- Jivriu Zeilal Svet Raise? Aonde está você luz dos meus olhos?
- Eu estou aqui Sr. Vera Razrushayet Lozhnogo Mессия, ainda não acredito que eu pude finalmente encontrá-lo... Sem contar que o convívio na Terra está muito complicado. Olha quem chegou ao poder agora... Ele não é Jesus – considerou – está bem longe disso!
Ela tinha os cabelos castanhos compridos, dispostos em forma de cascata levemente devastados nas pontas. Seus olhos eram de um âmbar, um tom de castanho vivo. Tinha a aparência de uma menina, mas já era uma mulher. Era magra e pequena, porém cheia de curvas. Vestia um vestido de meia estação ajustado à cintura e folgado ao longo do corpo. O vestido ia até o joelho. Era em um tom marrom com flores pequenas e sutis na cor vermelho vinho. O decote mostrava de leve a curvatura do seio sem ser vulgar. Também usava uma meia calça na coloração café e um sapato de courinho com salto alto. O calçado possuía cadarços muito delicados, porém firmes e entrelaçados de maneira harmoniosa ao longo do contorno do pé em um tom verde musgo militar.
As sobrancelhas eram perfeitamente desenhadas em forma de arcos. Os lábios carnudos tingidos com um vermelho natural, apenas para contrastar com a pele branca e eriçada pelo frio que fazia naquele dia. Havia passado apenas uma pincelada de blush em suas bochechas, as quais, sem muito esforço, já adquiriam um tom rosáceo por conta própria.
Jivriu falava com uma figura negra linda, esbelta, detentora de um par de olhos amêndoas compreensivos. Era alto e possuía um porte atlético destacável. Apesar de seu corpo parecer ser constituído por toras de árvores talhadas e esculpidas pelas mãos de um hábil artista, sua imagem, nem por isso, era menos resistente. Vera era como uma daquelas casas rústicas e elegantes, chalés onipotentes e amplos encontrados em meio a florestas densas e fechadas. Era uma construção atípica.
Uma construção atípica de difícil acesso.
Além disso, vestia um terno elegante na cor cinza com uma camisa social branca por baixo. Os sapatos eram de couro lustrosos em uma escala de cinza escuro. Seus olhos perscrutavam além de batimentos cardíacos, nuances da alma.
As vozes do discurso se encontravam em meio a uma biblioteca imensa. O ambiente era tão amplo que dava para os sons reverberarem por entre as paredes.
Vera estava sentado confortavelmente em uma cadeira de couro escura espaçosa. Os dois cotovelos situavam-se acima da base central da mesa de madeira nobre de argelim vermelho ou faveira ferro, uma madeira difícil de ser trabalhada, mas que podia causar resultados impressionantes quando esculpida. Uma matéria prima encontrada especialmente nos trópicos do planeta. De cor castanho avermelhada, as nódoas da madeira se destacavam por entre matizes escuras de vermelho encontradas no cerne do sustentáculo. Uma mesa talhada aos moldes da cultura vitoriana do século XIX, possuindo um alto relevo de uma extrema delicadeza em suas laterais.
As paredes eram forradas com estantes em aberto repletas de livros perfeitamente enfileirados. O mogno brasileiro, matéria extrativista quase extinta da Amazônia, compunha as vigas entrelaçadas que sustentavam os livros, onde imperava o cheiro de manuscritos e de diferentes brochuras em courinho que ali podiam ser encontradas.
No centro da sala, havia um lustre majestoso em formato de candelabro com uma luz amarela incandescente.
Jivriu permanecia de pé.
- Eu sei. Adolf Hitler também se comparava a Deus e fez o que fez - disse a voz masculina.
Vera agora adquirira um semblante muito sério.
Jivriu sentiu o desconforto em sua nuca. Era como se mexesse em cada pelinho do seu corpo, cada orifício epitelial presente na parte inversa de suas clavículas. Era um arrepio, um eriçar de pelos.
Teve vontade de abraçar os braços com as mãos em sinal de auto proteção, mas não o fez. Iria parecer uma garotinha amedrontada. Preferiu jogar os cabelos para trás, em sinal de confiança, a fim de tentar se recompor.
Em algum momento passou pela sua cabeça que, quando chegasse em casa, deveria retirar o quanto antes a meia calça que vestia. O tecido de material sintético estava começando a pinicar suas pernas. E ela detestava aquela sensação.
- E agora Sr. Vera o que eu faço? - recobrou a consciência da situação e prosseguiu com o discurso. - Eu preciso interferir, eu não posso deixar coisas horríveis assim acontecerem novamente! – falava ainda sobressaltada, ao mesmo tempo em que gesticulava com as mãos.
Subitamente o clima da sala ficara pesado. Era como se toda a pressão que houvera em um recipiente quisesse comprimir o único ar que ainda havia para se respirar.
- Você... – Vera passou a mão pela testa. Os dedos alongados acompanhavam a simetria do corte de cabelo rente à cabeça. Seus fios eram tão negros e intensos quanto o petróleo em erupção encontrado na superfície da terra, vindo diretamente dos subterrâneos da terra. - É por isso que eu gosto de você. O mundo pode estar à beira de uma cataclisma, de um abismo, e você sempre arranjará uma solução, um jeito de nos salvarmos. Você sempre estará lá para nos salvar. Eu agradeço por isso.
Vera falou com sinceridade.
Sua voz ofegava um pouco a início para depois voltar ao seu normal. Era uma voz onipotente. Máscula. Quase que inalterável.
- Sim, mas eu preciso da sua ajuda – o som que saia de sua boca era suave e apressado -, quer dizer, eu preciso de muitos anjos para enfrentarmos isso... Vera, não me olhe assim – avaliou com seus olhos em tom de investigação. – De novo, vamos olhar para a situação sem podermos fazer nada? – Jivriu estava desesperada.
- Você esqueceu? – Vera chamou a atenção da garota à sua frente.
Jivriu apenas mordeu o lábio inferior. Com a pressão recente que fizera no tecido, um filete de sangue pode-se sentir em sua boca. O gosto metálico misturado ao ph da saliva invadiu à boca da garota a ponto de despertá-la para questões mais incisivas. Engoliu a seco. O que havia passado desapercebido pelo seu crivo?
- O quê? – deu voz aos seus pensamentos. Estava exasperada. Os olhos agora se encontravam altivos. Impassivos. Ela queria saber da verdade.
- Há Deus nessa história. E não, não é nenhum dos filhos desse figurão política que chegarão ao poder ou o sucederão. Eu estou falando dessa força maior que nos guia.
- Jivriu você é um instrumento da fé de nosso senhor. Muitas pessoas depositam esperança em você. Não as decepcione. Esqueça este déspota e a História assim o esquecerá também. Foque em você. Escreva uma história melhor para a humanidade.
- Concentre-se – Vera insistiu. Estava tentando ser persuasivo. - A luz é você – apontou para o candelabro central. - Eles vieram sempre depois. São a sombra. A escuridão completa. As trevas.
- Eu tenho uma missão para você – vendo que a garota permanecia quieta, continuou a falar – Jivriu, é uma missão muito importante – olhou bem para o fundo dos olhos da garota – será que você está pronta para encarar essa?
- Você mudou de assunto... Vai me enviar em outra missão só para desviar o foco dos acontecimentos atuais? – Ela não podia acreditar no que ouvia. Vera ia mesmo fazer isso com ela?
- Jivriu... – Vera falou em tom de cautela – se você conseguir completar com êxito essa missão, você vai poder mudar todo o cenário atual. Olha, dependendo do modo como você agir, você encontrará um mundo completamente diferente do que você vê pela frente. Pessoas podem deixar de existir.. Muita, mas muita coisa pode ser modificada – considerou – eu confio em você. Sei que vai poder salvar a todos nós! – disse a encorajando.
- O quer que eu faça? – Tinha vontade de chorar, pelo que pressentir da situação, vinha algo grande por aí. Se segurou. – Mas os olhos estavam úmidos.
- Volte no tempo – Vera falou medindo cada milímetro de reação da jovem à sua frente. Viu que ela estava emocionada.
