N.A.: A história se passa após a morte de Robin. Regina não se separa da Rainha Má.
Prólogo
Robin morreu. Ele morreu tentando me proteger. Eu estava tão feliz quanto poderia estar, meu final feliz finalmente se tornando realidade. Robin foi tão gentil comigo. Amoroso. Ele cuidou de mim e amou todos os meus lados. Até mesmo a Rainha Má.
Era difícil agora reunir todas as memórias, os momentos, os sentimentos e apenas colocá-los no passado. Robin ainda fazia parte do meu presente. Eu o amava. Provavelmente mais do que eu amava Daniel. Mais do que eu amara alguém, romanticamente falando. Eu não quis prosseguir com esse amor, sentir todo esse furacão de sentimentos que parece distorcer tudo em que eu já acreditei, todas as paredes que eu construí em volta do meu coração quebrado e congelado. Mas o amor tinha acabado de me encontrar, e por mais que eu tentasse – e Deus, eu tentei - não pude mais lutar contra isso. E isso é exatamente o que tornou tudo mais difícil.
E então, o maior choque veio: Gancho estava vivo. Aquele pirata bêbado imundo e idiota estava vivo e bem, mesmo depois de tudo o que aconteceu. Eu culpei a Emma. Culpei o Gancho. Culpei todos os corações que eu esmaguei, todas as pessoas que eu matei e toda a miséria que eu causei em tantas pessoas. Carma é uma vadia. Eu acho que Rainhas Más não têm um final feliz. Nós apenas temos finais.
Capítulo 1 - Luto
[Ponto de Vista: REGINA]
Era como se esperava que fosse. Todo mundo estava em Storybrooke mais uma vez. Gancho estava vivo e bem. Ele e Emma estavam juntos. Henry estava a salvo. E Robin ... Se foi. No começo, isso me irritou além do que eu poderia acreditar. Não era justo que Robin tivesse partido e o Gancho estivesse vivo. Mas, novamente, isso é o que eu merecia, não era?
No funeral, senti como se tivesse enterrado os últimos pedaços quebrados do meu coração junto com ele. Sim, eu o amei. Mais do que eu esperava que amaria - ou deveria, para ser sincera.
Eu fui para casa e me isolei. Eu não conseguiria encarar essas pessoas ... Meus amigos. Nada de bom surgiu do amor. Bem, exceto Henry. Henry... Eu tive que proibir ele de vir. Disse que eu precisava de um tempo sozinha com meus pensamentos. Como todos estavam tão preocupados que a Rainha Má voltaria à tona, ele respeitou meus desejos. Nós ainda conversávamos pelo telefone e ele me mandava mensagens de texto o dia inteiro para checar como eu estava. Ele era um menino tão precioso e especial. Ninguém veio me procurar quando eu não apareci no trabalho por dias. Meu palpite é que… Eles estavam com medo.
Com o passar dos dias, a verdade é que eu não sabia mais quem eu era. A Rainha Má? Regina Mills? Qual era o propósito de tudo isso? Por que algo tão grande como o amor existe, apenas para rasgar tudo o que temos dentro?
Suspirei e olhei ao redor. A casa parecia completamente vazia e enorme. Todas as janelas estavam fechadas e, àquela altura, não havia como saber se era dia ou noite. Perdi a noção de quantos dias haviam passado. Fiquei tranquilizando Henry dizendo que estava bem, que precisava de mais algum tempo. O coitadinho... Ele não merecia isso. Ele não merecia que sua mãe não fosse capaz de se controlar, assim. Eu tentei sentar na cama. Eu estava completamente tonta, e então as lembranças começaram a voltar lentamente. Eu não tinha comido nada nos últimos 3 dias. A única coisa que eu consegui consumir era álcool. Claro, isso não resolveu absolutamente nada, mas me deixou entorpecida.
