Sinopse: Fazem 10 anos que Syaoran Li deixou Tomoeda (e Sakura) a fim de preparar-se para assumir a liderança do clã Li. Agora, aos 24 anos, ele retorna ao Japão apenas para encontrar amigos e familiares comemorando o noivado de Sakura.
Disclaimer: Sakura Card Captors pertence ao grupo CLAMP. A música da qual emprestei título para esta fic é de Kaci Brown.
Butterflies Don't Lie
Hong Kong, Julho de 2012.
O aeroporto de Tóquio continuava como nas lembranças do rapaz. Agitado, tumultuado, gente indo, gente vindo. Gente chegando, gente partindo. Pais e filhos, esposas e maridos, amigos se despedindo com promessas de retorno em breve e desejos de uma boa viagem. No meio de tantas pessoas, ninguém em particular reparava no jovem alto, atlético, dono de revoltos cabelos castanhos e de um surpreendentemente sério par de olhos tambm castanhos, porém com reflexos dourados.
Olhos que se fecharam, enquanto ele sintonizava sua aura para acostumar-se com a do país. Como sempre, o Japão era cheio de uma forte energia mágica, o potencial preso dentro das pessoas causando um leve zumbido nos ouvidos sensíveis do rapaz. Havia chegado há cinco minutos e já a sua aura buscava a dela, verde atrás de rosa pálido. Ele conteve-se rapidamente. Não queria alertá-la de sua presença. Ainda não.
Uma mão delicada tocou no ombro de Syaoran Li, tirando-o de seu transe, e ele se voltou para encarar os serenos e confiantes olhos cor de rubi de sua prima Meiling. Ela havia se tornado uma linda jovem, e havia trabalhado arduamente para que o primo tivesse autorização para retornar ao Japão.
Fazia cinco anos que o treinamento de Syaoran havia acabado, e ele sempre desejara voltar à terra do sol nascente, voltar para Sakura, porém os Anciões discordavam. Embora dona de uma poderosa magia (era a maga mais poderosa de sua geração), Sakura não era, segundo eles, digna de ser a cônjuge do líder do clã. Era, afinal de contas, japonesa e de classe média. Há cinco anos, Meiling lutava para convencer os Anciões a autorizarem a união de Syaoran com Sakura, auxiliada por Yelan, que não suportava ver a tristeza e a solidão nos olhos do filho.
Há uma semana, Meiling conseguira convencer o líder dos Anciões, que dera a desejada autorização. Syaoran tinha duas semanas para ir ao Japão e para voltar acompanhado de Sakura, de preferência já noivo e com uma data marcada para o matrimônio que deveria acontecer tão logo fosse possível.
A moça sorriu para o primo. "Tem certeza de que não quer avisar a ninguém? Você sabe que Sakura não gosta de surpresas. Deveria telefonar para Tomoyo, ela saber manter segredo".
Ele balançou negativamente a cabeça, sem proferir palavra. Dirigiu-se à área de desembarque, e Meiling suspirou, balançando a cabeça em discordância da conduta do primo, mas seguindo-o. No caminho, os olhos da jovem passaram por uma banca de revistas, parando brevemente em uma revista de noivas. Subitamente, um mau pressentimento invadiu-a, e ela congelou no meio do tumulto, os olhos vidrados.
Meiling continuava sem os poderes mágicos de Syaoran e Sakura; porém, tanto contato com os treinamentos do primo a ajudara a desenvolver um forte sexto sentido. Sua intuição era forte, e quase sempre seus pressentimentos se realizavam. Syaoran, que sabia dessa peculiaridade, aproximou-se cautelosamente da prima, tocando-a com delicadeza no ombro. "Meiling? O que houve?"
A jovem balançou a cabeça brevemente, fechando os olhos e focando-se no presente. Ao abri-los, Syaoran ficou surpreso e preocupado ao ver a angústia nas pupilas da prima. "Ligue para a Tomoyo, Syaoran. Agora. Por favor!"
"Tá, tá!" Syaoran concordou, assustado. Rapidamente, tirou seu celular da mochila que carregava e discou o telefone da casa de Tomoyo. Meilng nunca havia despertado de um transe tão aflita antes, e isso fora o que o deixara alarmado. E se tivesse acontecido algo a Sakura?
