Capitulo 1 – Encontros Casuais Definitivamente não são Comuns.

Os saltos dos meus Manolos ecoavam pelo saguão principal do aeroporto internacional de Nova Iorque. A voz melosa anunciava que o balcão de check in para o embarque com destino a Roma, era exatamente o que tinha a maior aglomeração de pessoas enfileiradas. Aproximei-me levantando as lentes escuras do Dior que me cobria os olhos e erguendo meu pulso; fitei as horas que indicavam ser 15h30min.
O papel que eu trazia na outra mão informava que o vôo sairia às 16h.

"Maravilha" – murmurei parando atrás de um rapaz, escorregando a bolsa por meu braço e procurando o celular dentro dela.

"Como?" – sua voz rouca sussurrou enquanto me olhava por cima dos ombros, os cabelos loiros ondulados caiam por sua testa enquanto ele retirava os óculos escuros, exibindo aquelas orbes azuladas.

"Ah!" – exclamei sorrindo gentilmente. – "Estamos atrasados, hã?" – voltei a procurar o celular.

"Sim!" – ele sorriu me examinando. – "Nos conhecemos?" – sorriu de lado enquanto se virava.

Antes que eu pudesse evitar, soltei um riso irônico. Meus olhos subiram dos pés até o rosto dele, examinando cada centímetro do corpo daquele que me cantara tão trivialmente. Seu tronco parecia ser magistralmente esculpido dentro daquela camiseta clara.

Quando finalmente cheguei ao rosto, os lábios volumosos estavam esticados exibindo os dentes brancos, alinhados perfeitamente. Um sorriso sensual demais para o meu próprio bem. Seus olhos continham todo o mistério e a imensidão típica de um mafioso.

"Creio que não." – sorri maneando a cabeça. - "Mas eu me chamo Alice Brandon".

"Então posso dizer que já te vi no canal de política?" – ele sorriu novamente estendendo sua mão em minha direção. – "Jasper Withlock".

Completei a distancia que separava nossos corpos com meu braço apertando sutilmente a palma da sua mão estendida que envolveu a minha suavemente, levando-a até seus lábios avermelhados.

"É o enorme prazer!" – ele falou rouco, soprando sua respiração para as costas de minha mão que se arrepiaram rapidamente.

Apenas sorri, retirando minha mão educadamente e inclinando meu corpo para o lado, tentando enxergar a senhora que fazia o check in mais adiante.

"Você é empresaria de algum político, ou estou enganado?" – ele perguntou curioso.

"Exatamente!" – acenei com a cabeça. – "Edward Cullen, pra sermos mais exatos". – sorri abertamente, passando uma mecha de meu cabelo para trás da orelha.

Ele piscou e riu baixo de forma encantadora. Olhei para o relógio de pulso enquanto sentia ele me observar avidamente.

"Realmente ficaremos aqui um bom tempo". – quebrou o silencio que se instalara entre nós. "O que acha de tomarmos um drink depois de passarmos pelo check in, já que nosso vôo também sairá atrasado?".

Ponderei por alguns segundo e pensando bem, um drink com aquele homem maravilhoso não seria nada mal.

"Claro!" – corri meus olhos novamente pela fila, olhando a expressão cansada da atendente. – "E pela vontade da querida ali, poderemos ir e voltar que nada terá mudado".

Ele sorriu virando-se novamente para frente e aparentemente procurando algo em sua bagagem.

Confesso que me distrai um pouco no alinhamento dos ombros largos de Jasper por alguns segundos, mas devo admitir que também fui rapidamente tirada do transe quando a campainha alta de meu celular tocou.

"Olá Bella!" – sorri ao atender a ligação. – "Ainda não. A fila do check in esta enorme, e pelo visto o vôo também atrasará!" – comentei com ela olhando para os lados. –"Mas fique tranqüila. Assim que estiver para entrar no avião eu ligo para você!" – sorri. "Claro que dará tudo certo. Alice Brandon esqueceu?" – ri baixo com a minha modéstia. "Ok! Beijos!" – o flip fechou e eu olhei para Jasper que me encarava.

"Eles confiam em você, han?" – comentou sorrindo.
Por que ele sorria tanto? Isso não tava me fazendo bem.

