.

Hinata pegou o envelope e abriu-o sem animação.

Missão 155/08

Nível D

Descrição: Vigiar Imanaka Ino, filha de um dos maiores magnatas da cidade e herdeira da Imanaka Transportes.

Separou os relatórios que teria que ler das fichas e colocou numa pasta fina e vermelha escrito "verídico" e logo depois pôs a pasta dentro de outra maior, que levaria para a casa. Passou as mãos pela franja. Já não pensava mais em cortá-la. A franja dava uma aparência infantil a ela que ela não queria se desfazer.

Seguiu pelo corredor cumprimentando todos que lhe dirigiam o olhar e chamou o elevador.

- Hinata! Eu estava agora mesmo indo até sua sala - disse uma animada jovem de cabelos róseos.

- Sakura-chan?! Como vai?

Haruno Sakura foi a única amizade confiável que conseguiu fazer no ambiente de trabalho. Alta, magra e um pouco escandalosa, de vez em quando. Sakura com seus olhos verdes e cabelos rosa chamava duas vezes mais a atenção dos homens do que Hinata, que agradecia mentalmente por isso.

- Melhor que antes, mas não por muito tempo...

- Por quê?

- Minha missão - respondeu Sakura desanimada - tenho que conseguir informações sobre uma quadrilha. Tenho que dar em cima de um cara qualquer de novo. Será que ninguém liga de eu ter terminado um namoro de 4 anos há dois dias?!

- Eu ligo - disse Hinata confortadora, apertando o botão do 8° andar do elevador.

- Obrigada. Eu realmente torço para que você não tenha que escolher entre sua vida amorosa e seu trabalho.

- Creio que não vou precisar.

Hinata despediu-se da amiga e saiu do elevador, caminhando em direção da sala grande, no fim do corredor.

- Bom dia, Hinata-san. Tsunade-sama já está lhe esperando.

A jovem entrou pela porta que a assistente lhe indicara e deu de frente com uma pilha de papéis.

- Hinata, creio que já recebeu um envelope com a descrição da missão - ouviu a voz da chefe de trás dos papéis.

- Sim, senhora - respondeu.

- Você e mais dois seguranças iram buscar a senhorita Yamanaka ás 11:00 e levá-la à boate LeMusic Tokio e deverão trazê-la ás 3:00 da manhã. Nem mais, nem menos. Um segurança é um policial civil e outro é segurança particular. Nessa missão você não vai precisar de identidade falsa, mas certifique-se de que ninguém saiba sua verdadeira identidade. Alguma dúvida?

- Não senhora.

- Então assine a missão e pode ir.

A jovem lembrou-se da instrução da amiga de não assinar o envelope, então ela fingiu rabiscar no papel (algo inútil, pois Tsunade não a estava olhando) e guardou-o dentro da pasta que carregava.

Ao fechar a porta Hinata pode ver o topo da cabeça loira da chefe e a ouvir berrar instruções para a assistente.

"Cuidar de uma menina não trabalho para uma pessoa que trabalha no serviço secreto da policia japonesa", pensou.

- Não sei quem está em pior situação - cochichou Sakura quando Hinata contou sua missão na hora do almoço.

- Deviam mudar o nome do nosso departamento. Não há mais nada secreto lá...

- Fale baixo, Hinata. Alguém pode ouvir. Se a gente não tivesse que trabalhar hoje, bem que a gente podia ir nessa boate se divertir... To precisando esquecer tudo por um tempo.

Hinata traduziu a frase "esquecer tudo" com tomar um porre. A única coisa boa dessa missão é que ela não precisaria cuidar de uma amiga bêbada.

Assim que pagaram a conta e saíram do restaurante é que Hinata se deu conta de como a cidade estava cheia. Tókio parecia ter ficado muito pequena com esse monte de gente se esbarrando.

- Vamos fazer compras, Hinata?

- Não posso. Tenho uns relatórios para ler.

- Isso não é trabalho seu.

- Eu sei, mas a Chise ainda está de licença.

- Estão abusando de você. Deixa aquela porcaria toda acumular e eles que se virem - enraiveceu a amiga.

- Eu realmente não ligo, Sakura-chan. Não tenho nada para fazer em casa.

Hinata acompanhou a amiga até a metade do caminho sorrindo enquanto a amiga resmungava algo como "abuso de boa vontade".

Ser liberado cedo do trabalho significava não pegar a hora do rush. A estação do metrô estaria cheia, provavelmente, mas nada que seja incômodo.

