Prólogo

No primeiro dia cheguei à biblioteca lotada e o único lugar disponível era ao lado dele, lugar escasso, diga-se de passagem. A montanha de livros na mesa escondia os cabelos bagunçados e os óculos de aro preto cobriam parte do rosto dele. Pedi um com licença e ele mal levantou a cabeça da montanha de livros somente assentindo com a cabeça. No segundo dia ele foi mais educado e afastou um pouco os livros. No terceiro pude perceber um olhar de relance dele, e pude também pela primeira vez ver seus olhos verdes água. No quarto dia ao me sentar ele tirou a cabeça dos livros e sorriu de leve para mim, hoje eu entrava na biblioteca e procurava meu lugar de sempre, não por falta de lugar, mas porque já tinha me acostumado ao lugar de sempre, o silêncio dele preenchido no máximo pelo rabiscar do lápis. Sentei-me e vi-o acenar pra mim silenciosamente e logo um papel branco apareceu na minha frente, "Ola estranha."