Nota da Autora: Eu comecei as escrever essa estória antes de O Enigma do Príncipe ser lançado, e como ela se passa no passado, não contém nenhum grande spoiler do livro (quem morre ou a identidade do Príncipe), mas eu terminei o livro, então pequenos ajustamentos talvez tenham sido feitos para acomodar detalhes achados nele.
Nota da Tradutora: Assim que eu li essa fic eu percebi que tinha que traduzí-la. É perfeita demais para se jogar fora, Merlin! E, como eu estava mesmo querendo melhorar meu inglês, aproveitei a chance. Mandei um e-mail para a autora original e ela me permitiu traduzir a fic. Ah, e se vocês quiserem ler a fic em inglês, o título é "A Keen Observer" e ela está terminada, com 31 capítulos. É só procurar que vocês acham. Desculpe por qualquer coisa errada na fic, que não corresponde exatamente à versão em inglês, mas algumas palavras precisam ser trocadas para dar mais sentido ao texto. Espero que gostem!
Capítulo 1
Quando eu relembro a minha infância, os anos parecem curtos na minha memória, voando pelos dias que eram mornos e dourados e mágicos. Antes de sermos separadas pelo mundo. Antes de sermos mudadas pela vida, por homens, por políticos. Pelas regras que a sociedade fez para nós e as escolhas que fizemos por nós mesmas. Quando eu falo sobre isso, raramente, Ted me dá um sorriso indulgente e não diz nada. Eu sei que ele pensa que eu vejo essa época através de lentes cor-de-rosa, que eu esqueço todas as lembranças ruins em favor das boas. Mas ele está errado – eu lembro da escuridão, dos corredores gelados da mansão, as carrancas dos elfos-domésticos encarregados de cuidar de nós, e a descarada indiferença de nossos pais. Ted, com sua grande e chegada família, não pode imaginar os mundos que crianças isoladas criam para si mesmas.
Nós corríamos selvagens nos jardins e terrenos da mansão, escapando de nossos tutores e dos elfos domésticos, e perdidas no nossos jogos imaginários. Nós éramos bravas guerreiras e princesas, aventureiras e piratas. Nos nossos próprios jardins nós salvávamos o mundo bruxo e explorávamos desconhecidos territórios.
O mundo bruxo estava mudando rapidamente naqueles tempos, mas nós estávamos seguras em nosso isolamento, sem conhecimento da desordem que se aproximava, da estabilização do homem que traria terror ao mundo. Nós só sabíamos que nossa família era rica e poderosa, e estávamos seguras do conhecimento de que Blacks estavam acima de perigos que atingiam bruxos e bruxas comuns. Nós éramos jovens e nos sentíamos invencíveis.
Nós éramos perto na idade, um ano de diferença, como passos – Bella, eu e Narcissa – e éramos chegadas, naquela época. Papai estava em Londres na maioria do tempo, e mamãe raramente nos via. Nós brincávamos com nossos primos frequentemente, algumas vezes com filhos de amigos dos nossos pais, mas na maioria das vezes estávamos uma com a outra. Era assim que gostávamos, não precisávamos de mais ninguém. Elas eram extensões de mim, nós juntas éramos três partes de uma completa e não diferente pessoa.
Bella era meu lado selvagem, o demônio no meu ombro. Atrevida, falante, tão insolente quanto nosso pai dizia que era, não havia nada que Bella não fizesse, e dizer à ela que não poderia fazer algo só a deixava mais determinada. O mundo era dela, ela trazia as pessoas para si pela força de sua personalidade. Embora eu não visse desse jeito antes, a mente dela era brilhante e poderia ser facilmente seduzida pelas trevas por aquela necessidade de ir mais longe, de achar a próxima aventura.
Eu era o balance da selvagem Bella, embora muito frequentemente ela conseguisse calar todos os meus bons instintos e boas intenções. Eu era com certeza uma "minhoca de livros", mas uma espécie de curiosidade natural me fez a menos provável de receber uma bronca de nossos tutores. Eu poderia discutir com Bella nos jardins, mas obviamente ela só iria rir aquela risada selvagem e jogar seus braços em volta de mim.
Narcissa era a favorita de nossos pais. Ela sabia disso, e não era arrogância admitir isso, desde que todas nós éramos um tipo de desapontamento, tendo nascido garotas, e eles não gostavam particularmente de crianças, em todo o caso. Entre nós, ela causava menos problemas. Ela não perguntava estranhas questões como eu, e não tinha nada da atrevidez de Bella. Ela era tão adorável que tirava o fôlego, mesmo em uma idade tão jovem, e poderíamos contar que ela seria uma educada e elegante companhia. Apenas Bella conhecia a verdadeira Narcissa.
