Sinopse completa: Itachi Uchiha já estava acostumado a superar situações ruins, quando seus pais morreram e ele teve que cuidar de Sasuke, trabalhar e estudar, ele não teve dúvidas de que iria conseguir. Mas o destino não era tão legal com ele, já que agora que as coisas finalmente iam dar certo, ele perdeu a visão e ainda por cima Sasuke se envolveu no mundo das drogas.
Inferno astral, realmente.
A mariposa do azar estava nos seus ombros, Itachi não poderia negar esse fato, mas isso não significava que ele ia desistir de uma cura ou de ajudar seu irmãozinho tolo.
Não importava o que teria que passar, mas ele definitivamente iria conseguir sair dessa péssima fase na sua vida. Mas o que Itachi ainda não sabia é que nos lugares menos prováveis é possível encontrar ajuda e, as vezes, até mesmo o amor.
Itanaru é o par definitivo, não importa quantos oneside tenha na fic. Drogas. Alcoolismo. Prostituição. Violência. Insinuação de estupro. Incesto. Linguagem chula. Drama. Lime. Lemon. TUDO AO SEU TEMPO. Não vai esperando lemon logo no capítulo dois porque não vai ter.
Bom, essa primeira nota de capítulo é especial porque essa fanfic, aka, meu bebê, foi criada como presente de aniversário substituto para a PCSP-Uzumaki. Eu sei que ela não liga muito pra isso, mas é uma vontade minha dedicar esse texto a ela, não apenas por todo o apoio e inspiração que ela me dá como conselheira, mas também porque ela é a melhor amiga que vocês podem imaginar e mesmo que imaginem isso, vocês não chegarão perto do que ela é.
Então, Pczinha, eu te dedico essa fic com todo o meu carinho e prometo que não vou te decepcionar com ela S2 (o que significa que eu vou te fazer sofrer por tuuuuuuuuuuudo que tu me faz sofrer com haunted, sua malevóla, má, VOLDEMORT, YUU ù.ú)
Isto posto, vamos ao primeiro capítulo!
Ah, ps: referências ficarão na nota de fim do capítulo, ok? E leiam a nota de fim para explicação de como vou postar a fic.
Espero que se divirtam com a ponta do iceberg que afundou o Titanic (aqui o Itachi, mas enfim)!
UM
Heart shaped box.
Hey, wait, I've got a new complain
Forever in debt to your priceless advice
(Hey, espere, eu tenho uma reclamação nova
Estarei sempre em débito por seu grande conselho)
Não fazia ideia do título da música, mas sabia perfeitamente bem que era a voz de Kurt Cobain (1) chorando pelo som da pequena caixa de som portátil que seu tio trouxera. Francamente, Shisui era tão cara de pau que colocou músicas que sequer eram seu estilo musical no que deveria ser o seu pendrive. Itachi conseguia contar nos dedos quantas músicas de funk e jazz ele tinha escutado. Cadê Brown (1), Evans (2), Sinatra (3) ou Armstrong (4)? Nem mesmo Red Hot Chili Peppers tinha naquela playlist!
Por Deus, Itachi não gostava de rock! Paciência era uma virtude que, felizmente ou infelizmente ele tinha até de sobra, porém a dele estava se esgotando rapidamente. Fazer o quê? Vinte e oito dias em um hospital fazia qualquer um surtar.
O pior é que, porque ele não tinha mais nada a fazer, seus ouvidos captavam cada mínimo acorde das guitarras, percebendo cada som denso e barulhento; era como se seus tímpanos fossem explodir. Seu cérebro não tinha muita escolha a não ser prestar atenção naquela voz expressiva e incrivelmente melancólica, e tentar compreender aquelas palavras.
Em sua humilde opinião, aquela letra era totalmente sem pé nem cabeça, além de completamente depressiva. Palmas para seu tio!
Itachi se lembrava de já ter visto o clipe dessa música junto com o tio em um canal aberto da televisão, as imagens grotescas lhe vieram no pensamento quase que a jato. A memória lhe fez visualizar em detalhes a árvore cheia de fetos pendurados pelo cordão umbilical; sem sombra de dúvidas, Cobain deve ter escrito essa música quando estava injetando heroína na veia.
Ainda assim ela lhe lembrava do céu, por algum motivo que conseguia ser ainda mais ilógico do que toda a conversa sobre orquídeas carnívoras e hímens quebrados (8). Itachi tinha plena noção que nada parecia fazer sentido em comparar aquela música ao céu, ou a ele; o médico que salvou sua vida.