"Sim". – confirmei sorrindo e me chutando internamente por estar sendo patética daquela forma. – "Eu os conheço há bastante tempo; antes mesmo de começar a trabalhar para Edward". – gesticulei.

"Isso é bom!" – ele comentou pensativo. – "Quero dizer, você parece ser uma ótima funcionaria. Obediente".

"Fazemos o possível". – ri sem graça. "Mas e você, em que trabalha?".

Ele mexeu os lábios e por um momento achei que ele fosse falar, porém ele os umedeceu me olhando fixamente, me fazendo perder o foco dos pensamentos.

"Estamos quase chegando!" – ele se virou.

Realmente, havia poucas pessoas agora na nossa frente e eu pude notar que a atendente foi trocada por uma morena sorridente. Felizmente o serviço seria adiantado e eu já podia ouvir a voz simpática da moça do lugar onde eu estava.
Jasper parecia um pouco distante agora, digitando alguma coisa em seu blackberry.

Dei de ombros, até porque não era de minha conta o que ele fazia ou deixava de fazer. Certo, Alice. Se controle, sim? Sim? Sim!

"Boa tarde senhorita!" – ouvi a voz da moça me chamar atenção. – "Desculpe-nos o transtorno".

"Tudo bem". – sorri tentando ser simpática, retirando meu passaporte e a passagem, deslizando-os pelo balcão.

"Obrigada". – ela confirmou e continuou com todos os procedimentos necessários. "Faça uma boa viagem!" – ela me desejou devolvendo os documentos cartão de embarque.

Após analisar o papel que a atendente tinha acabado de me entregar, com o número do assento e o terminal, dirigi meu olhar para a tela que alterava os nomes. Meu vôo estava com meia hora de atraso.

"Ótimo" – exclamei largando os braços ao longo de meu corpo, irritada. Ouvi meu
celular tocando novamente. "Alo?" – atendi sem paciência. "Oi Edward". – o cumprimentei. "Sim! Mas amargarei nesse aeroporto por meia hora até embarcar". – me virei de costas para a tela. "Pois é! Você tem sorte, não vai ter que enfrentar tudo isso para embarcar em seu jatinho". – brinquei. "Eu sei, eu sei. Fui eu quem escolheu isso. Sim, não precisa jogar isso em minha cara, ta legal?" – ralhei fingindo ofensa. –
"É claro que tudo estará exatamente como você quer quando chegar. Sim, só 7 horas de vôo". – comentei procurando por Jasper. "Não sei dizer se eu chegarei viva, Edward". – respondi rindo. – "Mas tentarei. Eu sei que vocês não sobreviverão sem mim" – sorri olhando minha bolsa. "Certo, certo Edward! Beijos!" – mordi o lábio inferior por ter perdido o Jasper de vista. - "Merda!" – exclamei esticando o pescoço tentando localiza-lo.

"Procurando alguém?" – sua voz estava baixa, rouca, concentrada e próxima demais do meu pescoço. Estremecer foi a menor coisa que meu corpo fez naquele momento.

Putaquepariu! Deveria ser um crime esse homem fazer isso comigo. Eu sentia minhas bochechas ferverem e meu coração tava acelerado. O pulo que meu corpo tinha dado foi o suficiente para ele abafar uma risada.

Inalei o máximo de oxigênio que meus pulmões podiam agüentar antes de girar nos meus calcanhares com um sorriso do estilo "você-me-pegou".

Na verdade, sim! Você em um momento estava em minha frente, e no outro simplesmente... sumiu!- pensei em dizer, com um sorriso enorme no rosto, mas claro que ele sairia correndo. Se controle Alice! Esse mantra estava ficando cansativo.

"Não, não". – menti na cara dura, com um sorriso amarelo no rosto.

"Ah sim!" – ele sorriu abertamente. – "Meia hora de atraso". – ele me lembrou. – "Dá para beber alguma coisa!" – sorriu aquele sorriso que me deixava sem ar novamente. "Vamos?" – ele apontou para um balcão do outro lado do saguão.

"Claro" – sorri me dirigindo até lá.

