Autor: Roxane Norris
Beta-reader: Shey Snape
Personagens: Remus Lupin/ Personagem original
Censura: M
Gênero: Drama
Spoilers: sexto livro.
Resumo: Um chamado, um sonho, uma mulher... Um lobo, uma verdade e um homem. A paixão entre o homem e o animal pode superar muitas barreiras, inclusive o tempo e a distância.
Agradecimentos: à minha filha amada, salve-salve, linda e maravilhosa, Shey Snape, por betar essa fic encima da hora. Bjos imensos.
Dedicatória: Essa fic é um presente de aniversário para minha irmã do coração, Maria Inês Texeira.
Disclaimer: Harry Potter e seus personagens são de propriedade de J.K. Rowling, Warner Bros, Scholastic e Bloomsbury, entre outros. Ou seja, quase todo mundo, menos eu.
LUA CHEIA
Caps I - O Chamado
Lupin fitava os resquícios de mais uma noite de transformação. Duas carcaças estavam depositadas ao canto da sala suja e cheia de pó da Casa dos Gritos. Apesar de ter se infiltrado no meio do bando de Greyback, e ter que passar a maior parte de seus dias com eles, quando podia ia para lá. Sentia-se reconfortado, seguro, em casa. No entanto, nada aliviava o fato de ser aquela coisa subumana, algo temido e odiado, viver no limite do bem e do mal. Seus olhos estavam vermelhos, não só pelo choro contido, mas porque mais uma vez tivera vontade de por fim a todo esse sofrimento.
Os músculos das mãos crisparam num desejo irresoluto de desfechar um golpe fatal sobre seu coração. Não havia nada entre os dedos, apenas o ar, mas o simbolismo da cena e o desejo pungente em seu coração, faziam com que aquele gesto parecesse tão real. Amaldiçoado não era só ele, mas todos que tinham que conviver com aquela besta-fera, que nas noites de lua cheia nunca reconhecia ninguém, podia atacar seu melhor amigo sem remorsos e destroçá-lo em mil pedaços. A imagem de Snape em fuga com ele ao encalço surgiu na sua mente, e com a mão fechada esmurrou a parede. Um leve fio de sangue escorreu de dentro dela, a unha estava cravada em sua carne, como as presas em sua caça.
A solidão inundava-lhe a alma, agora se sentia mais só depois da morte de Sirius. É verdade que Severus lhe fazia a poção Wolfsbane, entretanto isso já não era mais o suficiente. Depois de tanto ter que mostrar quem realmente era aos lobisomens, se tornando um deles a cada lua cheia, Lupin se viu ainda mais entregue ao animal em seu interior, deixando todos seus extintos aflorarem. O sangue agora borbulhava em suas veias fazendo-o sentir o gosto da morte tão próximo. O cheiro da presa acuada era tão doce, que nas últimas vezes sentira prazer em matar.
Ele podia sentir em cada músculo seu o desejo da fera latejar, e o controle que possuía sobre ela se esvair junto com as possibilidades de ser uma pessoa normal. Como um líquido amargo e anestésico impossível de se controlar, fluindo por todos os tecidos, tomando conta de sua alma. Lupin fechou os olhos. As lágrimas desceram sobre seu rosto suado, o peito arfando, acelerado, e todos os músculos crispados sob a camisa rasgada. Quando conseguiu impor controle a cada parte de seu corpo, abriu os olhos deixando os braços pender por suas laterais. Seu corpo relaxou sentado sobre o chão frio.
Fitou o infinito lembrando-se das palavras de uma amiga, uma pessoa tão ou mais distante que qualquer um de sua realidade. Seus olhos turvaram mais uma vez vendo os doces olhos surgirem a sua frente, escuros. Aquela imagem dela com os cabelos castanhos caindo como cascatas sobre os ombros claros e um sorriso maroto nos lábios não deixava sua mente, por mais que tentasse afastá-la. Era ela que lhe trazia um pouco de tranqüilidade, de alento. Era impossível não pensar nela e não clamar por ela nos momentos de solidão e tristeza, mas todos seus sonhos se esvaiam quando abria seus olhos.
A dor era uma linha tênue que atravessava seu cérebro, era a luta dele contra o que havia dentro de si. Deixou sua mente viajar ao encontro da dela, talvez dessa vez ela viesse, e Lupin a viu. Os olhos escuros que fitavam os dele, enquanto seus cabelos castanhos dançavam na brisa da noite. Os lábios rubros se aproximaram, carnudos, exigentes, e ele se inclinou para tocá-los, mas a brisa soprou mais forte, arrancando-o daquele doce momento e fazendo-o colidir com o piso empoeirado de madeira. Mas o som da madeira rangendo sob seu corpo foi sobreposto pelo grito desesperado que ecoou dentro da casa tendo somente a escuridão como testemunha: - Mia!
