Capítulo 1 . Intercâmbio ao Brasil

- O que será que a Minerva quer nos contar? - disse Hermione dando pulinhos de ansiedade.

- Não sei. - Disse Harry - Deve ser mais uns de seus discursos sobre a morte de Dumbledore

Mesmo passado muito tempo desde sua morte, Harry ainda estremecia ao pensar em Dumbledore, ele ainda não acreditava. Mas mesmo assim recuperou a postura. O que iria pensar o Malfoy se descobrisse que ele estava andando por aí quase desabando em prantos por causa de Dumbledore?

Chegando ao salão principal, o trio pôde ver como a atmosfera estava mais leve, isso lhes deu um bom pressentimento. Sentaram-se perto de Neville e Dino, perguntando o que estava acontecendo. Mas antes que pudessem ouvir uma resposta, Minerva se levantou e fez um gesto pedindo silencio:

- Boa noite! - McGonnagal estava radiante esta noite, nem parecia a mesma. Ultimamente ela andava aos prantos e qualquer menção do nome de Dumbledore a fazia desabar. - Eu chamei todos aqui essa noite para lhes comunicar do programa de intercâmbio que Hogwarts está fazendo com a renomadíssima escola brasileira Sonate Mare. Quando Professor Liam - McGonnagal fez um gesto com o braço em direção de um homem magro de pele clara, olhos castanhos e cabelos escuros e compridos - me mandou uma coruja falando sobre esse projeto, logo soube que era isso que nós estávamos precisando! Todos os interessados em participar do programa devem preencher o formulário que deve estar em seus dormitórios agora - "Trabalho escravo!" murmurou Hermione indignada - e devem também pedir autorização a seus pais ou guardião. O programa começará dia 13 de Junho e todos deverão comparecer ao prédio do Ministério em Londres para pegarmos as chaves de portal.

Harry não parava de pensar em como seria uma escola de Magia e Bruxaria no Brasil, na verdade ele não pensava em nenhuma escola de magia fora Hogwarts, a única que teria visto com seus próprios olhos (já que ele apenas conheceu os alunos da Beauxbatons e Drumstrang).

Harry estava em seu dormitório, lendo seu formulário ao lado de Rony,que fantasiava a excursão que faria.

- Harry,será que tem muitos trouxas no Brasil? Será que a magia deles é diferente? Imagina Harry, nós andando pelo Brasil!

- Rony, nós não vamos nem sair da escola brasileira – disse Hermione secamente.

- Nossa Hermione,como você é otimista!

Harry nem prestou atenção na discussão rotineira, estava pensando em o que Dumbledore pensaria do intercâmbio. Fez um esforço tremendo para não pensar em Dumbledore, mas não podia evitar, queria muito que o bruxo em quem mais confiava estivesse lá se preparando e preparando os outros alunos.

- Bom, eu vou dormir,tenho que estudar umas coisas sobre o Brasil amanhã de manhã! Boa noite! – Hermione se despediu e desapareceu na escada do dormitório feminino.

- Rony, vamos dormir também, amanhã o café será mais cedo. Começarão os preparativos pro intercâmbio! – Disse Harry, com simplicidade.

Os dois chegaram ao dormitório e todos os outros meninos já haviam se deitado. Harry e Rony se despiram, colocaram seus pijamas e se deitaram. Harry sentia uma preocupação estranha... Um pressentimento ruim de que algo ira acontecer. Cobriu mais o rosto com as cobertas aconchegantes e adormeceu.

Harry acordou bem cedo para o café, desceu mas não havia ninguém no refeitório e nem nos dormitórios. Os fantasmas da escola não estavam circulando pelos corredores. Procurou-os em todos os lugares e não havia nem sinal da Professora McGonnagal. Sentiu um ar pesado nos corredores e uma revirada no estômago, sua cicatriz queimava. Ele caiu no chão, pressionando sua testa como nas últimas vezes em que sentira uma dor tão forte e, por mais estranho que seja, ouvia passos e ecos de vozes desdenhosas. A dor ia aumentando conforme os passos pareciam chegar mais perto dele.

Acordou. Sentiu-se como se estivesse voltando ao 5º ano em Hogwarts, quando sua mente era invadida, mas o sonho fora o primeiro sinal esquisito que recebera desde o começo do ano letivo. Olhou ao redor, não viu nenhum colega ainda dormindo, percebeu que já estava quase na hora do café. Vestiu o seu uniforme e desceu as escadas da Torre para o Refeitório, encontrando Rony e Hermione conversando empolgadamente sobre o Profeta Diário.

