Fringe
Por Noah Black
Mary.
Não foram os olhos ou sorriso ou a inteligência sagaz, rápida, que o fizeram ficar.
John era uma casca; uma margem fina de um homem que uma vez fora para guerra, que uma vez cuidou de corpos mutilados, que uma vez atirou sem perguntar por vidas, procurando por mortes. E, hoje, muito próximo daquele homem que manteve uma arma engatilhada na primeira gaveta de sua mesa.
Porém, era um quase. O nada que lhe habitava agora era pior do que aquele vazio. Vazio e nada são estruturalmente diferentes: no vazio há um espaço. No nada não existe a possibilidade do predicado. Sherlock saltara de uma metáfora que se concretizou - John agora era a queda e o próximo passo seria o chão.
Mas então houve Mary, que sentiu na ponta de seus dedos a fragilidade dolorida daquele homem que, mais um pouco, a pressão interna quebraria o vidro da imagem. Tão explicativa.
Mas então houve Mary que não foi embora e não poupou visitas a um nome que ela só conhecia dos jornais. Houve a Mary que estendeu a mão e foi restritiva:
- Chore, John. Por favor, chore.