Fechou os olhos, deu um longo suspiro e recomeçou:
- Volte no tempo e salve uma pessoa. Eu preciso que você faça isso Jivriu. Se você conseguir salvar a vida dessa pessoa, você vai evitar muitas coisas ruins e boas. Faça isso, Jivriu, faça isso por todos nós – Vera falou com convicção, tentava incentivá-la.
- Só tem uma coisa – ele disse sério – se você falhar, se você não conseguir completar essa missão, você não existirá mais nesse mundo. Você pode não voltar mais, entendeu? E, com isso, a humanidade que você conhece agora pode continuar do jeito como está ou pode mudar para sempre para um modo que não gostaríamos. Você está ciente de todos os riscos? – Vera a olhava, em determinado momento nem ele parecia acreditar em suas palavras, mesmo assim continuou em voz alta – Tenho certeza que está apta para essa missão, porque só você pode fazer isso.
- Jivriu, anjo que tudo vê, do passado e do futuro. Anjo da anunciação – Vera falava mastigando as palavras de maneira devagar, estava preocupado, mas não podia transparecer qualquer sentimento de incerteza. No entanto seus olhos o traiam. Eram olhos que passeavam nervosos de um lado a outro através do rosto da garota
– Volte ao passado e salve essa pessoa. – Vera agora se encontrava de pé próximo à Jivriu. Tirou da parte interna do terno uma fotografia. – Reconhece essa pessoa? – Falou esperançoso, pois já sabia da resposta.
- Não pode ser – olhou para a fotografia agora em suas mãos. A imagem no estilo Polaroid era colorida. – Como pretende me fazer voltar no tempo – pedia incerta. Em sua cabeça já havia meio que aceitado a proposta de Vera. Ela sempre gostou de ser heroína, não seria a primeira vez que representaria esse papel.
- Apenas feche os olhos para mim. E eu saberei onde te encontrar - sussurrou em seu ouvido - na tua corrente sanguínea – Disse Vera com a voz mais baixa do que o normal.
Vera era a entidade do sono na mitologia grega, mas também significava a substância ou o fármaco narcótico "morfina", substância obtida do ópio, com efeitos sedativos similares a de um analgésico, para aliviar dores severas.
- Eu só quero me despedir de uma pessoa e eu embarco nessa, ok? – Falou com as mãos na cabeça, simulando um desconforto na cabeça.
- Você vai ver quem eu penso? – Por algum motivo que nem Vera sabia explicar, ele quis saber.
Jivriu assentiu.
Vai – falou à contra gosto - faz o você tem que fazer, mas não se esqueça do que combinamos – disse Vera. Não estava mais tão próximo dela, tampouco a olhava diretamente nos olhos.
- Só se cuida – ele disse antes de vê-la partir. – Promete? – Sussurrou a última palavra, estava praticamente com a boca seca.
Permaneceu em silêncio.
Ao chegar em casa, seus olhos percorriam o ambiente ansiosos. O lugar estava vazio.
- Deu um longo suspiro. Pelo jeito não o encontraria tão cedo.
Já na sala, desfez os nós do cadarço do calçado com cuidado, tirou o salto. Estava sentada no sofá. Pegou o par de calçados e descalça, apenas com a meia calça fina delineando as suas pernas torneadas, foi caminhando pelos corredores que davam até os aposentos.
Chegou no quarto, fechou a porta. Encostou um pouco as costas na porta, descansou os olhos. Sentiu seus músculos da parte de trás grudados quase que se dissolvendo ao material de madeira que segurava seu corpo de modo vertical. Deu um longo suspiro. Ficou nessa posição por alguns segundos, sempre pensando na árdua tarefa que teria pela frente, para logo depois recomeçar os seus movimentos.
De frente à cama, começou a se despir.
Tirou delicadamente a meia calça com cuidado para não arranhá-la com as unhas compridas. Dobrou-a e guardou- a no roupeiro.
Assim que terminou a tarefa de tirar o fino tecido que cobria as suas pernas, mexeu nos cabelos. Com as mãos, imitando um pente, tentava de alguma forma modelar seus fios, dando a eles mais movimento e volume.
Jivriu sabia que o que estava prestes a fazer poderia mudar todo o destino da sua vida. Nada mais seria como antes. Se ao menos pudesse ainda vê-lo.
No momento seguinte, tirou o vestido, estava só de calcinha e sutiã. Era um conjunto de lingerie na cor vinho, todo rendado. Não precisava de muito bojo porque tinha seio, mesmo assim a parte de cima era toda estruturada, encorpada.
Seus seios eram como dois pêssegos grandes e rosados. A boca do bico mais morena, contrastava com o restante branco – o que dava uma aparência apetitosa ao corpo de Jivriu. Dois seios empinados com um pequeno vão entre eles, um caminho a ser trilhado.
Na sequência, sentiu vontade de tomar um banho. Direcionou-se ao banheiro e tirou finalmente o conjuntinho de lingerie.
Nua, ligou a água do chuveiro e deixou que as gotículas em forma de cachoeira a acariciassem. Ensaboou o corpo, massageando-o gradativamente. Passou shampoo. Condicionou bem os cabelos em seu comprimento até terminar o seu banho.
Com uma toalha na cabeça e outra enrolada ao corpo, foi para quarto.
Desprendeu os cabelos, tirando por completo a toalha que os envolvia. No instante seguinte, desembaraçou os fios com um pente até que pudesse passar as mãos sobre eles, sem que algo os prendesse.
Focou a sua atenção então em enxugar qualquer resquício de pingos de água pelo seu corpo. Ao passar a mão pelo corpo e verificar a firmeza da pele, sentiu que a mesma estava áspera e decidiu passar um creme no corpo.
Pegou sua essência favorita e começou a distribuir
De repente, ouviu um barulho na porta. Eram batidas espaçadas, calmas.
Seu coração disparou na hora. Era ele?
Não tinha nenhum robe de seda à mão, fato esse que a fez vestir uma camiseta que estava próximo à cama. Como Jivriu era pequena, a camiseta tinha o cumprimento um pouco abaixo do quadril.
Foi até a porta. Estava insegura, olhou pelo olho mágico.
Teve a confirmação de sua incerteza. Era ele.
Abriu a porta.
Os dois se olharam e riram. Era um código deles. Um sorriso de reconhecimento facial.
Fechou a porta para que ele entrasse.
Nem precisaram falar nada. Se abraçaram e ela apenas descansou a cabeça na curvatura do pescoço dele. Era tão gostoso ficarem juntos. O ósculo praticamente se comprimia quando estavam assim tão unidos um ao outro.
Ela adorava quando ele ficava apenas ninando ela, balançando-a de um lado e do outro em um abraço apertado, faminto pela união de dois corpos. Era como se fosse uma dança muito suave e singela que os dois realizavam nesse ambiente.
Com as mãos entrelaçadas ao redor da cabeça dele, ela uniu uma testa à outra, fecharam os olhos por um instante, respiraram.
A respiração dele ofegava muito, ao passo que ela se encontrava calma. O abraço dele era apertado, ansioso, quente.
Ela se sentia verdadeiramente acolhida em meio àqueles braços que pareciam querer protegê-la do mundo. Ela nem mais sentia frio, mesmo sem estar com a peça de baixo da camiseta.
De repente, os braços deles já não estavam na cintura feminina. Começou a acariciá-la. De leve. Beijava seu pescoço de modo a formar uma trilha molhada até chegar em sua coluna vertebral.
Estavam tão apertados naquela união de corpos que ela pode sentir o membro dele pulsar embaixo da fina camada de brim que cobria as pernas masculinas.
Aquilo atiçou seus sentidos. Ver que ele a desejava tanto, fez com que ela quisesse retribuir a afeição.
Inclinou a cabeça para beijá-lo na boca. Os pares de lábios se encontraram e um começou a massagear a língua do outro, de maneira devagar. Com calma.
Era um sentimento único beijá-lo. A reciprocidade das carícias era algo que incendiava o seu corpo feminino.
Ele segurava e prendia sua língua com os dentes, fazendo o sangue circular de uma maneira que enformigava a língua.
Logo depois voltava a beijá-la com fome, devorando-a em beijos lascivos.
