"Hogwarts sempre ajudará aqueles que a ela recorrerem" – DRARRY
SINOPSE: A guerra contra Voldemort terminou e Draco e Harry retornaram para seu último ano em Hogwarts. Eles tem sentimentos um pelo outro, mas nenhum dos dois quer admitir, então Hogwarts decide ajudar o sonserino e o grifinório a encontrarem o caminho para o amor.
N.A. Essa é uma Songfic na qual eu brinco com algumas músicas, não levem tão a sério esse projeto.
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CAPÍTULO 1
Faltava um mês para que as aulas em Hogwarts terminassem, Harry prestasse seus NIEMs e enfim entrasse para o Ministério, onde realizaria o treinamento para ser Auror. Já havia uma vaga certa para ele, tinha lhe afirmado o próprio ministro da magia, quando o bajulava em um jantar na casa dos Weasley. O senhor Weasley tinha sido promovido, exercendo agora um alto cargo no Ministério da Magia.
Harry nunca fora tão bajulado quanto naquele ano. Após ter derrotado Voldemort, parecia que ele tinha se tornado uma espécie de celebridade, causando comoção em todos os lugares que ia. Muitas vezes recorria a feitiços que disfarçavam sua aparência para andar tranquilamente, o garoto esperava fervorosamente que aquilo diminuísse com o passar do tempo. Ele nunca gostara de protagonizar as manchetes do Profeta Diário, o que agora parecia ocorrer várias vezes no mês.
Apesar disso, aquele ano tinha sido muito bom. Diferente dos anteriores nos quais a preocupação com Voldemort e com a guerra estavam sempre presentes, nesse ano Harry pôde estudar, confraternizar com os amigos, jogar quadribol, tudo com muito mais tranquilidade, como um estudante comum. O grifinório adorava Hogwarts, sempre adorara, e agora que faltava pouco para deixar a escola para sempre ele se sentia nostálgico.
Além da nostalgia em deixar a escola que por tantos anos Harry tinha chamado de lar, havia outra razão pela qual ele não ansiava pelo fim do ano letivo: Draco Malfoy.
Draco Malfoy, aquela era sua perdição. Sempre fora. Desde o ingresso em Hogwarts, oito anos atrás, Harry já tinha percebido que a relação entre ele e o sonserino seria sempre mediada por emoções fortes. Durante anos se odiaram mutuamente, provocando-se nos corredores sempre que possível.
Quando Voldemort retornou e Draco se tornou Comensal da Morte a atenção de Harry voltou-se de modo mais incisivo para o sonserino. Ele passara todo o sexto ano querendo saber afinal o que Draco Malfoy estava planejando. Mas no final, Harry tinha percebido que Draco estava sendo forçado a agir como Comensal, que Voldemort estava ameaçando sua família e que o estava usando para punir os fracassos de Lúcio.
No ano em que Harry tinha ficado com Rony e Hermione caçando Horcruxes, ele soubera que a vida de Draco tinha se tornado um verdadeiro inferno. Os Malfoy, que outrora tinham sido uma poderosa família puro sangue, tinham sido reduzidos à escória. Voldemort tinha se apossado e destruído a varinha de Lúcio em um confronto com Harry; Lúcio Malfoy perdera toda a honra frente aos outros comensais.
A casa da família era usada como quartel general, sem qualquer respeito pelos anfitriões. Lúcio – e por consequência Draco e Narcisa – eram ridicularizados e humilhados frequentemente, as vezes pelo próprio Voldemort. Por causa disso, a família que nunca tinha agido por lealdade, mas por interesse próprio, ficou feliz ao ver a morte do Lorde das Trevas.
A forma como o mundo bruxo se estabeleceu após a guerra, no entanto, também não fora muito vantajosa para os Malfoys. Lúcio tinha sido morto logo após a última batalha, por um comensal que o considerava um traidor. Draco e Narcisa, por sua vez, permaneceram de pé, fortes, tentando sobreviver. Os dois tinham feito um acordo com o ministério que os inocentava – afinal ambos nunca tinham se envolvido muito na causa de Voldemort e suas poucas ações tinham sido fruto de coação e ameaças.