Não. Não aconteceu nada, ele tentou se convencer, enquanto o telefone tocava. "Está chamando", disse para Meiling.
*
Tomoyo Daidouji olhava de cara emburrada para o vestido que se encontrava pendurado em um gancho atrás da porta de seu quarto. Ela tinha que admitir que era deslumbrante, um longo de seda pura em degradê lilás, todo bordado. O vestido era reto, de alças finas e decote quadrado, rebordado de pequenos paetês furta-cor que capturavam a luz e a refletiam num caleidoscópio colorido.
Fora Sakura quem havia escolhido a peça, afirmando que os tons da seda destacavam os olhos cor de violeta da prima.
Era estranho que Sakura tivesse se empolgado tanto com o vestido que Tomoyo usaria no evento daquela noite e tivesse escolhido para si mesma um traje muito mais simples e menos chamativo. Tomoyo havia falado em voz alta sua estranheza à Sakura, mas a moça simplesmente sorrira, os olhos verdes ilegíveis, e afirmara que não estava acostumada com roupas luxuosas, mas Tomoyo sim.
"Sim", tinha retrucado Tomoyo, no ato. "Mas o noivado é seu e não meu".
A jovem morena, pessoalmente, não queria ir à festa de noivado de Sakura. Não gostava do noivo. Achava Ken Aramiyaki... Bom, um tarado. Naoko já havia saído com ele uma vez, há cerca de cinco anos, e comentara com Rika, Chiharu e Tomoyo que ele tentara agarrá-la ainda no carro, tendo a jovem sido salva pelo porteiro do prédio onde residia. Tomoyo ficara horrorizada, assim como Rika, e preocupara-se ao saber que Ken estava interessado em Sakura.
Sua preocupação virara algo próximo a pânico quando a própria Sakura lhe afirmara que havia, depois de quase dois anos de insistência, aceitado um convite do rapaz para sair. Tomoyo fora atrás de Touya e levara Naoko consigo, fazendo a amiga contar ao primo o que havia acontecido. Sakura era uma mulher agora, mas Touya ainda a via como uma menininha, e quase ficara maluco com o relato da história de Naoko.
Entretanto, para a surpresa de todos, Ken vinha se comportando como um cavalheiro com Sakura, a ponto de conseguir convencê-la a casar-se com ele. A notícia do noivado fora dada a Tomoyo mais uma vez pela própria Sakura, duas semanas antes, e a morena havia ficado chocada.
"Mas, Sakura!" Exclamara a morena. "E quanto a Syaoran?"
Os olhos verdes de Sakura ficaram fechados, sérios e mortiços. "O que tem ele?" Ela disse com indiferença, antes de dar um suspiro de angústia. "Já fazem 10 anos, Tomoyo. Eu ainda o amo, mas não vou passar a minha vida esperando por ele. Vai ver..." Ela fechou os olhos, dando um soluço seco e pesado. "Ele com certeza já está casado, Tomoyo. E cheio de filhos. Já se passaram 10 anos, afinal de contas."
Tomoyo fitou a amiga, cheia de ceticismo. "E você acredita mesmo no que está dizendo?"
A tristeza de Sakura era evidente, mas ela disse, "Honestamente, não. Mas preciso acreditar, ou vou enlouquecer, Tomoyo". Ela olhou suplicante para a amiga. "Esteja lá, sim?"
Tomoyo fora arrancada de suas lembranas pelo toque insistente de seu telefone. Tirou o aparelho da base sem olhar para o identificador de chamadas, dizendo de modo distraído, "Alô?"
"Tomoyo?" Uma profunda voz masculina ecoou do outro lado da linha, e a morena sentou-se ereta, os olhos arregalados.
"Syaoran? Por Deus, é você mesmo?" Ela murmurou, espantada.
"Sim. Como vai?"
Tomoyo estava to atordoada que no sabia o que falar. "Está na China?" Disse abruptamente, os olhos presos no vestido de seda.
"Não..." Houve uma breve e hesitante pausa. "Estou... Estou no Japão, Tomoyo. Acabei de chegar. Como vai Sakura?"