- Ei, Harry! Veja isso! Rita Skeeter escreveu uma coluna sobre a nossa excursão ao Brasil! – Disse Rony, que parecia mais animado, ou assustado, que o normal.

- Uma péssima coluna, você quer dizer. – Hermione acrescentou com muita ênfase.

Harry pegou o Profeta Diário da mão de Hermione e, com uma sombrancelha sobressaltada, começou a ler.

"Hogwarts, a Escola de Magia e Bruxaria mais famosa da Grã-Bretanha, preparou uma surpresa agradável aos seus alunos. Neste ano letivo, a diretora Minerva McGonnagal preparou uma repentina excursão para uma outra Escola de Magia e Bruxaria, mas esta se encontra no Brasil! Aposto na empolgação dos seus queridos alunos em saber que no Brasil há muitos perigos, já que as criaturas mágicas mais perigosas vêm de lá (Maltunos, os quadrúpedes que perambulam à noite soltando extrato de ervas mágicas que causam paralisias). Ouvi dizer que os alunos brasileiros são completamente abaixo do nível, ainda bem que não temos nenhum auror brasileiro! Soltaram a bomba de que irão vários aurores irão acompanhar os alunos durante a excursão. Será que é por causa do menino Potter,que ainda não aprontou nenhuma este ano? (...)"

Rita Skeeter – Editora-Chefe e Colunista do Profeta Diário.

- Oh!! - Ron com curiosidade - Será que isso que a Rita Skeeter escreveu na coluna dela é verdade?!

- Agora fiquei com medo de ir ao Brasil, será que lá tem aranhas gigantes?!

- Ah, Ron você sabe que a Skeeter é uma mentirosa, como você pode acreditar naquela umazinha que inventou que eu tinha um romance com o Harry?!

- Sem mencionar o fato de que ela fez toda uma confusão por causa do Viktor!!

- E ainda deixou a sua mãe ficar com raiva de mim – fala corando um pouco.

- Ah, Hermione não me fale do Vitinho!!! - grita Ron com raiva!

- Ron ,eu não acredito que você continua com raiva do Viktor!!!

- Alias, eu SEI que o que a Skeeter falou é mentira por que eu mesma passei a noite toda ontem estudando sobre o Brasil. - fala Hermione com ar de superioridade.

- Não acredito Mione que você passou a noite toda ESTUDANDO?! Isso é realmente gostar de estudar!!

- Ron eu gosto de aprender coisas novas, ao contrário de você que só quer saber de Quadribol e vida boa!! – completamente ríspida.

- Ah! Deixem de brigar! Mione fala logo o que você aprendeu sobre o Brasil!! – Pergunta Harry com curiosidade.

- Harry eu aprendi várias coisas sobre o Brasil! Primeiro, a Skeeter é uma desinformada! Nós temos, sim, aurores brasileiros! E lá eles têm praias lindíssimas, e o nome da escola é "Escola de Magia e Feitiçaria Sonate Mare"

- O que é Sonate Maré, Mione?!?! – pergunta Ron -

- Se você estudasse saberia, Ron!! Sonate Mare é uma expressão em Latim que quer dizer Som do Mar!!

- Eu descobri também que o nome do Diretor deles é Liam e ele é bastante respeitado na comunidade bruxa.Fiquei sabendo que o Dumbledore o conheceu na Irlanda e eles se tornaram amigos e o próprio Dumbledore já planejava essa viagem para nós para o nosso ultimo ano!!

- De acordo com o que eu pesquisei seus gostos são bem variados. Ele ama musica clássica e parece ser um bruxo muito justo, que é muito exigente com seus alunos!

- Mione você tem certeza que num descobriu o que ele gosta de comer também?!?! – diz Ron rindo muito da amiga.

- É claro que não Ron!! – responde Mione com som de irritação na voz.

- Parem de brigar os dois!!! – disse Harry gritando - Temos muito que planejar para a nossa viagem!

Pode ser que no Brasil haja algum Horcrux, já que o Dumbledore conhecia o diretor dessa escola! Se o Dumbledore o conhecia bem, pode ser que tenha deixado alguma pista com ele!!

- Realmente Harry eu não tinha nem cogitado essa possibilidade! – respondeu Mione atenciosamente.

Enquanto isso no Brasil...

