Considerações Iniciais:

Olá pessoas...

Espero que gostem de verdade dessa fanfic.

Vou apenas dar alguns avisos para que facilitem a leitura.

Todo o texto é contado pela visão de Milo, pela visão de Kamus e pelo narrador.

A visão de Milo está em itálico e negrito.

A visão de Kamus está apenas em itálico.

O narrador está "normal" por assim dizer.

Eu resolvi fazer dessa forma para vocês poderem entender mais o que se passa dentro desses dois... A forma como cada um pensa e a sua visão diante da situação.

Eu acho que essa fanfic é belíssima e o narrador não iria conseguir captar a visão de cada um em particular e então por isso eu separei.

Eu iria fazer uma fanfic com dois tempos e consequentemente 2 capítulos. Mas eu achei que o primeiro tempo ficou muito longo para um capítulo, por isso eu dividi e estou tentando a sorte. Se gostarem, lanço o resto da primeira parte, caso contrário, ela fica no meu PC.

Boa leitura.


"Naquele dia ele acordou diferente. Estava meio apavorado e muito preocupado. Eu não o estava reconhecendo, mas estava amando aquela atenção que antes era dedicado apenas ao trabalho."

O celular programado para tocar pontualmente às sete da manhã estava apitando. Ainda de olhos fechados correu a mão por cima da mesa de cabeceira e apertou a função soneca.

Só teria mais cinco minutos na cama. Suspirou.

Mal acabara de ter esse pensamento e finalmente entrar no sono de novo que o celular apitou. Droga! Teria que levantar.

Com muito custo tirou a coberta de cima de seu corpo e logo sentiu frio. Chovera a noite toda, deixando o ar mais gelado que o de costume no inverno parisiense.

Correu logo para o banheiro. Precisava de um banho para aquecer seu corpo e lhe acordar de uma vez. Deixou a porta do banheiro aberta e a luz de cima do espelho de parede ligada. Uma luz ambiente, apenas para si. Não queria que o seu ruivo acordasse tão cedo.

Olhou para a direção da cama. Ele ainda continuava dormindo.

Kamus estava realmente muito cansado para não acordar com o barulho do despertador, mas também não era de se esperar. Ficou até tarde da noite ensaiando o projeto que apresentaria numa reunião com todos os sócios da empresa na qual trabalhava. Ele, Milo, dormiu esperando o ruivo na cama.

O ambiente estava todo embaçado por causa do banho quente que tomara. Saiu do banho e enrolou a toalha na cintura indo à frente do espelho. Passou a mão pelo espelho embaçado, penteou o cabelo e escovou os dentes. Colocou um roupão felpudo e foi para a cozinha preparar o café.

Pela janela de cima da pia da cozinha olhou para o horizonte. O céu estava claro e um sol tímido aparecia por entre as nuvens azuis bebês. Sorriu. Apesar da chuva horrorosa de ontem à noite o céu se mostrava propício. Aquilo era um sinal. Kamus iria conseguir que seu projeto fosse aprovado.

Com uma bandeja de café da manhã, foi até o quarto em que dividiam e abriu a janela de metal, deixando a de vidro fechada. A claridade do dia preencheu o quarto simples e belamente decorado. Deixou a bandeja no recamier e foi acordar o ruivo.

Estava dormindo quando senti uma pressão anormal no meu tórax. O sussurrar gentil em meu ouvido. Abri os olhos de repente, mas a claridade do quarto me cegou e fui obrigado a fechar meus olhos novamente. Ouvi uma risada gostosa e ri também.

'Deus, que horas são?' Foi meu pensamento assim que me dei conta de que Milo já estava acordado e que o quarto já estava claro. Levantei-me com tanta pressa que derrubei Milo de cima de mim e me senti levemente tonto.

"Ei ruivinho, calma. Ainda está cedo. Não precisa de toda essa pressa." Milo tentou me acalmar, puxando-me de volta para o colchão.

