Os personagens da série SPN não me pertencem, e tampouco tenho intenções em obter lucro com a publicação desta história. Foi escrita apenas para fins de entretenimento!
Sinopse: Dean não fora feito para se ajoelhar perante alguém, muito menos ele.
Status: Terminada.
** Essa fic não foi revisada por ninguém além de mim mesma. Eventuais erros, minha exclusiva culpa! E do meu PC, que se recusa a grifá-los. **
CEDER
Às vezes Castiel se perguntava por que humanos eram como eram, dentro da imperfeição que Deus lhes havia atribuído, perdidos entre suas dúvidas e um orgulho quase destrutivo. A hierarquia celestial dividia-se entre a pura adoração e o ódio mais mortal àqueles pequenos macacos evoluídos. Por muito tempo ele próprio não via magnitude ou qualquer tipo de grandeza, muito menos divindade entre aqueles inferiores. Era o que eram, não é mesmo? Desprovidos de qualquer poder, de qualquer força para proteger seus corpos frágeis, voláteis, passageiros. Presos à carne, vítimas das paixões. Condenados à morte e ao confinamento na irrealidade do paraíso.
Se eram assim, então por que anjos desistiam de sua imortalidade incorpórea para habitar junto daqueles com pele? Por que anjos se rebaixavam à normalidade e previsibilidade da vida humana?
Vida. Anjos não estavam exatamente vivos, estavam? Eles existiam, mas não pereciam, e o que seria a vida sem o perecer? Não tinham cabelos para esbranquiçar com o tempo, ou juntas para doerem. Sua existência terminava da mesma forma que começava: do nada para o nada. Anjos superavam duas coisas então: a morte e a vida. Duas regras nas quais não se encaixavam.
Por muito tempo, ele os desprezou. Desprezava aquilo que não conhecia e não entendia Afinal, anjos nascem como tal, como conhecer algo além de si mesmo? Nascidos na forma mais perfeita, inatingíveis pelo envelhecimento ou pela fraqueza, pura força elétrica e poderosa, capazes de alterar o tempo e o destino.
Pura potência era o que eram. Mas o eram tal quais os humanos.
A diferença – aquela que doeu por dentro ao ser achada – era que anjos eram potências atadas, sem vontade, sem pensamento ou quereres. Já os humanos, a potência desgovernada, supostamente limitada pela matéria, mas, muitas vezes, Castiel havia presenciado macacos rompendo os limites do corpo e fazerem das coisas as mais extraordinárias. A mãe que enfrentava a morte por um filho, o homem que cerrava o próprio braço para sobreviver, a força soberba que energizava os músculos no perigo, a fé que superava qualquer obstáculo e que criava monstruosidades. Os homens eram capazes das proezas mais divinas pela vida, e também das maiores crueldades pelo poder cego.
Aquilo era bonito, não? O dinamismo e magnitude? Castiel percebeu que despreza a própria ignorância, a falta da capacidade de entender o que era aquela complexidade, aquela variedade de corpos, rostos e personalidades tão promissórias.
Anjos eram iguais de aparência. Eram guiados pelas mesmas regras, e obedeciam-nas. Também faziam coisas desumanas. Anjos não sabiam sua origem, acreditavam nela, mas não a viam. Não tinham mãe, não cresciam nem evoluíam. Quem dera que aprendessem algo.
Pelo jeito, anjos invejavam os filhos de carne do Senhor. Naquela parte não florida em seus seres, algo doía frente a tanta potência, que os solapava ao nível do insignificante.
Poucos eram aqueles que percebiam essa dor e que se posicionavam por ela. Amor ou ódio ou indiferença. Menos eram aqueles que se rebelava contra a própria existência e a hierarquia divina, e caiam. Talvez cair não fosse uma pena por interferir no equilíbrio angélico, e sim uma escolha.
E daquele dia em diante passou a amá-los, os seres imperfeitos de Deus. Tentou entende-los, passou a estudá-los.
Não sabia, ainda, que seria o designado a adentrar pelas portas do inferno em busca de uma alma humana especial. Claro que o especial ficou a cargo do tempo, quando Castiel conheceu melhor aquela humanidade transbordante que Dean representava, um contato direto com o que aprendera admirar.