Essa fraqueza, pensei. Eu me pergunto o que Cora pensaria depois de ver sua filha assim. Eu era uma Rainha, pelo amor de Deus. Eu nunca havia tido uma exibição tão horrenda de vulnerabilidade e inconsistência, nem mesmo quando Daniel morreu. Agora eu não tinha certeza se conseguiria me recuperar. A dor era demais, parecia que eu estava sendo esticada muito mais do que o meu corpo poderia suportar, e não havia nada e ninguém para me soltar. Eu senti meu peito ficar mais pesado; respirar estava se provando muito difícil. Eu estava hiperventilando. Eu tentei me levantar, respirando longa e profundamente. Eu tropecei em uma garrafa vazia ao pé da cama, caindo no chão. Uma dor aguda atingiu meu queixo. Eu tinha batido em alguma coisa durante a queda.
Eu ri amargamente. É engraçado como as coisas funcionam. A dor que eu sentia por dentro era incomensurável, mas sentir uma dor externa me deu... Alívio. É como se naquele momento, eu tivesse outra coisa para me preocupar. Por um segundo, a dor excruciante deu lugar ao sangue fino que pingava do meu rosto. Não foi muito, mas foi o suficiente para me fazer esquecer dos meus demônios interiores.
Eu senti a raiva e confusão girando dentro de mim. O coração outrora enegrecido bombeava de desespero. Isso se curaria eventualmente? Eu me senti como uma criança toda arrepiada, sabendo que um enorme monstro estava logo atrás dela, e se ela se atrevesse a olhar, seria pega e devorada impiedosamente. Exceto que eu era meu próprio monstro. A Rainha Má ainda estava em mim, e eu a senti arranhando desesperadamente as partes internas do meu coração em uma tentativa de escapar das minhas barreiras pessoais. As barreiras que eu orgulhosamente construí para não ser mais essa pessoa. O que ainda a estava segurando era um mistério para mim. Afinal, não havia mais nada que eu achasse que poderia perder. Exceto pelo meu filho.
Eu me arrastei um pouco e acidentalmente alcancei outra garrafa. Eu peguei mais perto para lê-la. Whisky. Abri a garrafa e tomei um longo gole e tossi. Ele desceu queimando meu interior, e meu estômago protestou. Meus sentidos não estavam como deveriam. Senti minha visão começar a ficar embaçada e tentei me mover um pouco para a frente. Para onde exatamente? Eu comecei a rir amargamente. Eu estava tão perdida. Lágrimas se juntaram ao fim da risada. Eu devo estar linda, pensei. Com sangue, lágrimas e uma maquiagem de 3 dias em todo o meu rosto. Por que eu ainda me preocupei em me maquiar era um mistério.
Suspirei e ouvi alguém chamando meu nome. Ah, ótimo. Agora estou ouvindo coisas. Eu tinha colocado um feitiço na casa, para que ninguém pudesse entrar, exceto Henry e... Merda. Abri os olhos o melhor que pude e olhei em volta, procurando a fonte da voz.
- Regina? Você está bem? - Emma. Claro. De todos, eu não podia deixar a Salvadora me ver assim. A mãe biológica de Henry. Minha amiga. Eu era apenas uma perdedora patética. Tentei me aproximar da cama para me levantar. Eu falhei miseravelmente na tarefa e estava começando a perder o equilíbrio novamente, quando um par de mãos me firmou por trás.
- Regina, me deixa te ajudar. - Ela disse, esforçando-se para manter ambos os corpos equilibrados o suficiente. Não consegui ajudá-la a fazer isso e acabamos caindo sobre a cama. Eu bati minha cabeça em outra garrafa perto do travesseiro. Tão sortuda, pensei. Emma caiu em cima de mim, mas rapidamente conseguiu se deitar de lado e me virou para encarar o teto.
- Eu vim pra ver como você estava. O Henry tá perdendo a cabeça. - Henry. Oh, meu pobre Henry. Que péssimo exemplar de mãe eu era. Eu queria levantar, mas Emma segurou meus ombros em protesto. - Você não vai a lugar algum desse jeito. Você já comeu? - Eu balancei a cabeça negativamente e olhei para ela, e observei enquanto ela examinava todas as garrafas vazias. Ela soltou um olhar triste, e aquilo era pena nos olhos dela? Havia uma desordem que era completamente desconhecida para nós duas em toda a casa. Emma suspirou. Ela abriu caminho até a janela e estava prestes a abri-la quando eu protestei.