As mãos eram gulosas, sedentas por rastrear aquele corpo em todos os pontos de sensibilidade existentes.
Ele a lambia, dava mordidas de leve no pescoço. A atiçava.
Até, finalmente retirar a camiseta de Jibrlille.
Em um momento desses, a respiração dela arfava.
Não deixou barato, queria tirar a roupa dele também. Foi direto para o seu ponto fraco.
Tentando despistá-lo de suas verdadeira intenções, deu um beijo provocativo nele, dando pequenas mordidinhas em seus lábios, para em seguida aprofundar o contato. Nesse exato momento, agarrou a fivela da calça e, rapidamente, se livrou do utensílio.
Ele rapidamente interrompeu o beijo para que se livrasse da camisa social. Em seguida deixou que ela tomasse conta da situação.
E foi o que ela fez.
Começou a desabotoar o único botão da calça para em seguida abrir o zíper. Ajudou-o a retirar as calças. Os sapatos.
Estava quase lá. Agora ele estava apenas de cueca e ela de calcinha e sutiã. Frente a frente. Sorriram, não tinham vergonha um do outro.
Ele a abraçou, e ela pode sentir melhor o quanto ele estava excitado. Pode sentir o roçar de pelos, como o corpo dele era quente. Que sensação gostosa poder se aquecer com aqueles braços torneados a envolvendo. Com os olhos, percorreu o copo dele de maneira a excitá-lo mais e mais. Mordia os lábios inferiores, simulando um convite para mais beijos.
Mas não era isso o que ela queria.
As mãos, logo denunciaram o que ela se predispunha a fazer.
Sem permissão, enfiou os dedos por entre a cueca dele e começou a acariciar seu órgão genital. O membro pulsava tanto. Ela fazia movimentos de ida e volta, pressionando-o para endurecê-lo completamente. Vendo o volume cada vez maior se sobressair no tecido de algodão da roupa íntima, retirou de uma vez a cueca.
Livre do tecido que o prendia, o pênis se encontrava completamente endurecido. Era de um comprimento satisfatório.
Jivriu lambeu os lábios sem desviar os olhos do seu objeto de desejo, a excitação era grande.
O movimento recente acabou tornando seus lábios inchados, em uma coloração vermelho escura – o que contrastava muito com a pele branca feminina. Mal podia esperar para que finalmente houvesse a união dos corpos.
Jivriu estava com os pelos do corpo completamente eriçados. Parecia que uma corrente elétrica havia passado pelo seu corpo. De repente, notou uma sensação de frio; sentira falta do atrito das duas massas corpóreas. Queria que ele a aquecesse como antes.
Nem precisou pedir ou dar voz aos seus pensamentos; ele tomou iniciativa e começou a tirar o sutiã dela de uma maneira delicada, mas sedenta. Queria sorver o quanto antes o líquido gozoso daquele corpo. O gesto era acompanhado de beijos lânguidos, salpicados de segundas intenções. Ele possuía um olhar penetrante. Além da parte física, queria desnudar Jivriu no seu interior.
Sem mais demora, retirou a alça do sutiã, para depois, agilmente, se livrar do encaixe dos ferrinhos que seguravam o suporte de seios. Com os seios livres, ele imediatamente segurou-os em suas mãos, como se fosse um cálice de vinho precioso.
E ele estava com tanta sede. Os murmúrios que soltava eram tão reveladores do quão desejoso estava no momento íntimo com sua amada.
Dessa maneira, começou um movimento de aperta e solta, nos seios, para excitá-la cada vez mais. Os púlpitos já se encontravam completamente em estado de turgência. Haviam adquirido uma coloração rosácea, quase vermelha, tamanho os movimentos de massagem que os dedo masculinos faziam nos mamilos femininos.
Os seios pareciam tão deliciosos para o seu par que ele queria mordê-los como uma maçã, um pêssego maduro e suculento.
Mas seu parceiro não parou por ali.
Retirou a calcinha de Jivriu, tinha urgência em amá-la.
Ela estava completamente desnuda na área íntima. Não preservava nem se quer uma tira de pelos pubianos. Para ela, aquilo se tornava um obstáculo para a higienização íntima, além de irritá-la no momento de consumação carnal, isto é, quando houvesse finalmente a fricção dos corpos.
Ela queria sentir no momento de união dos sexos, os pelos dele, não os dela. Queria se enroscar, desbravar aquela mata de pelos masculinos. Era gostoso sentir a pele lisinha e macia dela em contraste ou em contato com aquele emaranhado de fios presentes nas pernas dele. Alguns se encontravam no peitoral.
Jivriu gostava de se sentir como uma desbravadora.
Diante disso, com a extremidade dos dedos aquecidas com o movimento de sucção que exerceu entre a mandíbula e o maxilar para umidificar as digitais e, facilitar, com isso, o deslize do dedo indicador até a chegada ao órgão sexual da amada, ele abriu a calcinha de Jivriu.
Encostou de leve nos lábios externos da vagina, para em seguida enfiar um dedo dentro do orifício vaginal.
O órgão sexual da amada era como uma flor no esplendor das suas pétalas encharcadas pelo primeiro orvalho da manhã.
Ela estava excitada, já podia sentir um líquido minúsculo, quase que envergonhado por entre suas pernas.
Começou, então, a estimular a parceira com movimentos sequenciais de ir e vir no órgão sexual. Com calma, sem pressa alguma. Queria saborear qualquer vislumbre de reação de prazer despertada na parceira.
Jivriu estava cada vez mais acesa. Precisava morder os lábios da boca para não soltar gemidos em forma de sussurros, tamanha a excitação em que se encontrava no momento.
Finalmente, consentindo com os olhos, Jivriu permitiu que ele retirasse por completo a última peça do seu vestuário.
Completamente livres de qualquer tipo de vestimenta, em um movimento conjunto começaram a se beijar novamente.
Dessa vez, podiam sentir o calor dos corpos na sua totalidade, sem restrições.
Ele a abraçou, em um gesto protetor e ansioso. Nesse abraço, ela pode sentir o quanto ele ansiava por seu toque, por estar junto dela.
Sem mais demora, ele a beijou na testa e em um gesto firme fez com que o corpo de Jivriu se encaixasse em sua cintura. Agora, as pernas da garota faziam a circunferência exata na cintura masculina, e ela não mais se encontrava no chão porque ele sustentava o peso do corpo feminino no peso de suas próprias pernas.
Com isso, ele atravessou o corredor, depois da sala, e a levou até o quarto, sem nunca deixar de beijá-la ou manter o contato visual.
No quarto, deitou-a suavemente na cama. Com as mãos espalmadas, tateou-a, como se o recinto estivesse em plena escuridão e ela fosse a chave para ligar o interruptor.
Tocou-a com voracidade, com sofreguidão. Queria que ela sentisse as labaredas em que se encontravam seu corpo.
Ele se encontrava em cima de Jivriu, em um movimento que imitava um surfista colado a uma prancha. Ora brincava com os seus mamilos, ora mordiscava-os, prendia-os com os dentes, para depois, finalmente, chupá-los e soltá-los.
O hálito de seu amante era uma mistura de menta com hortelã. Ela adorava quando ele dava umas baforadas em sua nuca e arrepiava os seus pelos quase que instantaneamente. Imaginava-o como uma floresta de eucalyptus em que a terra ainda estava fresca por uma noite recente de chuva. Ela também queria atiçar ele e despertar sensações antes submergidas.
Toda vez que ele brincava com os seus mamilos, Jivriu precisava aplicar a contenção da língua com os dentes para que não gemesse em voz alta. Segurava com força o lençol por entre os dedos para tentar controlar seus ímpetos, seus sentimentos. Esse gesto era feito sempre em vão porque tinha vontade de urrar quando ele pressionava seu peito com força.
A atenção que ele dava aos seios, era algo instigante. Brincava, lambia-os para, em seguida, amassá-los com sua própria boca gulosa em morder aquele fruto tão atraente aos seus olhos.
Logo em seguida, começou a espalhar beijos, sempre olhando-a, provocando-a com o seu olhar devasso, por entre a barriga, até perpassar pelo umbigo, chegando finalmente ao baixo ventre.
