Brinquedo Torto
Posso ser culpada pela minha desgraça em partes, mas você foi o principal causador, é uma pena que o peso tenha caído todo sobre mim.
Eu quero achar alguém para salvar e poder me sentir forte, quero deixar de me sentir quebrada, de me sentir torta.
Prólogo:
Estava suja, usada. Sentia-me abandonada por aqueles infelizes enquanto andava do lado do carro de um deles.
- Sakura, eu não acredito que esteja fazendo isso.
- Ãh? – Estava indignada – como "não acredita"?
- Já conversamos sobre isso. – Essa frase, de novo.
- Conversamos? Quando? Por acaso você me dopou para termos essa conversinha? – Minha voz mostrava o meu transtorno, mas o que eu disse foi visto de uma maneira engraçada pelo meu "amor".
O carro começou a acelerar o que me fez ir mais rápido para acompanhar meus amiguinhos.
- Sakura, acabou.
O carro se encheu de vaias. O vidro preto começou a subir enquanto minhas lágrimas caíam. Senti uma espécie de fisgada no estomago. Parei, fitando um arbusto do outro lado da rua. Aquele filho da puta ia me pagar.
Comecei a correr para alcançar o carro, agora indo mais rápido.
As janelas do mesmo se abriram enquanto olhares curiosos eram direcionados a mim.
O carro ficava cada vez mais rápido. Minhas pernas foram se cansando, mas não deixei de correr. Passei um cruzamento, outro enquanto motoristas buzinavam para mim. Aquele veado me faria morrer, do jeito que ele queria. Até que não seria tão ruim, sabe.
O carro já estava muito longe. Longe o suficiente.
Então é isso, seria o fim.
Parei no meio de outro cruzamento. Esperando que algo se chocasse contra mim. E foi isso que aconteceu. Só que eu não morreria. Ainda.
Um cara alto desceu do carro, tinha cabelos negros.
Estava tudo meio embaçado. Mas mesmo assim pude ver o rosto do sujeito. Ele até que era bem gostoso.