"Que horas são Milo?" Perguntei com certa impaciência, afinal pontualidade não era uma característica marcante daquele loiro.

"Ainda são sete e meia da manhã. E pelos meus cálculos, você deve sair de casa às nove. Portanto ainda tem bastante tempo." Ele sorriu de forma sedutora.

Mas ainda era muito cedo para ele estar de pé. Normalmente ele acorda quase em cima da hora.

"O que deu em você?" Perguntei indo para o banheiro fazer a minha higiene matinal.

"O que deu em mim? Como assim 'o que deu em mim?'" Ele perguntou confuso.

"Ainda é muito cedo para você estar de pé!"

"Ah... De vez em quando é bom acordar cedo, não?" Justificou ele, sorrindo maroto.

Olhar para o Kamus dormindo tão relaxado me deu vontade de deixa-lo dormir mais um pouco, mas ele me mataria se eu o deixasse lá, nos braços de Morfeu.

Cheguei perto dele e passei a mão pelo rosto alvo. A pele dele é tão macia.

Deuses como eu o amo!

Abracei-o do jeito que dava e acho que eu o apertei demais, porque ele resmungou.

"Desculpa..." Sussurrei em seu ouvido.

Vê-lo abrir os olhos de repente e depois fechá-los me fez sorrir. Mesmo quase acordado é apressado. E isso o fez sorrir também e aquele sorriso iluminou o meu dia.

Como ele consegue ser tão perfeito mesmo dormindo, com aqueles cabelos ruivos espalhados pela cama de modo desordeiro? E isso me fez apertá-lo um pouco mais.

De repente ele se levantou depressa me jogando contra o colchão. Notei que ele procurava o relógio e se levantava rapidamente para vestir as roupas que estavam separadas para a reunião. Segurei-o pelos ombros e lhe disse que estava cedo ainda.

Acho que ele ficou um pouco confuso porque me perguntou as horas e depois de informado perguntou o que eu estava fazendo acordado àquela hora. Como se eu não pudesse acordar cedo quando eu quisesse. Mas não queria brigar com ele logo pela manhã. Ele teria uma manhã cheia.

"Acordar cedo não é o seu ponto forte, meu querido." Kamus o olhou com desconfiança.

"Quando eu quero meu amor, eu consigo. Creia em mim."

"E o que te motivou a acordar tão cedo?"

"E precisa mesmo dizer Kâ? Eu sei que você não dormiu direito por causa dessa reunião e do seu projeto." respondeu se sentando na cama, enquanto Kamus saia do banheiro. "Provavelmente iria para a reunião só com banho tomado e sem café da manhã. E minha mãe sempre diz que saco vazio não para em pé."

"Não iria para a reunião sem comer nada. Comeria uma maçã ou uma fruta qualquer."

"A primeira refeição do dia é a mais importante e deve ser também a mais reforçada. Agora se sente na cama e coma." ordenou, apontando com as mãos para onde está a comida.

O ruivo o olhou com surpresa.

Sinceramente, eu fiquei surpreso quando ele me mostrou a bandeja que estava em cima do recamier. Tinha panquecas e suco de laranja. Frutas cortadas em pedacinhos e até café com leite, torrada com geleia de morango e um pedaço de queijo branco com goiabada por cima. Tudo o que eu mais gostava de comer no café da manhã, num único café da manhã.

"Você acordou cedo só para fazer esse café da manhã para mim?" Perguntei um pouco assustado. Ainda estava surpreso.

"Claro Kamus. Como eu já lhe disse, a primeira refeição tem que ser reforçada." Respondeu sentando do meu lado.

Peguei a talher, que estava num cantinho da bandeja. Pensei. Não tinha tempo para comer tudo aquilo. Depois, eu ainda tinha que tomar banho e ensaiar em frente ao espelho o que eu teria que dizer.

Não esperava essa reação de Kamus. Será que ele não tinha gostado? Mas eu coloquei tudo o que ele gosta de comer, até as frutas...