Hinata fez todo o caminho até em casa absorta em pensamentos e fantasias. Fantasiava como seria umas férias no Havaí ou talvez Brasil quando uma saudação animada a tirou de seus devaneios:

- HINATA! Como vai?

- Kiba-kun?! Que susto...

Foi então que ela percebeu que já estava em frente ao seu prédio.

- Não me diga que eu sou não feio assim - brincou o vizinho.

- Não foi isso o que eu quis dizer - respondeu ela seguindo em direção ao elevador.

Inuzuka Kiba é um cara de personalidade forte. Não leva desaforo para casa, fala alto e gosta de se exibir. Mas definitivamente, não era um cara feio; com seus cabelos castanhos curtos e olhos da mesma cor, um corpo atlético e dentes perfeitos deixava as mulheres suspirando ao passar.

- De folga hoje, vizinha?

- Não, Kiba-kun. Fui liberada mais cedo, só isso.

- Humm... Então a gente pode sair hoje, o que você acha? Sabe, só pra conversar e passear.

- Obrigada, Kiba-kun. Mas hoje eu não posso... Combinei com uma amiga de sair mais tarde.

Ele pareceu perder metade da animação inicial. E, desapontado, disse que tudo bem.

Hinata estava muito incomodada com o clima tenso que se estabeleceu. Ela torcia mentalmente para que alguém mais entrasse no elevador ou então o elevador se apressasse em ir até o 4° anadar.

- Ganhei dois ingressos para o teatro. Gostaria de ir comigo?

A jovem gritava mentalmente para arranjar uma desculpa ou ter coragem suficiente para recusar. Não é que não gostasse da companhia de Kiba, pelo contrário, até se sentia a vontade e conseguia manter um diálogo legal com ele, mas não há nada que ela gostasse mais do que ficar atoa de short curto e blusa larga em casa.

- Adoraria - respondeu, se xingando mentalmente, no mesmo instante em que as portas do elevador se abriram, mostrando o quarto piso.

- Sexta que vem ás 20h, certo? - disse ele, abrindo a porta do 404.

- Combinado - respondeu ela, abrindo a porta do 402.

Hinata chegou a casa e atirou o molho de chaves em cima da mesinha de vidro, fazendo um grande barulho. Jogou-se em cima do sofá e encarou o teto branco.

A sala de sua casa era grande e bonita. Havia uma mesa de jantar e um armário, ambos na cor mogno, perfeitamente combinando. A sala era toda decorada com retratos e lembranças de família. Por uma pequena entrada, chegava-se na outra parte da sala, onde havia um rack com uma televisão, aparelho de som e alguns vinhos. Havia um sofá de três poltronas (Hinata nunca entendeu o porquê de ter um sofá tão grande sendo que era a única moradora da casa).

Estava ali apenas encarando o teto e quase cochilando quando se lembrou que ainda tinha coisas a fazer.

"Malditos relatórios", pensou enquanto se levantava do sofá.

Foi até o cômodo da casa onde costumava terminar o trabalho ou simplesmente ler e navegar pela internet. O quarto era grande o bastante para as coisas que continha: duas escrivaninhas, uma com um pequeno monte de papeis organizados e outra com um notebook, onde também havia um telefone e uma estante pequena na altura e grande no comprimento cheia de livros e mangás.

Jogou-se na cadeira e olhou preguiçosamente para os papéis que trazia. Tirou uma caneta preta de dentro da gaveta e começou a ler os relatórios, mordendo a tampa da caneta e sublinhando as partes mais importantes. No fim da leitura de cada relatório, ela tinha que escrever os altos e baixos da missão.

Estava nesse trabalho monótono havia 2 horas quando decidiu acomodar a cabeça na mesinha. E pensando que dali a 5 minutos continuaria a trabalhar, adormeceu.

Acordou com o barulho insistente do telefone e xingando baixo foi atendê-lo.

- Mochi mochi!

- Hinata, sou eu. Já tá se arrumando para a festa?

- Oi, Sakura-chan. - disse reconhecendo a voz da amiga e olhando o relógio - Não é uma festa, é uma missão. E ainda são 6h.

- Eu sei, eu sei, mas temos que começar a arrumar a roupa já.

Só nesse instante Hinata lembrou que não tinha roupa nova para sair. Infelizmente, muito infelizmente teria que pedir ajuda à Sakura e o preblema é que...

