Capítulo Um

Rapazes sendo rapazes

Com o próprio título já diz, hoje era a noite dos rapazes. Onde a educação ficava em casa e eles poderiam relaxar entre semelhantes. Gritando como uns loucos em frente à televisão por um bando de outros homens fazendo masculinidades enquanto a tão clamada cerveja estava em uma de suas mãos, é claro.

Enquanto o jogo não voltava ao ar, os marmanjos ficavam babando pelas lideres de torcidas que ficavam com seus sorrisos escancarados saltitando para lá e para cá com seus corpos malhados e bumbum empinado. Nada contra a boa saúde, nada contra.

– Estou dizendo que Dallas é muito melhor do que os Giants, porque ainda estamos discutindo mesmo? – perguntou Naruto. Oh! Por mais que ele tente mostrar que é inteligente e trabalhe como sócio de Gaara que era o dono de uma boate, ele continuava sendo um idiota babão e lesado. Alguns hábitos não mudam.

– De que merda você está falando? – reclamou o ruivo. – Você deve ser muito cego para não ver o quão grandioso o meu time é! O nome dele é Giants afinal! – se defendeu.

– AAAH! Cale a boca suas moças, todo mundo sabe que os Steelers são os melhores! Ganhamos seis títulos do Super Bowl! – comentou Neji já perdendo a paciência.

– O que são títulos se o seu timinho de merda não joga com emoção? Os Giants dão um show em campo!

– Gaara, vai se ferrar! Os Giants jogam com a mesma emoção que a minha vó anda na rua! Os Steelers dão um show ainda maior do que o seu timinho de merda!

– O que?! Ma-...

– Cala a boca Gaara! – gritou Sasuke. – Eu mal bebi e já estou começando a ficar com dor de cabeça pela conversa das duas putas aqui na sala. – resmungou massageando as têmporas. – Que horas são? – perguntou depois de um tempo de silencio, que era apenas quebrado pelos resmungos da televisão.

– Quase sete e meia. – murmurou Sai. Sasuke suspirou cansado, ótimo, agora estava com dor de cabeça e teria que aguentar uma mulher tosca e fútil para poder se dar bem a noite. Agradeceu aos amigos mentalmente pelo apoio.

Ficou pensando na loira e como a faria calar a boca durante o jantar, se é que a levaria para jantar. Estava pensando em seriamente passar no drive-thru do Mc Donald's e socar aquele triplo na boca dela.

– Ótimo. – resmungou. – O que mais poderia me acontecer? – bateu sua cabeça contra a madeira da bancada da cozinha.

– Que merda é essa Sasuke?! – ouviu a porta ser aberta brutalmente e por ela passar um tornado do diabo chamado: Ino.

– Eu tinha que perguntar, não tinha? – choramingou olhando para cima em uma conversa particular com Deus, suspirou. – O que você quer Ino?

– O que eu quero? – perguntou cética. – O que eu quero?!

– Pode parar de repetir e falar logo o que você quer. – zombou Naruto. Ele não era conhecido por ser inteligente..

– Cala a boca Naruto. – grunhiu Ino. – O que eu quero é saber o que essa vadia estava fazendo na sua cama! – o moreno só havia percebido a loira que Ino arrastava.

– Eu dormi com ela. Hey, você. – cumprimentou não lembrando o nome da outra loira. – O que você fazia no meu apartamento?

– Eu sou sua namorada! Eu fui fazer uma surpresa e olha só pra isso, quem ganha a surpresa na verdade é eu!– Não se dignou a corrigi-la, já perdera a fé depois de muitas tentativas.

– Cuidado para não arranhar o teto com a galhada! – Gaara riu batendo na mão de Naruto enquanto Ino entrava no apartamento.

– Ino, quantas vezes eu vou ter que te falar que não tem nada entre a gente! – massageava suas têmporas. Realmente, tinha como piorar? – Foi uma noite, nem tão boa assim, supera e viva sua vida. – O que ele precisava fazer pra que ela entendesse? Um gigante letreiro luminoso na avenida pela qual ela passava todos os dias para ir ao trabalho? Dar uma bela e quente xícara de vá se ferrar? Um soco? O que não demoraria a acontecer se ela continuasse com aquela palhaçada.

Sasuke perdia sua tênue linha de paciência quando o telefone de Naruto começou a tocar, desfocando a atenção de todos por um momento.

– Por favor, façam silencio. – resmungou pegando o telefone.

– Isso não está acabado Sasuke, você está nervoso e não sabe o que fala. – Ino deixou no ar enquanto saia do apartamento arrastando junto a outra loira. Suspirou cansado. Como ele conseguiria um letreiro?

– Sakura? – ouviu Naruto chamar o nome de sua irmã e olhou para ele. – Quando... Ah! Sim, claro eu vou estar lá! Com certeza! – sorriu dando risada. – Eu também te amo viu. – o tom irônico era palpável. O loiro suspirou olhando para o Sasuke. – Está bem também. – resmungou. Arqueou uma sobrancelha olhando em volta e todos estavam olhando para tudo menos para ele, franziu o cenho olhando para Naruto novamente.

– O que está acontecendo? – perguntou assim que o loiro desligou o telefone e colocou novamente no bolso.

– NOSSA! – ouviram Neji dizer bem alto olhando para um relógio inexistente em seu pulso. – Olhem só que horas já são! – bufou teatralmente fazendo cara de pena. E a trupe o seguiu jogando desculpas para cima dos dois.

– Frouxos. – Naruto resmungou. Aparentemente todos sabiam da volta da irmã de Naruto ao seu país de origem. Isso tudo porque há muito, muito tempo Naruto sabia da paixonite que sua irmã tinha por seu melhor amigo, e conhecendo-o tão bem quanto conhecia não queria que o pobre e inocente coração de Sakura se quebrasse com uma das milhares canalhices de Sasuke.

Flash Back

– Eu não acredito que eu passei! – disse empolgada. – Não acredito! Ai. Meu. Deus. Posso pirar agora?! – gritou histérica. Naruto bufou e lhe deu um tapa na nuca.