Ele estava encarando a comida por um longo tempo. Pegou a talher, mas não tocou em nada. Olhei para ele, tentando decifrar alguma coisa, mas não consegui. Kamus estava pensando demais.

"Que foi? Por que não come logo?" Perguntou meio receoso.

"Milo, é realmente muita coisa. E eu não como tanto assim pela manhã."

"E quem disse que você vai comer tudo sozinho, Kâ? Ou você pensou em não dividir esse magnífico café comigo?" Perguntou um pouco mais aliviado.

Milo pegou um talher da bandeja e começou a comer as panquecas. Achava o ruivo um pouco engraçado. Como um francês não gosta de comer brioches e croissants no café da manhã? Parecia mais um café da manhã brasileiro.

"Hm... Kamye." O escorpiano se levantou rápido da cama indo para trás do biombo "Eu comprei um presente para você."

"Um presente?"

"Sim. Um presente."

"Por quê? Não é uma data especial."

"Ora Kamus, não precisa ser uma data especial para dar presentes." Saiu do biombo e ficou de frente para o ruivo apenas com uma jaqueta de couro. "O que achou, hein?"

"Milo é realmente fantástica. Mas como?"

"Mercado de Pulgas de Clignancourt." Respondeu Milo feliz. "E..."

"E..." Continuou Kamus.

"E vem um brinde!"

"Brinde?"

"Sim, um brinde!" Começou a tirar sensualmente a jaqueta de couro e mostrar seu belo corpo.

Eu sempre admirei o corpo de Milo e sempre tive muita inveja também. Como que ele consegue ter esse abdômen definido se come muito? E as pernas bem torneadas e com poucos pelos. A pele bronzeada combinava perfeitamente com os cabelos loiros e os olhos verdes davam um toque especial. Como dizem... Um deus grego!

Vê-lo daquele jeito me deixou louco. Eu precisava tocá-lo. Eu precisava ver se aquela imagem era real e então eu me levantei da cama. Milo percebeu a minha ação e andou felinamente até a cama, me jogando de volta nela, sorrindo maliciosamente.

Sentir o peso dele sobre o meu e sentir o calor que emanava do seu corpo me fez soltar um gemido baixo. Minha boca foi capturada pelos lábios carnudos dele e sua língua impaciente vasculhava todos os cantos da minha boca.

Eu o puxei mais para mim, para poder sentir mais daquele corpo, para poder saborear mais o gosto daqueles lábios. Queria-o para mim e como eu queria.

Milo me olhou e eu retribui o olhar pedindo que ele não parasse. A boca dele percorria todo o meu corpo e eu estremecia a cada mordida mais forte que ele dava em mim.

O loiro tirou a camisa de Kamus e começou a brincar com os mamilos do ruivo deixando-os intumescidos. Kamus arranhou as costas do escorpiano, o que motivou ainda mais o loiro que agora brincava com os mamilos do outro ora mordendo ora chupando.

Kamus continuou descendo a mão até parar nas nádegas perfeitas de Milo e lhe dar um apertão e puxa-lo mais contra si, fazendo os sexos se roçarem. Os dois gemeram e as respirações ficaram mais arfantes.

O escorpiano parou o que estava fazendo e olhou para Kamus que passou os braços pela nuca de Milo e o puxou mais para si, beijando sofregamente, enlaçando suas pernas na cintura do loiro, invertendo as posições.

"Quero... Kâ... Quero te sentir... Dentro de mim..." Disse entre os gemidos e beijos.

Kamus respondeu a este pedido mordendo o ombro do loiro, enquanto as mãos massageavam o membro do outro. Milo estava tirando a bermuda do seu ruivo, desnudando-o, enquanto acariciava as nádegas do mesmo fazendo movimentos circulares.

O aquariano se afastou de Milo para tirar a bermuda que tinha parado do meio de suas pernas, atrapalhando-o.