Ela sentou na cama num pulo, o suor ensopando-lhe a camisola, sentindo-se sufocada andou até a janela, abrindo-a num estrondo, deixando a brisa da noite roçar seu rosto. Passando as mãos pelo pescoço se perguntava como aquilo poderia ser possível? Como poderia ter sentido a presença dele tão perto e ouvido o grito que ainda ecoava em sua cabeça. Todos os sentimentos de preocupação com ele afloraram, e fechou os olhos tentando afastar qualquer tipo de pensamento que a deixassem confusa... Mas eles vieram num turbilhão, impedindo-a de abrir seus olhos, de se mover, e sentiu o ar faltar-lhe aos pulmões. Desmaiou.
Os primeiros flocos de neve de um inverno rigoroso caíam do céu quando Mia abriu seus olhos. O tapete fofo sobre o qual estava deitada era extremamente branco e frio. Sentou-se e olhando a sua volta, descobriu que, ou estava num sonho, ou a temperatura baixara vertiginosamente para um dia de verão.O frio penetrou em seus ossos, a camisola que vestia e nada eram a mesma coisa, precisava se aquecer. Rapidamente ela se levantou, andou apressada pelo que parecia ser uma estrada, e a muito custo alcançou um vilarejo. Nada parecido com o que conhecia ou que já tivesse visto antes... Decididamente não estava em Valença, ou seus arredores, e pelo frio que se intensificara nos últimos minutos, duvidava muito que estivesse no Brasil.
As ruas surgiam a sua frente, e nelas pessoas vestidas vestiam-se estranhamente e passavam por ela, olhando-a de maneira duvidosa. A cada passo ela falava consigo mesma que isso tudo era impossível, que tudo aquilo era um sonho e que não poderia estar ali, mas sentiu o vento cortante bater de encontro ao seu rosto, trazendo a certeza da realidade ao seu redor.
Ela observava a rua, precisava encontrar um abrigo, viu um grupo de pessoas entrar no que parecia ser um restaurante, e sem pensar duas vezes, Mia os seguiu sorrateiramente. Aproveitando o burburinho provocado pela chegada da família, ela aproveitou um momento de distração para retirar uma capa castanha do cabide as costas dos presentes. Um segundo depois ganhava as ruas novamente da cidade, agora agasalhada.
Não tinha a menor noção para onde deveria ir, nem sabia exatamente onde estava, quando viu uma placa a margem da rua. A placa indicava: Hogsmeade/Hogwarts. Hogwarts! Enfim um nome conhecido. – pensou. Sabia que seus pais tinham um amigo chamado Dumbledore, e que era diretor nessa escola. Apesar de nunca tê-lo visto, ou sequer ouvido alguém falar onde ficava a escola em questão, aquele devia ser um bom começo. Esfregando uma mão na outra, tentou analisar sua situação e suas possibilidades, mas uma intensa nevasca a pegou enquanto andava em direção à Hogwarts. Ela estacou, não conseguiria vencer a distância que a separava da escola em tais condições, e tampouco possuía dinheiro para pagar uma estalagem. Uma vez mais esfregou as mãos geladas, e olhando para os pés, pensou:
Ainda bem que tenho a mania estúpida de andar com pantufas!
Um casal de coelhos branco estava em seus pés e a fitavam sorridentes. Sorriu para eles, mas precisava de um teto logo, eles não manteriam seus pés aquecidos por muito tempo.
Retornou ao vilarejo e desceu uma rua deserta. Olhando a casa abandonada no fim da rua, ela sorriu; daria um belo abrigo até que aquela tempestade passasse. Atravessou os portões decrépitos e circundou a casa procurando por uma brecha para entrar, por alguma tábua solta nas varias que, precariamente, tentavam impedir a entrada de qualquer curioso. Ela não demorou para encontrar uma passagem, era estreita e muito provavelmente a levaria ao porão. Soltando um longo suspiro atravessou a abertura na madeira.
Perdido e completamente só
Em sempre pensei que conseguiria ficar sozinho
Desde que você se foi o dia custa a passar
E as lágrimas atrapalham
E eu preciso que você volte para ficar
Eu vagueio noite afora, e busco pelo mundo para encontrar
as palavras para corrigir essa situação
Tudo o que quero é ter tudo como era antes
Com você aqui, pertinho de mim
E eu preciso fazer você ver isso
Que eu estou perdido sem o seu amor
A vida sem você não vale a pena ser vivida
Agora estou tão indefeso como um barco sem leme
É como tocar sem sentir
Nem posso crer que é real
E em algum dia logo eu despertarei
E perceberei que meu coração não terá que magoar
Pois eu estou perdido sem o seu amor
A vida sem você não vale a pena ser vivida
Tudo o que quero é o mesmo como era antes
Preciso de você aqui comigo
Amor, você não consegue ver?
Se tivemos amor antes,
nós poderíamos tê-lo novamente
( Lost without your love – Bread )
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N/A: Espero que gostem da fic, foi feita de coração pra minha irmã, e devo dizer, que foi um desafio escrever uma fic com tantos caps sobre o lobinho, mas acho que está apreciável. À todas minhas amigas de MSN um beijo enorme, outros grandes para Muri e Et. Obrigada pelo carinho!
Amo vcs!
