Eu nunca fui muito normal, nem nunca pedi para ser. Mas um dia, eu desejei forte demais, e aconteceu.

Eu era diferente... Especial. Eu não pertencia ao mundo em que eu morava, e sim a outro mundo. O mundo dos bruxos.

Faz algumas semanas que eu recebi minha carta de Hogwarts, a melhor escola de Magia e Bruxaria do Mundo. Minha mãe é trouxa e meu pai é bruxo, e agora, eu sou uma bruxa. Tenho um irmão também, Bryan. Ele é bruxo e já estudava em Hogwarts antes deu receber a carta. Ele era da Corvinal e sempre falava muito bem da escola e de quanto as pessoas são amigáveis.

Meus pais decidiram que devíamos nos mudar para Londres, e mesmo que doesse um pouco deixar a California, aceitei. Ia deixar algumas amigas lá, mas do mesmo jeito, não ia vê-las enquanto estivesse na escola. Então arrumei minhas malas, minhas coisas, peguei minha vida, botei dentro de uma mala de viagem, e parti para um avião que ia mudar minha história.

Londres é uma cidade totalmente confortável, com seu ar antigo. Ela é acolhedora e eu não poderia estar em lugar melhor. A saudade de Los Angeles foi diminuindo ao ver o Big Ben.

Quando cheguei ao Beco Diagonal para comprar meus livros, penas – pela qual não entendi muito bem como se usar -, pergaminhos, uniforme e um animal de estimação – não aceitei outro se não fosse uma coruja ou um gato -, vi que os bruxos levam suas identidades a sério. Pessoas totalmente caracterizadas, e estranhamente mal vestidas. Algumas bastantes sujas como se não se importassem.

Mas, andando em frente ao Olivaras, vi uma menina que com certeza, vivia no mundo dos trouxas. Ela usava uma calça jeans, um tênis e um casaco rosa clarinho que dizia Paris, J'etaime. Seus cabelos eram bem emaranhados e seus dentes da frente um pouco grandes demais. Ela estava com um casal que parecia ser seus pais e carregava uma quantidade maior de livros do que eu. Aproximei-me lentamente.

- Eu preciso ler o livro Hogwarts: uma história. – Disse a garota, sorridente aos pais. – Preciso entender como é lá antes de estudar, não?

- Com licença. – Eu cheguei perto dela, e disse. Ela se virou pra mim e sorriu. – Você vai pra Hogwarts esse ano?

- Sim... Você também? – Ela me perguntou com um sorriso maior ainda ao ver que eu também parecia ser uma trouxa. Balancei a cabeça em sim. – Que legal! Meu nome é Hermione Granger.

- Meu nome é Emma Underwood. – Assenti e depois sorri. Ela estendeu a mão para mim e eu a apertei, cumprimentando-a.

- Você tem preferência em alguma casa? – Perguntou ela para mim, com interesse.

- Hum, não. Acho que qualquer uma está de bom tamanho. E você?

- Penso o mesmo, mas preferia que não caísse na Sonserina. Não há um único bruxo mal que não fora para lá. Eu acho que seria mais feliz na Lufa-Lufa, Corvinal, ou – ela deu um longo suspiro – Grifinória.

Balancei a cabeça, e depois sorri. Achei que ela se achava um pouco, ou talvez fosse inteligente demais. Eu sempre me matava para tirar boas notas e acabava sem computador.

Eu e Hermione pedimos permissão para nossos pais, para passearmos juntas pelo Beco Diagonal, e eles deixaram. Fomos andando de um lado para o outro, observando lojas, e de vez em quando, entravamos em alguma ou outra loja para comprar alguma coisa. Hermione sempre me ajudava com o dinheiro bruxo, pois ainda não estava acostumada.

Ao sairmos de uma loja qualquer, íamos esbarrando em uma mulher que vestia roupas gozadas, e um menino gordinho. Dei uma topada com o menino.

- Oh, me desculpe. – Disse ele, me ajudando a levantar. – Sou muito desastrado. – Ele fez uma cara triste, e deu um sorriso estranho com seus dentes estranhamente tortos.

- A culpa foi minha. – Sorri sem graça, limpando minhas vestes.

- Vamos Neville, temos que ir. – Disse a senhora, segurando o ombro do garoto.

- Ah, nos vemos em Hogwarts. Tchau. – Ele sorriu, foi embora, e de longe acenou.

Olhei para Hermione, e ela olhou para mim. Rimos. Não sei o motivo pela qual nós estávamos rindo, mas acho eu que era pelo meu tombo. Ficava me perguntando se podia chamá-la de Mione, mas não estava apressada demais? Pelos meus cálculos, nos conhecemos há uma hora e meia.