O celular de Kamus começou a tocar e a vibrar em cima da mesinha de cabeceira, fazendo um barulho estranho, pedindo por atenção. Os dois olharam para o lugar onde o celular estava tocando e o ruivo foi até o celular desligando-o.

"Quem era?" Perguntou Milo puxando o namorado.

"O trabalho."

"Quem?" Perguntou meio confuso.

"O trabalho, Milo. Eu preciso trabalhar." Disse se esquivando do outro.

"Kamus, você ainda tem tempo."

"Não, eu não tenho Milo. Eu preciso tomar banho e ensaiar." Estava indo para o banheiro quando foi interrompido no meio do caminho.

"Kamus... Nós íamos..." estava sem palavras "Você está dizendo, Kamus, que você vai deixar o seu namorado pelado e excitado na cama só porque você tem uma porra de reunião e precisa se preparar?"

"Não estou dizendo nada disso. Quem está dizendo é você. Apenas estou fazendo o que eu tinha programado ontem. E agora me solte que eu estou atrasado." Disse sério.

"Kamus. Kamus, tenha bom senso! Ninguém abandona uma quase transa por causa do trabalho. Que se dane o seu ensaio. Você já não ensaiou o suficiente ontem a noite?" Estava quase gritando com o namorado. Que tipo de homem faz aquilo?

"Você que não tem bom senso! Você sabe que eu estou ensaiando para essa reunião há um bom tempo e o quanto eu esperei por essa oportunidade. E eu não vou perdê-la por uma transa que podemos ter a qualquer momento e em qualquer dia." Disse entrando no chuveiro.

Eu estava chateado com ele, mas eu sabia que ele tinha razão. Não era justo eu estragar a oportunidade que ele tanto lutou para conseguir. Fui até a cozinha arrumar a bagunça que eu tinha feito.

Quando terminei de arrumar a cozinha, liguei o computador e fui olhar meus e-mails. Tinha uma mensagem do meu irmão perguntando se eu iria ao noivado dele e se eu iria levar Kamus comigo. Afinal minha família queria conhece-lo.

Suspirei. Falar com Kamus sobre isso é o mesmo que falar com as paredes. Ele já havia dado a sua resposta e não queria mais saber desse assunto. Mas era preciso insistir um pouco mais, quem sabe ele não acaba cedendo. E mesmo que eu recebesse um não, iria para Grécia sabendo que eu usei todos os meus recursos e argumentos.

O som do chuveiro parou. Fui até o quarto e o vi com as costas meio molhadas e os cabelos úmidos. Passei a língua pelos lábios e cheguei próximo a ele. Adoro as sardas quase invisíveis que ele tem nas costas. Abracei Kamus por trás e beijei a nuca dele pedindo desculpas pela discussão logo de manhã. Eu não queria ter brigado com ele, sabia da pressão que ele estava passando por causa da reunião, mas me deixar no meio do nada pelado e excitado na cama me deixou frustrado.

Afastei-me e deixei ele se trocar observando atentamente e carinhosamente cada movimento dele. Parecia um nobre, com movimentos delicados e ao mesmo tempo firmes e decididos. A postura altiva, o olhar decidido. Kamus não parecia um nobre, ele é um nobre. Deitei na cama, vendo-o dar um nó na gravata e procurar o casaco para completar o vestuário.

"Kamye..." Chamei-o e suspirei. Como começar a conversa?

"Hm..." Respondeu ele em seguida, ainda se ajeitando na frente do espelho.

"Andei pensando e... Sabe Kâ, meu irmão, ele esta convidando você para ir à festa de noivado dele. Não só ele, mas toda a minha família o esta chamando para ir à festa de noivado. Então eu pensei que depois que você conseguisse que seu projeto fosse aprovado nós poderíamos tirar umas pequenas férias de duas semanas e irmos para a Grécia. Você merece um descanso e é uma boa oportunidade de conhecer a minha família... E..." Já estava de pé ao lado dele gesticulando muito e tentando mudá-lo de ideia, mas ele me interrompeu.