A liberdade de Narcisa e Draco, no entanto, tinha vindo com um preço. Eles deveriam se apresentar sempre que o Ministério requisitasse para reconhecer e delatar outros comensais. Isso tinha feito com que a família Malfoy fosse cada vez mais mal vista pelas famílias que mesmo não tendo se envolvido diretamente na guerra, acreditavam na causa do Lorde das Trevas e na ideologia do sangue puro. Entre aqueles que lutaram contra Voldemort, os Malfoy tampouco eram bem vistos, sendo considerados oportunistas e interessados apenas em salvar a própria pele.
Mas Harry, embora o menino não soubesse a razão, tinha descoberto um sentimento novo por Draco Malfoy. Desde aquela noite, na batalha final, quando Harry tinha salvado o outro do fogo, que não parava de pensar no sonserino. A forma como ele tinha abraçado Harry na vassoura, o jeito como ele acariciou displicentemente a mão do grifinório ao se soltar dele e sair correndo, deixando Harry em choque, os efeitos daquele carinho eletrizando todo seu corpo; tudo aquilo estava tirando o sono do Eleito.
Mas depois de retornarem para Hogwarts, Harry e o sonserino nunca mais tinham se falado. Nem mesmo as provocações feitas no corredor que antes eram comuns entre os dois. Apesar disso, Harry se sentia inexplicavelmente obcecado pelo outro. Ele passava horas a fio observando Draco nas aulas, no grande salão, nos jogos de quadribol... e muitas vezes pegava o outro olhando para ele, com os olhos azuis intensos faiscando em sua direção.
Mas Harry, que sempre tinha sido corajoso para tanta coisa, não tinha tido a coragem de se aproximar até então. Uma das razões para isso era o fato de Malfoy ter anunciado seu noivado com Pansy Parkinson há cerca de dois meses; porém, o Eleito precisava admitir que Draco não parecia lá muito animado com o matrimônio.
"Preciso fazer isso", Harry pensava em seu quarto na torre da Grifinória, "preciso me aproximar dele antes que o ano letivo termine e eu perca essa chance". Então, naquela noite, o grifinório se decidiu. Abriu o mapa do maroto para saber onde Draco estaria e o viu entrar na sala precisa, na companhia de Pansy.
Harry engoliu a repulsa, ele estava levando Pansy para Sala Precisa, provavelmente para consumar antecipadamente o tal casamento. O Eleito sentiu-se inseguro, será que afinal Draco gostava mesmo da noiva? Mas aquilo não o faria desistir. Ele estava decidido e iria até o fim.
Cobriu-se com a capa da invisibilidade e se esgueirou para fora do salão comunal da grifinória. O Eleito caminhou lentamente pelos corredores, afim de não ser ouvido, em direção ao sétimo andar. Quando chegou à porta da sala precisa, viu que havia sido colada ali uma placa com a instrução "AGUARDE".
Harry estranhou, nunca tinha visto a sala se comunicar com alguém antes. Mas resolveu atender a orientação e se sentou perto da porta para esperar. Cerca de 15 minutos depois Pansy Parkinson saiu lá de dentro, abotoando a blusa e parecendo extremamente irritada. A garota marchou na direção das masmorras com tanta raiva que nem parecia se importar com o barulho que fazia e com a possibilidade de ser pega.
Foi então que Harry voltou o olhar na direção da porta. A instrução na placa mudara para: "ENTRE".
Harry sentiu um calafrio percorrer seu corpo. Sabia que Draco estaria lá dentro. Estendeu a mão para a maçaneta quase perdendo a coragem, mas se obrigou a respirar fundo e ir em frente. Ele entrou, fechando a porta atrás de si e deixando a capa da invisibilidade cair sobre os ombros.