Dean era o ser humano mais especial, disso ele tinha certeza.
(...)
Estando vestido em pele humana, Castiel descobriu mistérios que na teoria não tinham significado, pois quando vestia o corpo de Jimmy, sua carne e músculos eram de fato dele também. Encorpado em um humano, Castiel também se via mais próximo da sua própria humanidade. Ficou surpreso com os sentidos, uma vez que não se restringiam à visão e audição, somando cinco! CINCO! Sem contar as diferenças naqueles que já conhecida – porque tudo ficava mais intenso quando se tratava de matéria – e ele aprendeu a gostar de cada um deles.
As coisas mais simples causavam ao anjo uma sensação engraçada quando as tocava com as pontas dos dedos, subindo pelos nervos até a coluna. A maciez do tapete felpudo, o toque delicado e sedoso de uma pétala de flor, o calor do fogo e no seu oposto extremo o frio da água, e ele achou graça quando encontrou as mesmas características ao segurar o antebraço de Dean uma vez. Mácio, sedoso e que esquentou sob o seu toque.
Foi Dean também que o fez comer e beber. Mais beber. E ele logo gostou da ardência que o álcool causava em sua língua e garganta, mas os caçadores não gostaram do fato dele não se embebedar, como alguém normal ficaria, mas isso não o impediu de continuar a experimentar aquele liquido gostoso.
Descobriu que o olfato era bom quando, curioso, sentiu o cheiro do frasco sobre a cabeceira de Dean. Lembrava o cheiro cítrico das frutas e o cheiro terroso das árvores, e no mesmo dia, quando Dean passou perto dele, reconheceu as notas no ar movimentado e, imperceptivelmente, guardou-as no fundo da sua memória, pois dali em diante, ele também passou a encontrar o caçador, literalmente, através do cheiro.
(...)
Castiel não havia ficado muito tempo na presença dos irmãos caçadores se comparados à sua existência, mas o vínculo criado com aqueles dois superavam suas expectativas. Amizade era o nome. O anjo havia se envolvido em laços muito maiores que o dever de protegê-los para mantê-los nos caminhos ditos certos, os caminhos egoísticos dos Céus.
A amizade não é um relacionamento perigoso, ele sabia. Mas diante dela, Castiel viu-se invadido, se não se bastasse a novidade de ter sentidos reais, mas por ideias estrangeiras, vindas de Dean e de Sam, até mesmo Bobby, até que conseguiu encontrar, naquela confusão que o esgotava, discernimento, o balanço interno das coisas que entravam e das quais deveriam significar algo. Assim, o anjo ouviu mais os seus amigos humanos que seus superiores angélicos. Ele não conseguia mais ver razão naquilo que lhe diziam como natural, onde fins justificavam os meios e a vida era o menor valor de troca.
Finalmente entendera o que era opinião e ter liberdade para conquistá-la, além da dor sentida para conseguir preservá-las.
Ele via Dean, e se inspirava nele. O caçador lutava contra o mundo e não se quebrava sob o julgo alheio, firme como uma grande árvore frondosa que não se dobra com a força do vento, e que cuja imponência desencorajava até ao mais forte a agredir suas bases. Foi com o Winchester mais velho que Castiel aprendeu a ser teimoso, e principalmente, a gostar do sabor de ter realmente um mundo todo para encarar e conhecer, sem preconceitos, e de ter suas próprias regras.
Dentro ou fora de Jimmy, as novas impressões e pensamentos permaneciam inalterados, e ele percebeu que vontade não eram exclusividade humana, que ele, anjo, poderia detê-las, mesmo pagando o preço por elas.
E ele pagou, e como pagou. Mais de uma vez. Descobriu a dor física, mais apreensível que a moral, mas muito menos fatal. Rebelou-se contra seus ditos irmãos e contra seu Pai ausente, e acolheu a causa dos irmãos como se fossem suas próprias. Caiu, foi "rebaixado" à condição semi-humana, descobriu a morte, e voltou. Duas vezes, experimentou a morte e retornou dela, sem se esquecer dos amigos. Era anjo novamente, e sua essência maculada permaneceu inalterada.