– Cala a boca pin. – ajeitou a gravata de seu smoking olhando-se no espelho comprido que havia na parede ao lado da porta, deixando seu visual descontraído/arrumado completo. Charmoso de certa forma. Sakura pegou seu vestido e foi para trás da tela sorridente. Havia passado na faculdade de arquitetura e design em uma cidadezinha na Itália. Mal podia acreditar que algo daquele nível poderia acontecer com ela.

– Porque a gritaria? – perguntou Sasuke adentrando no quarto da garota - e como de costume - sem bater.

– Qual é o problema de vocês dois?– resmungou detrás da tela que não a deixava vê-los e vice e versa. – Estou trocando de roupa, droga. Não sabem bater? Nem no meu dia de princesa posso ter privacidade. – disse tentando colocar o espartilho de seu vestido. Respirou fundo prendendo sua respiração para apertar os fios que ficavam na frente.

– O que você deu pra sua irmã beber, cara? – perguntou Sasuke dando uma risadinha seca ouvindo o rosnar de Sakura atrás da tela negra. – Vocês que me chamaram aqui seus idiotas. – ouviu as molas de sua cama ranger e imaginou que o moreno tivesse deitado em sua cama. Claro! Sinta-se em casa Sasuke! Ninguém aqui está te impedindo!, pensou Sakura revirando os olhos e soltando o ar com exasperação.

Hoje era suposto ser o baile de formatura, o final de todo o ano escolar e o encerramento de toda uma vida acadêmica como criança e adolescente e Sakura havia dado duro durante seis meses arranjando o buffet, o tema, a banda/DJ e a decoração. Só Deus sabe o quanto correra atrás de uma banda ou um DJ sequer. Hoje era seu único dia de folga onde finalmente Sai voltou da sua pequena viagem e está dando uma olhada enquanto os últimos detalhes estavam sendo feitos na quadra da escola, portanto ela poderia finalmente se arrumar em paz. Suspirou. Hojetemque ser perfeito.

Sorriu para o seu vestido negro que tampava seus sapatos. Ele tinha uma espécie de espartilho tomara que caia delineando sua cintura e bustos, ele era verde escuro e com uma renda preta por cima. Estava com uma sandália de salto de tiras que se enrolavam em torno da panturrilha.

A maquiagem e o cabelo já estavam feitos. Agora era a hora de brilhar!, pensou.

Ouviu a campainha tocar.

– Eu atendo. – disse um Naruto eufórico já correndo pelas escadas. Algo lhe dizia que Cat havia chegado. Saiu de trás da tela que tinha em seu quarto olhando para o seu vestido tentando achar algum defeito, assim que olhou para cima viu Sasuke lhe olhar estarrecido.

– Uau. – murmurou com as sobrancelhas arqueadas em surpresa. Sorriu timidamente e deu uma voltinha para que ele pudesse ver todo o vestido. O corpete verde escuro tomara-que-caia moldava seu tronco até a cintura lhe dando o volume certo nos quadris e então ele se abria como no vestido de Cinderela, só que ao invés de azul seu vestido era verde escuro com uma camada fina transparente de preto por cima e ia até o chão escondendo seus pés que calçavam salto alto preto com tiras que entrelaçavam em suas panturrilhas.

– E ai, o que achou? – perguntou fazendo uma leve reverencia para depois rir de sua própria idiotice um pouco tímida. Havia quase chorado quando a ideia pelo tema lhe veio a mente depois de muita tortura mental e muito pensar; Seria jardim secreto onde todos estariam com uma mascara de suas escolhas e vestidos formalmente.

– Nossa pela primeira vez na vida você se parece com um ser humano normal! – disse aplaudindo; revirando os olhos Sakura lhe mostrou a língua. Sorriu irônico enquanto se levantava olhando o cabelo ruivo claro arrumado em um penteado sensual. O cabelo estava todo arrumado de um lado caindo sobre o ombro de Sakura em cachos grossos e pesados. Ele era alto e com músculos longos uma tatuagem no ombro, brincos nas orelhas, um típico 'bad boy'. Com seus saltos seu queixo batia nos ombros de Sasuke, contudo, ainda teria que inclinar a cabeça para cima se quisesse olhá-lo nos olhos.

– Pena que eu não posso dizer o mesmo de você, idiota. – resmungou olhando seu smoking bem arrumado, seus cabelos negros desgrenhados tocando seus ombros e – Jesus, Maria e José - que cheiro era aquele? Um perfume maravilhoso entrou em seu sistema a fazendo se arrepiar. Só Deus sabia de seu fraco por fragrâncias como aquela ainda mais vinda de Sasuke.

– Vocês vão descer ou o que? – Naruto gritou lá de baixo com a voz levemente trêmula mostrando sua inquietação. Sakura riu do irmão imaginando que teria alguém ficando nervoso por estar sozinho com a Cat.

– O que você acha? – perguntou para Sasuke sorrindo. – Devemos descer e acabar com a diversão, ou deixa-lo sofrer um pouco até o carro chegar?

– Nah, vamos deixa-lo sofrer um pouco. Não custa nada. – sorriu mostrando todos os dentes brancos e bem alinhados em um sorriso perfeito. Sakura foi até sua penteadeira e passou perfume enquanto colocava seus brincos de caveiras pegou sua máscara. – Se você não colocasse nada com caveira não seria você. – o ouviu murmurar. Virou-se sorrindo de canto para o moreno.

– Aqui, deixe-me ajudá-lo. – disse em voz baixa ainda em transe olhando para o pescoço de Sasuke. Aproximou-se dele arrumando sua gravata borboleta, Sasuke colocou suas mãos na cintura da ruiva enquanto ela ajeitava-o. – Pronto. – murmurou inspirando aquele perfume divino, limpando a sujeira inexistente de seus ombros deixou suas mãos ali naqueles largos ombros. – Agora você parece gente. – disse serenamente sorrindo-lhe. Olhando para o pescoço lindo e branquinho de Sasuke notou uma sensual pintinha quase que em seu pomo de Adão. Suspirou tentando tirar pensamentos imbecis da sua cabeça e se afastou.

