Beeeem, aqui está minha primeira adaptação/história inspirada no livro Losing It, da Cora Comarck.

Espero que gostem!

Boa leitura!


Fui obrigada a respirar fundo mais uma vez.

Você é incrível! Pensei pela décima vez naquela hora, mas parecia tão inacreditável quanto antes, obriguei-me a tentar mais uma vez. Estupenda. A mais incrível!

Hina Hyuuga você é terrivelmente atraente.

Se isso for verdade, como acabei com vinte e dois anos e a única pessoa, do meu pequeno circulo de amigos, que ainda não fez sexo? Acho que eu estava perdida entre Saved by The Bell e Gossip Girl, porque era inédito que uma garota terminasse a faculdade com sua medalha de virgem intacta. E, neste exato momento, estou em meu quarto, me arrependendo de ter admitido isso para minha amiga Ino, porque ela reagiu como seu eu tivesse cometido um crime horrendo. E eu soube disso antes mesmo de seu queixo terminar de cair.

- Isso é verdade?! É por causa de sua religião? Você está, tipo, se guardando para ela? – Sexo era algo simples para Ino, que tem o corpo de uma Barbie e o cérebro sexualmente-carregado de uma adolescente.

- Não, Ino – respondi. – Seria um pouco difícil me guardar para uma coisa que nem tem forma física.

Ino arrancou sua própria blusa e riu, minha careta deve ter sido impressionante.

- Relaxe, Dama da Inocência, eu só estou me trocando – falou enquanto entrava em meu armário e começava a deslizar por minhas roupas.

- Por quê?

- Porque, Hina, nós vamos sair para te arranjar uma transa – Ela disse "transa" com um enrolar de língua que lembrou-me dos diversos comerciais de camisinha que existiam.

- Por Deus, Ino!

Ela escolheu uma camisa que ficava muito larga em mim, mas que ficaria quase extremamente escandalosa em sua estrutura curvilínea.

- O quê? Você disse que não tinha nada a ver com religião!

Uma gota escorreu por minha têmpora. Às vezes minha amiga conseguia me tirar do sério com sua lerdeza.

- Não é, eu não sei... Eu vou à Igreja e tudo mais, mas... Quero dizer às vezes. É que eu nunca estive interessada.

Ela pausou com sua nova camisa no meio do caminho para colocá-la.

- Nunca se interessou? Por caras? Você é gay?

Uma vez eu escutei minha mãe, que não conseguia se conformar que eu estava para me formar na faculdade sem um anel em meu dedo, fazer ao meu pai aquela mesma pergunta.

- Não, Ino, eu não sou gay. Pode terminar de vestir sua blusa. Não precisa cometer um "suicido sexual" por mim.

- Se você não é gay, nem é por causa de sua religião, só precisamos encontrar o cara certo para ti!

Revirei meus olhos: - Caramba! É só isso? Por que ninguém me disse isso antes?

Ela arqueou uma sobrancelha para mim enquanto puxava seu cabelo loiro para trás e prendia-o em um rabo de cavalo alto; o que, de alguma forma, chamou ainda mais atenção para seu decote.

- Eu não estava falando do cara certo para passar a vida, anjo. Estava falando do cara que vai fazer seu sangue ferver! Fazer você parar de pensar com seu cérebro analítico e julgador e pensar com seu corpo!

- Corpos não pensam, Ino.

- Vê?! – gritou apontando o dedo para mim. – Analítico e julgador.

- Ok, ok! Aonde vamos hoje?

- Sour Room, claro!

- Clássico! – gemi.

- O que foi? – Ela olhava para mim como se eu estivesse profanando alguma coisa. – É um ótimo bar. E o mais importante: os caras gostam! E como estamos fazendo o que eles gostam, vamos até lá!

Até fiquei um pouco aliviada. Ela poderia ter tentando me levar à uma boate.

- Tudo bem... Vamos logo! – falei me levantando. Antes que eu pudesse chegar até a cortina que separava meu quarto do resto do apartamento ela gritou.

- Epa! Epa! – Ela puxou-me tão forte pelo cotovelo que eu caí de costas na cama. – Você não vai vestida assim!

Olhei para minhas roupas: saia evasê de bolinhas e uma blusa meia-manga simples com uma quantidade decente de decote. Eu estava bonitinha... Com certeza poderia escolher alguém com essas roupas. Talvez...

