N/A: Fiz essa fic a pedido da minha amada G (L) Ficou curtinha e sem graça porque eu não tenho muita imaginação em relação aos Marotos, mas eu fiz do fundo do meu coração :~

Culpa

Ele dissera não.

O que mais ele poderia responder, afinal? Era muita responsabilidade, e ele não sabia se era capaz de lidar com isso, mesmo que fosse para ajudar a família de seu melhor amigo.

No passado, ele responderia "sim" sem a menor hesitação. No passado, ele não duvidaria por um segundo das próprias habilidades. Mas no passado ela ainda estava viva.

Nunca fora totalmente consciente da força que ela lhe dava até receber a notícia de sua morte. Quando se deu conta, não lhe restara mais nada; o sorriso fácil que antes estava sempre em seus lábios, principalmente em momentos de crise, e que faziam com que todos sentissem um pouco de esperança, sumira.

Alguém lhe disse uma vez – ou lera em algum lugar, ele não tinha certeza – que as pessoas só se dão conta da importância de algo quando é tarde demais. E Merlin o amaldiçoasse se aquilo não era verdade. Ele a tomara como garantida, dava-se conta; em sua mente, nunca imaginara a possibilidade de perdê-la porque simplesmente não a queria perder. Era inimaginável viver sem ela. E essa atitude que a tirou dele.

Se eu estivesse com ela...

Se eu a tivesse impedido de visitar os pais...

Se alguém da Ordem tivesse protegido o lugar mais apropriadamente...

Se, se, se. Essa palavra não o deixava em paz. A culpa e a saudade o corroíam pouco a pouco, de dentro para fora. Quase inconscientemente – pois já se acostumara ao gesto, tão frequente havia se tornado nos últimos tempos – ele apalpou o bolso interno do casaco e tirou um pedaço de papel um pouco amassado. Desdobrou-o, passando os olhos pelas palavras já decoradas:

Marlene,

Volte logo para a sede, folgada. Precisamos da sua ajuda aqui e você de férias visitando mamãe e papai. Aliás, eu preciso falar com você, também. Estive pensando e aquela ideia de casamento não me parece mais tão absurda.

Te vejo em breve,

Com amor, Sirius.

Nunca tivera a chance de enviar-lhe a carta. Ele nunca ouviria sua resposta, mesmo que tivesse bastante certeza de que seria afirmativa. Eles namoravam desde Hogwarts, afinal de contas. Eles haviam tornado o relacionamento oficial – e exclusivo, da parte de Sirius – poucos meses depois de James e Lily.

Sirius se arrependia de não ter casado com Marlene mais cedo. Ela queria filhos que ele se arrependia de não ter lhe dado. Perguntava-se se, mesmo não tendo alcançado as expectativas dela em relação à formação de uma família, ele a tinha feito feliz. Esperava com todas as células do corpo que sim, de outra forma sentia que falhara em sua missão de vida.

Por isso não pôde aceitar guardar o segredo da localização da família Potter. Ele não fora capaz de proteger a mulher que amava; como poderia proteger seu melhor amigo? Não, ele pensara. Não serei capaz de viver comigo mesmo se falhar com James também.

Mal sabia ele que praticamente assinara a sentença de morte do amigo.

E aquilo viria a ser outra coisa que o mataria por dentro.

Talvez o destino dos irmãos Black fosse morrer tentando consertar os seus erros...