Bem,tentou se afastar, contudo Sasuke continuava a lhe encarar e suas mãos estavam fechadas como barras de ferro em sua cintura. Seu olhar era um misto de tudo e nada, estava calmo apenas olhando-a sem dizer nada. Praguejou mentalmente por ele estar tão dono de si enquanto ela estava sofrendo para fazer uma cara de paisagem, como quem não estava tendo um erupção interna por causa daquele Sr. Olhar Penetrante.

– Acho que já devemos descer. – sentiu sua voz raspar em sua garganta em uma voz levemente rouca, mas a única coisa que realmente prestou atenção foi o rosto másculo se aproximando de seu próprio. – Er.. Sasuke? – chamou-o engolindo em seco pegando-se presa naqueles lábios carnudos e tentadores. – O Naruto pode..

– Você realmente não sabe quando calar a boca, não é? – resmungou baixinho com um sorriso de canto. Seu hálito quente deslizava para fora de seus lábios e tocavam a pele sensível do rosto alvo de Sakura que estremeceu dentro de seus braços. Olhou para seus lábios tão perto dos seus e seu peito oscilou quando o viu parar. Ali assim, quase tocando seus lábios em uma provocação aberta. Ele a estava testando?

Com um apenas um inclinar de sua cabeça e ela estaria realizando seu sonho, finalmente beijando o único cara que lhe atraiu durante toda sua vida (tirando George Clooney claro, ele é a exceção na vida de todo mundo). Porém Sakura ficou sem reação por tempo suficiente para que a buzina da limusine lhe tirasse de seu transe, dizendo que o carro que os levaria para o baile havia chegado.

– Venham logo, idiotas. – ouviu o resmungo de Naruto na porta de seu quarto e quando olhou para a porta apenas viu as costas do loiro virando-se para o corredor. Sasuke sorriu para ele como se nada tivesse acontecido, não que tivesse, mas mesmo assim aquilo era... Bem, era algo! Não era?

– Ué, 'tá fazendo o que aqui em cima? Achei que fosse ficar se agarrando com a Cat. – fingiu estar se atracando com o ar imitando som de beijos e abraçou-se desarrumando seus próprios cabelos rebeldes obviamente zoando Naruto que ficou roxo.

– Cala a boca idiota! – gritou com o rosto vermelho de vergonha, lhe dando um soco no braço ouviu a risada de Sasuke ecoar por toda a casa. – Ela pode te ouvir! – Sakura ouviu os resmungos e risadinhas descerem as escadas, olhou-se no espelho e estava com os olhos arregalados e a respiração ofegante. Boa Sakura! Bela hora para ser a virgem imaculada e nerd!, pensou dirigindo-se à porta. Algo lhe dizia que aquela noite seria uma longa, longa noite.

Flash Back Off

Sasuke com o passar dos anos foi crescendo e se tornando cada vez mais notável e com isso chovia mulheres de todos os tipos a seus pés. E Sasuke como qualquer outro homem mal conseguia prender as calças no lugar com aquela fila imensa de mulheres que achavam que poderiam domá-lo. E exatamente por isso e entre outras coisas Naruto não queria contar da vinda de sua irmã para Sasuke, até que fosse inevitável.

Naruto bagunçou os cabelos loiros bufando em exaspero. Como contaria à Sasuke que Sakura estava voltando? E porque ele deveria fazer tanta questão em contar alguma coisa? Não é como se Sasuke ligasse, certo?

Não, não era caso de apenas Sasuke ligar ou não. Ele precisava conversar com Sasuke e colocar limites. Limites eram sempre bem vindos e nesses tipos de ocasiões eram mais do que necessárias.

Sakura está voltando. – disse sério analisando toda e qualquer mudança na expressão de Sasuke.

– Hm... - O moreno esticou suas costas deixando sua coluna ereta devolvendo o olhar minucioso de Naruto. – Porque não me contou antes? Poderia te ajudar aqui em casa e arrumar algum espaço para que ela pudesse ficar aqui até arranjar um lugar para morar. – tentou demonstrar que não a trataria mal caso aquele fosse o problema de Naruto. O loiro descruzou os braços e começou a andar pela sala em frente a Sasuke.

– Porque eu sei como você é.

– Como eu sou? – repetiu o moreno arqueando uma sobrancelha ofendido. – Como eu sou o que? Um ótimo amigo que te ajuda em tudo o que você precisa? – perguntou retoricamente levantando-se também da bancada e ficando de frente para o loiro. – Ou que quase entrou em coma alcoólico contigo quando Hanna terminou o namoro? Ou como eu fui naquela briga em que você se meteu com caras da barra pesada e quase morri? Hã? É a isso a que se refere?

– Não é isso o que eu quis dizer. – exasperou Naruto.

– Então é melhor me explicar direito antes que eu arranque seus dentes fora. – rosnou entre dentes. Naruto parou por um momento olhando para o rosto do amigo e bufou novamente.

– Cara, você mal consegue manter o zíper da sua calça fechado. Não quero um otário como você dando em cima da minha irmã. – murmurou a ultima parte arqueando as sobrancelhas em provocação. Sasuke trancou sua mandíbula olhando o loiro imbecil a que chamava de melhor amigo com os olhos semicerrados, em uma respirada se jogou em cima do loiro lhe dando um soco no maxilar. Os dois rolaram no chão trocando ofensas e golpes.

– Seu bosta, tá achando que é o que? – grunhiu Sasuke. – Se eu quisesse chegar perto da sua irmã eu seria o melhor namorado do mundo seu filho da puta. Eu sou um maldito bom partido!

– HÁ! Você mal limpa a bunda sozinho seu bastardo! O que você faria? Mandaria a mamãe pra pedir a Sakura em namoro? Hã? – disse se debatendo para sair da chave de braço que o moreno lhe aplicava. Sasuke começou a dar cascudos na cabeça loira.

