Disclamer: Saint Seiya não me pertencem e seus personagens tbm não. A música é The End do The Doors.

Comentários da Autora: Presente de aniversário atrasado para Virgo no Áries... espero que seja do agrado. Agradecimentos para Lhu-Chan pelos comentários.


Ele acordou ainda desnorteado, a sua volta apenas a decadência em sua melhor espressão material. Copos virados, esquecidos no canto do chão sujo, restos de cigarros fumados alucinadamente na noite anterior. Corpos semi-nus ainda espalhados pelo chão ou sobre os poucos móveis que ali existiam. Ele procurava por alguém conhecido, por algo conhecido, mas era tudo estranho. Como fora parar ali? Onde estavam suas roupas? Passou a mão pelos longos cabelos, emaranhados, pegajosos, sujos como ele se sentia agora.

Sentiu um cheiro de forte café e alguém entrou com uma xícara na mão.

- Mais um acordado! Seja bem-vindo ao mundo dos vivos. Tem mais de onde veio este. Vá. Certamente você precisa.

- Eu? Você me conhece?

- Como não conheceria? Estamos na minha casa! Acho que você ainda não está legal, vai tomar um café. Exageramos todos ontem.

Ele resolveu seguir o conselho do "estranho", ao menos ele considerava aquele homem um estranho. Pegou uma caneca do líquido negro, fumegante, amargo. Aos poucos as idéias pareciam desembaralhar, mas a dor voltara, mais forte, mais vívida, mais concreta. Porque deixara as coisas chegarem até aquele ponto. Fora fraco e se prometera nunca mais ser fraco. Caíra novamente nas mãos do destino, sua auto-suficiência e arrogância destruídas pelo tolo leviano que se tornara. Mais um gole. O café já quase frio desceu amargando ainda mais.

This is the end
Beautiful friend
This is the end
My only friend, the end
Of our elaborate plans, the end
Of everything that stands, the end
No safety or surprise, the end
I'll never look into your eyes...again
Can you picture what will be
So limitless and free
Desperately in need...of some...stranger's hand
In a...desperate land ?

Seus olhos clamaram por libertar toda a dor, seus lábios queriam gritar os mais hediondos protestos, suas mãos necessitavam agredir, seu corpo tentava se auto-destruir como uma mensagem indesejada. Acontecera novamente. Amor. Riu com escárnio, terminou de beber com um estalar de língua como se realmente apreciasse o que bebera. Não merecia mais do que aquilo, uma noite esquecida, um café amargo, pessoas estranhas e mais nada. Não restara nada. Perdera tudo pelo meio do caminho. Se achara merecedor das maiores bênçãos e tivera dos deuses apenas o que buscara: nada.

- Amigo, você não disse o que aconteceu a você, mas você escreveu um lindo lamento. Quisera eu ter uma viagem como a sua.

- O que eu fiz?

- Não se lembra de absolutamente nada?

- Não.

- Sabe onde está?

- Não.

- Sabe quem sou eu?

- Não.

O jovem ruivo olhou para o que estava à sua frente, entre surpreso e penalizado. Não era homem de demonstrar emoções, mas sorriu. Apresentou-se novamente, apesar de tê-lo feito no início da noite. Estendeu um papel. Sabia que não devia perguntar, não tinha esse direito, mas estava intrigado.

- Esse amigo, era mais que um amigo, não?

- Esse amigo... ele era o tudo e ao mesmo tempo o nada. Devo deixá-lo livre. Ao menos um de nós merece ser feliz.

- Este não poderia ser você?

- Eu sou um idiota arrogante que acha que tudo sabe da vida e acaba assim, se abrindo para um estranho. Desculpe-me, não queria te ofender, mas não sei outra forma de dizer a verdade. Não me restou nem mesmo um ombro amigo, e por que?

O ruivo se calou. A dor daquele que estava a sua frente era mais profunda e visceral do que imaginara quando lera as palavras rascunhadas. Aquele homem perdera tudo, ou não?

- Não precisa ter pena de mim. Sei que é assim que se sente, mas eu sobrevivo. Sempre sobrevivi. Me desmontando e recriando a cada percalço do caminho. Não sera diferente desta vez.

- Um dia pode ser o ultimo.

- E se for? Será apenas o fim. Mais uma viagem. A única que realmente temos certeza e a única que realmente tememos e não pensamos.

Lost in a Roman...wilderness of pain
And all the children are insane
All the children are insane
Waiting for the summer rain, yeah
There's danger on the edge of town
Ride the King's highway, baby
Weird scenes inside the gold mine
Ride the highway west, baby
Ride the snake, ride the snake
To the lake, the ancient lake, baby
The snake is long, seven miles
Ride the snake...he's old, and his skin is cold
The west is the best
The west is the best
Get here, and we'll do the rest
The blue bus is callin' us
The blue bus is callin' us
Driver, where you taken' us ?

The killer awoke before dawn, he put his boots on
He took a face from the ancient gallery
And he walked on down the hall
He went into the room where his sister lived, and...then he
Paid a visit to his brother, and then he
He walked on down the hall, and
And he came to a door...and he looked inside
"Father ?", "yes son", "I want to kill you"
"Mother...I want to...fuck you"

C'mon baby, take a chance with us
And meet me at the back of the blue bus
Doin' a blue rock, On a blue bus
Doin' a blue rock, C'mon, yeah
Kill, kill, kill, kill, kill, kill

- Você fez tudo, tudo o que está escrito?

