- Droga! – ele pulou da cama, nu e irritado. Chutou os lençóis para longe e foi para o banheiro. Deixou na cama a mulher também nua e possivelmente decepcionada. Bateu a porta atrás de si e olhou direto para o espelho sobre a pia. Os olhos azuis pareciam cansados o que, talvez, justificasse sua atuação na cama há minutos atrás. Encheu as mãos com água fria da torneira e lavou o rosto, sufocando a raiva e a vergonha. Aquela não fora a primeira vez e isso estava começando a irritá-lo.
- Hugh? – a mulher chamou antes de abrir a porta do banheiro e encará-lo. – Querido... Por favor, não se martirize... Essas coisas acontecem...
- Jô, por favor, não use o velho jargão: Isso acontece com todo homem!
- Mas...
- Eu não sou todo homem. Isso é constrangedor droga!
Ela se aproximou dele abraçando-o por trás, sentia-se mal por ele afinal aquela era a terceira vez que ele falhava na cama. Mas, além de tudo, sentia-se mal por si mesma, isso com certeza desafiava a auto-estima de qualquer mulher. Claro, sabia que ele estava cansado das filmagens, as viagens da América para casa, os problemas em casa com os filhos e a culpa, a bendita culpa que ele carregava nos ombros. Culpa por deixar os filhos, culpa por morar longe de casa...
- Hugh... Isso acontece sim. Você está cansado, isso é normal.
Jo se afastou quando percebeu que ele não reagia ao seu abraço, com as duas mãos apoiadas na pia Hugh continuou encarando o espelho sem voltar o olhar para ela.
- Você quer ficar sozinho? – Ela só perguntou por perguntar já que conhecia a resposta dele: Ele sempre queria ficar sozinho.
- Por favor... – mais uma vez ele não voltou o olhar para ela, continuou encarando a sim mesmo, os olhos azuis julgando-o, condenando –o. Saiu do banheiro sem olhar para cama e para sua mulher deitada nela, vestiu a calça do pijama e saiu. A primeira parada foi no bar sob a escada, encheu o copo de uísque, puro, sem gelo, e levou junto a garrafa. A segunda parada foi no escritório, pegou o maço de cigarros e o isqueiro sobre a mesa e embolou na mesma mão em que carregava a garrafa. Saiu para o pátio, jogou – se na primeira cadeira que achou e virou o copo de bebida.
Da varanda do quarto Jo o viu no pátio. Era triste vê-lo assim porque sabia o quanto ele devia estar se martirizando por algo tão comum, mas esse era o jeito dele. Ela voltou para o quarto e o deixou sozinho com seus vícios.
Hugh fechou os olhos quando o ar frio da noite quase apagou seu cigarro. O grande dilema em sua vida não era ter falhado na cama nas 3 últimas vezes que tentara ter sexo com sua esposa, não se sentia menos homem por isso, mas com toda certeza isso afetava a relação deles. Não que vivessem algo perfeito, na verdade nos últimos anos estavam vivendo uma fantasia, uma idéia, uma mentira. Eles tentavam manter aquele casamento em pé, nos trilhos, mas não sabiam se queriam aquilo mais, pelo menos ele não sabia. Ele não tinha certeza de mais nada. Era estranho, parecia faltar algo.
A cada volta para casa as coisas ficavam mais estranhas. Ele queria espaço, ela queria companhia. Eles passaram a ser ele e ela, não eram mais um par, um conjunto. Tudo parecia ser diferente agora. Os olhos dele não encontravam mais luz ou beleza nos dela e agora o seu corpo se recusava a ter prazer com o dela. Ele olhou para o maldito pênis que o decepcionara por três vezes seguidas.
Ele pensou em talvez tentar uma terceira lua de mel, uma viagem, algo que lhes proporcionasse intimidade, sem os filhos, sem nada mais além dos dois. Quem sabe longe do turbilhão de emoções que viviam naquela casa as coisas voltassem ao normal.
– Preciso da sua ajuda amigão! – Brincando e, sentindo-se no direito, riu de si mesmo erguendo o copo e brindando ao amigo desanimado entre suas pernas.
Três semanas depois e algumas milhas a mais no cartão, eles voltavam para casa. Jo ainda mais desanimada e tentando ser compreensiva e Hugh completamente irado com seu amigo dorminhoco. Nem intimidade, nem viagem pro Marrocos e nem nada. Alguns euros gastos e nenhuma ereção! Jo tentou mandá-lo ver um médico, mas ele se negou, não tinha as caras de chegar para um médico e falar que seu pinto não subia mais. Não mesmo!