- Por favor... Não. - Algo no meu rosto deve tê-la convencido, e eu sabia o que era. Eu limpei uma lágrima teimosa do meu rosto. Ela chegou mais perto e sentou no meu colo, de repente me assustando. Emma segurou meu rosto e olhou para meu queixo em preocupação. É óbvio para nós duas que nosso relacionamento mudou enormemente ao longo do tempo, mas o contato físico entre nós duas sempre foi tímido, se algum dia ocorreu. Este foi um grande salto entre os nossos "eus" antigos e o que estava acontecendo agora.
- Eu preciso te dar um banho. - Ela disse com convicção.
- Não... Eu ... eu não consigo me levantar." Corei. Era verdade. Eu me virei para o lado esquerdo, evitando os olhos dela. Com o movimento, ela saiu do meu colo e da cama. Fechei meus olhos tentando lutar contra novas lágrimas, sem sucesso. Depois de alguns instantes, Emma voltou.
Eu senti meu queixo doer mais uma vez e movi a cabeça, mas Emma apenas segurou meu rosto suavemente e disse:
- Shh ... Isso vai doer um pouco. - Abri meus olhos e vi ela esfregando meu corte com um pedaço molhado de pano. A julgar pelo cheiro, havia algum remédio nele, mas eu não consegui distinguir qual.
Fechei meus olhos novamente. Porra, era difícil encarar Emma estando tão vulnerável. Eu nunca permiti que alguém me visse nesse estado antes. Eu só queria desaparecer, expulsá-la, morrer... Mas eu só continuei ali, sem me mexer, enquanto ela cuidava de mim. Mais uma vez. Deve ser um "complexo de Salvadora" ou algo assim.
Eu olhei para ela a tempo de vê-la colocando um Band-Aid no corte agora limpo e sem sangrar. Nossos olhos se encontraram, e havia algo que eu não conseguia entender em seus olhos verdes. Ela passou o polegar direito sobre a minha bochecha esquerda.
- Regina... Eu sei que isso não é fácil, mas você precisa melhorar. Pelo Henry.
Evitei seus olhos. Claro, eu sabia disso. O que só deixava as coisas ainda piores. Ela colocou a mão no meu queixo e o levantou suavemente, forçando-me a olhá-la nos olhos.
- O que você espera que eu faça, Emma?! Sair da cama e fingir que minha vida não é uma bola de neve gigantesca e turbulenta esperando para esmagar tudo e todos que cruzam seu caminho?!
- Não! Eu só quero que você pare de se matar. Quer dizer… O que é tudo isso?! - Ela disse, apontando para as 7 garrafas diferentes espalhados pela cama e no chão. – Isso definitivamente não vai te ajudar.
- Eu sei disso! Eu só não sei... - Minha voz falhou ao fim da frase.
- O que? O que você não sabe?! - Ela perguntou, levantando um pouco a voz.
-... Eu só não sei, Emma. Eu não sei o que fazer. Eu não sei... Quem eu sou mais. - A última frase saiu como um sussurro. Ela deitou de costas na cama e olhou para o teto, sem dizer nada por um tempo. Eu fiz o mesmo, como se o teto tivesse as respostas para todos os meus problemas.
- Sabe... Você realmente precisa de um banho. - Ela disse com um sorriso no rosto. Eu ri, genuinamente, e olhei para ela.
- Eu sei. Eu só não tenho certeza se consigo levantar e...