"Não!" Olhei para ele confuso e ele continuou a falar, arrumando o cabelo. "Não vou à festa de noivado do seu irmão."

"Mas Kâ, ele adiou a data da festa porque eu disse que você não poderia ir mais cedo por causa da sua reunião. Ele quer você lá e toda a minha família também quer. A festa não vai durar mais que um dia e depois podemos curtir a Grécia. Você pode descansar um pouco antes de começar a trabalhar no seu projeto... Vai ser legal!" Eu estava desesperado tentando fazê-lo entender que ir para a Grécia seria legal, mas não estava dando certo.

"Não Milo. Já disse que eu não vou. E o seu irmão não precisava ter mudado a data da festa por minha causa. Teremos outras oportunidades de nos conhecermos." Ele disse categoricamente, indo para frente de um espelho.

"Mas Kamus, eu pensei que..." Ele me olhou com uma expressão de quem não estava gostando da discussão e eu fiquei quieto.

"Não pense por mim, Milo! Deixa que eu penso sozinho, tudo bem? E agora vá se trocar se quiser sair junto comigo." Ele disse decidindo o final da discussão.

Ele não iria e não queria mais conversa. Então fiz o que ele me pediu, fui até o closet e escolhi uma roupa para ir trabalhar. Vesti-me e quando estava arrumando o meu cabelo eu me queimei com o aparelho de alisar o cabelo que eu uso de vez em quando para ajeitar a minha franja. Soltei um grito e comecei a xingar.

Kamus veio em minha direção, preocupado e franziu a testa.

"Não faz essa cara! Está doendo!" Levantei-me indo para o banheiro e ele saiu.

"Droga, como eu posso ser tão desastrado?" Estava me queixando, deixando a água corrente aliviar a queimadura. E de repente Kamus chega e puxa a minha mão cuidadosamente e coloca gelo.

"Melhorou?" Ele perguntou os olhos azuis demonstrando sua preocupação e eu apenas acenei com a cabeça e sorri.

'Ele está preocupado comigo. Ele ainda gosta de mim!' Pensei feliz.

"Não sei por que você usa isso? E ande logo que estamos atrasados!" Ordenou e saiu para colocar um cachecol.

Encontrei-o me esperando na porta, com a maleta de couro na mão e olhando no relógio de pulso. Como estávamos diferentes. Ele de terno e gravata enquanto eu estava de jeans e tênis, com os cabelos desajeitados. Ele me olhou com um ar de reprovação e depois abriu a porta para que fossemos trabalhar.

Estava irritado de esperar Milo se trocar. Como podia demorar tanto apenas para colocar um jeans surrado e pegar qualquer casaco no armário? E o cabelo desajeitado? Por que estava tão desajeitado? Ele havia se queimado tentando arrumar o cabelo para deixa-lo todo desalinhado? Também estava irritado por ele insistir tanto em ver a família dele. Será que ele não entendia que depois que eu conseguisse que meu projeto fosse aprovado eu teria que dedicar todo o meu tempo para o mesmo. Como ele queria que eu descansasse? Ter conseguido a reunião foi um dos passos da realização do projeto, conseguir que ele seja aprovado é outra etapa e logo que eu conseguir isso, ele quer que eu descanse e tire umas férias de duas semanas na Grécia.

Eu realmente não queria ter que me desligar justo agora! Então o único jeito foi recusar o convite do meu cunhado. Ou então eu estava arranjando desculpas para mim mesmo de que se eu conhecesse a família de Milo, teria que me recordar da minha e eu não estava preparado psicologicamente para relembrar um passado doloroso. Mas esse último estava completamente fora de cogitação.

Ele já havia me perguntando sobre a minha família e eu consegui guiar o caminho para outro assunto. Acho que ele percebeu, porque depois disso nunca mais tocou no assunto.