O Diretor da Escola de Magia e Feitiçaria Sonate Mare faz um anúncio:

- Prestem atenção todos: A Partir do dia 13 de junho receberemos a ilustre visita dos alunos do sétimo ano de Hogwarts, então, por favor, tentem ser educados, amigáveis e não se intimidem com os alunos da Slytherin!

Após o discurso do diretor numa sala na Sonate Mare:

- Bia, como você acha que são esses alunos de Hogwarts?? Ouvi falar que o tal de Harry Potter, o menino que conseguiu deter Aquele-que-não-deve-ser-nomeado, vem com eles nessa excursão!

- Não acredito Mau!! O HARRY POTTER? O BRUXO MAIS FAMOSO DO MUNDO? O SEU CLONE VEM NESSA EXCURSÃO??!!!!

Mau lhou-a nervoso, demonstrando nítido desagrado na brincadeira.

- Calma Mau é que eu to tendo uma crise de riso!!! – fala Bia gargalhando tão alto que todos na sala podiam escutar.

- Nossa Bia!! Percebi – olha com raiva para Bia.

Enquanto Mau e Bia conversam entram algumas pessoas na sala:

- Como é que é? O cover do Mau vem para o Brasil? – Gabriel entra rindo muito.

- Mas falta a cicatriz, Mau! Cadê sua cicatriz??? – Wint apontava para o centro de sua própria testa fazendo como que um raio com o dedo.

Débora viera para dentro da escola voando baixo com sua vassoura, entrando com todos, desequilibrou-se e caiu, tombando sobre o sofá onde Bia e Maurílio estavam.

- Hey, Déb, calma ai! Se você continuar voando assim, eu VOU ter uma cicatriz! Ebem pior que a do Harry!

As gargalhadas dos septanistas da Sonate Mare ecoavam por todo o andar. A Paula, que era particularmente habilidosa em fazer os objetos flutuarem, fez, com alguns Wingardium Leviosa e umas balançadas de varinha com que várias almofadas e fitas saíssem voando e acertando "equivocadamente" o Maurílio e a Bia.

O único que não parecia animado com toda aquela conversa era o Fabio, que se sentou num canto e convidou o Erick para uma partida de xadrez de bruxo.

- Que foi, cara? – Erick havia percebido que o amigo estava cabisbaixo.

- Nada!

Poli, que obviamente percebera o que estava acontecendo, interviu:

- O Fabio está com ciúmes do Mau! Porque a Bia está conversando com ele!

- Nada a ver, nada a ver!

Erick e Poli puxaram o Fabio de volta para o meio dos outros. O assunto já havia mudado:

- Mas, gente, vocês realmente não acham perigoso o Harry Potter vir para cá depois de tudo o que aconteceu? - Até no tom de voz Taís parecia estar realmente preocupada, ao contrário de todos os outros. Eles não viam problema algum na vinda de Hogwarts para o Brasil, muito pelo contrário! – Querem saber?! Gente, eu tenho de dar uma saída e já volto!

Taís saiu da sala onde estavam e, indo apressada pelos corredores, dirigiu-se ao andar superior, onde ficava a sala da Professora Carolina, oitavanista que, sendo renomada devido ao seu dom de profecia, dava Adivinhações para todas as salas, ainda que recém-formada.

Taís bateu de leve na porta. Carol entreabriu-a cobrindo as tatuagens de seu braço com um véu azul, da mesma cor que o resto da roupa.

- Desculpe, professora, incomodo?

- Taís!? Não, entre... Eu só estava treinando um pouco, você sabe, dançando.

Carol abriu a porta. Dentro de sua sala não havia uma única cadeira, mas várias almofadas coloridas no chão sobre um tapete que parecia persa. As duas mesas eram baixas, ao alcance de alguém que se sentasse no chão e tinham por tampo, sob vidro, fotos de vários lugares do Rio de Janeiro, a bandeira do Brasil e um mapa de Sonate Mare. Havia vários candelabros com velas brancas, e um incensório sobre a mesa central. Taís sentou-se à frente da professora, que a fitava profundamente:

- Por que você está preocupada, Tá? Sua irmã?

- Sim! A Beta está muito estranha. Ela acha que algo ruim vai acontecer, diz que o Dumbie já tinha avisado. Mas eu não entendi o que ele quis dizer na última coruja. E ela...

- Calma! Em primeiro lugar, você sabe que não deveria ter mexido nas correspondências da sua irmã. Ela ficou possessa quando soube que você havia lido a carta de Dumbledore. Depois, o que quer que Dumbledore tenha lhe dito, ele disse pensando que poderia voltar à Sonate Mare para explicar, mas... Ele já não pode! E a Beta sentiu isso mais que nós duas, você sabe disso.