Antes que eu pudesse terminar a frase, ela me puxou e me ajudou a levantar. Meu equilíbrio estava me pregando peças, mas Emma conseguiu manter nós duas em pé. Passo a passo (cambaleante), ela nos levou ao banheiro. Eu olhei para o espelho e meu coração disparou. Eu vi a Rainha Má olhando e volta para mim e pisquei. Ela se foi. Tudo o que restou foi minha imagem dilacerada. Porra, eu estava horrível. Meu cabelo estava surpreendentemente desarrumado. Minhas roupas estavam amassadas como ninguém havia conseguido amassar até agora, e minha maquiagem... Um urso panda estaria melhor.
- Aqui, me deixa te ajudar com as roupas... - Emma começou, mas eu protestei.
- Ah não, de forma alguma eu vou deixar você fazer isso, Srta. Swan. Eu sei o que tô fazendo", eu disse. Era óbvio que eu não conseguiria fazer isso sozinha. Mas a ideia de ser tão inútil a ponto de não ser capaz de tomar banho sozinha me assustou. Eu ainda tinha muito orgulho e teimosia correndo em minhas veias, junto com todo o álcool.
Ela levantou ambas as mãos para cima, como se dissesse "tudo bem, você que sabe", mas permaneceu lá. Olhei para ela, incrédula, terminando de tirar minha jaqueta de couro preta e deixando-a no chão - era o melhor que eu podia fazer na minha condição atual.
- O que você tá fazendo?! Você não vai ficar aqui, vai?
- Ah, mas é claro que vou! Eu não vou deixar você ficar bêbada sozinho nesse banheiro. Quer saber? Eu vou só ficar sentada aqui e esperar. Não se preocupa, não vou olhar. - Emma disse, e eu revirei os olhos. A mulher não seria convencida, então desisti. Além disso, eu ainda poderia conjurar uma bola de fogo, se necessário.
Eu tirei minha saia de couro preto e tive que colocar as duas mãos na pia para me equilibrar. Emma apenas permaneceu sentada no vaso com os braços cruzados, sem se perturbar. Então, tirei a blusa azul de algodão e fiquei apenas de calcinha e sutiã. Eu Corei. Olhei para Emma novamente, mas ela não olhou para trás. Pelo menos, ela respeita metade da minha privacidade, pensei.
Respirei fundo e tirei primeiro o sutiã e depois a calcinha. Ambos eram brancos. Coloquei tudo no chão e entrei no box. A água que veio do chuveiro estava um pouco fria e provocou arrepios em todo o meu corpo, mas eu não quis aquecê-lo. Alcancei o sabão e comecei o processo de limpeza. Lavei meu cabelo em pouco tempo, ainda um pouco perturbada pela minha convidada indesejada. Quando eu estava prestes a terminar, o sabão escapou pelos meus dedos e caiu. Ah, que ótimo.
Antes que eu pudesse alcançá-lo, Emma já estava lá, segurando-o para mim. Ela provavelmente estava com medo de eu cair e morrer com certeza, desta vez. Ela só teve tempo de tirar as botas antes de entrar. Ou ela já havia tirado? Eu não sabia dizer. De repente, me senti mais tonta do que antes. Emma percebeu isso e me segurou em seus braços, soltando o sabão novamente. A água ainda estava caindo, molhando nós duas. Meu corpo parecia mais pesado a cada segundo.
- Emma ... eu não consigo... - Isso foi tudo que eu consegui dizer antes da Emma pegar a toalha e nos levar para a cama novamente. Ela rapidamente jogou as garrafas de lado e me deitou, ainda molhada. Eu sei que ela estava dizendo alguma coisa, mas eu não tinha ideia do que era. Minha visão estava escurecendo, e é tudo que eu lembro, antes de desmaiar.