- EU AJUDO VOCÊ A SE ARRUMAR! 9H ESTOU NA SUA CASA - gritou a Haruno histérica do outro lado da linha.

O problema é que ela se empolga demais.

Combinaram de se encontrar mais tarde. Hinata ainda tinha 3h para aproveitar antes que a amiga chegasse e a fizesse de boneca.

Sentou-se novamente em sua cadeira para terminar, displicentemente, o trabalho dos outros.

Isso já estava começando a incomodá-la. Sakura tinha razão. Ela não tem que fazer o trabalho de ninguém.

"Deixa essa porcaria toda se acumular", repetiu a frase da amiga, em pensamentos.

Depois de algumas horas, deitou a caneta na mesa e suspirou. Finalmente tinha acabado de ler aqueles malditos relatórios.

Hinata levantou-se e foi tomar banho. Hoje ela se permitiria tomar um banho reconfortante e demorado.

O banheiro não era muito espaçoso. Tinha apenas uma banheira de hidromassagem branca, um sanitário também branco e uma pia de mármore. Na pia havia alguns cremes hidratantes e uns óleos para o banho e para o corpo. Na parede onde ficava a pia tinha um grande espelho, que ia de uma ponta a outra da pia.

Hinata entrou e pendurou no gancho, perto da hidromassagem, sua toalha rosa e seu roupão também rosa. Abriu a torneira e deixou a banheira enchendo enquanto foi até a sala e ligou o aparelho de som.

"São oito horas e começa a esfriar em tóquio. Os termômetros que até semana passada não caíam para menos de 29°C, podem diminuir bastante até quinta-feira dessa semana, segundo meteriologistas", foi o Hinata ouviu antes de colocar um cd para tocar. E só quando a voz de Steve Taylor começou a sair pelas caixas de som é que a jovem foi para o banheiro.

Desprendeu o cabelo do rabo-de-cavalo que usava e balançou a cabeça vagarosamente, encarando sua imagem no espelho. Varreu sua imagem a procura rugas, manchas ou algo do tipo. Passou a mãos pelos fios azulados de seu cabelo e imaginou como seriam se fossem de outra cor... Loiro? Ou talvez preto? ... Soprou a franja para que alguns fios parassem de cair sobre os olhos. Talvez devesse mesmo cortar essa franja e ficar com cara de mulher, afinal, não era mais uma criança.

Despiu-se sem pressa e fechou a torneira da banheira antes que ela vazasse. Jogou óleo de canela na água antes de entrar e ficar submersa até o pescoço.

Cantarolava enquanto passava a mão pelo corpo. Afundou a cabeça na água e ficou lá até que não agüentou mais prender a respiração.

Estava lavando a cabeça quando ouve a campainha tocar.

- JÁ VAI!

Terminou de enxaguar os cabelos, enrolou-se na toalha e foi atender a porta.

- Hinata, sou eu! - ouviu a amiga gritar animada do lado de fora.

Hinata abriu a porta e deixou uma contente Sakura passar.

- Sasuke-kun... Ele me quer de volta.

- Ele disse isso, sakura-chan?

- Não. Mas ele estava em frente ao meu apartamento agora a pouco e olhando para a minha janela.

- Err... Bem... Isso não quer dizer muita coisa, Sakura-chan - disse Hinata depois de hesitar.

- Quer dizer que ele me ama, Hinata - respondeu impaciente - eu vou conversar com ele. Acho que vou contar a ele sobre meu emprego. Não agüento mais mentir.

- Não podemos fazer isso. Lembra do contrato?

- Dane-se o contrato - falou a outra animada e indo até o aparelho de som trocar o cd para um mais animado - ou então eu peço demissão.

- Isso seria insensato - repreendeu Hinata.

- Eu sei - respondeu Sakura empurrando a amiga para o quarto - mas eu não quero terminar solteira por causa de um emprego. Sempre achei meu trabalho sério demais para mim - sorriu brincalhona.

Sakura pegou uma saia e blusa vermelha chamativa e jogou para a amiga.

- Eu não vou usar isso - disse Hinata - é chamativo demais, sem contar que iríamos iguais.

- É verdade - concordou Sakura reparando na roupa vermelha que usava. Vestido?

- Não, não. Eu queria ir de calça jeans.

Hinata pegou uma calça jeans colada, uma sandália preta de salto pequeno e uma blusa preta aberta nas costas ouvindo a amiga murmurar "bonita, mas básica demais".

- Hinata, posso pedir um favor? - perguntou Sakura enquanto maquiava a amiga - troca de missão comigo...

