You're never gonna be alone!

From this moment on, if you ever feel like letting go,

I won't let you fall,

You're never gonna be alone!

I'll hold you 'till the hurt is gone.

— Você nunca estará sozinho, Harry.

O sussurrou foi levado pelo vento, já que o pequeno bebê adormecia tranquilamente em um berço, sem ter a mínima ideia de que algo incomodava a sua mãe. No entanto, outra pessoa escutou a promessa.

James parou no batente da porta, observando os longos cabelos ruivos de sua esposa, que estava ajoelhada ao lado do berço, a cabeça apoiada na grade, velando o sono do filho, e não parecia que ia sair dali tão cedo. Se duvidasse, cairia no sono ali mesmo. Ele não queria sobressaltá-la, mas não tinha muito o que fazer, sairiam bem cedo no dia seguinte e não queria que ela passasse uma má noite.

Ele pousou a mão no ombro de Lily, mas ela não assustou-se, como ele esperava, apenas deu um sorriso cansado, levantando o olhar para ele.

— Preocupada? — James ajoelhou-se ao seu lado.

— Eu sempre estou.

Deixou-se ser guiada para fora do quarto, não sem antes ligar a babá eletrônica.

Harry resmungou, ao ser levantado de sua cama, no dia seguinte.

— Vamos, bebê, precisamos ir! — disse Lily, com voz infantil — Você não quer ver os seus tios? É, eu também não... James, podemos ficar em casa?

Apesar de estar falando sério, apenas recebeu uma risada de resposta.

— Acho que isso foi um não — ela murmurou para Harry, pegando-o no colo.

James parecia tão perdido em instalar a cadeira de bebê no banco de trás quanto Lily tinha ficado ao trocar as fraldas pela primeira vez. Riu ao ver a concentração extrema dele ao fazer isso, e a cadeirinha não parecia nada como viam em outros carros pela rua.

— Nós somos tão inexperientes — ela sussurrou para Harry, encostando a boca em sua bochecha.

A vibração de sua voz fez com que o pequeno risse, sentindo cócegas.

— Pronto!

Lily levantou o olhar, precisando controlar-se para não gargalhar.

— Segure o Harry — ela pediu.

James obedeceu, sem entender.

Ela desafivelou alguns cintos da cadeira e afivelou, e então ficou tudo com uma aparência um pouco mais segura e parecida com o que deveria ser, embora não perfeito. Colocou Harry ali, tomando todo o cuidado, e ele parecia curioso pelos tecidos que o prendiam.

Lily fechou a porta do carro, rindo da cara de emburrado de James, antes de abrir a porta da frente, deslizando pelo banco.

— Por que essas coisas são tão complicadas? — ele perguntou com uma cara de dar dó.

— A gente vai aprender, meu amor — ela sorriu, colocando o cinto — Só precisamos de prática, pais de primeira viagem.

Apenas pôde registrar o beijo roubado de James, pela janela aberta, antes de ele dar a volta, entrando pelo lado do motorista.

— Qual é o seu fetiche com janelas abertas de carro? — ela perguntou, recostando-se ao banco.

— Não diga essa palavra! — repreendeu, solene, enquanto girava a chave na ignição.

— Fetiche não é um palavrão, não tente devolver as minhas broncas.

Ele não respondeu, começando a prestar a atenção na estrada, enquanto dava a ré.

Lily conteve o impulso de virar-se, já que era bem desconfortável, contentando-se em ajeitar o retrovisor para observar a Harry, que tinha caído no sono em poucos quilômetros de viagem.

Por que Petúnia tinha que morar tão longe?

Algumas horas depois, o sol começou a aparecer no céu, acordando a Harry, que começou a reclamar incomodado. Lily começou a sentir-se angustiada, ao ver o seu filho choramingar no banco traseiro sozinho.

— Eu vou lá para trás — ela disse, decidida.

— Lily, ele está bem — James impediu-a de tirar o cinto.

— O sol está em cima dele! E se ele ficar desidratado? Não comemos desde o café da manhã! — Lily insistiu, os olhos fixos no retrovisor — E eu não tenho certeza se essa reflexão nos olhos não vá fazê-lo mal.

James ignorou-a, girando o volante do automóvel.

— Potter, encosta — disse Lily, nervosa.

Ele suspirou, girando o volante novamente.

Lily tirou o cinto, sem esperar pelo carro parar, indo para trás com dificuldade. Ao ver que ela já estava lá, James ajeitou o retrovisor e pisou no acelerador.

Ela pegou a bolsa em que guardava as coisas de Harry, começando a procurar pela mamadeira, que tinham decidido levar por precaução. O filho começou a reclamar no banco, e Lily decidiu soltar o cinto, pegando-o em seu colo, enquanto voltava a procurar.

— Lily! — ela escutou James gritar.

Ele deu uma virada brusca no volante, e sua reação automática foi encolher-se, apertando Harry contra si.

Estava bem ciente de quando a bolsa caiu ao chão e a mamadeira girava para baixo do banco, escorrendo um pouco do leite por baixo da tampa mal colocada. James bateu a cabeça na janela fechada do carro, e ela viu o sangue escorrer pelo vidro trincado pela batida.

Depois disso, sentiu a própria batida, apertando Harry mais contra si. Todas as sensações: o cheiro de sangue, a dor na cabeça, a vontade de gritar e chorar ao mesmo tempo, proteger a Harry, a textura de sua pele... Ficou consciente de cada um desses detalhes, antes de apagar.

Um sussurro foi a última coisa que escutou.

— Você nunca estará sozinho, Harry.