Deu um longo suspiro. Uma respiração pausada, sôfrega. Ele a queria para si.
Jivriu estava ansiosa, o que ele faria agora?
Não precisou esperar muito para saber o que iria acontecer no momento posterior ao seu pensamento. Ele simplesmente lambeu o seu dedo indicador e deixou que uma quantia generosa de saliva despencasse por entre esse dedo para, logo em seguida, inseri-lo no órgão sexual da amada.
Entrou sem maiores alardes, o orifício era apertado, de difícil passagem, mas, mesmo assim, ele se acomodou no interior do ventre feminino.
Aquilo mexeu com Jivriu. Era como se um organismo estranho entrasse no seu interior. O movimento era similar a de um cisco invadindo o seu olho. Ela queria expulsá-lo, tirar aquele corpo estranho de dentro dela, mas ao mesmo tempo queria ver até aonde ele levaria aquela investida.
Colocou mais um dedo encharcado de saliva. Estava testando a sua resistência.
Ela apenas suportava o incômodo.
Jivriu estava de olhos fechados quando sentiu que ele retirou os dedos de seu ventre.
Ele foi pegar a camisinha que havia deixado em outro cômodo.
Com isso ela teve tempo de se recompor. Arrumou os cabelos, limpou o suor em sua testa e se preparou para o que veria no instante seguinte.
Quando ele voltou ao recinto, já havia colocado a proteção.
O pênis estava ereto e devidamente protegido pelo material de látex.
- Você me ama? – Ele perguntou com jeito, sua voz era rouca, séria, porém desejosa. A beijava nos olhos enquanto fazia a pergunta.
- Se você está aqui. Isso significa que... – Ela não queria responder.
- Sim, eu te amo. Mais do que minha própria vida. Agora responda, é recíproco? - A voz masculina aumentou consideravelmente na última palavra. Suas pupilas estavam muito dilatadas.
Jivriu apenas suspirou. Não respondeu nada. Apenas se inclinou para mais um beijo.
Ele a envolveu com os braços e aceitou o beijo.
Agora se aquele selamento de lábios era uma afirmação ou apenas uma forma de despistá-lo de sua pergunta, ele não sabia.
Novamente ele fez que ela recostasse a cabeça no travesseiro. Os dois, na horizontal, ele por cima dela.
Movimentou-se, de modo a se encaixar de maneira satisfatória em sua parceira.
Penetrou-a.
Ficaram um tempo assim: apenas com os olhos fechados, um sentindo a presença do outro.
Finalmente pode senti-lo dentro de si. Aquela era a maneira de "abraçá-lo" em sua totalidade. Ela queria dizer para ele que ela era um refúgio seguro para quando ele se sentisse desprotegido, cheio de incertezas.
Que ele adentrasse à sua caverna, que abraçasse o seu sexo e se refugiasse nela em tempos de caos, tempestade.
Ela queria estar lá para ele, mas não sabia se o amava.
Abriu os olhos.
Suportando a dor, tentou acalmar aos poucos a respiração. Tinha vontade de chorar, "será que o veria novamente?", era isso que estava em sua mente.
Porém não deixou que seus pensamentos ganhassem voz.
Com os olhos baixos pediu que ele desse início à movimentação.
Para facilitar a movimento, ele trocou a posição. Ficou de pé, por cima da cama, e pediu para que a parceira colocasse as pernas ao redor de sua cintura e as mantivesse firmes nessa posição.
A posição era similar à utilizada em uma consulta ginecológica. Com os braços, ele ajudou a segurar as pernas de Jivriu.
Ele inclinou o corpo para frente e novamente penetrou-a, desta vez se movimentando.
Ela o olhava fixamente, queria guardar aquele momento.
Ele começou então as idas e vindas dentro dela. Uma viagem para o seu âmago.
A início, ela apenas suportava aquele incômodo, um eufemismo utilizado para o "encontro" dos dois corpos, para as duas matérias feminina e masculina que queriam dividir um mesmo lugar no espaço.
Jivriu sentia que aquele atrito machucava o corpo dela. Era um desconforto grande para a garota.
Ao passo que ele se sentia apertado dentro do ventre feminino. Mesmo ela estando lubrificada o suficiente, por conta da umidade que saia do seu orifício vaginal, ainda assim ele se sentia estrangulado naquele meio cavernoso que era o corpo da mulher que possuía.
Isso dava ainda mais tesão e prazer para que ele continuasse com a transa.
Sentir seu pênis comprimido pelas paredes vaginais apertando-o daquela forma dava uma sensação indescritível para o seu parceiro.
Começou, então, a acelerar a movimentação.
Ela, por sua vez, sentia-se cada vez mais úmida.
Jivriu mordia a ponta da língua com força e segurava agora a cabeceira da cama para aguentar o impacto da fricção dos dois corpos.
Conforme a repetição dos movimentos, o ato por fim acabou tornando-se prazeroso para ela.
Começou a abrir os olhos, já não podia mais conter os gemidos. Mas tentava.
Queria falar tanta coisa para ele, mesmo assim manteve-se calada.
Até que, finalmente, chegou ao orgasmo.
Para aproveitar o momento de gozo em sua plenitude, ele rapidamente colocou-a na cama novamente e se deitou em cima dela, sem perder o encaixe perfeito que ambos os corpos possuíam naquele momento. Entrelaçou suas mãos com as delas e começou a investir com mais força o seu membro contra o ventre feminino.
Ele também chegou ao orgasmo. Ela pode sentir aquele líquido viscoso e quente tomar forma na camisinha que abrigava dentro do seu corpo.
Estava com os olhos fechados e as mãos agarradas nas do parceiro. Sentiu os espasmos incontrolados dele. Ambos os corpos pingavam de suor. Permitiu-se praticamente desfalecer-se junto com ele. Ele quase não tinha mais forças. Nem ela. Mas beijaram-se como se fosse o último beijo da vida deles.
Ela limpou o suor que pingava da testa dele. Ajeitou os cabelos dele, enquanto tentava retomar o fôlego. Ele, por sua vez, tentava limpar as gotículas de suor na barriga dela com beijos salpicados. Era o único gesto que conseguia fazer. Estava cansado. Deitou a cabeça em cima da barriga da Amanda. Beijou o seu umbigo e por ali ficou alguns minutos descansando.
Ambos ficaram exatamente nessa posição, até ele se mexer e sair do encaixe com a amante. Tirou a camisinha que estava presa no pênis e com um nó prendeu o líquido, o esperma, que estava no material de látex. Se livrou do conteúdo no banheiro que ficava do lado do quarto da amada.
Voltou para o quarto com mais uma camisinha. Estava já restabelecido. Pelo que se podia notar, havia lavado o rosto e jogado água nos cabelos. Ela decidiu passar uma água no rosto também. Foi para o banheiro para tentar se recompor.
Quando ela voltou, ele a puxou para abraçá-la novamente. Os dois, de pé na cama, começaram mais um beijo longo. Era um beijo sofrido. Um queria dizer tanta coisa para o outro através daquele gesto. Ele segurava de leve a face dela, como se fosse algo muito precioso e que ele não queria perder. Fazia o contorno do rosto com a ponta dos dedos, massageava as têmporas de sua amada. Ele queria dizer que esta tudo bem. Ele era tão protetor com ela.
Decidiram, então, revezar as posições. Ele ficou na posição horizontal, deitado, e ela subiu em cima dele, pronta para cavalgar. Jivriu tomou as rédeas da situação. Eles fizeram movimentos de "vai e volta" e ele ajudava ela a subir e descer para que a garota não precisasse se esforçar tanto com a tarefa herculana. Tiveram mais esse momento carnal até ele resolver fazer sexo oral nela.
Deitou-a na cama com delicadeza, pediu que ela relaxasse. Ela acalmou a respiração e quando viu ele estava beijando os lábios da região ventral.
Deliciou-se com o gesto, ela realmente gostava daquele contato, daquele beijo grego.
Ele estimulou-a com a língua imitando o seu membro peniano. Beijava-a, dava mordidas de leve. Sorveu cada líquido que ela expeliu no contato íntimo.