Se eu pensar sobre isso, posso apontar o momento que começou, o momento que rachaduras entre nós começaram, tais rachaduras que iriam se transformar em um abismo. Para mim, foi na minha primeira aula de Aritmancia, quando um nascido-trouxa confiante e de olhos castanhos teve a audácia de responder à uma Black. Ele me jogou um olhar desdenhoso, dizendo alto o bastante para todos ouvirem:
- Bem, Black, parece que você é esperta apesar de toda a endogamia.
Para Narcissa, foi o momento em que um menino loiro com uma face extremamente confiante, sorriu para ela com um estranho flash de reconhecimento em seus olhos cinzentos. Lucius sempre soube que ela seria sua esposa e o que mais quer que esteja entre eles, há amor.
Para Bellatrix foi quando um homem bonito com uma indescritível expressão fria a olhou em seus olhos desafiantes e passou um longo, branco dedo por sua bochecha, com o leve murmúrio de "mas que adorável criança" que soou mais como uma ameaça do que como um elogio.
Era inevitável que enquanto crescessemos, nos afastáriamos. Eu percebi isso pela primeira vez quando Bella nos deixou para ir à Hogwarts.
Quando eu penso no ano antes de eu ir para Hogwarts, o primeiro ano sem Bella, ele parece surreal, embora eu não tenha realmente o vivido, mas existido no limbo. Nós nos afeiçoamos a nossos primos, desde que eles eram parceiros de brincadeira apropriados. Sirius tinha a minha idade e Regulus era um ano mais novo que Narcissa, mas muita da mágica que tinha sido parte dos nossos dias tinha desaparecido junto com Bella. Nós vagávamos em volta da mansão sem destino, frequentemente fugindo dos elfos domésticos e passando longas horas ao ar livre, andando pelos jardins e terrenos aonde tínhamos brincado um dia.
Nós escrevemos à ela quase todos os dias, às vezes juntas, mas na maioria separadas, individualmente, e ela escrevia de volta na mesma frequência. Sua cartas nos contaram pouco sobre o que ela fazia em Hogwarts, mas em vez disso eram uma visita à sua mente, cheia de confusos, não-terminados pensamentos e fortes opiniões, decoradas com pontos de exclamação e sublinhados. Os nomes de seus amigos eram familiares, porque também eram os nomes dos amigos de nossos pais – Nott, Malfoy, Lestrange, Rosier, Wilkes – mas eu não tinha idéia, quando eu lia esses nomes em suas cartas, de o quão junto do nosso futuro eles iriam estar. Eu idiotamente acreditava que ninguém iria intervir entre nós.
Narcissa e eu vivíamos para as férias.
O verão veio, e com ele Bella, fazendo nosso mundo complete novamente. Ela deve ter mudado, talvez tenha mesmo, mas não para nós. Apesar de ocasionalmente adotar uma postura superior e me tentar com dicas sobre o que eu poderia esperar no próximo ano de escola, era como se ela nunca tivesse ido embora.
Minhas irmãs e eu tínhamos nossos próprios quartos, mas eu não me lembro de uma única noite em que dormi sozinha, apesar dos grandes esforços dos elfos domésticos que tomavam conta de nós. Quando Bella foi para a escola, eu me encontrei esperando pelo som dos passos descalços e o leve farfalhar de sua camisola de dormir enquanto ela escalava minha cama, mesmo sabendo que ela estava a centenas de milhas de distância. Sem dizer uma palavra, eu sabia que Narcissa sentia o mesmo, e nos agarrávamos uma a outra. Eu tinha ficado acostumada com isso, não mais acordando à noite procurando por ela, mas na primeira noite de férias, eu poderia ter chorado de alegria quando ouvi o ranger das tábuas do assoalho do corredor, a porta de meu quarto aberta, e o sussurro tentativo de Bella.
- Andy? Cissy? Estão acordadas?
- Sim.
Bella correu e pulou em minha cama, pousando em cima de mim com um "oof" enquanto Narcissa se aconchegava e descansava sua cabeça no ombro de Bella.
- Estou tão feliz que você vai pra Hogwarts logo! – ela sussurrou, enquanto descrevia seu primeiro ano, sobre as garotas e garotos e as intrigas da Sala Comunal da Sonserina. As coisas que ela não disse na frente de mamãe e papai em seus interrogatórios sobre suas notas e averiguações de que ela estava se misturando apenas com as pessoas certas.
- Eu não sei o que vou fazer quando vocês duas forem embora – Narcissa disse. – Vou morrer, vou simplesmente morrer!
- Não seja boba, Cissy, acabará bem rápido, e então você estará lá também! – Bella a abraçou forte. – Tudo vai ser melhor quando nós estivermos juntas de novo.
Mamãe nunca consideraria chegar na King's Cross através da Londres trouxa, então usamos uma chave de portal diretamente para a plataforma.
