(vamos pular a parte em que eu explico que eu não sou J. K. Rowling, que nenhum dos personagens me pertence e todas essas coisas, sim? Afinal, se eu fosse qualquer outra coisa além de fã de Harry Potter, eu não estaria escrevendo fanfics. :P)

One-shot, slash, ponto de vista do Draco. Se passa pouco depois de ele receber a Marca Negra. A idéia dessa fanfic surgiu depois que eu li que a tia Jô tinha intenção de colocar uma cena com esses dois personagens em um dos livros, uma conversa na Mansão Malfoy, só que não deu nem em "A Câmara Secreta", nem em "O Cálice de Fogo". Foi a primeira vez que eu os imaginei como shipper – e então veio a ideia da fic.


Eu amo o cheiro do cabelo dele. É doce e delicado, mas ao mesmo tempo intenso e inebriante. A sensação que eu tenho é de que poderia simplesmente passar o resto da minha vida com sua cabeça encostada em meu peito, entorpecido com a essência daquelas mechas negras - mas eu sei que não posso, que cada minuto gasto naquela cama é um minuto a menos de vida. Da minha vida - e se não tivermos cuidado, da vida dele.

Meu estômago se remexeu com violência só de imaginar. Enquanto descia a mão pelas costas nuas dele, sentindo seus pelos se arrepiarem ante meu toque, a ideia de perdê-lo, por mais remota que fosse, fez meu coração disparar. Eu não poderia deixar que isso acontecesse.

Talvez tenha sido isso - o som do meu coração batendo com força contra minha caixa torácica que tenha feito-o acordar, afastando-me instintivamente de meus pensamentos e perturbações. Ele ergueu a cabeça, encostando o queixo em meu peito, e por um momento permanecemos assim, nos encarando. Não queria - não conseguia - quebrar o contato visual; cada pedaço de mim desejava continuar a observá-lo, a gravar cada traço de seu rosto em minha memória, a possibilidade de não mais vê-lo se tornando cada vez mais próxima; mais viva.

- Um galeão pelo seu pensamento. - ele murmurou, sorrindo de leve. Mordi levemente seu lábio inferior; nós tínhamos combinado, logo quando a notícia tinha vindo à tona, de que não tocaríamos no assunto. Já tinha sido desagradável o suficiente quando ele soube que eu tinha evitado lhe contar a todo custo, seria ainda mais terrível se o assunto tivesse de vir à tona e quebrar climas tão únicos como aqueles.

- Não acho que você precise gastar um galeão. - respondi, sentindo minha voz fraquejar um pouco. Fechei os olhos dele ao ouvir um suspiro escapar de sua boca, misto de frustração e medo. Medo; eu tinha até vergonha de admitir que tal sentimento se apoderava de mim. Medo de falhar, medo de cometer os mesmos erros que meu pai tinha cometido, medo.

- Tem certeza de que não pode desistir? - ele perguntou, mordendo levemente o lábio inferior. Ergui meu braço, tocando de leve seu rosto; ele pôde ver, do mesmo modo que eu, a marca que jazia desde o início do verão em meu braço. A Marca Negra, a lembrança constante da missão que eu tinha sido incumbido. Eu não precisei que não havia mais jeito; pude ver em seus olhos que ele entendia.

E, principalmente, sabia que daquela missão, ou eu sairia morto, ou como um assassino. E nenhuma das opções parecia remotamente agradável.

- Pelo menos ainda podemos aproveitar o último dia de verão. - ele murmurou, apoiando a cabeça em meu peito, sua mão deslizando lentamente pela minha cintura. Eu sabia exatamente como ele pretendia aproveitar nosso último dia a salvo.

E eu sabia também que, não importava o que acontecesse daquele dia em diante, eu teria sempre Theo Nott comigo.