– Quem é o filhinho da mamãe agora, seu filho da puta? – caçoou com os dentes vermelhos de sangue. Soltou uma risada rouca em deleite.

– Vo...cê... – disse Naruto já sem ar. Ele fechou sua mão como ferro dando um golpe baixo em Saco... Quero dizer, Sasuke.

– Filho de uma rapariga rampeira! – ofegou Sasuke se contorcendo no chão roxo pela dor excruciante. Naruto o empurrou para o lado tirando o peso de Sasuke sobre si tentando recuperar seu fôlego, bem como Sasuke tentava buscar um pouco de ar para si. Ficaram no silencio por um tempo encarando o teto e pensando sobre toda a situação.

– O que eu estou querendo dizer é...- comentou Naruto quando ambos estavam com as respirações uniformes ainda deitados no chão de madeira. – É que eu não quero ter que escolher de qual lado estar quando a situação ficar feia. Aliás, não quero nem que tenha situação alguma. Vocês são como irmãos pra mim, nós crescemos os três juntos e seria muito estranho, para não dizer nojento como o inferno, encontrar vocês transando em algum lugar, para não dizer um dor no saco daquelas.

– É agora que você vira, diz que é gay e que não conseguiria me ver com outra pessoa? – perguntou irônico ainda tentando se livrar da dor em seu pênis com a mão.

– Vai se ferrar Sasuke. Só não tente nada com a minha irmã. – resmungou.

– Eu não vou para cima de irmã de amigo meu. Já falei.

– Ah, não? – riu sarcasticamente. – Deveríamos voltar no assunto Hinata? – perguntou o loiro arqueando uma sobrancelha e pendendo sua cabeça para o lado para ver o moreno.

– Hey! A Hinata não é irmã do Neji. – se defendeu. – Prima a gente pode comer. – sorriu malicioso.

– Seu bastardo! – gritou Naruto lhe dando um soco no braço. – Você não tem limites mesmo. – franziu o cenho.

– Hey, eu entendi o que você quis dizer e fica tranquilo que eu não vou dar em cima da sua queria irmãzinha.

– Sasuke... – falou em um tom repreensor. – Você sabe que a minha irmã sempre teve uma admiração por você.

– Admiração? – enrugou o nariz. – Eu tenho que me sentir culpado por ser gostoso? Supera essa merda Naruto. – riu quando viu Naruto ficar vermelho de raiva.

– Você realmente está com vontade de apanhar hoje, não é?

– Quem estava quase roxo até agora? Quer mesmo cair no braço com um dos melhores policiais da FBI? – perguntou sorrindo de canto.

– E pensar que eu ainda sou seu amigo. – resmungou o loiro. – Prometa que você não fara nada com a minha irmã. – o moreno suspirou dizendo o quão aquilo era estúpido. – Prometa Sasuke!

– Tá, tá! Eu prometo. Pronto, esta feliz agora? – resmungou olhando para o relógio da cozinha fechando os olhos com força.

– Você não tinha um encontro pra ir hoje? – perguntou casualmente.

– Sim, uma hora atrás. – disse se levantando.

– Sinto muito por te fazer perder uma transa fácil. – disse lhe dando tapinhas nos ombros.

– Sente muito um cacete, esta me devendo uma. – resmungou sorrindo de canto. Naruto bufou resmungando um "Caso perdido" e indo para seu próprio quarto.

Sasuke se apoiou na bancada e olhou para o relógio novamente. Naruto nem se quer se deu conta de que aquele relógio havia sido um presente da ruiva vindo da Itália. Sorriu de canto vendo o formato de caveira do relógio, era mesmo a cara dela. Pegou uma cerveja na geladeira e se jogou no sofá olhando a um seriado qualquer que passava ali.

Via a tela da tevê, mas não enxergava coisa alguma. Na verdade sua cabeça estava a milhas dali, Naruto havia lhe despertado certa curiosidade.

Como ela deveria estar?

Sakura POV's

Era simplesmente maravilhoso, não era? Era esplendoroso o tamanho de minha enorme sorte! Uma obra divina, se me perguntassem. O sol flamejante que a pouco brilhava no céu limpo de quaisquer nuvens desaparecera dando lugar a nuvens cinzentas e chuvosas.

Tentei me cobrir embaixo dos papéis inúteis do jornal que há pouco estava lendo na praça de alimentação do aeroporto. Abanei minha mão livre tentando chamar atenção de algum taxista que passava por ali o mais rápido o possível para que minhas malas pudessem ser salvas de um inundamento.

Onde diabo estava Naruto afinal de contas?

Meu primeiro dia de volta a Nova York e aquele imbecil havia me esquecido desse jeito? Na chuva e desamparada? E para melhorar a situação, desnorteada! Não sabia nem mesmo para onde ir depois de pegar o primeiro táxi que parasse – se algum se quer parasse, isto é - o imbecil do meu irmão não poderia ter me dado seu endereço para que eu mesma fosse até ele? Mas é claro que não! Ele fazia questão de vir me buscar e desaparecia!

– Táxi! – chamei mais alto com o meu sobretudo bege se abrindo e deixando o cinto suspenso dos lados de meu corpo. Agradeci aos céus quando um táxi finalmente parou, joguei minhas duas malas no banco de trás do táxi.

Não estava com paciência para esperar pelo taxista abrir o porta-malas. Joguei-me no espaço mínimo que sobrara ao lado das malas. Suspirei profundamente tentando aquecer meu corpo e pensar para onde eu iria.

– Você sabe se o The Beekman Pub ainda está aberto? – estava me perguntando aquilo desde que saíra de Nova York, não queria que o simples Pub irlandês se fechasse.

Era aconchegante e por muitas vezes me diverti com os Irlandeses que iam até o bar para matar as saudades de sua terra ou pelo menos de suas bebidas. O sotaque e os galanteios que usavam eram hilariantes.