Era contraditório, e ele tinha plena consciência disso, pois o céu (e mesmo o céu daquele olhar) era radiante, vívido e único. Aquele céu era inatingível, mas mesmo assim ele o desejava. E, sim, ele também tinha noção que pensava um absurdo; um absurdo entre coisas absurdas, algo que lhe era totalmente atípico.
Itachi tinha suas próprias prioridades a pensar, como algum tipo de independência própria, ajudar o seu irmão mais novo, encontrar um trabalho e achar algum meio de ser feliz, mesmo que só enxergasse aquele branco leitoso. Porém, algo nele também queria que o médico olhasse para ele, que ficasse com ele. Não, Itachi nunca acreditou em amor a primeira vista e o que sentia definitivamente não era amor.
Mas só porque ele sabia que isso era um fato real e impossível de contestar, Itachi sabia que existia paixão a primeira vista, aquela típica vontade enlouquecedora de estar com alguém, de desejar alguém, de beijar esse alguém e conviver com essa pessoa. E isso sim ele queria despertar no médico. Eram do mesmo gênero, mas, para alguém como ele, isso não importava. Não que tivesse alguma experiência homossexual; ele não tinha nenhuma, mas o que isso iria importar?
Seu corpo reagia aos toques puramente profissionais do médico e isso porque Itachi só conseguiu vê-lo uma vez antes das luzes do show se apagarem, e bastou. Não foi isso que o fez se sentir daquela maneira; era outra coisa muito além do seu autocontrole. Uma fixação.
Itachi sabia perfeitamente bem que era apenas uma paixão prolongada. E aquilo o irritava tanto que nem sequer conseguia definir em palavras, pois desejar o impossível era tolice. O médico era muito bem casado, vivia falando de um filho que tinha a idade de Sasuke, escancarando a corujice; um tremendo balde de água fria, se quer saber. Afinal em cinco anos ele não teve interesse amoroso por ninguém, nem uma mínima queda por alguém e, quando finalmente a mágica acontece, ele leva um fora antes mesmo de tentar.
Desventuras amorosas em série de Itachi Uchiha, realmente, um ótimo título, se, praticamente, não fosse plágio do nome do filme de Brad Silberling (9). Enquanto refletia, a porta foi aberta com um rangido estridente da dobradiça, pelo som dos passos aveludados, Itachi soube quem o visitava. Não precisava pensar muito. Além disso, seu coração disparou assim que seus sentidos associavam aquela pessoa ao céu.
-Bom dia, Itachi-san, como está hoje? -a voz era calma e serena, mas Itachi detectou o otimismo velado. Mas não ver o rosto do médico lhe deixava apreensivo. -Onde está o Shisui-san?
-Foi comer alguma coisa. -respondeu Itachi. -Ele estava sem café da manhã. -Entendo, você teve algum problema à noite?
-Não. -foi incisivo.
Um toque suave nos curativos feitos em ambas as maçãs do seu rosto foi sentido, a navalha que o feriu deixaria seu rosto para sempre com os dois cortes laterais, mas Itachi tinha problemas mais graves a lidar do que sua aparência. O médico estava muito próximo dele, porque ele conseguia sentir o cheiro amadeirado da loção pós-barba; inconscientemente ele se viu desejando por uma aproximação maior. Ele queria poder enxergá-lo, mas tudo o que existia era o branco leitoso esfumaçado. Maldita passividade. Mas o que poderia fazer? Seu corpo apenas reagia, traia a sua consciência que pedia, não, o obrigava a esquecer.
Era impossível. Quando o médico precisava fazer exames que exigissem toque, ele podia sentir o anel no dedo anelar, como naquele exato instante. No fundo, tudo era apenas uma reação lógica: se você se interessa em uma pessoa romanticamente ou sexualmente, você investiga os detalhes. Itachi descobriu que o médico era casado há quase vinte anos e tinha três filhos, dois deles vivos, embora, por algum motivo, o médico só falasse do caçula. Mesmo assim, ele se apaixonou.
Ele queria tocar, sentir e, acima de tudo, queria ver. A cada encontro com o médico, Itachi via claramente motivos para se detestar em razão do desejo latente de uma aproximação maior, um toque a mais que fosse; não dava para odiar as palavras de incentivo e aquele tom de voz otimista dizendo que ele voltaria a enxergar.
A verdade era que ele era uma pessoa realmente patética.
Só que ele não conseguia se livrar daqueles sentimentos que inebriavam sua razão por alguns instantes, nem mesmo conter seus impulsos corporais; o máximo que ele conseguia fazer era aparentar indiferença, mesmo quando todo seu corpo demonstrava afeição. Quando tudo o que ele queria era poder sair daquele maldito hospital e enxergar de novo e tentar colocar algum juízo na cabeça do seu irmão tolo.