- Carol, por favor, por favor, o que você está vendo? Por favor! O que vai acontecer?

Carol aproximou sua almofada de Taís, segurou seu rosto entre as mãos:

- Ta, me ouça, eu não vejo nada! Não vejo nada desde os ataques do PCC.

- Mas...

Outra batida na porta. Carol levantou-se para abrir. Thaíssa e Roberta esperavam do lado de fora apara avisar-lhe de reunião que Liam convocara. Depois do pronunciamento que fizera aos alunos, convocou uma reunião em sua sala e reclamava presença de todos os professores e dos dois recém-formados aurores.

Carol pediu um instante, fez sinal para que Taís ficasse dentro da sala até que retornasse e, num toque aguçado da varinha, mudou suas vestes. Saiu.

- Minha sala vai estar incendiada quando voltarmos! – Riu.

- Por que, Carol?

- A Taís está lá, Tha!

- Minha irmã? O que ela quer? – Beta parecia realmente surpresa com uma visita tão secreta.

- Ela está preocupada com você, Beta! Você deveria conversar com ela.

As três subiram um lance de escadas e encontraram-se com todos os demais professores de Sonate Mare. Todos seguiram então pelo longo corredor que dava à sala de Liam. Em ambos os lados, enormes armaduras medievais enfileiravam-se e, conforme os professores passavam, iam abaixando suas lanças e espadas em sinal de respeito, o reflexo de cada um passando pelos brilhantes escudos. O barulho dos metais movendo-se rangia nos ouvidos de todos. O clima estava pesado. Reuniões com tal urgência não eram comumente marcadas em Sonate Mare, Liam era conhecido por manter a calma e o controle de qualquer situação, mesmo aquelas cuja resolução parecia improvável, como quando os comensais da morte ressurgiram na Copa de Quadribol. Todos se entreolhavam receosos, indo em direção às gárgulas da porta.

Então uma risada descontraída e sonora vibrou por todo o corredor, ressoando nas armaduras.

- O que foi Lugui? Do que você está rindo?

Ele baixou os olhos, sabia que aquela não era hora de rir, apontou timidamente:

- As gárgulas...

Roberta e Renan começaram a rir também, lembrando-se da situação. Mas os demais professores continuavam olhando-os sérios. Lugui respirou fundo e tentou colocar os pensamentos em ordem:

- Minha última prova no Trato de Criaturas Mágicas para o 7º ano foi oral. E eu perguntei a uma das alunas, a Bia, como ela devia fazer para controlar uma gárgula ainda não domada e... – Caiu no riso novamente.

Renan esfregou os olhos, e continuou a fala perdida de Lugui:

- Ela levantou-se da carteira. Fez a maior cara de quem sabe de tudo e respondeu – Renan começou a fazer voz fina, como que imitando a voz de Bia - "Oras, a gente deve sentar nela. Bem no meio, assim em cima do rabo, de quatro que nem cachorrinha!".

Todos riram. E no meio das risadas uma das gárgulas saltou para frente para atacá-los. As oito varinhas foram num segundo apontadas para ela, prontas para lançar os mais diversos feitiços assim que ela se movesse. A gárgula, porém, foi tomando forma humana, até todos reconhecerem diante de si o Thiago, professor de transfiguração.

- Oras, Thi, faça isso de novo e ficará petrificado para todo o sempre. – Emerson imitava uma estátua todo deformada, para riso e diversão de todos.

O clima pesado fora quebrado, e foi em plenas gargalhadas que os professores da Sonate Mare entraram na sala do diretor. Liam estava sentado em sua poltrona no centro, atrás de uma mesa grande de madeira. Beatriz (que era comumente chamada de Biah), a vice-diretora, estava sentada em outra poltrona, ao lado dele. Uma pena corria sozinha escrevendo nalgum pergaminho. Nos quadros atrás de Liam não havia uma única pessoa, os moradores de cada quadro foram terminantemente proibidos de ficar ali enquanto durasse a reunião e estavam visitando os outros quadros da escola. Havia cadeiras para todos, dispostas em forma de círculo pela grande sala. Todos se sentaram, sobrando ainda dois lugares.

- Esperamos mais alguém? – Thaíssa perguntou olhando em volta, certificando-se de que todos já estavam na sala.