Eu tenho apenas uma foto de família e nela eu era uma criança, acho que com uns 4 anos de idade e meu pai estava me abraçando e sorrindo. Estava nevando e atrás da gente tinha um pequeno boneco de neve que eu acho que meu pai tinha construído.

Mas não queria ser tão grosso com Milo. Ele não tinha culpa e também não sabia da minha história. E aquele loiro desgraçadamente bonito me deu uma jaqueta que eu estava querendo comprar faz muito tempo, ele merecia um presente.

Kamus segurou o braço de Milo e ele o olhou curioso.

"Que foi Kâ?" Perguntou sorrindo.

"Tenho uma surpresa para você." Respondeu um tanto pensativo.

"Ah é... E qual é a surpresa?"

"Não vou falar, porque desse jeito não seria surpresa."

"Eu gosto de surpresas!"

"Ótimo. A gente se encontra então no Le Bristol às 20 horas."

"Às 20 horas? Kamus, você está brincando, né?" Perguntou sério.

"Brincando? Não. Não que eu saiba."

"Kamus, hoje às 20 horas as crianças que estão se formando vão se apresentar! Você se esqueceu?" Perguntou magoado.

"Não, eu não me esqueci. É..."

"Hoje às 20 horas!" Completou chateado e olhou para baixo.

"Milo..." Estava sem palavras "Milo, desculpe-me... Não acredito que eu esqueci isso..." Kamus parecia sincero. Milo sacudiu a cabeça em negativa e olhou para ele sorrindo triste.

"Boa sorte na sua reunião. Não que você precise você já tem todos na sua mão e se recusarem encante-os assim como você fez comigo. Eles não terão como negar!" Beijou Kamus.

"Desculpe-me!"

Kamus se separou de Milo e estava atravessando a rua quando Milo xingou em sua língua natal algum motociclista que ao invés de jogar o copo de café na lata de lixo o acertou sujando a blusa branca. O ruivo se voltou para trás para ajudar o grego.

"Você está bem?" Perguntou preocupado olhando para a rua para ver quem atirara o objeto no namorado e sem que percebesse acabou olhando o relógio também.

Milo sentiu vontade de quebrar o relógio e olhou para Kamus tentando se limpar.

"Estou bem. Sabe Kamye, pode ir para sua reunião, senão você chega atrasado. Deixa que eu me cuido. Encontro você na apresentação!" Disse se despedindo de Kamus com um aceno de mão.

"Apresentação? Que apresentação?" O ruivo o olhou confuso e Milo olhou para ele bravo. "Eu estava brincando. Vejo você às 20 horas!" Deu meia volta e retomou o caminhou que fora interrompido.

Como Kamus pôde esquecer uma coisa importante como aquelas? Eu o estava avisando havia meses. Não pude esconder a minha mágoa. Não queria ter que sempre lembrar a ele os meus compromissos importantes só para ele, também, fazer parte das memórias.

Suspirei e voltei para casa para poder trocar de roupa.

Liguei o rádio numa estação qualquer. Fazia tanto tempo que eu não escutava músicas. Nos últimos tempos escutar música era um pecado para Kamus que estava trabalhando em cima do projeto e não queria que nada o atrapalhasse. Dormi até na casa de um amigo por uns tempos para não atrapalha-lo.

Estava indo para o quarto quando uma bela melodia preencheu o ar. Dei meia volta e fui à direção do rádio e aumentei o volume prestando atenção na letra de música que agora, junto com a melodia formava um som harmonioso e bonito. Sentei em frente ao aparelho de som para poder escutar melhor.

It might be hard to be lovers

Pode ser difícil sermos amantes

But it's harder to be friends

Mas é mais difícil sermos amigos

Baby, pull down the covers

Amor retire suas proteções

It's time you let me in

Está na hora de me deixar entrar

Maybe light a couple candles

Talvez acender algumas velas

I'll just go ahead and lock the door

Eu apenas irei trancar a porta

If you'll just talk to me baby

Se você ao menos conversasse comigo

Till we ain't strangers anymore

Até que não sejamos mais estranhos

Lay your head on my pillow

Coloque a cabeça em meu travesseiro

I'll sit beside you on the bed

Eu sentarei ao seu lado na cama

Don't you think it's time to say

Você não acha que está na hora

Some things we haven't said

De dizermos algumas coisas que não foram ditas?