Como ele estava muito concentrado na tarefa, ele estava com os olhos fechados. O movimento que fazia com a boca era similar a de um mamífero sorvendo leite materno.
Jivriu estava extasiada. Era instigante poder contemplá-lo realizando tal ato de tamanha devoção. De afeição. De carinho.
Quando ele terminou, ela apenas o beijou novamente, sorriu e o puxou para si.
Dormiram juntos, ela com a cabeça deitada no peitoral masculino, escutando seus batimentos cardíacos como se fosse música, tendo os braços protetores dele em torno de si.
De repente, um estalo em sua cabeça. Ela não poderia ficar mais ali com ele.
Passou a mão suavemente em seus braços como se tocasse de leve a superfície de um rio. Sentiu os pelos dele eriçados. A pele era tão quente.
Em seguida, deteve o movimento e o olhou firme.
- Eu preciso que você vá embora – disse baixinho.
Ele ainda estava por cima dela e a encarava.
- Como assim? Eu estou aqui, te amando, e você simplesmente quer que eu vá embora?
Desgostoso, começou a beijá-la novamente.
Ele a segurava firme e a beijava vorazmente, alternando as carícias com afagos suaves.
Quando estava pronto para penetrá-la novamente, ela o afastou com brusquidão.
- Não, você não pode fazer sem preservativo. Eu não estou pronta ainda para isso.
O olhou com cautela.
- Você tem que ir embora, eu sei que é ruim eu te dizer isso, mas você não pode ficar aqui.
Ele não acreditava. Olhou-a bem nos olhos para no momento posterior se retirar de cima dela.
Ainda nu, de pé de frente a ela, a encarava na cama. Ele estava com os braços cruzados.
Ela também estava nua, sentada com os braços ao redor dos joelhos em sinal de proteção.
- O que é que você tem, eu não vou implorar para ficar, mas nós temos algo concreto, eu sou seu namorado, eu exijo explicações. Você não quer ser mãe agora? Tudo bem, pode ser mais lá na frente quando construirmos nossa família. Eu te entendo, só não compreendo porque quer que eu vá embora! – Disse exaltado.
- Você não entenderia. É difícil de explicar, isso está além da sua compreensão humana.
- Hãn? – Ele questionou com a cabeça, sem entender o que a amada dizia.
- A gente não vai mais se ver de agora em diante. – Ela disse sem encará-lo.
- Como, você está terminando comigo? – Ele falava incrédulo.
Jivriu começou a se vestir. Não o olhava nos olhos. Estava muito preocupada em se concentrar na sua tarefa, que era a de se vestir.
Estava muito séria.
- Pode-se dizer que sim. – Ela falava enquanto escolhia algumas peças de roupas no guarda-roupa.
- Viu como está frio lá fora?
Ele aguardava em silêncio para que ela prosseguisse com a fala.
- Isso significa que não podemos ficar juntos. – Ela dizia enquanto vestia uma calça escura e uma blusa de frio.
- O quê? Não me olhe assim, a vida é assim – ela falou o encarando nos olhos, finalmente.
- Você não me ama mais? – Sua voz masculina, outrora, calma, agora continha raiva e melancolia.
- Porque se duas pessoas se amam, por mais empecilhos que ocorram, elas se unem e procuram ficar juntas. – Ele tentava argumentar em vão contra uma mulher que já estava decidida.
- Não, eu não te amo. – Ela foi verdadeira. – Nem você me ama. Onde estava você quando eu mais precisei na vida? Quando eu fui espancada? Quando eu chorei noites a fio esperando por respostas do céu? Quando eu não conseguia entender o mundo e nunca conseguia me encaixar? Quando eu me senti completamente sozinha, não uma vez, mas várias, e ainda me sinto assim tão sozinha? Você já jogou alguma vez comigo? Já tentou ser meu parceiro? Você só pensa em você, e eu estou muito ocupada tentando curar feridas do passado. Nunca poderemos ficar juntos.
- Agora recolha suas roupas, se vista e vá embora de uma vez por todas! – Disse sem titubear. – Estou perdendo tempo aqui com você. – Falou em tom de resmungo.
- Eu tenho que me preparar, vem coisa grande por aí, não posso perder meu tempo com sentimentos que não tenho – olhou para ele – vá embora - pediu em um murmúrio.
- Você está me descartando como se eu fosse um nada? – Ele estava magoado. – Não é verdade, eu sempre penso em você, sempre coloco você em meus planos, procuro criar uma vida a dois com você. Você não está sozinha, tem a mim! – Fez uma pausa em seu discurso. – Você disse que não me ama, mas eu te amo, o meu amor pode bastar por nós dois nessa relação. Sei que você teve um passado difícil, mas juntos podemos aos poucos melhorar essa situação. Você pode aprender a me amar, confia em mim! – Disse esperançoso.
- Venha aqui – ela pediu com jeito, mas decisiva.
- O que é isso? – Disse assustado. Agora estava mais próximo dela, à sua frente, e verificava a existência de ferimentos e hematomas que outrora não existiam na pequena figura feminina à sua frente.
- Você não sabe muito coisa a respeito de mim. Eu coloquei "uma venda" em seus olhos vamos dizer assim...
Ele agora examinava os pulsos da amada.
Os pulsos tinham marcas profundas, pareciam chagas.
- O que é isso? – Disse assustado.
- A única coisa que você precisa saber é que já nos conhecemos desde outras épocas. Eu sei que você não vai entender isso, mas você é um carma ruim para mim. Eu já cheguei a te amar, sim, em outros tempos, mas sempre conseguiram nos separar, colocar-nos um contra o outro. De tempos em tempos, eu te procuro para saber como você está, mas já não carrego nenhum sentimento em meu coração porque sei que não vai dar em nada.
- O que eu vou fazer agora, é um favor para você. – Disse séria.
- Como assim, nos conhecemos desde outras vidas, o que você está querendo dizer com isso? Por que você não luta por mim? O que te impede de lutar por mim?
- Por que você é fraco – falou com sinceridade. – Não vale a pena. Só sabe fraquejar nos piores momentos possíveis. Eu não preciso de um indivíduo assim na minha vida.
- O que você está escondendo de mim – ele pediu em um misto de fúria e indignação.
- Muita coisa. Mas eu vou te ajudar. Olhe para mim.
Ele a olhou relutante. Estava colérico.
- Você não pode fazer isso comigo, agora que eu finalmente te achei. Foram anos para encontrar alguém que realmente mexesse comigo. Tudo isso que você fala não faz sentido.
- Você tem razão. Eu sou a mulher da sua vida. Você não vai encontrar outra igual a mim. O destino é muito claro quanto a isso. Porém há forças que nos separam. Você pode tentar fazer a sua vida com outra pessoa, mas nunca será como se fosse comigo, porque estamos predestinados a ficar juntos há muito tempo. Mas por algum motivo, você nunca conseguiu defender a nossa relação até o fim. De modo que, por muito tempo, eu tive que carregar nós dois, enquanto que você simplesmente não tinha forças para me defender ou me proteger. Só que em algum momento, eu resolvi desistir de você. Desistir de você nessa vida em todas as outras. Resolvi me priorizar. Não vale a pena ficar com uma pessoa que não vai estar lá para você quando você mais precisar.
- Não é justo! Você está sendo muito vaga, o que eu fiz para você me abandonar? – ele argumentava em meio a lágrimas.
- Você não faz o meu tipo, preciso de alguém mais forte para estar ao meu lado – ela analisava friamente a situação. – Venha cá, eu vou fazer uma coisinha para aliviar a sua dor. – Ela disse sem tirar os olhos dele.
Ele chorava.
- Suas lágrimas não me convencem. Acredite, você teve muitas oportunidades na vida de se tornar alguém melhor, mas não conseguiu. Embora não tenha essas lembranças nessa vida, eu me lembro bem.
Jivriu estava muito séria.
- Se você soubesse quem eu sou... – Ela reflexionava sobre a situação.
- Faria o quê? – Ele perguntava em um misto de raiva.
- Estaria ajoelhado perante a mim. – Ela respondeu simplesmente, de maneira misteriosa.