Biah levantou a varinha e apontou-as para as cadeiras; elas saíram sapateando para fora da porta, desaparecendo após uma cambalhota pelo degrau inferior.

-Não, na verdade não. Receberemos em breve o retorno de duas de nossas ex-alunas, duas aurores para ser exata. – Piscou para onde o Renan, a Carol e a Roberta estavam. – Mas que não aparataram no Brasil ainda.

Beta bateu palmas:

- A Miz e a Anne vão voltar para o Brasil?

- Sim, vão sim. – Biah parecia tão contente com a notícia quanto os três oitavanistas. – No período em que fiquei no Canadá, estive conversando com a Anne sobre tudo o que tem acontecendo aqui no Brasil; com o intercâmbio dos alunos de Hogwarts, vamos precisar de nossas aurores conosco.

- Era justamente sobre isso que eu queria falar-lhes.

Liam levantou-se da poltrona. A um gesto da varinha, a pena voltou ao tinteiro, o pergaminho enrolou-se à pata de uma coruja marrom que logo alçou vôo. Ele continuou:

- Não é novidade, ou ao menos não deveria ser novidade a nenhum de vocês, que Voldemort voltou. – Exceção feita à Roberta e à Biah, todos torceram os rostos incomodados pelo nome. – Ora! Poupem-me! Somos todos bruxos aqui: professores e aurores. Se nós tememos a simples pronuncia do nome de Voldemort como poderemos enfrentá-lo?

Todos estavam silenciosos. Liam sentou-se e voltou a falar:

- Na verdade, o que tenho para dizer-lhes é simples. Como eu dizia, não é novidade para vocês que aquele que se intitula lorde das trevas ressurgiu. Também não deve ser novidade que ele e o menino Potter têm seus destinos entrelaçados. Bem, como vocês também devem ter imaginado, Harry Potter está entre os alunos de intercâmbio entre Hogwarts e Sonate Mare.

Todos o olhavam atentos. Apesar de não causarem surpresa, as palavras causavam certa comoção, um eco audível por toda a sala, que parecia sufocar cada bruxo ali presente. Liam fez uma pausa grave e recomeçou:

- Parece claro que estaremos em perigo durante todo o período de férias, até que os alunos da Hogwarts voltem para suas casas. Por outro lado, esse é um perigo que cedo ou tarde passaremos, então é melhor que seja agora, enquanto as forças do Ministério da Magia ainda não se exauriram. Pelo que Minerva me contou, as coisas não andam muito bem na Europa... Por qualquer motivo, aqui no Brasil os comensais só tiveram força em meio aos trouxas.

- Os ataques do PCC, Liam? – perguntou Thiago

Ele balançou afirmativamente a cabeça e continuou:

- Parece que o Brasil é o único país em que estamos melhor preparados para enfrentar Voldemort. Ele vai tentar matar Potter de novo, é melhor que seja aqui.

Elcio riu desdenhosamente:

- Vamos ver se eu entendi: esse intercâmbio todo é só para trazer Harry Potter para o Brasil para o protegermos, ainda que assim arrisquemos NOSSOS próprios alunos?

- Ai, Elcio, pega no meu pau e fica quieto, vai! - Biah apontava-lhe a varinha frouxamente.

Liam fixou os olhos na janela por onde sua coruja havia saído, respondendo devagar:

- A princípio não era. Dumbledore e eu vínhamos planejando esse tipo de intercâmbio a anos. Foi duro para ambos quando a Sonate Mare não pôde ir ao Torneio Tribuxo. Todavia... Sim! Estou trazendo o sétimo ano da Hogwarts para cá por causa de Harry Potter. Esse vai ser um ano decisivo para o mundo da magia, só a Sonate Mare está com força o suficiente para enfrentar Voldemort agora.

O assunto estava encerrado. Todos haviam compreendido os motivos e os perigos desse intercâmbio, porém nenhum deles parecia disposto a falar. Biah levantou-se:

- OK, é só isso! Curtam as férias, até 13 de Junho todos nós estaremos bem.

Um a um, professores e aurores foram se levantando e deixando a sala. Liam fez sinal para que Roberta ficasse. Carol ia ficando com ela:

-Pode indo, Carol. Encontramos-nos em sua sala, hum? - E virando-se a Liam – Diretor?

- Vou ser rápido. Só uma pergunta, Beta: Você e Biah foram as únicas a não tremerem à pronuncia do nome de Voldemort. A Beatriz eu compreendo, nós já lutamos muito contra ele e o vimos cair uma vez. Mas você, tão nova, tão inexperiente como auror, por quê? De onde vem essa frieza?

