Título: Herança

Autor: Stark1990

Shipper: Albus + Scorpius (mais para frente)

Rating: PG + 13 (por enquanto)

Descrição: Albus Severus Potter carrega o peso de ser o filho de Harry Potter, mas sabe que não possúi as qualidades do pai. E se o futuro do mundo bruxo depender dele? NextGen, Slash AlScorp

Disclaimer: Nada me pertence e a história não tem fins lucrativos.

Herança

Prólogo

Um brinde a Albus Severus Potter

Albus Severus Potter estava destinado a ser um grande bruxo. Herdara o nome de três grandes heróis da Segunda Guerra: Albus Dumbledore, Severus Snape e, é claro, Harry Potter. Não havia um bruxo sequer que não especulara se o menino não herdara o poder, a inteligência e a coragem dos heróis cujo nome homenageava. Três nomes de três bruxos que se sacrificaram na Guerra, que morreram (ou, no caso de seu pai, que teve a intenção de morrer) para que o mundo pudesse viver em paz. Não bastasse a mítica ao redor de seu nome, o menino era absolutamente idêntico ao pai. E por mais que o Chefe do Esquadrão de Aurores tentasse proteger sua família dos jornais e revistas, por mais que buscasse garantir aos filhos um espaço privado e distante dos holofotes, há anos que o mundo bruxo especulava o que essa semelhança significava.

O garoto se lembrava de seu aniversário de três anos, quando ao abrir um enorme presente se deparou com um bruxo apertado segurando uma câmera fotográfica. Seu pai levou o homem preso, e de fato ele teve que cumprir alguma punição, mas isso não impediu que a manchete do Profeta Diário do dia seguinte estampasse o rosto assustado do menino. Esses eventos estranhos ocorreram durante toda a infância do menino, e a bem verdade ele nunca entendeu muito bem o porquê.

Ele e seus primos sabiam que seu pai e seu tio Ron e a sua tia Mione tinham feito algo muito importante no tempo em que estavam na escola, pois era impossível não saber. Seu pai tinha vários prêmios no escritório em casa, sua mãe adorava contar uma ou outra história quando eles iam dormir. As histórias sempre começavam com o garoto que morava no armário sob a escada e terminavam em uma partida eletrizante de quadribol (o esporta que sua mãe e seu irmão James tanto adoravam), com os desafios para chegar até a pedra filosofal ou para o dia em que ele a salvou pela primeira vez, destruindo um enorme basilisco quando tinha 12 anos. Também era comum verem biografias do seu pai, quando passeavam pelo Beco Diagonal, serem fotografos e rirem do seu pai gritando com os fotógrafos... Foi por isso que seus pais, Harry e Ginny, tinham decidido manter certa reclusão do mundo bruxo.

A família Potter habitava o vilarejo de Godric's Hallow, um vilarejo em que moravam troxas, e bruxos. Porém, a rua em que habitavam os Potter ficava na "região trouxa" de Godric's Hallow. Eram vizinhos de seus tios Ron e Mione e seus primos Rosa e Hugo, mas a família Weasley era a única família bruxa da rua. Seus tios e seus pais haviam, há muito tempo, protegido a rua contra bruxos, aumentando assim a reclusão. As três crianças Potter também frequentaram escolas trouxas durante toda infância. O mundo bruxo existia, elas sabiam e gostavam das histórias de magia, dos Contos de Beddle, de brinxar de vassoura, de surrupiar a varinha de Ginny... Mas eles também conheciam o mundo dos Trouxas e tinham seus amigos, sua escola, suas histórias. Albus jamais confessaria isso a ninguém, mas ele gostava muito de sua escola trouxa. Era muito bom ser uma criança sem ser olhada o tempo todo com tanta expectativa, de ser o pretenso próximo grande bruxo.

Albus só começou a compreender o que seu pai fez quando James foi para Hogwarts. Era uma noite de julho, depois da festa de aniversário de seu pai, quando Harry e Ginny chamaram os filhos para se sentarem em frente à lareira e contaram a história do Menino-Que-Sobreviveu. Seu pai, com a idade que seu primo Teddy tinha hoje, decidira aceitar o sacrifício de morrer pela bruxidade, mas conseguira sobreviver pela incompreensão de Voldemort do amor, do amor de seus avós – que tinham o mesmo nome que seus irmãos – que se sacrificaram para salvar seu pai. Harry retornara e destruira o bruxo que havia matado tantas pessoas boas, os seus avós, os pais de Teddy... James estava excitadíssimo com a história, assim como estava animadíssimo com a perspectiva de ter aulas de magia dali a alguns dias. Seu irmão mais velho não parava de pular e perguntar mais sobre o dragão que seu pai derrotara no torneio tribruxo, se esse dragão era menor do que o dragão que roubara de Gringotes... Harry ria-se da alegria do filho mais velho, mas também não podia deixar de esgueirar o olho para ver o assombro de Albus. O menino mais novo estava impressionadíssimo com a história, nunca sentira tanto orgulho pelo pai, nunca sentira tanta vontade de abraçá-lo, nunca sentira tanta vontade de chorar e prometer ao pai que nunca mais faria nada de mau, que ele ia se comportar e que ele não se importava em ter um quarto menor que o de James, e que também estava muito feliz de não terem um armário sob a escada... Mas o menino não conseguia fazer nada disso, estava paralizado. Como podia ele, um covarde, ser filho do grande Harry Potter? Albus só vira uma cobra uma vez, e se escondera no quarto por uma semana (e a cobra era menor do que um ovo de basilisco provavelmente). Albus nunca ganhara uma partida de xadrez como seu tio Ron ganhara para chegarem até a pedra filosofal, também nunca resolvera nenhum enigma como o que a tia Mione resolvera na mesma ocasião... Albus tinha medo do escuro e tinha medo de morrer – afinal, se morrer fosse bom seu pai não teria impedido Voldemort de matar tanta gente?

