Autor: Kaline Bogard
Título: O preço de uma escolha
Sinopse: Eu não fazia por maldade. Mas abrir mão daquele caderno seria como abandonar o que sentia...
Banda: the GazettE, Miyavi
Ship: M+K, AxK, M+D
Orientação: yaoi
Classificação:18 anos (só porque é yaoi)
Gênero: amizade, angst, suspense, mistério, sobrenatural, crossover
Observação: Universo Alternativo, fic inspirada em outra fic: "Yaoi Note" (desta que vos escreve), o plot foi total e completamente ambientado em Death Note. E Death Note não me pertence. Ah, irei mencionar outros j-rockers, só não sei quem será escalado! Nem tudo fará sentido.
O preço de uma escolha
Kaline Bogard
Capítulo I
Achados e perdidos
Eu estava me sentindo nas nuvens. Meu bom humor era tanto, que quase escorria pelos meus poros. Hum, acho que estou exagerando... o que não diminuía a minha alegria em nada...
Certo, agora o motivo da euforia não era nada menos do que... céus, tremo só de lembrar! Meu empresário entrou em contato comigo e anunciou que conseguira marcar um show no Tokyo Dome.
TOKYO DOME!! Calma, Miyavi, calma. Respira. Você mereceu, foi uma longa caminhada e chegar até aqui foi tudo, menos fácil. Ta certo que é o Tokyo Dome... o TOKYO DOME! Repita comigo: Tokyo Dome... na minha carreira solo!
K'so. Surtar no meio da rua não é nada bom. Imagina as manchetes. No mínimo teria que dar adeus ao show recém marcado.
Bem, após o telefonema minha vida já começou a mudar. A staff foi contatada pela organização do evento, apesar do show estar marcado para dali a seis meses. A venda dos ingressos já estava programada para semana que vem.
Eu tinha que me preparar física e psicologicamente. Teria que enfrentar dezenas de entrevistas, ensaios, prévias. Ufa, a atenção se multiplicara, e eu; apesar de não ser novato, não me acostumara.
Tirando essa simplória notícia, tudo ia muito bem, obrigado. Só me preocupava um pouco com a saúde, a correria não me permitia comer direito, e perdera dois quilos. Por isso, após escutar as novidades e surtar, achei melhor ir à um restaurante, comer algo decente. A ansiedade me obrigava a devorar petiscos.
Camuflei meus cabelos tingidos de azul com um boné e coloquei um casaco preto muito discreto. Tentava não pensar em Tokyo Dome, ou teria outro surto. E não seria nada agradável...
Depois de comer, me dei a tarde de folga. Tinha tanto no que pensar, tanto o que fazer. E não sabia por onde começar. Meu corpo estava elétrico!
Voltei pra casa tomando um caminho totalmente diferente. Fui caminhando mesmo, sem me preocupar em deixar o carro na gravadora. Não seria a primeira vez, e eu sabia que cuidariam do meu automóvel direitinho.
O outono estava acabando, por isso o frio já ameaçava congelar até a alma. Volta e meia esfregava as mãos, disposto a esquentar as pontas dos dedos. Era hora de andar com luvas. Hum, adoro luvas!
Er... e caminhava eu, todo distraído, chegando a porta do meu condomínio, quando notei o caderno caído no chão. Meu primeiro impulso foi passar direto, ignorar aquilo. Porém... nunca fui bom em resistir à curiosidade.
Voltei atrás e peguei o objeto do chão, surpreso ao ver a qualidade do caderno. A capa dura era toda revestida em couro preto. Haviam... hum... letras, símbolos, hieróglifos, sei lá o nome daqueles desenhos, só sei que a escrita no alto da capa era irreconhecível.
Abri, procurando o nome do dono, ou algo que identificasse a pessoa que perdera o caro objeto. Não achei nada. Nem um nome, endereçou ou numero de contato. Puxa, fiquei penalizado. O dono daquele caderno sofrera uma perda e tanto!