- Oh, honestamente, Andromeda, tome cuidado! – mamãe disse impacientemente quanto eu cambaleei um pouco quando chegamos. – Você não será uma dama se continuar tão desastrada.
- Desculpe, mamãe – eu disse docilmente, não tão perturbada assim pela comum bronca. Eu estava tentando parecer entediada, copiando o desinteresse de Bella, mas na verdade eu me sentia muito nervosa. Eu estava animada para ir para um mundo maior, mas também subitamente um pouco assustada. Narcissa só parecia feliz de ter tido permissão para vir à estação conosco.
Meu pai não perderia tempo de trabalho para vir à estação, mas ele me chamou em seu escritório na manhã antes de partir. Eu estava intimidada por ele, desde que podia contar em uma mão o número de vezes em que ele havia se dirigido diretamente à mim e sozinho. Ele não mediu palavras.
- A casa dos Black tem uma longa e nobre história, e eu espero que você mantenha a tradição e se comporte de maneira adequada a alguém do seu status. Você entende? – ele me encarou, me desafiando a respondê-lo, e os retratos de ancestrais dos Black nas paredes à nossa volta pareciam fazer o mesmo.
- Sim, papai – eu disse docilmente, esperando que minha voz não tremesse.
- Os padrões de aceitação em Hogwarts caíram vergonhosamente – ele continuou. – Mas os padrões para ser selecionado para a Sonserina não. Sua irmã foi para a Sonserina, e eu não espero nada menos de você – esse foi enfatizado por uma particularmente venenosa encarada e eu sabia o que ele estava pensando. Bellatrix tinha explicado que algumas famílias mais fracas, os traidores de sangue e amantes de trouxas talvez entrassem na Grifinória, mas toda família sangue-puro com orgulho pertencia à Sonserina. – Seja cuidadosa com quem você se associa. Eu não quero você se misturando com sangue-ruins.
- Sim, papai.
- Boa menina. Você pode ir.
E esse foi o adeus de meu pai. Agora, mamãe caminhava pela plataforma, cortando entre as multidão com as três de nós em seu encalço. Minhas mãos estavam livres, os elfos domésticos carregavam minha bagagem e eu senti a mão de Narcissa escorregar para a minha e a apertar.
- Sra. Black! – uma voz rica, cheia de um calor falso falou atrás de nós, e mamãe parou e se virou para reconhecer o alto, justo homem que havia falado. Eu me lembrei dele, Abraxas Malfoy, já que ele vinha várias vezes à nossa casa para falar com papai. Eles eram considerados tão proeminentes quanto nossa família, e claro que eram relacionadoa à nós, distantemente.
- Minhas filhas Bellatrix, Narcissa e Andromeda, que começa seu primeiro ano hoje – mamãe explicou, me dando um ligeiro empurrão, me forçando a largar a mão de Narcissa. O olhar do Sr. Malfoy em mim era como o de todos os outros adultos em minha vida.
- Adorável – ele murmurou depois de um momento, sem dar a menor indicação de ter me visto. – Lucius começa seu quinto ano, um sonserino perfeito. – ele adicionou. Ele não soava exatamente orgulhoso, soava mais simplesmente satisfeito.
- Ah, Sra. Black, eu pensei ter me lembrado que você tem outra filha com idade para começar a escola – disse uma voz, e nós nos viramos para ver uma chocante adorável mulher que eu reconheci como Sra. Wilkes. Sua filha, que parecia do primeiro ano também, tinha infelizmente não herdado a aparência da mãe, ela era magra e sem-graça.
- Sim, Andromeda está começando o primeiro ano.
- Annabelle também. – depois de um cutucão de sua mãe, Annabelle murmurou olá, no entanto não ergueu seus olhos da plataforma.
Fumaça estava começando a sair do trem e pais estava apressando seus filho a embarcarem, e eu senti um súbito flash de terror. Era real, eu estava indo. Olhei para Narcissa e a vi piscar muito rápido, sabendo que nunca seria aceitável chorar em público. Eu queria agarrá-la, como se isso pudesse a segurar em minha vida, mas eu sabia que mamãe nunca permitiria tal demonstração de sentimento em público. Me senti congelada, e Bella agarrou minha mão, e eu agarrei Sirius pelo colarinho também, porque ele estava tão ocupado olhando em volta e prometendo à Reg muitas corujas com notícias, que o trem poderia partir sem ele.
- Temos que ir, Andy, vai ficar tudo bem, vamos – ela disse gentilmente, me puxando em direção ao trem. Uma vez que o trem começou a andar e mamãe não estava mais olhando, ela colocou o braço em volta de meus ombros e me abraçou forte. – Eu senti que iria morrer quando deixei vocês duas ano passado, e eu superei, e você e Cissy também vão superar. Ano que vem, ano que vem estaremos todas juntas de novo.