[P.V.: EMMA]
Regina desmaiou. Se eu estava preocupada antes, agora havia chegado a um ponto que eu não sabia o que fazer. Verifiquei o pulso dela. Felizmente, estava bom. Eu percebi que ela começou a tremer um pouco. Hipotermia. Eu engoli em seco. OK. Então, eu preciso... Deus. Eu respirei fundo. Sim, eu consigo fazer isso. Quer dizer, qual é o problema, né? É só a Regina. Nada de novo, por aqui. Eu só nunca tinha visto sua bunda, obviamente. E também tem o fato de que cada pessoa na cidade está preocupada que ela possa entrar no modo Rainha Má e descontar em tudo que se move. Que foi a razão pela qual eu vim aqui, em primeiro lugar. Houve uma reunião, todos compareceram. Alguns cidadãos queriam escapar, fugir de Storybrooke, porque tinham medo de Regina. Sim, ela mudou, mas as pessoas às vezes tendem a se prender ao passado mais do que deveriam. Foi decidido que eu deveria ir e dar um jeito na situação, como a Salvadora deles. Ninguém parecia se incomodar em perguntar sobre como a Regina estava ou se havia algo de que ela precisasse. De repente, todo mundo estava vendo ela como uma ameaça não tão diferente de qualquer outra. Algumas pessoas até sugeriram que matássemos Regina. Que bem isso faria? Como poderíamos viver com isso?! E, claro, tem o Henry. Nosso filho.
Sem ter certeza de como proceder nessa situação indubitavelmente atípica, peguei a toalha e com movimentos gentis e amorosos, comecei a passá-la no corpo dela e suspirei. Não foi pra isso que me tornei a Salvadora. Eu comecei pelo seu rosto, descendo até o pescoço e ombros. Então, seus seios. Ela tinha seios lindos. Eu Corei. Depois desse pensamento, terminei a tarefa bem rápido, especialmente em suas partes íntimas. Eu estava atraída por ela? Não podia ser. Definitivamente, não. Quer dizer, eu tinha um namorado, e Regina era completamente hétero, até onde eu sabia. Já tive minhas experiências antes, mas durante muito tempo nunca mais quis uma mulher. Até…
Fui até seu guarda-roupa e peguei uma nova calcinha, sutiã e um pijama de algodão azul. Seu guarda-roupa era incrivelmente arrumado, e sua lingerie era deslumbrante. Eu sorri. Ela provavelmente tinha uma vida sexual divertida. Eu fui até a cama e olhei para seu corpo nu, corando. Sentei-me ao lado dela e a vesti devagar, como se tivesse medo de ela quebrar, e não consegui controlar meus dedos trêmulos. Droga. O que tá acontecendo? Eu sabia que tinha uma responsabilidade com as pessoas desta cidade, mas isso era quase demais. Quase.
Depois que ela estava completamente vestida e tremendo muito menos, eu percebi que eu ainda estava molhada do chuveiro - e talvez não só pelo chuveiro. Tirei minha jaqueta de couro vermelha e a coloquei em uma linda poltrona vintage de veludo branco, do tipo que parecia ter saído de um palácio. Claro que a Regina teria algo assim em sua casa. A poltrona chique estava perto da janela. Minha regata cinza também estava molhada, e eu tirei também, junto com a calça jeans skinny azul e as meias. Fiquei só de calcinha e olhei em volta. Isso tá uma bagunça. Peguei as garrafas uma a uma e desci para a cozinha. Joguei-as na lata de lixo perto da pia. De volta ao banheiro, peguei as roupas de Regina do chão, levei para a máquina de lavar e a liguei. Subi novamente e sentei-me na poltrona chique. Eu nunca chamaria isso de outra maneira além de "chique".
Olhei para o meu celular. Henry havia deixado uma mensagem de texto.
Como ela está? Ela não tá bebendo, tá? Me manda uma foto o mais rápido possível.
Suspirei. Henry não veria a mãe dele assim. Acabei respondendo:
Estamos colocando as coisas em ordem, falo com você mais tarde, garoto.
Eu sabia que ele não iria acreditar, mas é o melhor que eu podia fazer, por enquanto. Recebi outra mensagem de texto, mas do Gancho.
A Rainha Má tá sendo malvada com você? Me avise se ela tentar alguma coisa. Eu vou arrancar o coração dela.