Olhei de um lado para o outro, talvez a pessoa estivesse por perto. Foi o que meu senso de honestidade ordenou. Seu eu perdesse algo, ficaria feliz se me devolvessem. Infelizmente a rua estava meio vazia, e nenhum dos poucos transeuntes parecia ser o dono do caderno.
Isso me fez decidir: eu fechei o caderno e continuei andando, levando-o comigo. Achado não é roubado, como dizem por aí. Se eu pudesse encontrar o dono, devolveria, caso contrário, poderia usar aquilo pra outra coisa.
Entrei no prédio e cumprimentei o porteiro. Tive que esperar alguns minutos até o elevador descer. Com imenso alívio fiz o resto do percurso tentando me decidir se deveria cuidar em pessoa dos próximos figurinos ou continuava deixando aos cuidados da staff. Decisão difícil.
Assim que entrei no meu apartamento joguei o caderno em cima do sofá e peguei o controle remoto, ligando o aparelho de som. Deixei-me envolver pela música de uma estação de rádio qualquer e fui pra cozinha dar uma olhada nas coisas.
Os armários estavam abastecidos, assim como a geladeira. Uma prova cabal de que eu negligenciava minhas refeições caseiras. Decidi que deixaria de me empanturrar com besteiras na rua, e passaria a comer decentemente todos os dias que conseguisse. Mesmo que fosse um desastre na cozinha, eu poderia encomendar algo. Era melhor e mais saudável do que fast food.
Sai da cozinha, passei pela sala para desligar o som, e fui tomar um banho. A água estava tão agradável que acabei relaxando e prolongando o banho por tempo demais. Quando sai meus dedos estavam começando a ficar enrugados.
Vesti um grosso roupão preto e fui para o quarto. Mal tinha entrado quando o telefone tocou. Me joguei na cama e alcancei a extensão. Atendi ao reconhecer o número: era um dos colegas da gravadora.
Estava me ligando porque soubera das novidades e queria dar os parabéns. Aceitei feliz, pois era de um bom amigo, que trilhava o mesmo caminho que eu. Logo, logo a banda do qual fazia parte estouraria nas paradas de sucesso, e talvez dividíssemos o palco muito antes do que imaginavam.
Conversamos por mais de uma hora, inclusive marcando um dia para sair e festejar. Claro que aceitei. Comemorar era o que eu mais queria.
Depois de desligar ainda fiquei um tempo deitado, olhando pro teto alto do quarto. Meu cérebro estava eufórico, injetando litros de adrenalina em minhas artérias. Dificilmente conseguiria dormir, e a verdade é que ainda era cedo.
Pensei em ligar para outros amigos. Mas eram tantos! Seria mais prático revelar de uma vez amanhã na gravadora.
Deveria assistir um filme? Ouvir mais música? Céus, o que fazer?
Foi então que me lembrei do caderno. Ora, poderia fazer algo útil com ele!
Levantei-me e fui até a sala. Peguei uma caneta e joguei-me no sofá, pegando o objeto que achara jogado na rua. Abri, olhando atentamente todas aquelas páginas branquinhas, nunca usadas. Haviam apenas as linhas horizontais, como os cadernos ocidentais.
Naquela época parecera uma boa idéia, usar o caderno como um diário. Como começar a escrever? Talvez com o clássico "querido diário"...
Ri da idéia boba. Pensei por alguns instantes antes de começar: hoje recebi a melhor notícia da minha vida...
Depois da primeira frase, as outras vieram com um passe de mágica. Logo estava escrevendo tudo o que acontecera, desde que meu empresário me ligara, até mesmo ter encontrado o singular caderno (agora transformado em diário).
Estava tão empolgado que enchi duas páginas inteiras! Mas me senti muito melhor, numa maneira de extravasar o que sentia. Enquanto escrevia, a empolgação parecia verter pela tinta e marcar cada palavra.
Terminei e observei minha obra. Escrevera bastante, e ao reler, a animação diminuiu um pouco. Reconheci mais erros do que gostaria e, na verdade, acho que troquei um ou dez kanjis. He, he, he...