-Parece que seu rosto desinchou bem. –comentou o médico indiferente a ele. Seu tom de voz visivelmente animado. -Mal dá para ver o roxo que ficou e os cortes laterais... - um dedo morno dedilhou sua pele paralelamente aos cortes ao redor do seu nariz em uma carícia suave. -... estão bem fechados. Não arranque a casquinha!
-Certo. -ele disse, ignorando a vontade automática de coçar os ferimentos.
A carícia cessou e o médico se afastou, fazendo com que Itachi respirasse um pouco mais tranquilamente, já que enquanto o outro o acariciava (racionalmente, ele sabia que era um exame, emocionalmente sempre seria uma carícia; estar apaixonado era uma droga) ele mal conseguia inspirar o ar.
-Fiquei sabendo que recusou o comprimido para dor novamente. -comentou o médico, agora delicadamente forçando suas pálpebras a abrirem para examinar seu olho; algum jato de luz foi injetado nele porque o branco leitoso tremeluziu e isso ardeu.
-Não sinto muitas dores. -respondeu Itachi calmamente. O médico repetiu o exame no outro olho, o direito. -Só a irritação habitual.
-Entendo. -murmurou o médico se afastando e o jato de luz parando de irritá-lo; seus olhos lacrimejavam e o médico delicadamente limpou suas lágrimas. -Seus olhos sangraram muito, ao ponto de causar uma infecção em ambas as córneas (10), você teve muita sorte por conseguimos neutralizar as infecções com os antibióticos.
-Isso significa que eu ainda posso voltar a enxergar?
-Você foi internado porque lesionaram ambas as suas córneas, mas como demoraram para transferi-lo para este hospital, os ferimento infeccionaram causando leucomas (11), por isso lhe tratamos com antibióticos e assim conseguimos preservar as demais partes do seu olho. -explicou o doutor em tom professoral. -As córneas ainda estão lesionadas e isso vai te impossibilitar de ver, exceto se houver um procedimento cirúrgico.
E de um momento para o outro, seus pensamentos acerca do médico se extinguiram totalmente. Ele precisaria de um procedimento cirúrgico, ou seja, ele entraria na faca. De novo! Isso era suficiente para deixá-lo apreensivo, quanto também esperançoso. Havia uma chance de enxergar. Itachi inspirou lentamente, deixando a ideia penetrar bem fundo na sua mente.
-Terei de fazer um transplante?
-Sim. O transplante de córnea é um dos mais bem sucedidos que tem atualmente, embora não deixe de ser um procedimento cirúrgico, logo poderá ocorrer incompatibilidade do seu corpo com o órgão do doador.
-E quanto tempo demora até eu conseguir um doador?
-Nossa lista de espera varia de dez meses a um ano, mas como o seu caso se trata de uma perfuração, o tempo de espera é mais rápido no nosso estado. Logo você vai ter prioridade.
-Certo e como é esse procedimento?
-No seu caso, precisaremos primeiro de um doador compatível e em seguida vamos fazer um transplante penetrante em você, este é o tipo de transplante onde toda a espessura da córnea precisará ser alterada pela a do doador.
-Precisarei ficar internado até o transplante?
-Na verdade, não. -comentou o médico. -Seu quadro clínico é estável e acho que poderei liberá-lo ainda hoje. Entretanto, ainda assim deverá evitar locais onde há muita iluminação, óculos de sol é uma prioridade agora.
-Certo.
-Vou entrar em contato com o seu tio, enquanto isso fique descansando, Itachi-san. -dizendo isso, o outro se afastou. -E providenciarei os documentos da alta para facilitar o trabalho para o seu tio.
Seus passos aveludados se distanciando e um súbito frio afligiu Itachi. Ele era realmente uma pessoa patética, ou alguém masoquista. O médico era casado e provavelmente tinha uma família feliz, mesmo assim ele ainda continuava gostando do homem, tão pouco prático que beirava o absurdo. Paciência, ele não conseguiria reverter o sentimento enquanto estivesse tão próximo dele.
Minato Uzumaki.
-Não perca sua fé. -disse Minato e a porta se fechou.
Forever in debt to your priceless advice
Your advice…
(Para sempre em débito por seu conselho sem preço
Seu conselho...)
A música se encerrou com um último acorde de guitarra e Itachi finalmente entendeu porque comparou àquela coisa barulhenta ao céu: ele estava em débito. Minato salvou sua vida, e ele tinha algo importantíssimo a resolver.