Castiel deixou de ser um anjo do Senhor, para ser apenas anjo. Um anjo com amigos humanos mais importantes que seu antigo lar, amigos por quem nutria uma admiração que beirava a loucura.
É. Castiel não poderia mais reconhecer a si mesmo se não fosse pelos olhos dos Winchesters.
Ele não seria quem era na ausência total de Dean, disso não restava dúvida.
(...)
Corromper-se.
De fato, a matéria nos corrompia mais facilmente. Ter desejos e ideias querendo vê-lo dar vozes a si, brigando pelo domínio, permanecendo com a cabeça sobrecarregada de informações o tempo todo, de sensações, e sem ter a graça do sono, beirava o insuportável.
Castiel se viu corrompido de todas as formas. Primeiro pelos valores, pelas crenças. Depois, pelos desejos, pela vontade de querer comer e dormir e ficar ali – na terra, para sempre.
O que ele não esperava, mais devia ter pensado melhor, pois se ainda anjo sentia e desejavam e pensava e sofria, a linha divisória entre divindade e humanidade já havia sido superada há tempos, e ele não era mais imune as coisas do mundo, não era superior a nada. Castiel havia deixado de ser mais um anjo cegado, mas nem por isso deixara de ser apenas mais um entre tantos, ainda que sua definição tivesse sido borrada e alterada.
Quando matou pela primeira vez sob ordem própria, Castiel pecou terrivelmente. Ou quando manipulou pessoas e situações, ele não foi menos egoísta do que a casta angélica que o perseguia. Quando Castiel se percebeu desejando, com corpo e alma alguém, foi como o homem que descobriu ser. Sua inveja e ciúmes, sua tristeza e raiva, e a necessidade de posse e contato, não eram mais puros ou mais justificados e, sem dúvida, não lhe conferiam o poder de decidir pelo outro.
E Castiel sabia que algumas coisas não eram para ser, simplesmente.
Ele, em toda sua essência angélica, sabia que o mundo material era controlado até certo ponto, pois dali em diante não era o querer a definir aquilo que seria ou não seria. Daquele ponto começava o inevitavelmente impensável com data, hora, sujeito definido e verbo, na forma prevista pela Lei superior, estendível a todos e implacável, que não vinha de Deus ou dos anjos ou dos caídos, mas daquela ordem que o próprio mundo lançava sobre aqueles que viviam em sua crosta. De nada adiantava esconder-se debaixo das cobertas, ou cruzar estados, Ela o alcançaria.
Pessoas eram separadas para sempre, e outras se encontravam embarrando os ombros em um metrô lotado. Sonhos se desfaziam em poeira e fuligem, e novas perspectivas surgiam da simplicidade. A dor lambia a felicidade com sua língua quente, e o bem sobrepujava o mal ao final, custando o preço necessário, quantas vidas bastassem.
Era reservado ao incompreensível decidir quando e onde, se sim ou se não. Aos homens e também aos anjos sabidamente a eles igualados, bastava percebê-la. Seguir não era uma opção e sim coerção, quando o esforço não levaria a nada se não mais dor, quando o sonho não era para ser.
Caçá-las e forçá-las era tão inútil, mesmo que o coração chorasse por aquilo.
Mas agora o anjo havia se corrompido, sido corrompido, e agora corrompia. Queria o mundo virado ao avesso, e queria o impossível, na velocidade de um estralar de dedos.
Algumas coisas não eram para ser, pensava.
E ninguém deveria ficar de joelhos perante ele.
(...)
Dean era abençoado, mesmo que não acreditasse nesse fato. Era especial. Quantos podiam comemorar ter a presença de um irmão em suas vidas, com quem compartilhar um laço mais forte do que o próprio destino ou vida?
Quantos teriam força para enfrentar a morte tantas vezes e voltar sem estar completamente quebrado? Ver um a um dos seus mais preciosos caírem, e não sucumbir; continuar sendo ingênuo depois de ver tanta morte e dor, e conhecer tão profundamente a realidade por detrás das paredes da ignorância, Castiel conhecia apenas Dean.