- Eu fiz mais. Eu amei. Eu amo. E, agora sei, eu amarei. Não importa quem. No fundo as pessoas não são importantes, a estrada não é importante, a droga não é importante. No fundo o que importa é o desejo, o ardor, a fé na felicidade, porque a felicidade pura e simples não existe, que isso fique claro.

O jovem ruivo ficava cada vez mais intrigado. Quando Milo levara aquele homem até ali dizendo apenas que ele precisava de amigos e de liberdade para uma mente ágil, achou que era mais um dos surtos alucinados de seu namorado, mas se surpreendera com a realidade das palavras de Milo. Aquele homem tinha realmente uma mente ágil e um coração quente, mas estava completamente desgostoso da vida.

- Não concordo com tudo que disse, mas também não tenho argumentos para discordar. O que sente é límpido como água da chuva, mas o que vai fazer é que me intriga e até mesmo preocupa.

O jovem sorriu, e pela primeira vez naquela manhã sem ironia, amargura ou dor. Sentia aos poucos o bálsamo aquietar seu coração. Simplesmente acabara. Seu amor tinha outros objetivos e toda uma vida pela frente. Ikky era jovem, belo. Deveria ser livre. Deveria ter a oportunidade de ter uma vida "normal". Aquela mulher foi a apenas "aquela", mas podia ser qualquer outra. Seu amado precisava ser feliz e ele não ficaria no caminho, acenando uma bandeira arco-iris, gritando:"Eu estou aqui e te amo". Riu ao imaginar o quão patética seria a cena.

This is the end, Beautiful friend
This is the end, My only friend, the end
It hurts to set you free
But you'll never follow me
The end of laughter and soft lies
The end of nights we tried to die
This is the end

- Acabou de verdade? Você tem certeza?

- É impossível ter certeza de qualquer coisa nessa vida.

Um outro jovem despertou com o som de vozes. Seus cabelos tonalizados em uma exótica cor lavanda cobriam todo o seu corpo. Aproximou-se da dupla, ainda sonolento, mas reconheceu o loiro que chamara sua atenção por toda noite, voz de anjo, pele de alabastro, cabelos de ouro, olhar de tristeza profunda.

Abraçou-o em silêncio e teve seu abraço retribuído.

- Ele poderá nunca mais vê-lo, mas eu o verei. Não é o fim, é o recomeço.

O jovem ruivo sorriu e levantou-se. Não era mais necessário ali. Aquele era o fim, mas não o fim maléfico e funesto. Aquele era apenas o fim de mais uma etapa. Todos ali tão decadentes, tão jovens, tão sós, tão sofridos. Todos ali apenas o espelho da sociedade desesperançada pós moderna, tecnológica, sem rumo, sem anseios. Tudo já fora conquistado, tudo já fora permitido, todos os caminhos percorridos, mas a dúvida, a dor, o medo permaneceram. Passou o dedo entre os fios de cabelo. Eles seriam felizes. Todos seriam felizes. Só existe um lugar para ir ao chegar ao fundo do poço. Pra cima. No options, no choises, one way.


Segue tradução livre...

O Fim

Este é o fim
Belo amigo
Este é o fim
Meu único amigo, o fim
Dos nossos elaborados planos, o fim
De tudo que permanece, o fim
Sem salvação ou surpresa, o fim
Eu nunca olharei em seus olhos...de novo
Voce pode imaginar o que será?
Tão sem limites e livre
Precisando desesperadamente...de alguma...mão de estranho
Numa terra desesperada?

Perdido numa romana...selva de dor
E todas as crianças estão loucas
Todas as crianças estão loucas
Esperando a chuva de verão, sim
Tem perigo no extremo da cidade
Passeie pela estrada do rei, bem
Cenas estranhas dentro da mina de ouro
Passeie pela estrada do este, bem
Passeie pela serpente, passeie pela serpente
Para o lago, o antigo lago, bem
A serpente é longa, sete milhas
Passeie pela serpenteÂ… Ela é velha e sua pele é gelada
O oeste é o melhor
O oeste é o melhor
Vá lá, e nós faremos o resto
O ônibus azul está nos chamando
O ônibus azul está nos chamando
Motorista, aonde está nos levando?

O matador acordou antes do amanhecer, ele pôs suas botas
Ele tirou uma foto da antiga galeria
E andou pelo corredor
Entrou no quarto em que sua irmã vivia, e...então ele
Pagou a visita a seu irmão, e então ele
Ele andou pelo corredor, e
E ele veio até a porta...e ele olhou para dentro
"Pai?", "Sim filho?", "Eu quero te matar."
"Mãe...Eu quero...te foder."

Venha bem, tente conosco
E me encontre atrás do ônibus azul
Fazendo um foguete azul, No ônibus azul
Fazendo um rock triste, vamos, sim
Matar, matar, matar, matar, matar, matar

Este é o fim, belo amigo
Este é o fim, meu único amigo, o fim
Dói te libertar
Mas você nunca vai me seguir
O fim da gargalhada e das mentiras suaves
O fim das noites que tentávamos morrer
Este é o fim