Sorri de canto com a lembrança do chapéu verde que por anos eu havia deixado pregado na parede do meu quarto na universidade para matar as minhas saudades de casa, havia ganhado de um dos "amigos" irlandês com quem eu saia para beber. O táxi parou em frente ao Pub um tempo depois, tirei minhas malas rapidamente do táxi e então paguei pela corrida oferecendo um sorriso doce e um simples "Obrigada" que obviamente o taxista nem ao menos esperou para ouvir. Eu realmente sentia falta da correria e a falta de interesse de ser educado.

Chacoalhei-me ali fora tentando tirar o excesso de água para então entrar arrastando comigo a mala grande e uma de mão. Sentei em um dos banquinhos altos do bar e tirou um espelho compacto da pequena bolsa de mão que eu carregava.

– Um cosmo, por favor! – pedi sorrindo ao barman que estava aparentemente relaxado, o lugar não estava cheio, apenas algumas pessoas espalhadas pelas mesas e algumas ao meu lado nos banquinhos. Abri o espelho para olhar meu cabelo e meu rosto. Dei uma leve mexida na franja reta jogada para o lado em minha testa, esfreguei meus lábios espalhando melhor o que sobrevivera do batom que passara antes de sair do avião e então dei uma olhada em meus dentes. Tudo okay.

Olhei para a porta vendo a chuva cair torrencialmente. Ótimo, nem mesmo poderia procurar meu irmão idiota. Claro, como se eu fosse sair por ai perguntando onde um loiro com desvio mental mora certo? Tsk, minha paciência não estava das melhores hoje, e ele não estava ajudando.

– Acho que você não vai embora tão cedo. – disse o garçom empurrando uma taça na minha direção.

– Pois é! – lhe dei um sorriso de lado aceitando a bebida.

– É nova aqui? – perguntou enquanto passava um pano no balcão olhando-me curioso.

– Tecnicamente sim, passei seis anos fora pra fazer faculdade na Itália. Acho que muita coisa mudou. – sorri amigavelmente. Foram seis longos anos muito bem aproveitados para falar bem a verdade.

– Não muito, alguns Pubs fecharam e outros se abriram, novos restaurantes e empresas de roupas e essas coisas que sempre tivemos em abundância. – piscou seu olho esverdeado me oferendo um sorriso enquanto limpava o balcão.

– É o de sempre. – sorri de volta. – Fiquei feliz pelo Beekman não ter fechado, seria uma pena se tivesse. Passei uns bocados por aqui alguns anos atrás e-.. – meu celular vibrante em meu bolso me distraiu no meio da minha frase. – um minuto. – disse sorrindo e atendi. – Sakura falando.

– Sakura? Onde você está? Estou aqui no aeroporto e não estou te achando! – ouvi a voz alta de Naruto no telefone sendo quase que estrangulada pelas vozes e barulhos do aeroporto.

– Tive que sair daí seu idiota! Estava chovendo como o inferno. – disse irritada. – Onde vocêestava?

– Houve um imprevisto, eu sinto muito. – revirei os olhos. Há sempre um imprevisto aparentemente.

– Estou no Beekman. Não sei onde fica sua casa, passe aqui!

– Ok! Estarei ai em cinco.

– Ok. – desliguei o celular e por nenhuma razão continuei fitando sua tela por um momento imaginando como ele deveria estar.

– Hey! Eu já pedi desculpas! – a voz de Naruto era abafada pelo vidro no carro – na onde ele batia sua mão – e pela chuva torrencial que caia lá fora. Entrei no carro assim que Naruto havia saído do mesmo com seus braços abertos para me receber. Em um movimento totalmente imaturo joguei minhas coisas lá dentro e tranquei-o para fora. E aqui estávamos, com uma chuva dos infernos lá fora, eu de braços cruzados e uma expressão emburrada e ele implorando para entrar. Doce vingança.

– Você me esqueceu no aeroporto! – gritei para ele aproximando meu rosto do vidro para que ele me ouvisse bem. – Meu primeiro dia de volta e é assim que você me recebe? Com uma linda esquecida na chuva sem nem ao menos avisar? Começo a pensar que você nem mesmo me quer aqui!

– Sakura, você sabe que não é verdade! – resmungou batendo a mão no vidro com uma expressão de pobre coitado digna de um Oscar. – Qual é! Abre logo essa porta! Estou congelando aqui fora! – encarei-o por alguns instantes antes de destravar a porta. Sem pensar duas vezes ele deslizou rapidamente para o banco do motorista. – Eu sinto sua falta, mas parece que em cinco segundos passa! – rosnou entre dentes balançando a cabeça espirrando água em mim. – Estou ensopado!

– Eu lhe digo o mesmo! – bufei e cruzei os braços. – Você sabe que já é difícil pra eu voltar pra cá e ainda sim me deixou sozinha no aeroporto! Nem mesmo pra me dar seu endereço! Você fez questão de vir me buscar e você simplesmente sumiu! – liberei o sermão. Apesar de não aparentar eu estava tremendamente chateada. Quase três anos que não o vejo e ele me trata como um mau hábito!

– Eu realmente não queria ter te deixado plantada no aeroporto, mas teve um imprevisto que eu não podia faltar! Apenas me esqueci de te ligar. – apenasisso, ele diz. Encarou-me por alguns momentos com um semblante abatido e então me puxou para seus braços molhados. – Você sabe que eu te amo e não há nada no mundo que me deixa mais feliz do que saber que você está de volta ao seu lar, comigo. Você é minha família! – sorriu de orelha a orelha me fazendo sorrir também. – Agora vamos te apresentar seu novo lar... POR ALGUNS DIAS! – emendou na frase. Revirei os olhos, ele poderia ser mais óbvio?

– Você realmente não presta. – murmurei empurrando seu peito, ele riu e resmungou "Quem diria que eu ouviria isso".

O carro ia pelas ruas de Nova York, lento, mas mesmo assim indo.

– Porque você tem um carro? – arqueei uma sobrancelha. – Você mal precisa de carro pra se locomover aqui.

– Ah, esse carro é meio que uma alternativa. – deu com os ombros olhando pra mim de soslaio e soltando um sorriso. – Todos nós o usamos, ele é nosso mascote. – acionou o sinal para a direita virando na Rua 34 do Clinton.