O caçador já havia sido pisado e machucado de todas as formas imagináveis e aquelas que não queremos imaginar, por humanos, criaturas, amigos e parentes, quase paralisado de tanta dor e medo, mas ainda assim havia se reerguido, todas às vezes, sempre mais forte.
Dean não era perfeito. Era egoísta, possuidor de uma teimosia burra atroz, excessivamente irritável, medroso, volúvel e as vezes precisava de um chacoalhão. Mas tinha mais honra do que poderia ser esperado, queria dignidade, buscava a felicidade que o destino se recusava a dá-lo. E, principalmente, o caçador não desistia.
Por mais escuro que fosse o destino, Dean conseguia sorrir e pensar na saída mais humana possível, sem se desesperar, sem desistir e dizer que aquilo, aquela série de problemas e lutas sobrenaturais, não lhe cabiam mais a partir de agora. Ele não esqueceria as vidas que haviam sido perdidas naquela injustiça que chamava de lar, e lutaria para honrá-las até o final.
Dean não cedia, e Castiel esperava que não cedesse nunca, e ele o ajudaria nisso. O anjo garantiria que Sam estivesse com o irmão para sempre, apenas para ver aquele brilho que o mais novo conseguia conferir a expressão do mais velho.
Castiel não queria ver rugas e sangue naquele rosto claro, terra embaixo das suas unhas ou pólvora salpicada nas suas vestes. Não queria ver dor por detrás das íris verdes, conforme o corpo cambaleava até algum lugar onde pudesse se deixar. Se manter Dean em uma redoma não fosse matá-lo aos poucos, o anjo já o teria feito refém.
O anjo havia se incumbido de manter Dean por inteiro. Fazia parte dos seus almejos, mas não da parte heroica deles. Castiel havia aprendido a admirar Dean Winchester, a amá-lo como amigo, e a reconhecê-lo como a metade de si próprio. Nunca havia dito em voz alta, mas amava o caçador com todas as suas células, um quere proibido tão obsceno quanto o desejo de ser humano.
E na gana de protegê-lo, no desespero de tê-lo, Castiel errou e se envergonhou, e magoou o rapaz loiro de sardas, e tanto fez até tê-lo caído junto a si, no mesmo abismo.
Dean transpirava força. Aquele tipo que se sente pelo ar.
E o caçador não deveria se ajoelhar perante ninguém.
(...)
Castiel nunca deveria ter permitido que Dean se ajoelhasse por alguém. Muito menos alguém como ele. O homem a sua frente não nascera para se curvar.
Dean não podia estar ajoelhado como agora estava, entre seus joelhos, quase como uma reverência, enquanto ele pendia sobre seus próprios cotovelos.
O anjo deveria ter negado. Se negado àquilo. À visão da face serena do caçador beijando, suavemente, a parte interna das suas coxas, enquanto ajoelhado sobre o assoalho de madeira gasto e sustentando os joelhos de Castiel sobre os ombros.
Oh, não, Castiel deveria tê-lo detido.
Não deveria tê-lo provocado, pois quando o beijou instantes mais cedo, capturando seus lábios com os próprios em um contato forçado, sabia que Dean iria corresponder. Sabia que Dean cederia a ele e aquela linha elétrica que os uniam pelo peito sempre que se viam, os atraindo na direção errada. Na direção do irremediável.
Dean não precisava dizer muito para Castiel entender o que se passava em seus pensamentos. E da mesma forma, também sabia que o Winchester não tinha nenhum acesso ao seu interior. Ele aprendera muita coisa, mas não a demonstrar. Por mais inconsequente que houvesse se tornado, Castiel temia fazer algo que pudesse destruí-los por dentro, rompendo aquela magia tão deles. Ele queria e sabia que Dean também ao ponto de precisar, e que se ele não fizesse algo, não seria o caçador a quebrar aquela barreira que se via intransponível.
Eram medrosos. Eram ambos, duas represas perto da ruína. E Castiel estava tão cansado... De ficar longe, de almejar um tempo que não existia, de sofrer na distância. Ele só queria um beijo.
