Prólogo – Melhores amigos para sempre

'-Tia Eliza!' – gritou a loirinha ao avistar a madrinha cruzando o pórtico da Mansão de Wiltshire.

'-Charlie, que saudade, querida' – Elizabeth Zabini abraçou-a com carinho. Era o primeiro verão em que as famílias Malfoy e Zabini tinham passado separadas desde o nascimento de Charlotte.

Serena teve missões de altíssimo risco para coordenar durante boa parte do verão, o que os impediu de passa-lo em Paris, como sempre faziam. Apesar da mudança para a Inglaterra há dez anos, os Zabini ainda mantinham um palacete de verão numa pequena ilha no sul da França.

'-E Tom? Por que ele não veio nos visitar quando vocês voltaram da França?' – inquiriu, arqueando uma sobrancelha loira.

'-Tom tem andado ocupado à procura dos materiais para Hogwarts, meu bem. Tudo que ele fez quando voltamos foi nos atormentar para ir ao Beco Diagonal quase todos os dias' – comentou a mulher, rindo.

Acompanhando Elizabeth, entraram Blaise Zabini, galanteador como sempre, e os dois filhos – Thomas e Benjamin. Blaise parou para abraçar a afilhada e seguiu a esposa para o interior da mansão. Ben, o mais novo, acenou para Charlie, que não simpatizava muito com o pequeno, e seguiu o pai.

Tom ficou para trás. Charlotte o observava com os olhos azuis arregalados de expectativas; sentira falta do amigo no verão. Ele, entretanto, fitava-a com ar superior e interrompeu-a, quando a loirinha ameaçou falar.

'-Charlie, eu estou indo para Hogwarts. Não podemos mais ser amigos nem sermos vistos juntos. Você é pirralha.'

Os olhos abriram mais, agora com espanto. Charlotte não podia acreditar. Lágrimas arderam, mas ela não se atreveria a derrubá-las. Era uma Malfoy.

'-E se eu disser isso pra sua mãe? A minha madrinha não vai gostar' – provocou, numa tentativa de superioridade.

'-Tente. Eu posso fingir bem, Charlie. E você também. Para os nossos pais, nada pode mudar.' – ele sorriu diabolicamente para uma criança de quase onze anos de idade.

O garotinho deixou-a, então, partindo em busca dos padrinhos junto com os pais.

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Charlotte não podia acreditar. Não podia. Sua mente de nove anos estava a todo vapor. Ele era pior do que ela. Definitivamente pior. Talvez fosse por isso que sempre tivessem sido bons amigos. Ben era bonzinho demais, não se parecia em nada com o irmão.

Lágrimas escorriam e deixavam o rosto da garota vermelho. As lágrimas, porém, não estavam nem perto da tristeza. Chorava de raiva, de frustação. Uma Malfoy sempre conseguia o que queria. O que quer que fosse.

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'-Tom, querido, onde está Charlie?' – perguntou Eliza assim que o garotinho se juntou aos demais na enorme e refinada sala de estar dos Malfoy.

'-Não estava se sentindo bem' – mentiu – 'Mas disse que já passa, Tia Serena. Daqui a pouco ela se juntará a nós.' – sorriu, inocente, fazendo com que Serena e Draco retornassem aos seus lugares e não fossem procurar pela garota.