It ain't too late to get back to that place

Nunca á tarde para voltar àquele lugar

Why don't you look at me

Porque você não olha para mim

Till we ain't strangers anymore?

Até que não sejamos mais estranhos?

Sometimes it's hard to love me

Ás vezes é difícil de me amar

Sometimes it's hard to love you too

Ás vezes é difícil de te amar também

I know it's hard to believing

Eu sei que é dificil de acreditar

That love can pull us through

Que o amor pode nos segurar

It would be so easy to live your life

Seria tão mais fácil viver sem problemas

With one foot out the door

Com um pé atrás

Just hold me baby

Então me abrace amor

Till we ain't strangers anymore

Até que não sejamos mais estranhos

Eu me identificava com a letra que era como se estivesse contando minha história e de Kamus.

Ás vezes penso que o amor que ele sente por mim não é o mesmo que eu sinto por ele e isso é doloroso demais. Saber que eu daria tudo por ele e talvez ele não fizesse nada por mim.

Ás vezes sinto que nós realmente somos estranhos.

It's hard to find forgiveness

É difícil encontrar o perdão

When we just out the lights

Quando apagamos as luzes

It's hard to say you're sorry

É difícil dizer o quanto se está arrependido

When we can't tell wrong from right

Quando não diferenciamos o certo do errado

It would be so easy to spend your whole damn life

Seria tão mais fácil passar a vida inteira

Just keeping score

Apenas acertando

So let's get down to it baby

Então vamos resolver isso

There ain't no need to lie

Não há razão para mentirmos

Tell me who you think to see

Me diga quem você vê

When you look into my eyes

Quando você olha em meus olhos

Let's put our two hearts back together

Vamos unir os nossos corações novamente

And we'll leave the broken pieces on the floor

E deixaremos os pedaços quebrados no chão

Make love with me baby

Faça amor comigo, amor

Till we ain't strangers anymore

Até que não sejamos mais estranhos

We're not stranger anymore.

Nós não somos mais estranhos.

Quem será que você vê quando me olha nos olhos Kamus?

Qual é o Milo que você está querendo ver?

.3.

Kamus chegou ao escritório e encontrou seu assistente no meio do corredor. Deu bom dia a todos chamando a atenção do assistente que veio logo atrás dele.

"Bom dia, Kamus."

"Bom dia, Shura." Cumprimentou atomaticamente se dirigindo para a sua sala sendo acompanhado pelo moreno. "Shura, eu preciso de um favor seu. Preciso que ligue para o Le Bristol e mude a reserva para às 22 horas e compre um presente para Milo. Ele está..."

"Formando outra turma de sucesso." Completou o moreno.

"Como você sabe?" Perguntou um pouco assustado, deixando a pasta em cima da mesa.

"Não sei. Talvez porque ele tenha vindo aqui esses dias e tenha comentado que formou outra turma de sucesso e lhe falou para não marcar nada hoje às..."

"Tudo bem Shura, eu já entendi." Disse tirando o casaco e pendurando no encosto da cadeira. Limpou a garganta. "Sobre o presente, eu andei pensando... Que tal um suéter? Suéter preto!"

"Ele já tem um suéter preto. Ele o estava vestindo quando veio aqui te falar da formatura. Disse que gostava muito do suéter."

"Sério? E onde que eu estava?"

"Perto dele."

Kamus o olhou confuso e depois baixou a cabeça lendo o script que dos assuntos que abordaria na reunião.

"Kamus, o que aconteceu com o seu relógio?" O assistente perguntou tentando quebrar o clima desconfortável que estava na sala.