- Não tem nada de errado – retruquei.

Ela revirou seus olhos, fazendo com que eu me sentisse como uma criança. Eu odeio me sentir como uma criança e era quase sempre assim quando a conversa envolvia sexo.

- Anjo, neste momento você parece a irmãzinha fofa de alguém. Ninguém quer pegar a própria irmãzinha e, se ele quiser, você não vai querer estar com ele – Ino avisou séria.

Sim, eu definitivamente estava parecendo uma criança.

- Sim, entendo.

- Booom... Parece que você está tentando desligar seu cérebro analítico. Ótimo! Agora espere um pouco e deixe eu fazer meu trabalho.

Com trabalho ela quis dizer tortura, pura e simples.

Depois de três camisas, que me fizeram parecer uma puta, algumas calças que mais pareciam leggings e uma saia tão curta que ameaçava mostrar meu bumbum ao mundo, conseguimos decidir que seria melhor usar uma calça capri jeans apertada com cintura baixa e uma camisa justa de renda preta, que se sobressaia em contraste com minha pele pálida.

- Pernas depiladas?

Eu concordei, estranhando onde aquilo iria parar.

- Tudo... Depilado?

- O máximo que estará algum dia, agora vamos! – falei acabando com a conversa.

- Tudo bem, tudo bem – concordou sorrindo. – Camisinhas?

- Bolsa.

- Cérebro?

- Desligado... Bem, quase. Estou mantendo-o lento, por enquanto.

- Perfeito! Então estamos prontas!

Não. Ela estava pronta, não eu.

Eu sabia por que não tinha feito sexo ainda e era, extremamente, simples o motivo: sou uma maníaca por controle. Essa foi a razão de ter ido bem na escola todos os anos. Isso que me tornou a excelente gerente de palco que sou, ninguém pode comandar um ensaio como eu. E, quando reunia coragem, era sempre a mais preparada para atuar. Só que sexo... Sexo era o total oposto de qualquer controle. Tinha as emoções e TINHA que haver aquela outra pessoa envolvida. Com certeza não é minha idéia de diversão perfeita.

- Está pensando, não é? – perguntou Ino revirando os olhos.

- Só um pouco.

- Melhor nada nesta noite! – enfatizou com um revirar de olhos.

Assim que entramos no carro aumentei o volume do som dela, queria poder pensar em paz. Não era tão simples assim apenas se desligar.

Eu consigo fazer isso. É apenas um problema que precisava ser resolvido! Pensei do modo mais frio que consegui. Preciso resolvê-lo rapidamente!

Era muito simples e eu tinha que mantê-lo daquele jeito: simples.

Esforce-se, Hina! Você não é mais nenhuma criancinha...

Ela estacionou seu carro do lado de fora, algum tempo depois de termos saído. Para mim, que está uma pilha de nervos, a viagem parecera rápida demais. Tudo naquela noite parecia mais complicado do que deveria ser. Eu queria conseguir desmaiar naquele momento.

Ser virgem não era uma vontade minha, disso eu estava certa. Estava cansada de sentir-me como uma criança imatura quando estava com meus amigos. Não saber de algo era a pior tortura para mim. O grande problema era: queria parar de ser virgem, mas não queria fazer sexo.

Será que não posso resolver isso sozinha? Pensei desesperada.

Ino estava do lado de fora da porta do passageiro, esperando que eu saísse. Ela estava se divertindo com tudo aquilo e isso era muito visível. Que bela atriz! Pensei saindo do carro quando ela puxou minha mão e me guiou para dentro do bar.

Fui direto para o bar, sentei-me em um dos bancos, e chamei o bartender.

Ele não era um deus grego. Cabelos loiros, estrutura média, rosto bonitinho. Realmente nada especial, mas parecia simpático e parecia ótimo para o simples.

- O que gostariam, senhoritas?

Sua voz era reconfortante, definitivamente um garoto caseiro e tranquilo.

Ino se intrometeu:

- Duas doses de tequila, de começo!

- Prefiro quatro – avisei.

Ele soltou um assobio e olhou direto em meus olhos: - Aquele tipo de noite, hein?

Eu não queria comentar sobre esta noite, de jeito nenhum, então apenas respondi: - Preciso de algo que me encoraje.