– Nós? – arqueei uma sobrancelha.

– Sim, a trupe toda, você irá conhecê-los em breve. – sorriu me olhando de soslaio. – Eles podem ser uns idiotas, mas são bons amigos que vivem lá em casa. Então muito provavelmente quando você chegar eles estarão lá bebendo e discutindo alguma coisa imbecil.

– Ai meu Deus! – peguei minha bolsa e tirei minhas maquiagens colocando em cima do painel do carro começando a me arrumar. – Você nem me diz que eu ia conhecer seus amigos hoje! – resmunguei pegando meu secador e ligando-o no isqueiro do carro.

– Inventaram secador pra ligar no carro? – murmurou olhando para minhas coisas como se eu fosse louca.

– Tiveram que inventar! – resmunguei quase histérica. Ótimo! A primeira impressão que teriam de mim é "Olha, o Naruto acolheu uma mendiga!", maravilha!

Assim que o carro parou em frente a diversos apês com a fachada repleta de Bay Windows, sorri. Olhei em volta e percebi que estávamos no Chelsea.

– Quem diria. - murmurei voltando a olhar para o prédio de tijolinhos vermelhos. – Você realmente mora aqui! – ele sorriu também contemplando o pequeno prédio residencial que outrora fora do padrinho de Naruto, Jiraya.

– Eu disse que iria! – sorriu orgulhoso.

Subimos a escada de entrada e ele abriu a porta para mim com as malas nas mãos. Cumprimentou o porteiro e subiu os poucos lances de escada que tinha parando no apartamento 3B.

– Vamos lá, abre a porta. – sorriu pra mim e eu arqueei uma sobrancelha, melhor não contrariar, né? Estávamos em um relacionamento tão bom que achei melhor deixar minha mania de mandar todo mundo à merda de lado. Suspirei cansada abrindo a porta do 3B.

– BEM-VINDA! – os diferentes tons de vozes preencheram meus sentidos olhando para a cara de cada um realmente pega surpresa. Olhei para a faixa pendurada no meio da sala com a escrita "Bem-vinda", alguns balões, uma mesa com bebidas e comidas no meio da sala com o sofá de quatro lugares de um lado e a TV de plasma no outro a poltrona ficava de frente para a mesinha, a minha frente.

Senti meus olhos marejarem e virei para trás pulando em meu irmão.

– Seu idiota! – lhe dei um soco e então o abracei.

– O idiota mais legal do mundo, pode falar. – disse passando um braço sobre meus ombros assim que nos separamos. – Bom, vamos apresentar os soldados. – resmungou sorridente. – Aquele com cabelo de mulher é o Neji, você o conheceu na Itália. Aquele imbecil você já conhece.

– Oi Lee. – sorri acenando ele murmurou um "Bem vinda de volta pink", uau! Os anos haviam lhe feito muito bem! De cabeça de tigela magrelo ele havia ido para super moreno sexy! E que voz é aquela?

– Aquele outro idiota é o Gaara, ele é meu sócio na boate. – sorri amigavelmente. – Aquele é o Shikamaru, mas o chamamos de soninho.

– E ai. – disse molenga com a voz rouca de sono. Acho que entendi o porquê do apelido...

– Aquele é o Sai, se lembra dele? – disse apontando para o ultimo da fila. Ele era extremamente branco e tinha um sorriso estranho no rosto. Ah sim, o esquisitão que deixou tudo para eu preparar no baile da escola. Ainda guardo ressentimentos. – Ele é meio esquisito, mas ele é uma boa pessoa. – murmurou pra mim. Passei os olhos por todos eles e não o vi. Suspirei. Bem, talvez eles nem fossem tão amigos assim.

– Cheguei a tempo! Fiquem quietinhos que eu acabei de receber uma mensagem do viado do Naruto e ele disse que tá chegando com a Sakura. – ouvindo aquela voz a minhas costas virei-me para olhá-lo assim como todos olharam. Ele estava sendo praticamente soterrado por sacolas marrons de vou supor que sejam comidas e bebidas, equilibrando-as em seus braços para fechar a porta com o calcanhar. Dei uma tossida e aquilo pareceu chamar sua atenção, olhou com seus olhos negros e curiosos para nós.

Que viado te mandou mensagem? – ouvi Naruto rosnar ao meu lado. Sasuke sorriu para ele zombeteiro.

– E ai Sakura, tudo bem? – perguntou amigavelmente focando seus olhos em meu rosto.

– Tudo. – pigarreei. – Tudo sim e com você? – sorri de volta.

– Estou bem também, desculpa não ter chegado na hora certa é que um babaca, - olhou para Naruto, entendi o recado. – Me mandou comprar mais vinho e queijo. – cerrei os olhos na direção de Naruto que praticamente chorava de rir. Neji, no entanto, ao menos tentava disfarçar.

– Você contou pra eles seu imbecil?– rosnei para Naruto. – Você disse que não iria contar!

– AH! Qual é! Eu só pedi para que ele comprasse vinho e queijo, oras. Já que você está tão acostumada com essas festas "animadas" da sua fraternidade. – ironizou.

– Quantas vezes eu vou ter que dizer, estávamos na época da colheita da Uva! Eu não tive culpa! – cruzei os braços e lancei um olhar venenoso para Neji que já não se importava em segurar sua risada. – E você está rindo do que? Bem que aproveitou também! – Neji diminuiu o riso em um simples entortar de lábios e deu com os ombros. – Enfim, obrigada meninos não precisavam fazer algo pra me receberem, mas fico feliz que fizeram. – Sorri amigável um pouco tímida por todos aqueles olhares em cima de mim. Olhei novamente para o ruivo e o moreno, o tal de soninho, que eu não conhecia sorrindo. – É um prazer conhecer todos vocês finalmente. – recebi um "igualmente" de volta.

– Bom vamos começar a "festa". – disse Naruto. – Mas lembrem-se que ainda é quinta-feira, não quero ninguém chamando o Raul no meu tapete da sala! – ouvi os protestos achando graça.