Seu passo foi rápido até ele ficar ao meu lado. Senti sua mão hesitante a milímetros de minha cintura. Abaixei a cabeça um pouco constrangida, mas com um sorriso nos lábios. Chegamos rapidamente ao barzinho. Dei um impulso para subir no banco alto, e Jasper riu maneando a cabeça enquanto apoiava sua perna direita.

"O que vai querer?" – ele perguntou pegando um pequeno cardápio com alguns drinks em cima do balcão.

"Algo que tenha vodka". – sorri lembrando da ultima vez que tinha bebido vodka.

"Certo..." – ele mordeu o canto do lábio distraído enquanto seus olhos corriam pela lista. "Por favor!" – chamou a garçonete loira que veio em sua direção rapidamente, com um sorriso gigantesco nos lábios.

"Boa tarde, senhor. Em que posso ajudar?" – perguntou melosa demais, mexendo nos cachos falsos.

"Um Blue Champagne para ela, e uma dose de Johnny Walker para mim". – ele deslizou o cardápio plastificado pelo balcão de mogno escuro. Sua voz era rouca, um pequeno sorriso brincava em seu rosto.

"Com gelo?" – ela perguntou antes de sair.

"Pfff." – ele desdenhou. - "Sem gelo, por favor!"

Ela riu descarada e falsamente e saiu rebolando. Certo, Alice. O que foi isso?

"Espero que você goste de vodka! Quero dizer, esse drink é um pouco forte." – ele explicou. "Mas pensei ser sua cara." – ele sorriu.

"Gosto bastante." – respondi apenas, observando o movimento do aeroporto e desviando de seu rosto, principalmente do olhar que parecia me perfurar a alma.
Depois de poucos minutos, a taça com um liquido azul estava na minha frente e o copo com o liquido convencionalmente dourado na frente de Jasper.

Ouvi novamente o celular tocar dentro de meu bolso. Revirei os olhos.

"Me desculpe por isso!" – pedi, olhando o visor do aparelho.

Pai

"É importante. Preciso atender." – repuxei o canto de meus lábios, formando uma careta.

"Vai em frente. Sem problemas." – ele piscou, enquanto ajeitava o copo de uísque no balcão, desviando seus olhos azuis de meu rosto.

"Pai?" – perguntei depois de atender a ligação. "Estou bem, e você?" – perguntei contendo um sorriso. "Estou em Nova Iorque agora. Já, já estou embarcando." – gesticulei brevemente. "Não, pai. O vôo dura 7 horas, mais ou menos." – informei olhando para meus sapatos. "Ele irá fazer uma palestra no parlamento italiano, e pediu para eu ir na frente para acertar algumas coisas." – sorri diante da preocupação de meu pai. "Não papai. Eu tenho certeza que estou bem." – maneei a cabeça diante de sua insistência. "Esta bem!" – bufei dramaticamente. "Eu te ligo assim que chegar. Beijos pai." – desliguei o aparelho, sorrindo e com a imagem de Carlisle preocupado enquanto andava de um lado para o outro.

"Me desculpe." – ri nervosa, sentindo minhas bochechas esquentarem. "Ele tem esse senso protetor sobre mim." – maneei a cabeça novamente.

"Ele tem motivos para isso?" – ele perguntou, olhando-me de lado, com os cotovelos encostados no balcão.

"Não, não." – respondi em reflexo, desviando nossos olhares. Logo em seguida, como ferro em brasa, senti a cicatriz em meu colo arder, e o calafrio rotineiro subir por minha coluna. "Mas agora que ele esta de férias do hospital, ele gasta o seu tempo livre me ligando" – gesticulei, ficando ainda mais nervosa.

Encostei-me na banqueta alta, olhando a diversidade de pessoas que circulavam o saguão daquele aeroporto. Cada uma com uma expressão diferente, com destinos opostos, e principalmente, com um passado que eu não poderia afirmar ter sido tão ou menos desagradáveis que o meu.

"Salute" - ele ergue seu copo em minha direção, chamando minha atenção e me fazendo olhar novamente para sua face, que continha um sorriso charmoso.

Ok, ele fala italiano. Meu cérebro rapidamente imaginou coisas que não eram boas, dissipando qualquer outro pensamento que pudesse habitar em minha mente. Ergui a taça em sua direção, fazendo o vidro tilintar com o contato. Depois levei-a até meus lábios, sorvendo um pouco do liquido doce. Olhei fixamente em seus olhos por um segundo, antes dos mesmos, em reflexo a minha imaginação fértil, deslizaram por seu corpo novamente. No momento que meus olhos pousaram no volume considerável em sua virilha, senti o liquido entalar em minha garganta.