"Eu..." Olhou o relógio "Ele quebrou no meio do caminho."

"Mas esta marcando 12 horas e ainda são dez e meia."

"Os ponteiros devem ter se movido." Ele bateu no vidrinho do relógio.

"Pelos menos vai estar certo duas vezes ao dia." Sorriu e foi embora.

.3.

Milo estava em sua casa pensando na canção que ouvira mais cedo. Era no momento tão certo com a sua vida. Suspirou e desligou o rádio e com muita preguiça foi até o banheiro tomar uma ducha e depois ir para a escola para treinar uma última vez os formandos, para depois ir ao ateliê do amigo.

Chegou ao quarto e quando estava pegando uma roupa no armário, viu em cima do recamier a pasta de couro de Kamus cujo qual estava todos os projetos dele.

'Droga!' Pensou enquanto tentava achar o celular e tirar a roupa.

"Atende, atende, atende, atende... Por favor, atende!" Suplicava indo de um lado para o outro do quarto e quando ouviu a voz arrastada do amigo no outro lado da linha deu graças a Deus. "Dite!" Gritou ao telefone.

"Milo..."

"Dite, meu amigo, eu preciso de um super favor seu."

"Qual é o seu super favor?"

"Kamus esqueceu a pasta dele aqui em casa e eu preciso leva-la até ele. E eu preciso que você me leve até lá!"

"Já estou saindo de casa! Só vou terminar..."

"Não Dite, você não entendeu! Eu preciso de você aqui pra ontem porque preciso levar a pasta pro Kamye!" Gritou desesperado.

"Ok Milo, eu já entendi. Já estou saindo da minha casa. Dentro de 5 minutos estou..."

"Dite é pra ontem. Não tem como vir mais rápido, não?" Interrompeu o amigo.

"Milo, o que você quer? Que eu atropele todo mundo e passe no sinal vermelho? Quer que eu perca a minha carteira e seja preso?"

Afrodite estava nervoso do outro lado da linha. Milo suspirou.

"Venha o mais rápido que puder. Beijos!"

Desligou o telefone e se vestiu rapidamente, limpando-se do café do jeito que pôde. Juntou as partituras e ficou esperando, do lado de fora da casa, o amigo e tentando ligar para Kamus, mas o celular do ruivo estava desligado.

O pisciano chegou e Milo estava provavelmente falando com a secretária eletrônica de Kamus. Dite buzinou e o loiro o olhou indo em sua direção apressado com as partituras e o case do violino nas costas se equilibrando para não deixar cair as duas coisas, falando no telefone e tentando abrir a porta do carro.

Afrodite suspirou e resolveu ajudar o amigo abrindo a porta do carro e depois que o amigo se ajeitou dentro do carro, foi até o banco de motorista, onde Milo que já tinha desligado o celular o olhou pedindo que ele fosse o mais rápido quanto podia e que não perguntasse nada por enquanto porque no momento estaria rezando para que desse tudo certo.

Não demorou muito para que chegasse ao local em que seria realizada a reunião. Era um prédio que ficava no centro de Paris. Milo saiu do carro enquanto o mesmo estava em movimento dando um susto no outro loiro. Saiu correndo olhando para o relógio. Quase meio-dia, precisava correr. A reunião estava começando nesse exato momento.


Notas Finais: Essa fanfic é baseada no filme cujo título em inglês é: If Only (Antes que termine o dia). Vão ter várias as partes que lembrarão o filme e realmente lembrarão o filme, porque a fanfic toda é baseada nela. Que aliás é meu filme preferido.

A letra de música que Milo ouve nesse capítulo é Till we aint stranger anymore - Bon Jovi

O Mercado de Pulgas de Clignancourt, para quem não sabe, ele realmente existe e fica no norte de Paris.

Bem, acho que por enquanto é isso.

Eu realmente quero saber da opinião de vocês, então comentem.

Obrigada a todos os que leram.