Notas da Autora: Bem vindos a minha segunda fic de Evangelion!
Esse texto foi inspirado na fanfic homonima da autora genki-cherry, tem referencia ao mangá #14 publicado no Brasil e foi baseado no episodio 24 da serie de TV.
ou seja... possui spoilers.
Ah, possui também referencia a Kaworu x Shinji, mas nada que efetivamente estrague a leitura dos mais conservadores.
No mais, deixo avisado que a personalidade do Kaworu recebeu uma conotação diferente da descrita anteriormente, já que essa é uma releitura :)
Cruel Angel Thesis
A existência dos anjos já estava prevista nas Escrituras.
A existência dele já era programada.
Os olhos de fogo queimariam sob o coração dos humanos e sua pele remeteria a pureza incansável, diferente das criaturas grossas que viriam antes de si.
Todas elas falhariam, mas ele iria triunfar; conhecedor da língua e da escrita seria gentil com os vermes ao seu redor ao deixá-los saborear uma morte sem sofrimentos.
E quando o dia chegasse o anjo desceria sob o abismo, tocando o Primeiro para inundar o mundo com a Luz mais uma vez.
Maquinas de barulho constante retiraram o liquido espesso do grande tubo de vidro e revelaram com clareza o que havia sido criado. Analistas calculavam as pressas níveis do campo AT, enquanto os geneticistas imóveis apenas observavam por trás da parede envidraçada, com suas gargantas em nó.
A criação então moveu seus olhos, para depois sorrir.
Quão patéticos eram os humanos oferecendo-lhe panos para que cobrisse seu eu. Tão patéticos com seus gráficos e incógnitas, que teve certeza que sua missão era os destruir.
Não a mando dos velhos da Seele, mas seguindo a vontade do Único Acima.
A certeza maior, porém, veio ao conhecer Ikari Shinji. Criatura tão maltratada, que buscava conforto até na melodia que saia dos lábios de um desconhecido sentado à beira da cidade inundada. Que rastejava buscando a atenção de quem quer que fosse, mas escondia-se com medo assim que alguém o notava. E vendo aquilo, sorriu mais uma vez.
Disse a ele palavras doces. Entrou na vida do outro como a promessa de salvação que Shinji sempre esperara e até o tocou de uma forma que o garoto jamais havia imaginado. Cativara o coração do outro, colocando uma corda fina ao seu redor, sem jamais transparecer que ele, na verdade, sequer se importava.
Aliás, toda vez que sorria demonstrava em código quanto o desprezava. E convenhamos que ele, Tablis, ou melhor, Nagisa Kaworu sorria bastante.
"Bem, vamos lá. Venha alter-ego de Adão, servo de Lilith."
Seus pés deram um passo frente ao abismo, deixando a atmosfera suspensa no ar. A melodia de sua respiração surgiu como um baque.
"Unidade 02 ativada!" – mas Asuka não estava lá.
"Campo A.T detectado no Dogma Central!" – o som irritante dos alarmes se espalhou. Kaworu Nagisa estava lá, flutuando como a brisa em meio ao caos. Flutuando como anjo de destruição.
Mas então ele apareceu. Ikari Shinji. O garoto que não encarou a verdade em nenhum momento de sua vida.
Tudo porque tinha medo de enxergar.
"Eu estava esperando por você, Shinji-kun."
Travou-se a batalha. E desperdiçaram-se palavras na busca de 'porquês', junto ao garoto que nada compreendia. Mas de nada adiantou; Ikari continuava clamando por seu nome em meio à luta com a Unidade vermelha, incansável.
Então tudo se tornou silencio.
Quando a porta se abriu, revelando o objetivo de todas as vidas naquele lugar. Gigante e crucificado, refletido na vermelhidão dos olhos.
Lilith.
Uma falha. Sua grande falha.
"Obrigado, Shinji-kun." – se sua missão não fora completa haveria de ao menos punir a mais desprezível das criaturas para arrancar a satisfação do Único Acima.
E sorriu.
"Me destrua!"
Afinal para Tablis morte e vida eram iguais. Mas para Shinji aquela seria uma dor muito mais forte que qualquer outra que ele já havia passado. Mais doloroso que o abandono de seu pai, mais profundo que o desamor de todos ao seu redor.
Por que ali ele iria destruir o único que ele acreditava que o amasse.
Para Kaworu era muito fácil lançar as ultimas palavras como as que Shinji gostaria de ouvir. Bobagens sobre futuro que por fim puxariam a fina corda que ele mesmo havia implantado sob o coração do outro, validando todos seus esforços.
Então, ouviu-se mais uma vez o barulho de água. A confirmação da vitoria de Deus perante a humanidade, flagrada na face que caiu sorrindo.
Notas da autora: Essa fic ficou mais leve que a ideia original, mesmo assim eu criei uma grande estima por ela.
O "Primeiro" descrito no quarto paragrafo, refere-se a Adão, caso alguém ainda mantenha alguma duvida.
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