- Nani?! Sakura-chan, eu não posso...

- Pode sim. Eu sei que você não assinou o papel... Não posso trair o Sasuke antes mesmo de voltar com ele.

- Mas nunca acontece nada nessas missões. Você dopa o cara e mexe nas coisas dele, só isso.

- Essa é uma missão diferente. Não tem como você saber disso porque eu me esqueci de te entregar a descrição da missão, sinto muito. – desculpou-se a rosada - É com um membro de uma quadrilha que estamos lidando. Eu precisaria de muito tempo para ganhar a confiança dele.

Hinata cedeu no 10° pedido da amiga. Ouvir "por favor" de Sakura 10 vezes seguidas lhe encheu a paciência.

- E o que eu devo fazer? – perguntou a morena vencida, sendo abraçada pela amiga.

- Hoje apenas socializar. Certifique-se de colocar isso na bebida dele quando estiverem a sós – entregou uma ampola muito pequena – é para dopá-lo.

Hinata arregalou os olhos, escondendo o mínino embrulho no decote da blusa.

- Como assim quando estivermos a sós?!

- Ele vai querer te levar para um motel, carro, mato... Enfim... Não precisa se preocupar. É só tomar cuidado com o que você faz.

- Mas como vou atrair a atenção dele?

- Pelo amor de Deus, Hinata. Você é mulher, vai saber o que fazer.

De repente os batimentos cardíacos de Hinata aumentaram e ela começava a sentir a testa suar. Porque Sakura foi pedir isso justo a ela?

- Segunda eu lhe entrego a descrição da missão e você vai se sentir mais segura.

"Grande ajuda", pensou ironicamente Hinata.

- Ele freqüenta essa boate aonde vamos hoje todas as sextas feiras. Aliás, essa é a boate mais bem freqüentada de Tókio. Que sorte podermos sair juntas, mesmo que seja uma missão – sorriu Sakura.

Foram ao local indicado para a missão. Os seguranças as pegaram na descida do metrô e as levaram numa limousine preta até a mansão dos Yamanaka. Assim que o carro parou no portão uma jovem veio a seu encontro gritando "hoje a festa é minha".

- Depressa! Já estamos atrasados - disse ao motorista quando fechou a porta do carro.

Hinata reparou que a menina que entrara não carro não era uma menina, como havia pensado. Devia ter quase a mesma idade que ela.

Yamanaka Ino era uma mulher muito bonita. Cabelos longos e loiros, olhos azuis e um corpo bem definido.

O caminho até a boate foi feito em silêncio, exceto pelos muxoxos de impaciência de Ino.

Quando chegaram à boate, Ino, Sakura e um dos seguranças entraram direto pela porta da direita. Enquanto Hinata teve que esperar na fila para entrar pela porta principal. O outro segurança ficou do lado de fora.

Quando Hinata entrou percebeu que estava em um mundo totalmente novo, um lugar ao qual não está acostumada e um lugar que a deixa totalmente desconfortável.

Hinata se lembrou das fotos tiradas pela câmera de segurança do banco nacional – fotos que precisou encarar por horas a fim de gravar o "alvo" na memória. Não estava perfeita, mas dava para ter uma idéia de como é a fisionomia do seu alvo. Loiro, olhos azuis, estatura mediana, nariz fino e a característica mais marcante, três riscos na bochecha. Mas como iria achá-lo no meio de tanta gente? O que diria a ele? E se ele estivesse entre amigos?

A jovem foi ficando mais nervosa a cada pergunta que não sabia responder.

Definitivamente, odiava esse tipo de missão.

11:20 ainda. Tinha a noite toda pela frente. Uma longa noite.

Espremeu-se por entre a multidão que dançava freneticamente para dar a volta pelo salão. Hinata se impressionou com o tanto de pessoas loiras que encontrou. Acaso teria virado moda pintar o cabelo de loiro?

Uma volta, duas voltas, três voltas e nada. Vários puxões, várias tentativas, por parte dos homens, de agarrá-la e nada. Hinata cansou-se de andar feito barata tonta e resolveu se sentar nas mesinhas em frente ao bar, que afastado da pista de dança e onde a música não estouravam os tímpanos. Pediu um drink qualquer e ficou observando o lugar.

- Esse é meio forte para quem não está acostumado- disse uma voz atrás de si.

Hinata levou um susto quando se virou para encarar quem lhe dirigia a palavra. Era ele.