- Venha cá, é uma ordem! – Dizia com cautela.
Assim ele o fez, mesmo que contra a sua vontade.
- Não fique arredio, você vai se sentir melhor depois disso.
Estavam cara a cara.
Ela encostou em sua testa delicadamente.
- Com um simples toque eu faço você esquecer todas as lembranças que teve comigo. Está se sentindo melhor? – Ela disse com um sorriso.
Ele a olhava em sinal de estranhamento.
Desenhou um símbolo com as digitais em seu peitoral.
- É, mas tudo tem um preço. Não falo em valor monetário, mas certamente eu virei cobrar esse favor. – Ela disse circunspecta.
- Este símbolo que você carrega agora em seu tórax é um lembrete. Se você sair ou se desviar do seu caminho, terá um encontro marcado com o Senhor das Subterrâneo. Entende o que eu quero dizer? De agora em diante você está marcado. Isto significa que suas ações têm limites, e eu não hesitaria duas vezes em transformar você em moeda de troca para o Senhor do Inferno.
- Mesmo sendo um anjo da luz – ela sorriu – nós realizamos trocas. – Seu olhar se estreitava gradativamente em relação ao humano.
- Vá embora – ela disse ainda com um olhar penetrante – você não me serve para nada.
- Quem sou eu? – Ele perguntava horrorizado.
- Um ninguém! – Ela respondeu sem titubear. – E é exatamente desse tipo de pessoa que o inferno precisa. Sabia que as muralhas que separam o inferno dos Elíseos são feitas de cadáveres humanos? Você seria um bom tijolo. – Ela disse gargalhando sem vontade.
- Lá de vez em quando – ela prosseguiu com o relato – Lúcifer precisa de luz para enxergar os campos subterrâneos e aí ele me chama e eu faço a ponte. – Ela olhava para o homem, já sem identidade na sua frente. – Mas não se engane, Lúcifer caiu em desgraça, sua vivência é de tormento e de lamúrias... O inferno é um lugar tenebroso. Só há almas atormentadas lá. Ele me chama porque sabe que eu não vou me corromper, mas ele sempre tenta. Mas eu sou mais forte, a luz sempre vencerá Lúcifer.
- Ele era um anjo tão bonito... – Jivriu o olhava com um olhar sério e com vontade de rir. – Mas caiu em tentação, a árvore do conhecimento o corrompeu. Conhecimento é algo bem vindo, mas tem que abrir janelas de luz em sua mente, não escuridão. – Jivriu sorria.
- Muitos anjos caíram ou sucumbiram as suas falsas promessas, mas tem um que ele não conseguiu ainda derrotar – continuava o seu discurso de maneira misteriosa.
- Um anjo que já foi humano. Um anjo que foi o verdadeiro Messias. Por falar nisso – ela falou séria – já ouviu falar de um falso messias que anda incomodando a humanidade atualmente? É um verme, eu o coloquei lá, mas parece que ele se esqueceu disso. Sabe o que fazemos com vermes, para que a paz volte a ser restaurada na terra?– Ela sorria. – Nós os esmagamos.
O homem a sua frente não conseguia assimilar mais nada. Estava assustado, angustiado, não sabia quem era.
Jivriu pouco se importava com os tormentos do humano e continuava o seu monólogo. Parecia mais que estava contando a história para si mesma.
- Retornando ao assunto, esse anjo voltou à vida celestial na mais baixa hierarquia angelical. Foi promovido. Virou arcanjo, até que se tornou um Ser de Luz. São poucos os senhores da luz que existem atualmente, sabia?
- Você... – hesitou ao dizer as respectivas palavras. – Está diante de um ser de luz – ela falou. – Ajoelhe-se e quem sabe eu lhe mostrarei piedade– ela disse sem emitir nenhuma emoção.
O corpo do homem já não obedecia as suas ordens, só obedecia aos comandos de Jivriu.
- Ótimo, sua cabeça ficará linda na muralha do inferno, mas ainda não é hora. – Você é um ser desprezível, por acaso tem o conhecimento disso?
Ela sequer olhava para o homem ajoelhado de cabeça baixa à sua frente.
- Fez muitas maldades na terra e isso, nós, seres da luz, não poderemos perdoar. – Vejo que você é da indústria bélica. Gosta de se armar e armar a população? – Ela estava séria. – Você será punido também por isso. – Os seres do alto escalão celestial não terão piedade de você.
- Eu não transei com você - ela disse sem sentimento algum -eu apenas te curei de seus atos repugnantes. – Eu não faço isso sempre. Você será uma boa mercadoria de troca com o senhor dos infernos, caso decida trilhar um caminho ambíguo.
- Agora, saia da minha frente – Jivriu não brincava – eu tenho mais do que fazer.
- Quem sou eu? E você?
O homem a sua frente estava em uma crise de choro.
- Se vire em descobrir. – Ela não o olhava mais em seus olhos.
- Ah – continuo com a sua fala – e vista-se. Sua simples presença me causa repugnância. – Proferiu sem dó.
De repente, algo inesperado acontecera. Jivriu pode sentir o chamado de Vera.
"Jivriu, aonde está você, Ser de Luz?" – era uma mensagem em seu telefone que vibrava.
- Eu estou aqui. – Em instantes, fechou os olhos e apareceu no escritório de MVera, deixando um atormentando homem para trás.
- Se livrou dele rapidamente? – Perguntou Vera. Seu questionamento parecia mais uma afirmação em si do que propriamente uma indagação.
- Corretamente – retorquiu Jivriu.
- Por que não o matou? – Perguntou simplesmente Vera.
- Não é o momento ainda – Jivriu analisava a situação com frieza.
- Seria um presente e tanto para Lúcifer – replicou Vera – estamos em falta com ele. Você sabe que ele precisa dessa espécie de "material" para terminar a construção de sua cerca. A cerca mais podre da história. A que separa o Inferno dos Elíseos. É um lembrete, não? Para as almas atormentadas não descerem ainda mais em níveis de encarnações.
- Tantos anjos sucumbiram na presença de Lúcifer – lamentava Vera.
- Não é hora de pensar nisso Vera, nós não sucumbimos – consolava Jivriu. Estamos mais fortes agora – ela passava confiança para o amigo de longa data.
- Quem vê de fora, parece que você foi insensível com aquele homem, mas você foi até complacente. Um misógeno, asqueroso, estuprador de mulheres em outras vidas, assassino em tantas outras... Não sei como você pode tocar naquela escória.
- Ele não fez isso nessa vida. – Explicou Jivriu.
- Sim, mas carrega o DNA de outras vivências – replicou Vera com nojo do humano.
- É um desgraçado – pontuou Jivriu. Viverá pior daqui para frente. – Disse sem piedade.
- Assim espero – concordou Vera.
- Grande Vera – pronunciou Jivriu em sinal de respeito – você foi um grande lutador contra a população moura, invasora da península ibérica. Em outras vidas, escravo vendido na Ásia e na África. Foi açoitado, humilhado, dilacerado. Mas nunca perdeu sua honra. Em contrapartida, em suas ascensões acabou com figuras violentas, homens estupradores e coronéis, capitães de mato. Você é um ícone, entre nós anjos, e merece respeito – disse sinceramente Jivriu.
- Devo me curvar? – perguntou Vera em sinal de respeito ao Ser da Luz que estava em sua frente.
- Você não precisa – disse Jivriu. Ela sempre o respeitou e o chamou de senhor, mesmo estando em hierarquias diferentes.
- Pronta para a sua jornada? – Ele perguntou de maneira precavida.
- Sim, mas antes é necessário conversar com alguém. – Avisou Jivriu.
- Com quem? – indagou Vera.
- Preciso falar com Dohnko de Libra. Ele foi preso injustamente, sinto que preciso enviar algumas palavras para ele.
Jivriu concentrou-se na tarefa que iria desempenhar a seguir.
- Você pode me deixar sozinha por um segundo?
Vera assim o fez.
Jivriu sentou em uma das inúmeras poltronas que tinha no ambiente, concentrou-se um pouco em silêncio para depois dispor seus pensamentos em linhas.