Sorri disfarçando enquanto seus olhos eram desafiadores, perigosos. Inalei o ar profundamente pelo nariz, tentando permanecer calma e não passar mais vergonha. Minhas bochechas estavam queimando e eu só estava esperando a situação piorar.

Deus, não deixe eu desmaiar por falta de ar agora, por favor! – e com outra tragada de ar, consegui engolir, sentindo a vodka queimar minha garganta enquanto o doce do champanhe borbulhava em minha língua junto com o gosto de um licor delicioso se diluía em minha saliva.

"O que achou?" – ele perguntou depois de engolir o gole de uísque.

"Delicioso!" – sorri, passando a língua em meus lábios.

Seus olhos ficaram cerrados enquanto ele encarava fixamente minha boca. Puxei propositalmente a pele do meu lábio inferior com meus dentes, retribuindo o olhar. Jasper desapoiou sua perna do banco, ficando de pé e após virar o copo de uísque, se aproximou de mim.

Sua respiração tocou meu rosto, e meu olhar alternava rapidamente entre seus lábios próximos de mais dos meus e seus olhos lascivos que me deixavam arrepiada.
Senti sua mão fria subir por meu braço até chegar a minha nuca, fazendo um arrepio correr por minha coluna.

Seus lábios tentadores roçaram nos meus, fazendo sua respiração invadir meu organismo. Meu coração pulsava rápido dentro do peito, deixando minhas pernas tremulas. Minha boca, que até segundos atrás era umedecida pelo doce licor, agora estava seca junto com a minha garganta ansiando por provar daqueles lábios.

Sua boca tocou a minha devagar, apenas provando meus lábios. Sua língua quente pedindo passagem, enquanto suas mãos seguraram meu quadril, me erguendo do banco para, em seguida, deslizar em seu tronco.

"Senhores passageiros do vôo American Airlines 236 com destino a Roma, Itália. Por favor, dirigir-se ao terminal 8."

E ele havia sumido.

Suas mãos deixaram minha cintura, e seus lábios libertaram a minha boca. Seu corpo largara o meu. E seu cheiro martelava em meu organismo.

Como eu não percebera ele retirar a carteira do blazer xadrez e colocar a nota embaixo do copo vazio? Como eu não notara que ele tinha me deixado ali, completamente hipnotizada?

Respirei fundo, reencontrando minha dignidade no restante do meu drink azul. A taça vazia foi pousada no balcão, e após cobrir meus olhos com o óculos escuro, me dirigi até o portão de embarque 8, como anunciara a voz, completamente frustrada.

Enquanto eu me posicionava no final de outra fila, já próxima do portão de embarque, sentia minhas pernas tremulas ainda pelo intenso momento com Jasper.

Por um momento pensei que aquilo tudo fora apenas uma alucinação. O estresse já corria por minhas veias há alguns dias por conta da agenda de Edward, e aquele gole de vodka com champanhe e licor foi a gota que eu precisava para me imaginar aos beijos com o primeiro homem bonito que eu me encontrasse.

-Definitivamente foi isso! – murmurei, tentando me convencer.

Os minutos corriam e eu podia ouvir a voz da atendente se desculpar e desejar uma boa viagem a cada passageiro que bufava nervoso pela demora. E assim ocorreu por um tempo que eu preferi não prestar atenção.

Quando finalmente minha vez tinha chegado, a moça sorriu simpática, se redimiu pela demora, seguindo seu procedimento.

-Tudo bem. – devolvi o sorriso, e caminhei pelo corredor a minha frente sentindo meu estomago dar o ar da graça enquanto me aproximava mais da aeronave.

Com minha respiração acelerada e meu coração batendo rapidamente, obriguei meus olhos a prestarem atenção nas paredes e me distrair. Não que o corredor bege tivesse muito que me oferecer além de luzes brancas demais em trilha até a porta grossa do avião que me aguardava aberta.