Encantador como só um pirata poderia ser. Eu olhei para o relógio. Agora era meia-noite, e eu estava bocejando. Estava cansada, mas não podia deixar Regina assim. Eu não iria. Henry nunca me perdoaria... E nem eu mesma. Me aproximei e sentei na cama, considerando isso por um tempo. Depois de alguns momentos hesitantes, decidi que seria melhor ficar perto dela, e isso significava... Dormir com ela. Por alguma razão, meu coração estava batendo mais rápido do que o habitual com o pensamento. Deus, eu parecia um adolescente com os hormônios fora de controle. Como se eu nunca tivesse visto uma mulher nua antes. Bem, pelo menos, não tão gostosa quanto Regina.
Não em um milhão de anos imaginei isso. Eu ri. Regina vai me matar, de manhã. Eu lentamente deitei ao lado dela e coloquei o cobertor amarrotado sobre nossos corpos frios. Ela estava deitada do lado direito da cama, de frente para a parede da janela, e eu podia vê-la tremendo de costas. Droga. Por que ela não está esquentando? Decidi esperar alguns minutos e ver se o cobertor resolveria o problema.
Sem sucesso. Como o desespero estava me tomando, eu fiz a última coisa que pensei que poderia ajudar: fiquei de conchinha. Puxei seu corpo para perto do meu, ajustando nossas curvas para que nenhum centímetro de seu corpo ficasse descoberto. Minha pele nua lhe oferecia calor suficiente.
Sua pele era macia e seu cabelo estava bem perto do meu nariz. Ela tinha um cheiro bom, e eu podia sentir seus tremores se acalmando lentamente. Suspirei de alívio. Um pouco depois disso, eu também estava dormindo.
Eu estava dormindo há algum tempo quando tudo começou. Regina estava murmurando palavras inaudíveis em seu sono e começou a se mover furiosamente.
- Regina... - Eu disse, colocando minha mão esquerda por cima do ombro dela. - Regina ... O que foi? - Mas ela não respondia. Ela começou a franzir a testa e deitou de costas, movendo a cabeça para os lados freneticamente.
- Não... Não... De novo, não.
Isso é tudo que eu consegui ouvir. Ela estava definitivamente tendo um pesadelo. Era sobre Robin?
- Regina, hey. Acorda. - Eu disse, sacudindo-a levemente. Não funcionou. - Regina! - Ela agora estava movendo os braços e os pés como se estivesse correndo, lutando, ou ambos.
- Não... Por favor, não... Não faça isso! - Eu me sentei na cama agora, desconfortável com a visão e por não ser capaz de acordá-la - NÃAAAAAAAAAO! - Regina gritou e sentou-se na cama. Ela estava suando por toda parte, sua pele estava fria e sua respiração era irregular, como se ela estivesse realmente correndo.
- Regina? - Eu disse, timidamente. Ela olhou para mim, confusa. Não havia reconhecimento em seu rosto quando ela franziu a testa. Seus olhos ficaram cinzentos, frios e distantes. - Regina! Fala comigo! - Ela pareceu recuperar o juízo, e o desespero assumiu. Sem aviso, ela me abraçou. Foi um abraço apertado, suas mãos tremiam e eu podia sentir o suor frio que vinha de seu corpo no meu corpo quase nu. Seu nariz estava tocando meu pescoço e senti arrepios. Ela parecia uma criança assustada abraçando a mãe.
Longos segundos se passaram. Sua respiração estava lentamente voltando ao normal, e seu corpo ficou trêmulo novamente.
- Eu... - Regina disse, interrompendo o abraço. Ela olhou intrigada para mim e eu para ela. - Eu... Você...
- O que houve, Regina? - Eu perguntei com cautela, colocando a mão sobre o ombro dela.
Ela olhou para a minha mão e para mim, em seguida, para a minha mão novamente. Ela tirou minha mão do ombro e virou as costas para mim, deitando-se e olhando para a parede.
- Nada. Só um pesadelo estúpido.
Suspirei, mas não a pressionei. Eu também virei as costas para ela, e nós duas fingimos dormir pelas próximas horas.