Não que me preocupasse muito. Aquele seria o meu diário. Ninguém iria ler o que eu escrevesse ali, errado ou não. Fechei o caderno e deixei sobre o sofá. O dia estava acabando. Resolvi tomar um chocolate quente (oras, colocar a caneca no microondas e programar o tempo eu sabia...) antes de ir dormir.
Coloquei o pijama e me joguei sobre o colchão. Graças ao aquecimento do prédio a temperatura era agradável dentro dos apartamentos. Então eu só precisava de um edredom leve. Completamente relaxado, cai no sono.
oOo
Relaxei demais! Acordei tarde, por que não escutara o celular tocar, esquecido na sala. Voei da cama, jogando a coberta longe. Peguei uma roupa qualquer, afinal eu era Miyavi, e o que quer que eu vestisse seria normal.
Ia sair de casa em jejum, mas lembrei-me da promessa que fizera. Eu tinha que começar a comer bem, e o café da manhã era parte importante do processo.
Lembro que peguei algumas sobras de antes de ontem, joguei numa vasilha e coloquei para esquentar no microondas. Ficou horrível. Mas comi tudo. Alimentação saudável.
Corri direto pra garagem e... fiquei com vontade de chutar a parede. Meu carro estava na gravadora! K'so! Diante disso acabei me acalmando. Já estava atrasado pra entrevista mesmo. Ficar resmungando e chutando concreto não ia mudar nada.
Avaliei as opções: chamar um táxi ou caminhar até a gravadora...?
Claro que chamei o táxi.
Assim que cheguei, fui recebido com uma festa: a galera tinha espalhado balões coloridos, encomendado um grande bolo e muita bebida. A entrevista era apenas um pretexto pra eu chegar na hora certa. E não funcionara.
Fizeram muita piada com a minha cara por isso...
Pouco antes de cortar o bolo confeitado com uma foto minha (foto boa, tenho que admitir), já meio cansado de receber congratulações dei uma escapada. Fui ao banheiro me aliviar um pouco. Sorte que reforçara no café da manhã ou já estaria meio alto.
Entrei no toalete vazio. Respirei fundo, olhando meu reflexo no grande espelho. Saíra de casa tão apressado que nem maquiagem fizera. Estava com o rosto limpo! Teria que emprestar de alguém, pra melhorar a aparência. Não que eu precisasse, sem falsa modéstia. Mas a maquiagem já era minha segunda pele, eu queria pelo menos lápis nos olhos.
Tirei as luvas pra jogar um pouco de água fria na face. Quando ia abrir a torneia percebi que não estava realmente sozinho.
- Ano... sumimasen!
Ergui a cabeça buscando o reflexo do dono daquela voz, mas vi apenas a mim mesmo. Intrigado, virei-me, só então focalizando o garoto que faria meu mundo virar de cabeça pra baixo.
Encarei um par de lindos olhos negros, que dominavam o rosto um tanto delicado, emoldurado por cabelos negros e repicados, que lhe chegavam aos ombros. O desconhecido me dava um belo sorriso, com covinhas! Totalmente cute!
A primeira coisa que pensei foi: "vou morrer". A segunda, "anjos são realmente lindos". Ora, me dê um desconto, eu estava no banheiro da gravadora, levemente alcoolizado, olhando embevecido para um garoto estranho que planava a um metro do chão, erguido pelo par de asas mais imaculadamente branco que já vi na vida. Hum, não que eu tenha visto muitos pares de asas antes...
- Sumimasen - praticamente cantarolou - você está com algo que me pertence...
Céus! Ele veio pegar minha alma! Eu tinha certeza! A certeza praticamente se confirmou quando o garoto bateu as asas e se aproximou um tiquinho, flutuando. Eu, vergonhosamente, entrei em pânico. Quando entro em pânico, desmaio.
E foi assim que começou uma história bizarra e inacreditável, que me guiou ao dilema no qual estou preso agora. Uma história de escolhas. E o preço de cada uma.
Continua...
N/A: Esse é um presente para Pipe san. Por que ela gosta tanto de anjos e asas quanto eu... espero que goste, moça! Ah, e capa da fic on em meu profile!