A mulher com o uniforme da American Airlines tinha os cabelos loiros, lisos artificialmente e ostentava o mesmo sorriso simpático que todas as mulheres desse aeroporto pareciam ter esculpido nos lábios. O nome em seu crachá metálico informava que ela era a Jessica Stanley.

-Boa tarde senhorita. – sua voz esganiçada me cumprimentou gentilmente. – Posso ver seu cartão de embarque? – pediu.

Consenti, oferecendo meu cartão para ela. As lentes escuras ainda cobriam meus olhos e o enjôo que se instalava em meu estomago estava me deixando mais irritada.

-Certo. – ela analisou o papel por um instante. – Fileira da esquerda, poltrona da janela. Numero 75. É por ali. – indicou o caminho para a classe executiva.

-Obrigada. – agradeci ainda nervosa.

O ar entrava rápido por minhas narinas e eu sentia meu estomago resmungar com o medo. Minhas mãos começavam a suar na alça da pequena bolsa e eu sentia minha visão se embaçar. Inalei lentamente, e antes de passar pela pequena cortina, me obriguei a parar de tremer.

Enquanto caminhava pelo corredor, via alguns outros passageiros se ajeitarem em seus assentos enquanto ainda podia sentir meu coração pulsar rapidamente. A voz do piloto do avião soou grave nos autos-falantes, passando as informações necessárias para a viagem.

"Boa tarde, senhores passageiros do vôo 236 com destino a Roma. A duração de nosso vôo é de aproximadamente 7 horas. Prestem atenção nas recomendações. Todo o avião possui portas de emergência nas laterais inferiores e superiores. Em caso de despressurizarão, máscaras de oxigênio cairão automaticamente sob seu assento. Se estiver acompanhado de idosos ou crianças, coloque primeiro a máscara em si, para depois ajudar os outros. Fiquem atentos ao sinal luminoso encontrado na frente da aeronave e em cima de seu assento. Aperte o cinto de segurança sempre que necessário. Para maiores informações de emergência, verifique o manual de instruções que se encontra em sua frente. Celulares, notebooks e outros aparelhos com rede devem ser desligados. Quem vos fala é o comandante Emmett McCarty, em nome de toda a tripulação, agradeço por escolherem a American Airlines e desejo a todos uma boa viagem."

Eu já estava me aproximando do numero 73 quando vi aqueles cabelos dourados, acompanhado pelos olhos azuis penetrantes. Minhas sobrancelhas se uniram em reflexo. Aquilo era um tipo de piada?

A alucinação provocada pela vodka piscou em minha mente. Os meus batimentos aumentaram em reflexo a cena de seus lábios tocando os meus.

Pateticamente minha respiração agora estava acelerada com a visão de seu rosto distraído olhando para a janela do avião. Claro que tudo isso podia ficar pior e mais constrangedor – e é claro que ficou. Como se meus pensamentos fossem gritados pela cabine, ele virou seu olhar em minha direção, capturando completamente minha atenção.

Com o cenho franzido, e um sorriso puxando seus lábios para a esquerda, ele cerrou os olhos.

"Oi." – pronunciou desconfiado.

"Oi de novo." – devolvi no mesmo tom, com a cabeça inclinada observando seu semblante.

Olhei novamente para meu cartão e subi o olhar para a numeração daquelas poltronas.

"Eu acho que eu sento aqui." – falei sorrindo.

"Serio?" – ele perguntou ainda com aquele tom desconfiado. "Tem certeza?"

O sorriso sumiu de meu rosto quando percebi seu desconforto. Desviei meus olhos novamente para o numero, voltando-o para o papel.

"Quero dizer, pensei que você só voava de primeira classe." – seu sorriso se aumentou e ele soltou o cinto e se ergueu. "Por favor." – postou-se de pé ao meu lado, dando passagem para que eu entrasse.

"Obrigada." – agradeci enquanto me espremia para passar no vão da poltrona da frente, e de seu corpo.

O medo que me embrulhara o estomago minutos atrás deu uma trégua enquanto sentia minhas costas roçaram em seu peito, e meu quadril em sua cintura, logo a ansiedade borbulhou junto com meu sangue por minhas veias.

Eu não estava louca! – Comemorei mentalmente enquanto me ajeitava em meu banco, reprimindo um sorriso escandaloso.