"Libra, tem muitas coisas do passado que eu não lembro, mas sei que o que eu pensava de você estava errado. Eu nunca quis te derrubar, mas tiveram pessoas mau intencionadas e perversas que se apropriaram de algumas palavras minhas para facilitar esse acontecimento. Você foi uma grande vítima nessa história toda e eu sei porque quiseram te prejudicar tanto, porque era a mim que você defendia. Homens maus, companheiros seus, em algum momento, se juntaram em sua jornada, mas eu sei que você não foi corrompido. Os que estavam contra você queriam derrubar a mim, e você se manteve no cargo o máximo que podia. Agora eu sei a verdade, vou te tirar dessa. Aguente, amigo".
Em mais uma carta, Jivriu convergiu seus esforços para conseguir concretizar com eficácia as frases que compunham as suas idéias.
"Agradeço pela proteção de sempre. Espero que ainda possamos encontrar juntos o nosso lugar ao sol. Porque essas terras frias também precisam da luminosidade desse astro, assim como nossos corações".
Assim que terminou a sua escrita, Jivriu se manifestou.
- Vera, pode vir – não precisou falar em voz muito alta. Sabia que ele estava do outro lado da porta a aguardando.
- Terminou? – Ele perguntou surpreso com a rapidez que Jivriu havia deliberado as suas ações.
- Sim, você poderia me fazer o favor de entregar essas duas cartas aos respectivos remetentes que estão endereçados logo acima do que eu escrevi?
- Donhko de Libra e este Senhor da Luz? – Vera perguntou de maneira incerta.
- É um amigo de longa data. Por favor, faça com que essa mensagem chegue até ele. Sempre está comigo nos melhores e, principalmente, nos piores momentos.
- Só de imaginar aonde terei que ir, tenho um frio na espinha – disse Vera.
Jivriu sorriu.
- Separe o agasalho de frio meu amigo para mais esta jornada - Jivriu quase não conseguiu esconder sua empolgação.
A Guerra Fria teve seu término em 1991 através do ato formal da desintegração União Soviética. A Federação Russa além de tornar-se soberana, assim como as outras repúblicas soviéticas, desempenhou papel como membro principal na Comunidade dos Estados Independentes, ajudando diretamente no crescimento da Eurásia após a era soviética. Diante de tal contexto, pode-se dizer que a Rússia, comparada ao Brasil, tem duas vezes a extensão da nação tupiniquim, ao mesmo tempo em que possui 11 fusos horários e mais de 150 minorias étnicas.
Além disso, a Federação Russa é considerada o conjunto de terras de maior extensão mundial, isto é, são mais de 10 mil quilômetros entre São Petersburgo, situado no oeste, e Petropavlovsk, que fica no extremo leste da Rússia. Pode-se dizer também que o imenso território russo passa por dois continentes – o europeu e o asiático. O fragmento europeu da extensão russa é circundado pelos montes Urais, no qual se situa quatro quinto da população e as principais cidades. No que diz respeito à parte asiática, o território russo possui a Sibéria, a qual possui as principais reservas mineiras que caracterizam o país como um dos líderes na produção de petróleo, gás natural e carvão no planeta.
Ainda sobre os montes Urais, eles separam a fértil planície Norte Européia da planície situada na Sibéria Ocidental, isto é, a maior área plana do planeta, interceptada por grandes rios que convergem para o mar de Kara.
Os montes Urais, por exemplo, separam a fértil planície Norte – Européia da planície da Sibéria Ocidental, a maior área plana do planeta, cruzada por grandes rios que correm para o mar de Kara. O relevo se eleva em direção ao planalto da Sibéria do centro e se torna mais montanhoso à sudeste. A tundra, localizada no extremo norte, dá lugar a uma imensa floresta de coníferas intituladas como 'taiga'. Na zona sul, a floresta deixa de ser homogênea e se transforma em mista até chegar ao patamar de estepe. Em relação à fluvialidade, pode-se dizer que o Ienissei é um dos rios mais longos no mundo.
Próximo do círculo polar Ártico, no norte da Rússia européia, há uma região de lagos, florestas e tundra. Esta região tem em suas raízes a história vinculada à Europa através de São Petersburgo, a qual, antigamente, foi a capital do império Czar. Nesta área vive aproximadamente um terço dos habitantes russos. Na época da União Soviética, a administração de Moscou tornou marginalizada o norte de uma maneira política, o que cooperou para a desigualdade industrial, infraestrutura deficitária e graves danos ao meio ambiente. Ainda assim, a divisa russa com a Finlândia e a Noruega, além da aproximação ao encosto do mar Báltico, com a saída para a rota setentrional do Atlântico, asseguram importância ao comércio exterior da região na atual economia russa.
O sul da Rússia, o qual possui poderosa influência no Oriente e no Ocidente desde o século XIII, por sua vez, possui a sua cisão em relação à Ásia através do deserto, dos mares e das montanhas. Conclui-se, portanto, que mais de 70 anos de socialismo colaboraram na produção de uma sociedade altamente urbana e industrializada. Na capital da Rússia, por exemplo, vivem dois terços dos habitantes da nação com renda alta.
Com a ajuda propícia de um atlas mundial e de uma enciclopédia do Grupo Abril contidas na imensa biblioteca/escritório de Vera em que se situavam, Jivriu fez uma breve explanação sobre os dados do país que Vera deveria visitar, retomando o assunto logo em seguida.
- Vera, você irá conversar com o Senhor da Luz responsável pela proteção do território russo. Ele é um grande amigo meu. Diga a ele que vamos conversar no lugar de sempre. Na antiga cidade – hesitou um pouco antes de comunicar a decisão – de Chernobil.
- Um dos lugares que eu mais tenho paz na terra – a garota continuava com a sua narrativa e fez questão de enfatizar as últimas palavras – uma cidade parada, congelada no tempo.
Ao dizer essas palavras, Jivriu estava muito séria.
- Caramba, senti o nível de radiação daqui, se me permite o comentário – Vera estava tentando ser cuidadoso com suas palavras.
- Não precisa temer nada, tomaremos as medidas necessárias de sempre para não sermos contaminados.
Vera assentiu com a cabeça.
O incidente catastrófico da usina nuclear de Chernobil ocorreu entre 25 e 26 de abril de 1986, no reator nuclear de número 4. Esse incidente nuclear ocorreu nas proximidades da cidade de Pripyat no norte da Ucrânia Soviética perto da divisa com a Bielorrússia Soviética, a qual compunha a antiga União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS). O acontecimento teve sua ocorrência por um teste de segurança de madrugada, simulando a falta de energia da estação. A consequência desse ato foi uma série de falhas inerentes no projeto de reator, assim como do conjunto operacional dos reatores que organizaram o núcleo de uma maneira contraditória à lista de verificação do simulacro. O resultado para esse evento foi uma circunstância de reações sem controle. A água superaquecida foi transformada imediatamente em vapor, ocasionando uma explosão de vapor com poder de destruição e um incêndio logo em seguida. O fogo das chamas jogou grafite ao ar livre, produzindo correntes que duraram cerca de uma semana. Quando o fogo foi controlado, já era tarde demais a radiação já havia se impregnado na atmosfera. A evacuação da cidade ocorreu bem depois do que deveria ser recomendado. A longo e a curto prazo, muitos moradores da cidade não sobreviveram a esse acontecimento.
Vera interrompeu por um momento as explicações de Jivriu.
- Esse tipo de história verídica, sempre me causa tristeza – disse Vera.
- A mim também, mas faz parte da nossa história como humanidade. Na época não deu para fazer muita coisa... – Comentou Jivriu de maneira circunspecta.
- Você estava lá? Eu não me lembro, nessa época fui convocado em uma missão para combater o Apartheid na África – Vera comentou de maneira sincera. – Naquele momento histórico Nelson Mandela estava preso. Por isso que quando me lembro de Libra não consigo deixar de pensar nesse líder pacifista africano. Não podemos deixar que ele fique na prisão.
- Concordo – Jivriu se apressou em responder. – Respondendo à pergunta anterior, sim, eu participei desse acontecimento, fui enviada junto a equipe de apoio para a evacuação da cidade. Infelizmente, como disse anteriormente, essa medida foi tomada tarde demais.