- Dumbledore! - Beta pareceu perder toda a voz após pronunciar o nome do bruxo morto, olhava em volta como que em busca de auxílio. – Olha, você e a Biah falam o nome de Vol... De Você-sabe-quem com todas as letras e sem medo. Eu ainda não consigo falar, mas... – Sua voz estremeceu um pouco, ela baixou os olhos antes de recuperar a fala, parecia tomar novo ânimo - Dumbledore falava sempre e sempre, parecia estar fazendo de propósito... Para que eu estivesse pronta, eu acho. Você está certo, Liam, não podemos ter medo de um nome se queremos vencer o portador desse nome.

- Eu até hoje não soube qual sua ligação com Alvo, mas eu o conhecia e sei de uma coisa: ele ficaria orgulhoso por ouvi-la falar assim. Vai, vai encontrar seus amigos.

Beta sorriu um sorriso triste e saiu.

Na sala da Carol estavam, sentados nas almofadas tomando chá, os três oitavanistas e Taís; Beta sentou-se junto a eles.

- Não é ótimo que a Miz e a Anne voltem para a Sonate Mare? – perguntou Renan dando um gole grande do chá.

Taís vibrou:

- As duas vão voltar? Isso merece um brinde!

Encheu sua xícara de chá e, rindo, passou o bule aos demais.

- Brindar com chá? Isso tinha de ser coisa de Taís!

Todos riram. Um por um, entretanto, todos encheram suas xícaras alegremente e preparavam-se para o brinde. Mas no momento em que encostou no bule, Carol derrubou-o com um grito, sendo lançada para trás e derrubando um dos candelabros sobre si. Os três correram acudi-la, apagando as velas e as roupas chamuscadas. Ela abriu os olhos, quase chorando, e apoiou-se no colo de Beta. Apesar do medo que sentiam, Renan ficou acariciando seu cabelo por uns instantes, enquanto Taís pegava-lhe um pouco de água.

- Carol, calma...

Ela bebeu rápida a água, fechou os olhos longamente e desculpou-se.

- Está tudo bem! Mas...

Nenhum dos três tinha coragem de perguntar. O que quer que ela tivesse visto, não podia ter sido bom para deixá-la naquele estado. Renan suspirou, tomou a mão dela entre as suas e foi acalmando-a:

- Carol, escuta, está tudo bem. Vai ficar tudo bem. O que quer que você tenha visto...

Ela levantou-se:

- Não. Uma luz vindo... Rápida... Incoercível... Era... – Ela segurava o choro, cada palavra parecia exigir um esforço enorme para sair por seus lábios - E então simplesmente... Tudo estava girando, e eu não sei! Eu não sei quem era mas... Alguém explodiu no ar!- Baixou os olhos pensando – A voz... – Os olhos faiscaram num súbito de medo - Lançaram o Avada Kedavra!

- Não pronuncie isso em voz alta, Carol! Mesmo sem a varinha! Você sabe que esta é uma maldição imperdoável!

- É Carol! E, fique calma, você não sabe ainda o que viu. Como poderia estar cer...

- Eu ouvi! ERA o Avada Kedavra...

Os olhos de Carol pareciam tomados de uma dor que não era apenas dela. Lançavam-se de lado a outro pela sala, procurando alguma coisa:

- Todos nós tocamos no bule?

As cabeças balançavam em respostas afirmativas. Carol respirou fundo:

- Então eu acho que algum de nós não sobreviverá a esse intercâmbio.

No mesmo momento, em outro lugar, uma outra voz chamava por seu senhor:

- Milorde! Milorde! – Rabicho vinha correndo e fazia uma profunda reverência ao seu mestre. – Assim que soube vim correndo. O menino! O menino Potter está saindo de Hogwarts!- Rabicho pausa pra respirar.

- Continue seu inútil! – gritou Voldemort

- Tudo que sei, mestre, é que ele irá para uma escola na Argentina chamada Sonata do Mar.

- É Sonate Mare seu imbecil! E não é na Argentina e sim no Brasil! Eu sabia que você era burro, mas nem tanto!Agora saia e chame Bellatrix e os outros, preciso combinar algo com eles.

Rabicho saiu mancando da sala e quando fechava a porta, via a luz verde do aposento se intensificar ainda mais. E pelo que ele conhecia seu mestre, isso não era nada bom. Pelo menos para Potter.