- C-como sabe que eu não estou acostumada - disse baixo. Mas teve que repetir um pouco mais alto.

- Ah! Está na cara. Estudante, 20 anos e mora com os pais, acertei?

- Não. Errou todas - riu a jovem.

O barman entregou a bebida de Hinata e saiu. Ela faz uma careta ao provar o drink, o que fez com que o cara com quem conversava dar gargalhadas.

- Eu disse. Você tem cara de quem nunca tomou um porre - falou ele.

- E nunca tomei mesmo - respondeu.

- Você vem sempre aqui?

- Não muito.

- Hm... Deixa-me tentar outra cantada... Tinha uma pedra no alto do morro. Rola ou não rola?

Os dois riram e Hinata abaixou a cabeça envergonhada.

- Desculpe-me, não foi minha intenção te envergonhar.

Hinata pediu que ele não se preocupasse enquanto observava seu "alvo" tomar a terceira dose de tequila.

- Seu nome é? – a menina inclinou um pouco a cabeça, num movimento involuntário e perguntou com a voz suave, que foi ouvida pelo loiro apesar da música alta.

- Essa foi a visão mais linda que eu já tive – disse ele deslumbrado.

A moça sentiu a mão do loiro passear pela sua bochecha.

- Meu nome é Uzumaki Naruto. E o seu?

- Hinata.

Quando se deu conta, seu nome já havia escapado de sua boca. Não é prudente dizer seu verdadeiro nome, mas por segundos perdeu seu raciocínio e acabou deixando o nome lhe escapar. O consolo que a jovem arrumou foi que existiam muitas hinatas. Por sorte o sobrenome não lhe escapou também.

Naruto gostava bastante de falar, pelo que a menina percebeu. Isso facilita muito as coisas, pensava ela.

Hinata deu mais uma bicadinha em sua bebida. E Naruto pedia a quinta dose de tequila.

E era bastante "observável" a mudança de comportamento do rapaz. Ele estava começando a se agitar demais, falar mais alto e depressa, a rir descontroladamente por pouca coisa.

- Vamos dançar.

- Não, eu não gosto.

- Não vai te machucar – ele riu puxando-a pela mão até a pista de dança.

A jovem sentia o rosto corar por estar "dançando". Ela movimentava os pés pequenamente e batia uma das mãos na perna no ritmo da música. Olhava Naruto girar, ir até o chão e arriscar uns passinhos ao som da música eletrônica que tocava. Olhava e pedia mentalmente para aquilo acabar logo.

- Ela está comigo, mano – ouviu Naruto gritar para alguém atrás de si, segurando-a pelos ombros.

- Mal ae, cara – desculpou-se um homem barbudo parecendo hippie que Hinata nem havia notado que estava por perto.

- Ele não tirava os olhos de você – disse o loiro ao pé do ouvido dela.

Ela sorriu, disfarçando o tremor interior que sentiu pelo gesto dele.

- Você tem o sorriso mais bonito que eu já vi – disse ele novamente deslumbrado.

- Você também – devolveu ela, sinceramente.

- Eu queria... – Hinata sentiu o rosto ser segurado e fechou os olhos levemente -... Roubar esse sorriso para mim.

Naruto uniu a ponto de seu nariz ao dele e nesse momento Hinata sentiu o cheiro forte de álcool que vinha da boca dele. Mas não teve muito tempo para pensar sobre isso, pois logo em seguida os dois estavam se beijando contida e timidamente.

Um beijo, dois beijos, três beijos.

- Não quero mais dançar – anunciou ela.

Quarto beijo.

- Tudo bem – concordou ele.

Depois do quarto beijo, Hinata parou de contar. Foi quando Naruto a guiou até seu carro. Foi também quando os beijos se tornaram mais ousados.

Ela estava com as costas encostadas no carro, tendo as mãos do loiro em sua cintura e o corpo do mesmo prensado sobre o seu.

O rapaz parou de beijá-la por um momento e deu uma cambaleada para trás. A bebida parece ter feito algum efeito sobre ele. Retirou as mãos da cintura da pequena e as apoiou no carro e beijou a base do seu pescoço de leve várias vezes até decidir ir descendo aos poucos.

Hinata logo o afastou assustada e trêmula.

- E-está todo mundo olhando.

- Quer ir para outro lugar, Hinatinha.

Ela fez que sim com a cabeça e entrou pela porta que ele havia aberto para ela.

(8) Supermassive Black Hole - Muse