- Potter? – o sonserino exclamou, sobressaltado. – Está fazendo o que aqui?
Harry olhou em volta, havia um quarto todo branco, parecendo uma enfermaria, e no centro uma cama estreita e claramente desconfortável. O ambiente dava uma espécie de agonia: quem iria gostar de transar num lugar como aquele? Mas então, a sala começou a se transformar lentamente na volta dos garotos. De repente havia uma sala aconchegante, com iluminação romântica. Tinha uma lareira e na frente da mesma duas poltronas marrons e um sofá azul escuro. No canto, estava uma enorme e aconchegante cama.
Harry estava estupefato. Aquele primeiro cômodo deveria ser o que a sala precisa tinha se tornado para Draco e Pansy, e agora ela tinha se transformado totalmente para Draco e Harry.
Naquela nova sala, Draco tornou a abrir a boca afim de exigir de Harry uma resposta para a sua presença ali, mas nenhuma palavra saiu de seus lábios. O Eleito, por sua vez, tentou dizer alguma coisa, mas não conseguiu. Era como se sua voz tivesse sido retirada, ele tentava falar, mas não produzia som algum. Ele colocou a mão sobre a garganta, levemente assustado, e então viu que Draco apontava para a parede atrás dele com uma expressão de incredulidade.
Harry virou-se também, para olhar. Lá estava uma lousa escolar, com um aviso escrito em letras garrafais:
"AQUI NÃO HÁ VOZ, SÓ MÚSICA"
Assim que leu a frase, um rádio antigo apareceu em suas mãos, o sobressaltando. Harry o colocou sobre uma mesinha alta e redonda que tinha aparecido ao seu lado direito, ligando-o. Foi quando a música preencheu o cômodo:
Tem um pedaço do meu peito bem colado ao teu
Alguma chave, algum segredo, que me prende ao seu
Um jeito perigoso de me conquistar
Teu jeito tão gostoso de me abraçar
Harry se lembrou imediatamente do momento que salvara Draco na batalha final, e pela expressão de reconhecimento no rosto do sonserino, parecia que ele pensava a mesma coisa. O Eleito registrou que se tratava de uma música trouxa, que ele nunca tinha ouvido, relativamente piegas e EXTREMAMENTE CONSTRANGEDORA.
Tudo se perde, se transforma se ninguém te vê
Eu busco às vezes nos detalhes encontrar você
O tempo já não passa, só anda pra trás
Me perco nessa estrada, não aguento mais
Por Merlin, a música era extraordinariamente dramática e exagerada. Harry afinal não estava tão loucamente apaixonado assim, estava?
Passa o dia, passa a noite, estou apaixonado
Coração no peito sofre sem você do lado
Dessa vez tudo é real, nada de fantasia
Saiba que eu te amo, amo noite e dia
A música se ocupara de declarar seus sentimentos por ele, em palavras que ele próprio nunca diria. Quando acabou, o sonserino tinha uma expressão escandalizada no rosto.
Harry recuperou-se do seu constrangimento ao encarar o outro. Ele o queria, afinal. Por mais constrangedor que fosse aquilo, era Hogwarts lhe dando uma oportunidade que ele não iria desperdiçar.
Aproveitou-se do choque de Draco para se aproximar dele a passos largos e depositar um beijo rápido nos lábios dele, sem que o outro tivesse tempo de prever o gesto. Em seguida, o sonserino deu um passo para trás, olhando para Harry como se ele tivesse ficado maluco.
Até que os dois viram um novo aviso no quadro:
"AMANHÃ, MESMO HORÁRIO, NINGUÉM VAI VÊ-LOS NO CAMINHO"
Harry direcionou um último olhar na direção de Draco e permitiu-se sorrir, antes de virar as costas e deixar a sala precisa.
N.A.: Créditos – Música "Amo noite e dia" – Jorge e Mateus