Não estava pensando bem quando puxou Dean pelo antebraço com força excessiva, fazendo-o voltar-se para si assustado, os corpos se batendo. Não queria ouvir a voz dele quando ameaçou a dizer algo e o anjo aproveitou-se para capturar seus lábios entreabertos, desejando apenas sentir com o corpo a vibração rouca que vinha de sua garganta. Ele beijou e lambiscou os lábios macios e frios (porque ele acabavam de chegar ao quarto), esquentando-os com os próprios, até conseguir que Dean o abraçasse e o apertasse junto a si como se a proximidade deles fossem salvá-los do inimaginável, ou pudessem se fundir e ficar juntos daquele jeito para sempre.
Seu nome dito pela voz de Dean fazia seu corpo reverberar junto com o timbre. Só o toque da palma dele contra sua pela exposta o esquentava como se chamas vivessem dentro dele esperando pelo combustível certo. Apenas os beijos do caçador conseguiam fazê-lo flutuar entre o real e a ilusão. Dean arrepiava a sua pele sensível com palavras. Castiel ficaria nu e enroscaria suas pernas apenas na cintura dele, apenas gemeria o nome dele, só chamaria por ele para deitar-se sobre o seu corpo, isso era uma promessa, e ele não ousaria gemer pelo nome de outro.
E, da mesma forma, apenas Castiel veria o caçador ceder e se despir ansiosamente da camiseta e das calças e sapatos na sua frente, sem puderes ou medo, e se ajoelhar a sua frente fazendo-o descobrir que o paraíso estava por detrás das pálpebras e por dentro do corpo.
Castiel o olhava embebecido, sem coragem de fechar os olhos por mais de um segundo, incapaz de perder qualquer segundo daqueles movimentos. Dean roçava o rosto contra seu sexo, beijando-o e suspirando, e murmurando coisas sacanas, até engoli-lo por inteiro, e Castiel se contorceu sob aquele toque úmido e muito quente ao seu redor. Acariciou os cabelos loiros com carinho, e brincou com suas orelhas, aumentando a intensidade conforme a sanidade parecia evaporar pelos poros. Ele se contraia, convulsionava, estremecia e queria que Dean o absorvesse por completo, mais rápido e mais fundo, e que tomasse sua alma através dos lábios.
"Oh, Dean... Dean, Dean, Dean!" Gritou jogando a cabeça para trás quando estrelas piscaram sob sua vista e seu corpo esquentou-se avassaladoramente, o prazer fazendo seus músculos formigarem e amolecerem. "Ooh, Dean...".
E novamente havia os lábios do caçador sobre os seus, doces, o incentivando a ir mais para trás na cama, até estar deitado sobre almofadas e edredons. Dean se separou apenas para encará-lo nos olhos longamente, os corpos ainda sobrepostos, acariciando os fios negros úmidos e a face bonita, aguardando longamente, às vezes intercalando beijos pelos lábios e olhos.
"Como está se sentindo, Cass?" falou baixinho, deslizando os dedos pelo queixo do anjo.
"Maravilhoso." Confessou, sem temer o peso daquelas íris sobre si. Castiel sentia o corpo de Dean sobre o seu fazendo pressão e o excitando. O pênis rijo do caçador estava prensado contra sua coxa ainda, e ele quis saber o sabor. "Posso te beijar?" Perguntou débil, e gentilmente colocou a os dedos sobre os lábios de Dean quando este se aproximou, e com mais firmeza, deslizou a mão pelo corpo do caçador até o início dos seus pelos pubianos, como se pedisse licença, e achou graça no olhar espantado do mais caçador mais velho ao ter a resposta a sua pergunta muda. "Aqui." Disse simplesmente. "Eu quero senti-lo na minha boca, Dean, quero saber o seu gosto."
E Castiel amou a cor vermelho viva que cobriu a face e o pescoço do caçador, mais o fato de ter conseguido surpreendê-lo, pois geralmente era o contrário. Não precisou impor força para fazê-lo deitar e escorregou as mãos pelas suas pernas, abrindo-as em ângulo. Beijou-o no abdômen, primeiro próximo ao estômago, depois umbigo e os ossos da bacia, extasiado em sentir os músculos do Winchester se contraírem sob seus lábios, e as mãos avidas e grossas apertarem seus braços e ombros.