Tirar Sasuke do mundo das drogas seria sua luta mais importante e a única razão da sua existência. E depois disso, ele precisaria deixar seus sentimentos bem claros em relação ao irmão, para que este compreendesse que jamais conseguiria vê-lo de outro modo.
Para alguém como ele, a única maneira de continuar seguindo em frente era conter esse sentimento, escondê-lo bem fundo, talvez em uma caixinha em formato de coração. E ele o faria.
Com um suspiro entediado, Itachi desejou que Shisui aparecesse ali logo para agilizar a alta do hospital, para que ele planejasse a sua nova vida, tendo a cegueira como companheira.
Referências
(1) Kurt Cobain. - Kurt Donald Cobain foi o vocalista, compositor e guitarrista da banda nirvana Ele também foi o compositor da música de início do capítulo a "Heart Shaperd Box", do álbum "in utero", segundo o Wikipédia, essa música foi tocada pela primeira vez em São Paulo em 1993.
(2) Brown - James Joseph Brown, ou simplesmente, James Brown. Cantor, dançarino, compositor e produtor musical estadunidense que criou o estilo musical do funk. E não tem esse que não ouviu "I fell good". Não, Itachi não escuta mc leozinho ou mc catra ou Valeska Popozuda, beijos no recalque para todos vocês.
(3) Evans - William "Bill" John Evans, ou simplesmente Bill Evans foi um pianista estadunidense que ainda é considerado como um dos maiores músicos do Jazz da história.
(4) Sinatra - Francis Albert "Frank" Sinatra conhecido como "Frank Sinatra" ou "a voz". Foi um cantor e ator estadunidense, no estilo Jazz-pop. Ah, vai? Todo mundo já ouviu "New York, New York" na voz dele!
(6) Armstrong - Louis Daniel Armstrong, conhecido como Louis Armstrong foi um cantor, compositor, instrumentista, trompetista, cornetista, saxofonista, escritor, letrista, arranjador, produtor musical, dramaturgo, artista plástico, ator, tenor, maestro e ativista político e social estadunidense. Please, todo mundo já deve ter ouvido também "what a wonderfull world" dele.
(7) Red Hot Chili Peppers. Banda de Funk-Metal.
(8) Orquídeas carnívoras e hímens quebrados. Em alusão ao trecho: "Meat eating orchids forgive no-one just yet / Cut myself on angel hair and babies breath / Broken hymen of your highness I'm left black" da música Heart Shaped Box do Nirvana.
(9) Brad Silberling. Diretor do filme "desventuras em série" do ano de 2004. Conta a estória dos irmãos Baudelaire (Violet, Klaus e a bebê Sunny) que são perseguidos pelo seu tio maluco (Jim Carrey) que está atrás da herança deles. O elenco do filme também conta com Meryl Streep, Dustin Hoffman e Jude Law. É baseado na obra de Lemony Snicket no pseudônimo de Daniel Handler.
(10) Córneas. Película transparente que reveste o olho, a fim de proteger a íris.
(11) Leucoma. É uma opacidade que ocorre em parte ou em toda córnea, podendo ser em razão de doenças infeccionas (como herpes ocular) ou de traumas. O caso do Itachi foi por causa de um trauma. Além disso, o leucoma é uma opacidade que pode se localizar centralmente e também provocar alterações na curvatura corneana, diminuindo a visão.
...
Enfim, galera, é o seguinte: Essa fic é um presente pra PCSP-Uzumaki chuchu (quando não está escrevendo os textos dela, porque aí ela vira a encarnação do mau, vão por mim gente!) que eu resolvi postar hoje no niver dela. Só que... tirando ela eu não sei se mais alguém vai querer ler, sabe? :/
Daí, tipo, não é querendo ser chata e ser uma daquelas autoras "reviews! please!", mas se eu não me sentir motivada pelos leitores daqui, eu posso muito bem continuar escrevendo essa fic e só mostrar a quem interessa, ou seja, a PC.
Eu não me importo de receber comentários 'malucos' ou que vocês pensem que 'são mal feitos', porque pra mim certamente não serão tão malucos ou 'mal feitos'. Eu vou adorar conhecer um pouquinho mais de vocês ^^
Então vamos fazer um acordo sério aqui: eu escrevo e posto mensalmente, vocês me deixam saber o que estão gostando ou não gostando na trama, e vamos seguindo assim? Que tal? Eu prometo que não vou morder e que responderei todos os reviews! ^^
Então é isso! (já deu pra ver que eu sou super tagarela né?) Inté mais! ^^