Depois de ter comprado tudo, e conhecido todo o Beco Diagonal, nossos pais resolveram ir embora.

- Nos vemos em Hogwarts, Emma. – Hermione me abraçou, e sorriu.

-Até lá. – Sorri, e fui embora com meus pais.

- Gostei dos pais dela. – Disse minha mãe, e depois deu uma balançadinha de cabeça.

- Realmente, legais demais para simples trouxas. – Meu pai brincou, e minha mãe o fuzilou com o olhar. Eu comecei a rir, e abracei meu pai, que deu um beijo na minha mãe.


Era noite quando eu finalmente terminei de arrumar minhas coisas. Eram 7h00m e eu já estava muito cansada. Fui até meu gato – comprei no Beco Diagonal. Ele era um Angorá branco com os olhos azuis e o chamei de Simba -, e desejei boa noite para ele, coçando-lhe a cabeça. Depois deitei, e fiquei imaginando Hogwarts.

- Sangue-ruim! – Alguém gritava. Acho que era um menino.

- Corre Mione, corre! – Eu gritava.

- Peguei você! – Gritou a voz, agarrando meu pé. Senti-o puxar meu corpo para o dele.

- Acorde Emma! – Gritava minha mãe.

- M-mãe? – Perguntei, coçando os olhos, e bocejando.

- Isso mesmo meu amor. Se levante e se arrume. Estaremos na estação de King's Cross em uma hora.

Deitei na cama por mais cinco minutos, e me levantei. Corri para o banho, e demorei um pouco. Ao sair, corri para botar um jeans e uma blusa azul oceano de manga comprida. Ajeitei meu grande cabelo preto – que por sinal, hoje as pontas estavam bem enroladas e minha franja, bem lisa -, com uma tiara.

- O táxi chegou! – Ouvi meu pai gritar lá de baixo.

- Eu estou indo.

Peguei Simba e minhas malas, desci com tudo e no fim da escada, meu pai me ajudou com tudo. Então sentei no carro, e fomos.

Chegando à bendita estação, vi Hermione entrando com seus pais. Quando o carro parou, corri para ela, e a abracei. Ela veio e me ajudou com as coisas, e fomos juntas até a plataforma 9¾.

- Tchau minha filha, se divirta. – Ouvi as vozes de meus pais, baixinho, enquanto atravessava a coluna entre as plataformas 9 e 10.

- Uau, igual ao livro. – Disse Hermione, maravilhada.

Não era pra tanto. Era um santo trem. Entramos nele, e procuramos um lugar vago. Logo achamos um, e nos acolhemos lá. Não duraram uns cinco minutos, um menino entrou. Era pálido, de cabelo loiro, muito mal encarado.

- Posso me sentar aqui? – Perguntou ele, frio. Olhava intensamente para Hermione.

- Claro. – Eu sorri, e ele me reparou. Arregalou os olhos ao me ver e eu não entendi.

- Meu nome é Draco Malfoy. – Disse ele, com um sorriso falso no rosto.

Hermione desfizera o sorriso.

- O meu nome é Emma Underwood e ela se chama Hermione Granger. – Eu disse, tentando puxar assunto.

- Você é britânica? – Perguntou ele, me olhando dos pés a cabeça.

- Não, sou americana. Mudei-me para cá há pouco tempo. – Dei um meio sorriso sem graça.

- Hum, e vocês são, sabe, sangue-puras? – Ele perguntou. Hermione franziu o cenho e eu o olhei, com um certo desapontamento.

- Sou mestiça. – Eu disse.

- Sou nascida trouxa. – Hermione não sorriu. Olhou para ele esperando reação. Para meu desagrado, ele reagiu.

- Como você pode andar com esse povo, Emma? – Ele disse para mim, e eu abri a boca enojada. Como ele podia ser tão patético. Hermione se levantou, começou a chorar e saiu correndo.

Não sabia o que fazer. Correr atrás dela ou bater nele? O que fazer? O que fazer? Então, veio na minha cabeça a solução.

PAF!

Dei um tapa em Malfoy, e sai correndo atrás de Hermione. Antes fazer os dois do que ficar tentando decidir e não escolher nenhum. Ao achar Hermione, corri para ela e a abracei, consolando-a.

- Não fique assim, ele é um nojento, ele só é um idiota, nem todo mundo naquele colégio é assim, não é possível.

- Ele mexeu com os meus pais, eu... Eu... Eu não fiz nada... Eu não defendi meus pais. – Ela soluçou e começou a chorar mais.

- Ele vai me pagar, Hermione. Calma, ele é um nojento. Ele não merece amor. Nunca.