Primeira fic sobre Kamisama Hajimemashita... Não achei que sairia isso. Espero que esteja aceitável.

Será que viajei demais?

Anyway... Se alguém ler, se manifeste.

Mas, deixando isso de lado... Boa leitura!

Sabor de Mar

– Então você realmente se tornou servo de Nanami.

Mizuki o fitou, os olhos claros demonstrando confusão. Não entendia o motivo de o corvo o mirar tão profundamente, fazendo com que engolisse a seco. Tinha feito algo errado?

– Sim – concordou sem titubear, não havia mesmo como negar que agora estava ligado à deusa da terra. – Por quê?

O garoto-cobra franziu suavemente as sobrancelhas, desconfiado, fazendo com que um ar pesado pairasse sobre ambos.

– E como foi? – Ignorou a indagação. – Aposto que foi à força.

O albino corou, estreitando as pálpebras. Não era bem esse o sentido – tinha feito com a melhor das intenções, só queria ajudar sua mestra! Mas, de algum modo, o ruivo estava certo.

– Cale-se! Ao menos tenho um lugar para voltar.

O anjo caído arqueou as sobrancelhas, sua expressão suave. Pelo visto, acertara em cheio. Calmamente, sem pensar muito, levou uma das mãos até o queixo do mais baixo, percorrendo as pontas das unhas pretas sobre a pele alva, os orbes fixos nos esverdeados.

– E quem disse que eu não tenho?

O ruivo desafiou, a voz não passando de um sussurro. Puxou a face do familiar de modo que os lábios cobrissem os dele. Os olhos claros se arregalaram, fazendo com que os escuros se afogassem naquele mar verde-água. Era um contato superficial, ao mesmo tempo intenso. Por mais que o corvo estreitasse os olhos, não quebrou o contato visual, cada qual com seus pensamentos. Um se encontrava confuso, não entendia o que o outro estava fazendo, muito menos o motivo que o levava a isso. Mas não era como se Kurama tivesse maiores pretensões – só queria sentir.

Quando Mizuki – finalmente – caiu em si, pisou com força no pé do artista, vermelho até as orelhas e uma expressão furiosa no rosto. Porém, nela havia ainda algo de infantil. Ensaiou mentalmente o que falar; simplesmente não conseguiu fazer as palavras saírem.

– Você é salgado, Mizuki.

Kurama foi o primeiro a se pronunciar, um meio sorriso surgindo nos lábios finos. Seu prêmio foi ver o menor se desarmando, sua postura demonstrando seu desconserto. Assim como o mar, uma hora prestes a atacar, agora a cobra se retraía, desviando os olhos para um canto qualquer, evitando encarar o maior.

O servo do templo da terra não disse nada. No final, não gritou ou demonstrou aceitar o que quer que o outro tivesse feito. Somente recuou alguns passos e invocou uma de suas cobras brancas, a qual utilizou para escorregar para fora daquela situação.

Não importava, para Kurama, de quem ele fosse servo. Deusa da terra ou o que quer que fosse. Parecia o mar, ora perto, ora longe demais para alcançar. Ia e vinha como bem entendesse. E, incrível: ele até mesmo possuía o gosto da água do mar, como podia sentir no rastro que ficara em seus lábios.

Mizuki era todo água. E assim sempre seria.