Castiel não conhecia o sexo, se não pelas leituras e histórias de Dean, mas abocanhar o sexo de dele soava o mais certo. Lambê-lo e prová-lo, impondo pressão. Ouvir os gemidos do rapaz loiro aumentando de som e de cadência, sentido a resposta do prazer não só em sua voz, mas em cada célula do seu corpo e nos seus movimentos cada vez mais urgentes e fortes. O anjo não ligou quando o as mãos firmes o empurraram com força e ele mal conseguiu se mover, sentindo a rigidez tocá-lo no fundo do céu da boca. E sem dúvidas amou a sensação do gozo, quando o sentiu escorrer, lambendo a glande até recolher a última gota do licor adocicado.
Com Dean completamente entregue, Castiel aproveitou para continuar a beijá-lo lá, desde a ponta até a base, e também seus testículos e virilhas, acariciando-o com as mãos e língua. Guardaria como uma preciosidade aquele dia, para relembrá-lo todas às vezes.
Apenas se desviou do próprio deleite quando mãos lhe acariciaram os cabelos com carinho, os dedos grossos de homem deslizando pela sua nuca, e Castiel se perdeu sob o olhar de Dean. Intenso, melancólico, apaixonado. Castiel se sentiu a mais importante das criaturas, sentiu na carne e na essência a intensidade e o significado daquele olhar. Completa entrega, e estremeceu.
Dean o chamou com os braços para deitar-se ao seu lado, ambos se encarando longamente. Castiel pensou em como o homem sardento era bonito, mesmo com seus defeitos, especial, mesmo sendo o mais ordinário dentre seus iguais.
"Não preciso dizer, Cass, preciso?"
"Não." Respondeu simplesmente, buscando a mão de Dean e a entrelaçando com a dele. Brincou com o anel do caçador distraído. A magnitude que viviam não precisava de explicações. "Me desculpa, Dean."
O caçador franziu o cenho levemente e o encarou sério. "Pelo que?".
"Aceite-as apenas... são sinceras." E omitiu o fato de ser por ter subjugado uma das forças mais admiráveis que já conhecera, mas não conseguiria fazê-lo entender da forma certa. Que o caçador acreditasse que fosse pelos seus períodos de ausência, e que se lembrasse delas quando fosse injusto no futuro.
Acariciou a face sonolenta com amor, quando Dean assentiu com a cabeça, deslizando o polegar por sobre sua sobrancelha, várias vezes, até adormecer.
"Só me tranquilizo por uma razão, Dean..." murmurou no ouvido do caçador adormecido, e Castiel sabia que ele ouviria com a parte inconsciente de si, aquela acessível pelo torpor do sonho, e continuou "você cede a mim, hoje, mas eu cedi a ti desde que pousei o olhar sob sua face. Sou tão seu, ou mais, do que é meu."
"Ainda que eu falasse
A língua dos homens
E falasse a língua dos anjos
Sem amor eu nada seria."
"É um não querer mais que bem querer;
É solitário andar por entre a gente;
É um não contentar-se de contente;
É cuidar que se ganha em se perder."
"É um estar-se preso por vontade;
É servir a quem vence, o vencedor;
É um ter com quem nos mata a lealdade.
Tão contrário a si é o mesmo amor."
(Legião Urbana – Monte Castelo)
(fim)
N/A: Eeeei, mais uma fic que tinha escondidinha aqui. Na verdade, duas, que juntas deram esse resultado. Espero que tenha ficado bom, sem cara de "Frankstein". As duas partes já escritas e mescladas (uhu) foi de uma época mais poética minha, quando as ideias estavam fluindo como loucas e eu precisava registrá-las com urgência!
Mas como o esperado, se a gente não dá continuidade logo de imediato, acabamos perdendo o fio original e elas saem completamente diferente do esperado.
Além dessas(essa), eu tenho mais um projeto empacado aqui. Vamos ver se consigo voltar ao pique inicial, rs.
E segredo, sabe o que dá pique na gente: REVIEWS! Olha que maravilha? Um remédio caseiro, super simples, baratíssimo, que consome o que... nem 3 min!
Por favor, por favor, por favor, deixe uma msg sincera ao final! Podem ser criticas, falo do coração, elas nos ajudam a crescer.