- Com certeza irei te ajudar – concordou piscando. Ele não estava nem a cem passos de nós quando Ino começou a "sussurrar": - É ele! É ele!

Senti meu estomago embrulhar e parecia que meu coração estava prestes a sair pela minha boca. Meu cérebro ameaçava começar a "funcionar" quando sacudi a cabeça levemente. Eu só preciso me acostumar com a idéia. Pensei respirando fundo e segurei o braço de Ino.

- Fique calma, In! Você está parecendo um cãozinho com seu brinquedo novo!

- Por quê? Ele é uma boa escolha. Simpático, fofo. E ele olhou para seus seios, pelo menos umas TRÊS VEZES!

Ela poderia estar certa, mas eu ainda não estava convencida. Por mais que ele parecesse ser gentil, eu não conseguia me interessar. Não precisava excluí-lo, claro! Mas seria muito mais fácil se eu ficasse realmente interessada por alguém!

- Pode se acalmar, por favor? Ainda não houve nenhuma... Faísca – ela estava pronta para retrucar, mas eu consegui completar. – Ainda!

Quando o bartender voltou com nossas bebidas, Ino o pagou e, antes mesmo que ela terminasse de entregar seu cartão, eu virei minhas duas doses. Ele parou por um momento, sorrindo para mim e depois saiu para atender outra cliente.

- Que pressa, hein? – Ino exclamou tomando uma das suas.

- Bem, ninguém vai se meter entre minhas pernas antes que eu esteja completamente bêbada! Passe-me sua última! – exclamei estendendo minha mão.

Ino afastou seu copo de mim e sorriu animada. Ela continuava se divertindo com tudo aquilo, o que me deixava com mais dúvidas ainda. Depois de alguns minutos de insistência, ela cedeu e eu virei o terceiro copo de tequila. Naquele instante a perspectiva de sexo parecia muito menos apavorante.

Um segundo garçom apareceu, desta vez uma garota, e eu pedi uma Cuba Libre, para ficar bebericando enquanto tentava digerir o que estava prestes a acontecer. Essa noite vai ser longa. Conclui com um suspiro.

Eu desisti da idéia de ficar com o garçom. Por mais que fosse bonito, eu já estava uma pilha de nervos e me mataria esperar até de madrugada, até ele sair.

Vários caras estavam espalhados pelo bar e pareciam se aproximar conforme eu bebia. O mais próximo parecia ter uns quarenta anos e olhei para Ino em total negação. Se fosse para perder a virgindade, que perdesse com alguém mais novo.

Ino começou a apontar outros caras que estavam sentados, mas eram demais para mim. Muito bonitos, muito modernos, muito cabeludos, muito velhos. Minha amiga estava começando a ficar um pouco irritada, mas ela continuou tentando.

A lista foi ficando cada vez menor e eu já estava crente de que esta noite seria um fracasso. Ino sugeriu que fossemos para outro bar, mas eu não me sentia animada o suficiente para aquilo. Ser virgem para sempre não parecia uma idéia tão ruim mais. Pedi licença para ir ao banheiro e rezei para que ela escolhesse alguém, para poder escapar sem grandes dramas e desculpas. O banheiro era nos fundos, passando o pequeno salão reservado para jogos e atrás de uma seção de mesas redondas.

Estava quase passando as mesas quando reparei nele. Melhor dizendo, eu reparei no livro primeiro. E minha boca caiu aberta antes que eu pudesse me controlar.

- Se essa foi a melhor forma que encontrou de arranjar garotas, acho melhor procurar um lugar com um pouco mais de movimento.

Ele voltou seu olhar para mim e, de repente, senti muita dificuldade em respirar. Ele, sem nenhuma dúvida, era o cara mais bonito que eu tinha visto naquela noite. Cabelos ruivos que cobriam levemente seus olhos verde-escuros, sua mandíbula era firme e imponente, dando-lhe o ar masculino perfeito e suas feições pareciam ter sido esculpidas por um anjo. Fiquei boquiaberta.

- Desculpe-me?

Eu ainda estava tentando entender a perfeição na minha enfrente, então demorei alguns segundos para conseguir responder:

- Shakespeare. Essa é a desculpa perfeita para se pegar garotas em um bar – respirei fundo. É muito necessário respirar, no final das contas. – O que quero dizer é que você talvez tenha mais sorte lá na frente.

