Vermelho. Vermelho como a cor da sua equipa. Vermelho como os seus lábios depois de cada beijo. Vermelho como o sangue que banha o chão.
Ela ainda vive. Murmura palavras que eu não consigo entender. Preces, orações… por menos assim parece.
As mãos enroladas no terço que eu nem sabia que ela tinha. Nunca a julguei pessoa de crenças. Logo ela, sempre tão crédula…
Mas agora, que o sangue continua a correr por cada ferida no seu corpo, ela reza.
Palavras na sua voz sumida pela força que se vai dissipando a cada segundo que passa. Eu quero calá-la. Tapar a sua boca e arrancar-lhe aquele maldito terço das mãos. Eu quero dizer-lhe que não é preciso rezar, que nós vamos viver…
Onde está o Potter desta vez?? Logo ele, que sempre salva o mundo, onde está ele para salvar a sua melhor amiga…
Eu gostava de lhe pedir desculpa, de lhe dizer como a amo… mas eu não consigo. Eu apenas a deixo estar com a cabeça repousada no meu colo. O meu braço, aquele que não está ferido, pressione o corte no seu peito, na esperança vã de estancar o sangue que corre, e corre, corre…
A porta está trancada. Não temos varinha, não temos nada, muito menos força para tentar fazer algo. Eles deixaram-nos ali para me fazer pagar pelos meus pecados, pela minha traição. Vê-la morrer, esse é o meu maior castigo.
Ela olha para mim e eu oiço-a murmurar o meu nome. O terço ainda tremendo na mão fraca. Ela sorri. Ela sempre sorri, e ela sabe que a morte a está a chamar, mas ela nunca deixa de sorrir.
- Eu amo-te!
Eu choro, as lágrimas já não se contem mais dentro de mim. O seu sorriso é triste, ela nunca gostou de me ver sofrer. Mas ela não sabe como a culpa me assola, como me sinto sabendo que tudo isto é minha culpa. Eu apenas pensei em mim, na felicidade que me invadia estar com ela. Nunca pensei nas consequências que isso lhe podia trazer…
E agora ela vai-se desvanecendo e por cada segundo em que a sua vida se vai, também a minha se acaba.
- Eu também te amo!
Agora ela sorri feliz. Eu acaricio-lhe a face.
- Reza por mim!
Foi a ultima coisa que ela disse antes dos seus olhos se fecharem…
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5 Anos depois…
Ela sorri-me docemente da fotografia. O seu sorriso tão quente parece deslocado de toda a frieza que a campa de mármore branco transmite. As jarras sempre enfeitadas pela família e amigos que não a conseguem esquecer. Ainda hoje ninguém me perdoa e todos me culpam pelo que fiz. O Potter odeia-me quase tanto como eu o odeio a ele. Ele culpa-me por ela ter morrido, eu culpo-o por ele não ter chegado a tempo. Eu vivo longe do mundo, enterrado na casa que por pouco mas bom tempo, partilhei com ela. Afundado nas minhas memórias e recordações de um tempo que não voltará e vivendo na culpa de ter levado á morte a única mulher que um dia amei, cada vez mais espero que o destino me leve para junto dela.
E agora ajoelhada na tua campa meu amor, eu cumpro o teu ultimo desejo. O desejo que faço todos os dias e que me faz crer mais perto de ti…
- Meu Deus, porque és tão bom, cuida do meu amor, aí onde ele está e faz com que a minha espera, seja mais fácil, para que um dia eu possa voltar a ser feliz, aí em cima, com a única que um dia amei.
Pai nosso,
Que estais no céu…
…
Uma prece por ti Hermione…
FIM
Esta fic não tem motivos religioso nem nd desse género. Fala apenas do amor mais puro, da culpa mais sincera e da saudade mais profunda.
Quando amamos, acreditamos em qualquer coisa que nos faça sentir mais próximos dessa pessoa.
E não importa em que reside a tua fé… ela é tua. E é sempre bom acreditar em algo… nem que seja no amor!
Continuem lendo…
DanielaMPotter
