Jim reclinou-se em sua cadeira, uma caneca quente de café em mãos. Gostava de café, de cafeína em praticamente todas as suas formas. E embora gostasse de todas as matizes, todas as suaves nuances que oscilavam de acordo com os ingredientes da mistura, Jim se encontrava mais e mais tendendo ao café preto, puro e forte.
Café, como todos sabem, não é doce. Não são todos que gostam de café e, de fato, a maioria das pessoas o modifica até adequá-lo a seus próprios gostos. Mas a beleza real do café, o que torna o café tão essencial ao seu dia, é justamente o fato de ser tão único, tão diferente.
Os detalhes são essenciais. O cheiro do café, de um café bem feito, claro, é um deleite à parte. Você pode senti-lo passar por seu corpo, por suas veias, por seus nervos. Você pode distingui-lo à distância. Aí vêm a textura, a cor, a temperatura. Todos os detalhes, relacionados entre si num padrão que já seria deveras interessante por si só, fazem do café o que ele é.
Um vício.
Claro, ele poderia saturar-se de rodeios e desculpas, mas não havia porque negar. Já era um vício, sim; talvez já o fosse antes de sê-lo. Isso é, talvez já fosse um vício antes de começar a ser um gosto. O processo de se envolver com o café é complexo, mas isso é o que o torna mais interessante. James Tiberius Kirk era um homem decidido, e se ele havia se decidido pelo café, então seria o café.
E como todo vício, Jim não imaginava mais sua vida sem a cafeína. Não sabia se não conseguia imaginar, ou se não queria.
Olhou para seu Primeiro Oficial e sorriu-lhe, recebendo um aceno curto com a cabeça e olhos escuros brilhando levemente.
O que importa, pensou Jim, levando a caneca aos lábios, é que não precisava pensar em como seria.