Vera emitiu um barulho em sinal de compreensão.
- Mas não se preocupe, Vera, só vamos até o reator de número 3. Como vimos anteriormente, o reator de número 4 só dá problemas.
- Em uma situação dessas, mesmo com tantos que se passaram, é sempre necessário tomar todas as medidas preventivas – alertou Vera.
- Mas não se preocupe – a garota falou em tom de deboche – isso não é nada comparada a nossa "Cancún" brasileira.
- Só um verdadeiro idiota inútil querer transformar um local com usina nuclear em praia turística. Logo caiu – Vera foi enfático com as últimas palavras.
- Isso se não cair sozinho – Jivriu fez questão de lembrar a Vera o quanto o líder político criticado era ignorante em suas ações e declarações públicas.
- É apenas um peão nessa teia, nesse jogo – concluiu Vera. - O povo logo vai tirar ele de lá. Este "Antônio Conselheiro" não vai vingar.
Jivriu concordou.
- Antes de falarmos sobre a sua missão, você quer que eu leve este humano que você rejeitou aos juízes do inferno?
- Aos juízes corrompidos e comprados do inferno? – fez questão de enfatizar as últimas palavras, Jivriu.
- Aqueles lá, é só balançar um saco de dinheiro, o qual eles gostam de chamar de administração de "fundos" monotários e sinalizar com manchetes na mídia, que eles fazem qualquer coisa para aparecer – diz Vera. – Certamente que, para os humanos, eles não assumem a identidade de "criados" do inferno, e sim personificam identidades humanas.
- Esses juízes do inferno também irão cair – sentenciou Jivriu.
Vera assentiu.
- Deixe que eu vou cuidar deste humano – Jivriu comentou de maneira pausada.
Em uma das últimas visitas que Jivriu fez à Rússia, ela havia ganhado uma linda bonequinha russa, toda florida, com as vestes típicas da nação, a chamada "russian doll" ou "matryoshka".
- O que temos aqui? – dizia Jivriu ao abrir o tradicional brinquedo russo.
Uma bonequinha saia de dentro da outra em versão cada vez menor do que a anterior. Na última, a única boneca que não era oca, podia-se encontrar uma 'aparente' amostra de perfume. Mas não era. Na verdade o conteúdo do frasco era veneno.
- Um dos venenos mais raros encontrados na Rússia – disse em voz alta Jivriu, com o intuito de que Vera acompanhasse adequadamente a sua linha de raciocínio.
- O mesmo utilizado em Yushchenko (ex-presidente da Ucrânia)? – Questionou Vera.
- Sim, a dioxina de Seveso, mas em uma dose mais letal – analisou Jivriu friamente a situação. – Tenho certeza que o ataque não veio da Rússia nessa situação.
Vera não falou nada.
- Essas suas conexões com a Rússia... – Vera disse em sinal de preocupação. – Fale a verdade para mim, vocês vão falar sobre tecnologia nuclear, não vão?
- Uma questão legítima de defesa – pontuou Jivriu. – A Rússia é uma das maiores superpotências do mundo, se não a maior, e merece ser tratada com respeito.
- Os EUA é mais desenvolvido tecnologicamente. – Rebateu Vera.
- É mesmo? – Jivriu sorriu - E quem tem mais ogivas nucleares ou armas táticas estrategicamente implantadas em mísseis intercontinentais e em bases de bombardeios pesados? Fale Vera – Jivriu instigou com um sorriso.
Vera estava com medo. Quase cintilava.
- Se você não falar eu falo, ogivas nucleares são armas de destruição, aniquilamento total em massa. – Disse Jivriu.
- Mas o número não é oficial na Rússia, depende muito da fonte pesquisada, varia muito, alguns sites, na sua maioria americanos, taxam os EUA na frente – Vera finalmente expôs os seus pensamentos.
- Os EUA foram a primeira potência a testar o uso de armamentos nuclear, mas a Rússia tem muitas ogivas não oficiais. Na época da União Soviética ela chegou a produzir mais de 55000 ogivas. Ela pode não investir tanto em exércitos ou em navios e subterrâneos, porque sabe que se chega a lançar uma bomba em algum país, acaba com tudo e com todos na mesma hora. Isso é bem mais eficaz do que investir em uma tropa de exército.
- E o Brasil no meio disso tudo? – pediu Vera desanimado.
- Em uma competição 'velada" dessas, o Brasil está nu! – Respondeu Jivriu com sinceridade. – Mas nós devemos nos orgulhar da nossa condição, porque mesmo sem equiparação nuclear, podemos mostrar uma alternativa diferente para as outras nações. Uma alternativa em que se opte por não guerrear, podemos mostrar que o entendimento é possível através do conhecimento, da alfabetização nas classes iniciais e de ensino superior. É necessário mostrar que através do ensino podemos "falar" a mesma língua da paz. Por isso que não se deve armar a população e sim ensiná-la, enriquecê-la em termos de cultura. Francamente, do que serve um revólver em meio à ameaça de uma bomba, de uma arma química ou de uma arma biológica que devora a pessoa fisiologicamente de dentro para fora em termos de instantes? Só um idiota proporia que fosse feito um projeto de estudo e prática nuclear no Brasil, sabendo que nem temos uma infraestrutura que possa adequar um regime nuclear de tal porte. Não, nossa missão é atuar como vitrine aos olhos do mundo, propagando sempre a cultura da paz com os nossos vizinhos.
- Em meio a ameaças de cortes e de 'contingenciamentos' – comentou rapidamente Vera.
- Esse idiota inútil sairá rapidamente do poder, não se preocupe com isso. Não se pode tirar o ensino de um povo e obrigá-lo a trabalhar mais do que é necessário somente para beneficiar uma classe mais alta, as reformas dele não passarão – garantiu Jivriu.
- E o garoto esquartejado? – Vera pediu com um brilho nos olhos.
- Ah, sim, o sujeito com o codinome "capetinha broxa/666", que já é um senhor de idade, diga-se de passagem, não só teve o pênis extirpado como foi, preso, torturado e abusado sexualmente por mais de trezentos homens. Ele era líder de uma extensa rede de pedofilia e de tráfico de armas. Infelizmente – Jivriu sorriu – ele aprendeu da pior maneira que o saber, às vezes, vem acompanhado da dor. Não seria diferente com uma poeirinha que nem essa.
- Ele tinha um olho defeituoso, não é mesmo? – Vera lembrou.
- Sim, fiz questão de assar e dar para o meu cachorro comer em um espeto. Os outros restos mortais foram queimados e enviados ao verdadeiro senhor do inferno– Jivriu respondeu simplesmente.
- Parece que além de ser abusado sexualmente, ele foi apunhalado várias vezes com uma adaga. – Vera puxou essa informação de sua mente.
- Coitadinho, né? – Jivriu falou com ironia.
- Se não é para ele que irá o veneno, quem ganhará esse presente? – Questionou Vera.
- Você tem uma memória impressionante, mas por enquanto é apenas uma questão de precaução, não há ninguém em específico – disse Jivriu de uma maneira divertida.
- Você entende, somos anjos, líderes em nossas hierarquias e estamos apenas nos livrando de alguns desajustados da sociedade. Psicopatas, pedófilos, líderes extremistas, seguidores de Hitler e por aí vai. Não podemos ter consideração por esse tipo de pessoa – Jivriu terminou sua explicação.
- Compreendo – declarou Vera.
- Por falar nisso, em que espaço do tempo exatamente faz parte essa jornada em que você me escalou? Para que país eu terei que viajar? Qual é o evento histórico que eu vou ter que interferir? Questionou Jivriu com ansiedade.
- Posso parecer aqueles comentaristas chatos da net, querendo spoiler dos acontecimentos, mas eu preciso ter o conhecimento de para aonde eu vou – disse Jivriu mal escondendo a sua curiosidade.
- Concordo – manifestou-se Vera – você tem todo o direito de saber para aonde vai, mas a questão principal não é para aonde você irá fazer uma viagem, e sim quem você irá salvar. – Vera rebateu o argumento de Jivriu de uma maneira cada vez mais enigmática.
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