A ansiedade na voz do rapaz cortou o coração da moça. "Ela... Ela está bem, Syaoran. Está bem". Ela deu um suspiro pesado. "Ela está noiva".
*
As palavras de Tomoyo atingiram Syaoran como um raio. Ele olhou para Meiling, aturdido, e a moça não suportou a curiosidade. Decidida, arrancou o pequeno aparelho das mãos do primo. "Daidouji, é Meiling. Como está a Sakura?"
A morena ouviu um suspiro. "Venham para a minha casa. Diga ao Li para não se preocupar que não vou comentar nada com Sakura. Mas venham depressa que ainda temos que achar uma roupa para vocês irem ao noivado".
Meiling engasgou-se. "O quê?! Daidouji..."
"Escute", Tomoyo interrompeu. "Sakura está cometendo um erro, e sabe disso, mas é teimosa demais para dar o braço a torcer. Ela ainda ama o seu primo, Meiling-"
Foi a vez de a chinesa interromper. "Estamos a caminho." Ela fechou o telefone com um estalo e tomou Syaoran pela mão. "Vamos!"
Syaoran debateu-se, tentando desvencilhar-se. "Eu não vou a lugar nenhum, a não ser o guichê da Air China comprar uma passagem de volta!" Retrucou o rapaz, puxando a mão. Embora mais forte que Meiling, para seu espanto ele simplesmente não conseguia libertar-se. O que está acontecendo!?
A morena parou e fitou Syaoran com seriedade e ferocidade. "Você no vai voltar para Hong Kong sem Sakura, está maluco? Eu passei cinco anos trabalhando como uma louca para convencer os Anciões, e no primeiro obstáculo você vai desistir? Para se casar com quem? Com uma mulher como Akane Ruu? Nem pensar!" Argumentou a moça, mencionando uma jovem socialite chinesa que, segundo os Anciões, seria uma esposa adequada para Syaoran.
"Ela está apaixonada por outro, Meiling! O que quer que eu faça? Que jogue o orgulho pela janela e me atire aos pés dela? Nunca!" Retrucou Syaoran.
Mesmo sendo vários centímetros mais baixa do que o primo, Meiling apoiou uma mão em cada ombro do rapaz e olhou-o profundamente nos olhos. "Escute bem, Li Xiaolang", ela disse, com a voz soando um sibilo baixo e furioso, "Daidouji quer falar conosco e nos levar à festa. Seja homem e enfrente a situação. Agora ande!" Ela voltou a puxá-lo, vitoriosamente conseguindo levá-lo até um ponto de táxi e enfiá-lo no carro mais próximo. "Para Tomoeda, por favor. E tranque as portas", instruiu a moça para o sisudo taxista, que apenas meneou afirmativamente a cabeça e fez como instruído.
Syaoran olhou para Meiling com olhos brilhantes de fúria, mas não disse nada, contentando-se em olhar sombriamente pela janelinha e praguejar silenciosamente contra a folclórica teimosia dos Li.
*
Tomoyo desligou o telefone com um sorriso satisfeito no rosto e um novo brilho nos olhos ametistas. Syaoran havia voltado ao Japão e com um único motivo: procurar Sakura. Se assim o era, então a crença de sua prima num provável casamento do rapaz com outra não tinha fundamentos, e as circunstâncias todas estavam mudadas. Havia a chance de o noivado de Sakura não acontecer.
Entusiasmada e esperançosa, a moça apressou-se a tirar o fone da base outra vez. Discou rapidamente um número, aguardando ansiosamente que atendessem. "Eriol, sou eu", disse ela animadamente. "Você não sabe quem acabou de me ligar..."
C O N T I N U A
Nota da Autora: Olá! Nossa, faz tempo que eu não postava nada de Sakura Card Captors. Na verdade, faz tempo que eu não postava nada, ponto. Mas vi que a Jahid (ex Jenny) voltou a postar Candy Pleasures, e a história despertou minha musa adormecida. Leiam a fic. Prende muito a atenção.
Não esqueçam de deixar a costumeira review! Eu adoro receber comentários - quanto mais longos, melhor.
Um beijo.