Ele apenas me observou durante algum tempo e, então, sua boca se abriu no sorriso mais lindo que eu já vira na vida e revelando, adivinha?, dentes perfeitos! Acho que vou desmaiar. Pensei engolindo em seco.

- Não é uma desculpa, mas parece que estou tendo uma grande sorte mesmo assim...

Sotaque. Ele tinha um sotaque BRITÂNICO. Eu estava a ponto de ter um ataque do miocárdio.

Forcei-me a respirar novamente. Não fique como uma idiota, Hina! Exigi de mim mesma. Aquela parecia ser uma oportunidade boa demais para ser perdida.

Ele abaixou o livro, mas não deixou de marcar a página. Meu Deus, ele estava lendo Shakespeare em um bar. De verdade!

- Você não está procurando por garotas?

- Eu não estava.

Meu cérebro julgador não perdeu o passado em sua frase. Como se ele não estivesse tentando seduzir ninguém antes, mas agora...

Olhei-o novamente. Ele sorria – dentes brancos, mandíbula com a barba por fazer o que o deixava, em minha humilde opinião, absolutamente delicioso. Eu estava definitivamente seduzida e aquilo me chocou.

- Qual seu nome, amor?

Amor? AMOR? Este cara está tentando me matar, com certeza.

- Hinata.

- Uma deixa para sairmos?

- Não, é meu nome – respondi corada.

- Um belo nome para uma bela garota – sua voz ficou ainda mais baixa, em uma entonação que fez meu interior enrolar todo – era como se minhas partes intimas estivessem dançando de felicidade. Aquela era a tortura mais longa e excitante da minha vida. Era assim que era estar excitada?

- Bem, Hinata, eu sou novo aqui na cidade e consegui me trancar para fora de meu apartamento. Estou esperando um chaveiro e imaginei que ler seria uma boa forma de passar o tempo.

- Lendo Shakespeare?

- Tentando. Eu nunca gostei muito do cara, na verdade. Não contei para ninguém.

Ele piscou e eu quase perdi minha respiração de novo. Minhas bochechas queimavam e não eram a única parte do meu corpo que estava assim. Era vergonhoso e, ao mesmo tempo, extremamente encorajador. Acho que as bebidas podem estar fazendo efeito... Ou é só ele mesmo.

- Parece desapontada, Hinata. Gosta de Shakespeare?

Concordei, porque não conseguia encontrar palavras. Ele enrugou o nariz e sentia vontade de tocar suas pequenas linhas de expressão. Eu estava ficando louca. Totalmente insana.

- Por favor, que espero que não seja fã de Romeu e Julieta...

Uma pequena confiança subiu até meu peito. Aquele era um assunto que eu poderia discutir.

- Eu prefiro Othello.

- Ah! Desdemona, leal e pura.

- Eu, hum... – Meu coração enrolou-se com a palavra pura e forcei-me a encaixar meus pensamentos. – Eu gosto da justaposição da razão e da paixão.

- Eu sou um fã incurável da paixão – respondeu enquanto seus olhos desciam por meu corpo e exploravam minhas curvas. Senti um leve formigar naquele momento.

- Hinata, você ainda não sabe meu nome.

Acho que fiquei muito agitada e respirei fundo, tentando recuperar minha sanidade: - Qual seu nome?

Ele inclinou-se um pouco para frente e apontou levemente com a cabeça: - Sente-se comigo e eu lhe direi.

Meu coração começou a pular como um louco vitorioso e decidi que sentar seria uma boa idéia, afinal, cair desmaiada não seria uma coisa muito legal. O problema foi que apenas fiquei mais nervosa e tensa quando meu bumbum encostou-se ao banco da cadeira.

- Meu nome é Gaara.

- É um prazer te conhecer, Gaara – respondi engolindo em seco. Não esperava um nome tão sexy.

Ele ajeitou-se melhor na cadeira e não tive como não reparar em seus ombros largos e seus braços bem formados, sua camisa não escondia nada. Nossos olhos se encontraram e o bar pareceu desaparecer aos pouquinhos. Eu não conseguia ver mais nada além de seus lindos olhos verde-escuro.

- Eu vou te pagar um drink – falou. Ele era extremamente confiante e seguro de si e parecia disposto a ter-me ali. – Depois nós podemos conversar sobre razão e... Paixão.


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