– Naruto onde posso deixar minhas coisas?

– No meu quarto, venha, eu te mostro. – pegou minhas malas subindo os dois degraus para o patamar onde havia uma mesa de escritório com uma luminária embaixo das janelas que davam para as escadas de incêndio. Havia duas portas de frente para a outra e ele seguiu para a do lado esquerdo.

O quarto não era enorme, mas muito aconchegante, sua cama de casal ficava no centro encostada a parede de frente para a porta. Seu guarda roupas no lado esquerdo da cama, a janela que dava para a escada de saída de emergência ficava do lado direito. Havia uma mesa na parede ao lado da porta cheia de seus objetos, e uma estante suspensa com seus bonecos de coleção e fotos da família.

Naruto deixou minhas malas em cima da cama.

– Você pode ficar aqui enquanto não conseguir um apartamento. O quarto da frente é o do Sasuke, mas não comenta com nenhuma menina que vier aqui que ele mora comigo, por favor. Depois da sala a cozinha fica à direita e o banheiro fica à esquerda da sala num corredorzinho é a porta do meio e a segunda porta é meio que uma dispensa para bugigangas. E se precisar de mais espaço para colocar coisas maiores do tipo, móveis quadros e afins que não couberem no apê há um porão lá embaixo que todos no prédio usam.

– Tudo bem – ele acenou e disse que me daria um tempo pra ajeitar minhas coisas na parte que havia separado do guarda-roupas para mim. – Naruto? – chamei vendo-o virar para mim.

– Sim? - sorri e lhe dei um abraço.

– Você realmente é o melhor irmão do mundo. – ele sorriu para mim e acenou saindo do quarto fechando a porta atrás de si.

Suspirei. Hora de tirar essa roupa molhada.

Assim que saí do quarto devidamente vestida, encontrei-os espalhados pela sala. A sala era ampla, tudo muito bem organizado. Na parede que dava para o pequeno corredor do banheiro e dispensa havia um pequeno criado com um quadro pregado na parede, Soninho e Sai conversavam animadamente com copos nas mãos.

Passei por Naruto e Neji que assistiam a tevê jogados no sofá, fui até Gaara que estava no balcão da cozinha colocando as bebidas com Lee mexendo na geladeira a procura de algo.

– Você que esta cuidando das bebidas? – sorri amigavelmente apoiando os braços no balcão/janela da cozinha sentando na banqueta de três pernas feita de madeixa clara para combinar com o acabamento do balcão/janela.

– Sim. – sorriu de volta enchendo um copinho com uma dose de José Cuervo. – Quer um? – perguntou empurrando um copinho pequeno de plástico em minha direção. – Pura ou com limão e sal?

– Pura. – peguei um e ele outro.

– À sua volta! – batemos um no outro e então deslizei a bebida pela minha garganta. Vi Sasuke saindo de seu quarto e sorri para Gaara.

– Obrigada pela bebida! – o ruivo apenas piscou seu olho para mim jogando a cabeça para trás e forrando sua boca com um novo shot.

Fui em direção a Sasuke que sorriu para mim enquanto me aproximava. Deu-me um abraço rápido de boas vindas.

– Se sentindo em casa? – acenou para um poltrona me oferendo o lugar e então sentou no braço do sofá de quatro lugares de frente pra mim.

– Com certeza. Não conheço muito bem, mas eles parecem boa gente. – refleti seu sorriso. Sasuke estendeu a mão para o alto e uma latinha de cerveja caiu dentro delas. Piscou um de seus olhos sorrindo para Lee.

– É, eles tem essa alma acolhedora mesmo. – sorriu de canto. – Você fez arquitetura né? – abriu a cerveja e tomou um gole.

– Sim, fiz na UFI (N/J: Universidade Federal da Itália #criativa pra caramba o/). – respondi pegando um punhado dos doritos que havia em uma tigela de vidro na mesa de centro da sala.

– E como foi lá? Altas festas, beerbongs, body-shots? – olhei para ele e lá estava o sorriso sacana me zoando. Jogou um salgadinho para dentro de sua boca o mastigando relaxado.

– Ele realmente contou, não é? – resmunguei enfiando o salgadinho com tudo na boca.

– Uma coisa ou outra. – deu com os ombros.

– Não foi exatamente o que ele falou, não era tão tedioso. É só que ele deu má sorte de ir na época de uma festa bem chata. – ergui os ombros me defendendo.

– Uhum, ok. – ergueu as mãos segurando o riso. – Os italianos então sabem fazer uma festa de arromba? Isso sim é surpreendente. – dei um tapa em seu joelho.

– Hey! Não zombe dos Italianos! Eles são muito receptivos e sabem sim fazer uma festa maravilhosa! – o encarei com os olhos cerrados. – Espere até conhecer Giovanna, você não vai nem mesmo conseguir nos acompanhar com os olhos. – balancei minhas sobrancelhas o fazendo rir.

– Veremos. – seus olhos assumiram aquele ar de "O jogo está quente".

– E você? Conseguiu ser professor de Educação Física? – olhei para trás e Gaara piscou para mim da cozinha. Movi minha boca silenciosamente pedindo por um copo de vinho.

– Não, desisti de ser professor de educação física assim que meu irmão voltou para a cidade. Entrei para a polícia de Nova York. – sorriu orgulhoso ante minha surpresa.

– Uau! Tipo FBI? – perguntei tentando fechar minha boca.

– Tipo não, eu sou da FBI.

– Nossa! Isso sim é novidade, fico até triste em contar que a única coisa emocionante que fiz foi na conferencia de uma empresa no Japão, quando eu estava prestes a me formar eu tive o prazer de trabalhar para uma excelente companhia de tecnologia, pra isso eu tive que desenhar a sede deles no Brasil então tive de ir pra lá para apresentar o projeto e ver se eles aprovavam. Bem, eles amaram e decidiram fazer um jantar para celebrarem o sucesso de mais um trabalho e tudo mais.