Harry não teve tempo de conversar com o filho, pois Lily ficara com medo da história e Ginny a levara para cima. Harry deu um beijo em cada um dos filhos e subiu as escadas depois de Ginny chamá-lo. James foi correndo até a cozinha pegar duas colheres de pau. O ruivo queria brincar de duelo: ele seria Harry e o irmão seria Voldemort. Albus não queria brincar, mas pegou a colher de pau. Seria isso, então? Será que ele estava destinado a ser um bruxo desprezível como Voldemort, um bruxo com medo da morte, com medo do escuro, incapaz de se sacrificar? Voldemort era órfão, mas se tivesse pais como os seus talvez fosse mais parecido com ele. Albus nunca queria sair de casa e definitivamente não queria ir para Hogwarts, ele queria ficar na sua casa para sempre, com seu pai que o protegera de tantas coisas, sua mãe que era sem dúvida a melhor mãe do mundo e seus irmãos (embora ele não se importasse se James ficasse para sempre em Hogwarts, voltando apenas no natal e nas férias de verão).

Era ali o seu lugar, não lá fora enfrentando bruxos das trevas. Lá fora, onde todos achavam que ele era o próximo grande bruxo para proteger a todos das artes das trevas. Lá fora, onde nesse mesmo dia, o dia do aniversário de Harry Potter, todos brindavam ao Menino-Que-Sobreviveu, agradecendo por sua coragem e seu sacrifício e se perguntavam o que poderiam esperar de Albus Severus Potter. Lá fora, onde nesse exato momento tantas pessoas desconhecidas brindavam Albus Potter, o Filho do Menino-Que-Sobreviveu.

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A milhares de quilometros dali, um brinde muito peculiar era feito.

Era um casebre escuro e aparentemente inabitado. Por uma das janelas, uma pequena luz amarela flamejava. A janela se abriu e o rosto de um bruxo desengonçado apareceu, olhou para os lados e fechou a janela, desta vez cobrindo o vidro e impedindo que qualquer transeunte suspeitasse que alguém estava acordado ali dentro.

O casebre tinha apenas um cômodo. Na lareira de pedra, que destoava do ambiente pobre de madeira, um vulto vestido de negro remexia um caldeirão, do qual chamuscavam faíscas verdes. O bruxo desengonçado se aproximou e estendeu um punhado de fios de cabelo:

- Consegui, milorde, consegui. O ingrediente que faltava, do menino Potter, milorde - A voz era esganiçada e, pela maneira como se curvava diante do vulto, o bruxo o temia acima de qualquer coisa.

- Muito bem, Vicent, muito bem. Seu pai ficará orgulhoso de você – disse a voz fria em um tom tão agudo que talvez o bruxo desengonçado não tenha ouvido nada. Ao adicionar o cabelo na poção, ela mudou de cor, adiquirindo um tom vermelho acinzentado. – Agora só me falta uma coisa, você sabe o que é?

- N.. não, milorde, o que... o que é? Posso trazer o que você precisar, milorde, o que você precisar...

- Mas você já trouxe, Vicent... O que eu preciso agora está aqui... preciso de sua alma. – O bruxo disse isso como quem anuncia que precisa de um copo de água, como se fosse a coisa mais natural do mundo requisitar uma alma. O bruxo desengonçado ficou aturdido e apenas gemeu. – Me desculpe, mas isso será um pouco inconveniente, mas não tema... Você começou o incêndio. – e subindo a varinha tão rápido que o outro não teve tempo nem de se mover, o vulto soltou um lampejo silencioso de luz verde que fez o bruxo desengonçado cair no chão da cabana com um baque mudo. E com o baque, a poção mudou de cor, adiquirindo um aspecto translúcido.

O vulto estendeu a mão branca sobre o caldeirão e nesse exato momento dois garotos apareceram na superfície do líquido. Os dois pulavam no sofá agitando colheres de pau. O vulto deixou escapar um silvo que talvez fosse uma risada. Na sequência estendeu um cálice e pegou uma quantidade de líquido. Quando estendeu o cálide sobre o caldeirão o menino ruivo desapareceu e, sob a superfície da água, apenas era possível vislumbrar o rosto do menino mais jovem. O rosto com intensos olhos verdes. Antes de tomar o conteúdo do calice em um só gole, o vulto brindou consigo mesmo:

- Um brinde a Albus Severus Potter, o caminho para a imortalidade!

Notas: Eis o começo da história. Há anos penso em escrever uma fic, mas nunca tive a coragem. Vou tentar agora, meio fora de época, mas acho que a diversão valerá. Um brinde para quem pegar a referência ao Batman. Planejo atualizar a história frequentemente, mas tudo depende de vocês e das reviews. Acho que a história vai ser longa, mas isso também depende de vocês gostarem. Espero que gostem. Ainda preciso de um(a) beta.