Olhei por um momento pela janela, vendo o sol lentamente se dirigir para o horizonte. Cerrei meus olhos pela claridade e olhei para meu relógio.

"Preocupada com o horário?" – sua voz soou casual próxima de meu ombro.

"Não" – sorri, e virei minha cabeça enquanto a balançava em negativa. Seu queixo estava quase apoiado em meu ombro, e ele me olhava por debaixo dos cílios com aquele sorriso branco esticando em sua face. Me distraindo fácil, fácil.

"Nervosa?" – sua voz soando intensa. Seu hálito tocando meu maxilar enquanto a palavra saia de sua boca.

Ergui minhas sobrancelhas, confusa. A que ele estava se referindo? Tentei escorregar meu corpo pela poltrona para ficar na altura de seus lábios, mas o cinto que estava apertado firmemente em minha cintura me impediu.

Bufei contrariada e a revelação surgiu em minha mente feito um raio, trazendo o nervosismo novamente à tona.

"Sim." – respondi ainda confusa com sua aproximação, porem me afastando de seu corpo e olhando para frente.

"Senhores passageiros, nosso vôo foi autorizado e esta prestes a decolar. Apertem os cintos e façam uma boa viagem!" – a voz da aeromoça falou mecanicamente pelos auto-falantes do avião.

"Ótimo" – murmurei baixinho, encostando minha cabeça na poltrona e apertando o apoio de braço com toda a força que minhas mãos tinham.

Pude ver de canto de olho ele erguer as sobrancelhas, confuso. Seu olhar era fixo em meu rosto preocupado.

"Quantos anos você tem?" – sua respiração novamente tocando em meu pescoço.

"21." – respondi baixo, mordendo o canto da boca enquanto o avião deslizava pela pista.

"Eu tenho 23." – comentou divertido. "Você é da onde?"

"Mississipi." – respondi sentindo minhas unhas massacrarem o couro da poltrona, enquanto minha respiração saia cortada.

"Sou do Texas, apesar de ter vivido boa parte da minha juventude na Italia." – me disse com a voz carregada com sotaque italiano. "Essa é a sua primeira vez?" – seu sorriso branco se abrindo maliciosamente no rosto.

"Não."

"E por que esse medo todo?" – sua respiração quente em meu pescoço, focando minha atenção para a pele sensível.

Sua mão grande pousou sobre a minha, enquanto os tremores do avião tirando as rodas do chão balançavam nossos corpos.

"Fique calma." – seus lábios roçaram levemente em meu maxilar, fazendo meus olhos fitarem seu rosto sem que eu pudesse mexer minha cabeça.

Ele estava concentrado em minha pele enquanto balançávamos vez ou outra. Seus dedos longos massageavam minha mão enquanto o avião tomava altitude.

"Pronto." – ele anunciou antes de mordiscar meu lóbulo, causando arrepios por meu corpo inteiro e me fazendo relaxar no assento.

"Até que não foi tão ruim." – soltei em um suspiro, sentindo ele voltar com uma trilha de beijos para meu maxilar enquanto sua mão subia por meu braço, rumo ao meu pescoço.

"Que tal continuarmos o que foi interrompido no bar?" – sua voz ficando rouca e baixa, perto de meu ouvido.

"É uma... ótima idéia" – senti minha voz sumir enquanto sua língua encontrou minha pele quente. "Se você não sumir de novo."

Minha respiração ofegava compassadamente enquanto ele estalava seus lábios em meu pescoço.

"Que tal..." – ele começou cheio de malicia na voz. "Continuarmos isso aqui em um lugar mais... reservado?" – me propôs enquanto seus dedos envolviam meu cinto, roçando levemente em meu quadril, me arrepiando ao mesmo tempo que ele sugava minha pele com seus lábios.

O avião tremeu junto com meu corpo. Era impressão minha ou o ar condicionado estava desligado?

"Senhores passageiros, a decolagem foi feita tranquilamente. E a previsão é para que nosso vôo seja exatamente assim. Obrigado e aproveitem a viagem."

O pequeno símbolo do cinto de segurança que estava no painel em cima da janela, apagou e as mãos ágeis de Jasper já trabalhavam em desafivelar nossos próprios cintos. Aquilo seria no mínimo, interessante.