– O que você fez? – perguntou inclinando seu corpo para o meu realmente interessado.

– Bom, no jantar eu teria que dizer algumas palavras que levantassem a autoestima deles para deixa-los mais confiantes sobre todo o projeto e tal. No começo eu mal conseguia dizer as palavras sem gaguejar, porém mais tarde começou a ficar melhor e perfeito, e quanto mais eu falava mais eu me empolgava dizendo palavras tão belas e otimistas que eles amaram tanto que quando eu terminei todos aplaudiram de pé...

– E isso não é bom? – arqueou uma sobrancelha. Fiz uma careta envergonhada.

– Bem, estavam todos comemorando minhas palavras e o projeto que na hora que eu ergui meu copo e disse "Tin-tin" o silencio foi total. Todo mundo tinha ouvido o que eu disse e pararam para me encarar com aquelas expressões incrédulas.

– Ué por quê? – franziu o cenho.

– A Giovanna, que tinha ido comigo para me dar apoio, quase morrendo de tanto rir sussurrou no meu ouvido que "Tin-tin" lá é, bom não tem jeito bonito de se falar isso, significa pinto pequeno. – Ouvi a risada instantânea de Sasuke. – Pois é, dá-le Sakura! – revirei os olhos bebericando o vinho tinto.

– Isso é muito melhor do que trabalhar pro FBI! Você definitivamente marcou a vida daqueles japas. – em determinado momento eu já não sabia mais o porquê euestava dando risada. Só sei que a risada escandalosa de Sasuke era muito engraçada me relaxando. Era como se os anos nem ao menos tivessem se passado e fossemos amigos de novo. Ele segurou minha mão olhando fundo nos meus olhos. – Onde você estava esse tempo todo? – e então riu novamente, sorri de canto divertida.

Conversávamos de viagens que havíamos feito, coisas que ocorreram ao longo dos anos, como Sasuke se tornou detetive do setor de homicídios da FBI e como foi minha estadia em outro país.

Era tão fácil e aconchegante conversar com ele, como se sua voz rouca e grave me acalmasse e dissesse que ele estava ali por mim que até me surpreendia. Como se ainda tivéssemos apenas dezessete anos, sem responsabilidades apenas o conforto da companhia sem compromisso um do outro e eu sentia que era recíproco, ele me olhava do mesmo jeito que eu estava olhando para ele. Leve e sereno.

– Que merda esta acontecendo aqui? – ouvi uma voz feminina às nossas costas e me virei para olhar uma mulher loira com as mãos na cintura nos encarando possessa. Sasuke fechou o cenho a olhando. Lá se foi a calmaria de Sasuke.

– O que você está fazendo aqui? – perguntou.

– Como você não apareceu mais tarde para conversarmos, eu mesma vim até aqui e encontro isso! – disse apontando para mim com cara de nojo e superioridade. – Sabe Sasuke estou realmente tentando fazer nosso relacionamento dar certo. – ele tinha namorada?

– Ino, se eu não fui ao seu encontro, acho que isso já deveria ter se explicado sozinho. Mas pela quintonézima vez: Nós nunca tivemos e não vamos ter nada. – ok, agora eu estou confusa.

– É por causa dessa vadia? – perguntou apontando pra mim. Eu levantei da poltrona. Eu simplesmente abominava essa palavra.

– Como é que é minha filha? – perguntei arqueando uma sobrancelha. Naruto já estava ao nosso lado assim como Neji, os meninos apenas olhavam para a cena como se fosse normal.

– É isso o que você ouviu mesmo, ela já abriu as pernas pra você Sasuke? Hun?

– O que tá acontecendo aqui? – perguntou meu irmão.

– Essa vadia estava se jogando no meu namorado! – ouvi Naruto suspirar passando a mão no rosto.

– Você sabe que não é verdade. E eu não sou seu namorado. – rosnou na direção de Ino.

– Claro, aposto que a vadia aqui encheu tua cabeça de mer-...

– Acho bom você parar de me chamar disso, eu tenho nome e exijo respeito. – Eu odeio essa palavra.. "Vadia", detesto quando alguém a direciona para mim, é como se fosse a minha palavra alarde "falou fodeu", entendeu?

– Oh-ho-ho-ho a vadia quer respeito? O que você vai fazer? Va-di-... – okay, já deu. Fechei meu punho e acertei seu rosto, vi seu corpo pender para trás e então cair sobre Gaara que a pegou.

– Meu nome é Sakura e eu exijo respeito. – todo mundo me olhava com uma cara surpresa. – Se você não consegue nem mesmo prender seu "namorado" a culpa não é minha! E estávamos apenas conversando, o que obviamente você não deve saber o que é. Levando em consideração a "surpresa" de todo mundo com esse seu chilique isso deve ser uma coisa normal vindo de você, o que apenas me faz ter pena por alguém que se faz passar por tamanha vergonha! – respirando profundamente notei tardiamente que Naruto me segurava pelo braço e Gaara segurava Ino que estava com a mão em seu maxilar avermelhado. Aquilo ficaria feio.

– Você vai pagar caro por isso, Sakura. – cuspiu meu nome. – Isso não vai ficar assim.

Sorri acenando para ela enquanto Gaara a puxava para fora do apartamento. Quase dei risada quando ela saiu gritando juras de espancamentos e arrancar meus cabelos cor de chiclete. Naruto estava com uma face dura e raivosa. Olhei para Sasuke e ele encarava o chão.

Suspirei fortemente entendendo que eu não só não poderia me permitir ser intima de Sasuke como não poderia ser intima dele sem prejudicar terceiros, aka meu irmão. E Sasuke parecia ter chegado no mesmo resultado me olhando daquela maneira.

– Nem vem com essa cara, você sabe que eu odeio que me chamem daquilo. – murmurei para meu irmão.

Tenho que procurar um lugar para morar, eu não conseguiria morar sobre o mesmo teto que Sasuke sem querer algo a mais. Não depois de apenas cinco minutos de conversa eu me sentir como aquela estúpida adolescente apaixonada de novo.