Eu olhei pela janela o máximo que consegui, observando Narcissa parada na plataforma. Tirando o fato de que eu sabia que iria estar com Bella agora, eu já sentia falta de minha irmã menor mais que tudo.
Eu fiquei com Bella no trem e ela não pareceu se importar que sua irmã mais nova a seguisse. Pelo contrário, ela me apresentou à todos os seus amigos. Havia rostos familiares, os filhos dos amigos de meus pais. Bella só tinha que dizer meu nome e eu era instantaneamente aceita, até admirada. Eu estava surpresa e um pouco fascinada para achar que tinha um certo mistério envolvendo eu e minhas irmãs. Nós tínhamos sido tão isoladas, tão presas pelo nome da família que curiosidade havia sido espalhada naqueles que nós nunca tínhamos conhecido.
Bella era uma líder natural, eu percebi, imediatamente aclamando um compartimento do trem para nós. Quando ela estava com Narcissa e eu, ela não se censurava, mas falava tudo o que vinha à cabeça, pensando alto e nos permitindo saber todos os seus pensamentos. Agora, entre outros, ela permanecia em silêncio e enigmática, olhando como se ela soubesse um segredo que ninguém poderia imaginar, tanto que quando ela falava, todo mundo percebia. Até estudantes muito mais velhos, o monitor Lucius Malfoy e Rodolphus Lestrange, do sexto ano, mais homens que garotos, a notavam, uma mera estudante do segundo ano. Sirius apareceu na metade da viagem e anunciou que os outros primeiranistas não pareciam divertidos, e então alguém imediatamente abriu lugar para ele se sentar. Estava rapidamente se tornando claro para mim que nos círculos certos de Hogwarts, ser uma Black significava algo.
Eu tinha visto figures de Hogwarts, e eu estava acostumada à grandes castelos e mansões antigas, mas assim que tive minha primeira vista de Hogwarts perdi o fôlego. Até Rabastan Lestrange, que havia falado sobre seu tédio durante toda a viagem de trem, que sabia tudo sobre Hogwarts pelo seu irmão mais velho, ofegou e encarou de boca aberta em fascínio.
Eu estava entre um dos primeiro a ser selecionados, e ouvi sussurros de outros estudantes quando ouviram meu nome.
- Black.
Olhei para a mesa da Sonserina e a última coisa que vi antes do chapéu cair sobre meus olhos foi Bella observando, mordendo seu lábio nervosamente.
- Outra Black, eh? – disse a pequena voz, ecoando dentro de minha cabeça. – Eu sei o que você espera, mas eu aprendi a não tomar conclusões precipitadas! Você tem uma mente boa, e respeitoso conhecimento pela viagem, não apenas o final. Você se daria bem na Corvinal.
Uma onda de pânico tomou conta de mim e eu pensei desesperadamente em Sonserina, tinha que ser Sonserina, eu tinha que estar com Bella.
- Sonserina, eh? Bem, você é ambiciosa do seu próprio jeito, mas há aqueles que você não trairia para o seu próprio fim. Porém, há sutileza, e orgulho, de certa forma. Bem, se você tem certeza de que é isso que quer, melhor ser... SONSERINA!
Eu dei um cuidadoso suspiro de alívio quando a última palavra ecoou pelo Salão Principal e a mesa da Sonserina comemorava. Eu tinha esperado nada menos, naturalmente, mas eu não queria imaginar a reação de minha família se eu tivesse sido escolhida para qualquer outra Casa. Na mesa da Sonserina, dois estudantes chegaram para o lado para me dar um lugar ao lado de Bellatrix. O monitor, seu distintivo dourado brilhando na luz de velas, se esticou para apertar minha mão.
- Outra Black? Irmã de Bella? – ele perguntou.
Eu assenti, tentando parecer indiferente, mas não pude impeder um pouco de orgulho.
- Excelente – ele murmurou, mais para si mesmo do que para mim. Ele me dirigiu um sorriso que eu eventualmente aprenderia que, em Lucius, passava por carinho. – Bem vinda à Hogwarts, Andromeda Black, e bem vinda à Sonserina.
Eu senti um sentimento bom de aceitação. Eu estava finalmente lá, em Hogwarts. Eu tinha sido escolhida na Casa a qual pertencia. Eu fui bem vinda e admirada por minha nobreza, e eu estava me saindo bem no meu jeito de fazer minha família orgulhosa.
Mais tarde naquela noite, enquanto deitava em minha cama e ouvia os roncos de Annabelle, eu ainda sentia aquele sentimento bom. Bella estava a apenas alguns passos de distância no dormitório das meninas do segundo ano, e eu me aconcheguei e dormi sorrindo, pensando que o dia seguinte, e toda minha carreira em Hogwarts, seria brilhante.
