DO YOU REMEMBER?

ShiryuForever94

Categoria: Presente de Amigo Secreto CdZ 2012 para FABINHO, [Tributo] Dia Nacional do Yaoi (08/01), Songfic, Música: Kayleigh, Marillion, Saint Seiya (CDZ - Cavaleiros do Zodíaco), Slash, MxM Relationship, Camus e Milo.

Advertências: Insinuação de sexo sem descrição gráfica

Classificação: NC-17

Capítulos: 3

Resumo: Como explicar o inexplicável? Como compreender o que nem mesmo deuses conseguiriam? Lembranças, realidade? Amor.

Nota da autora: Tomei algumas liberdades com esta fanfic. Talvez estranhem um pouco a linha do tempo, ou as idades, mas é que coerência nunca foi o forte de Kurumada e fiz algumas adaptações. Espero que isso não prejudique o entendimento da fanfiction nem a fidelidade que gostaria de dar ao temperamento e estória dos protagonistas. A velocidade da postagem dos outros dois capítulos são os leitores quem determinam mediante seu interesse.

DO YOU REMEMBER?

ShiryuForever94

UM

MILO'S POV

Sempre me gabei de toda minha segurança e força. De todo meu jeito marcial e competente de gerir minha vida.

Nunca dei mostras de fraqueza e até senti alguns prazeres nada santos em algumas lutas sangrentas.

A única vida que jamais conheci foi a de sucessão de dias ensolarados e bonitos em que se pode escolher algum bom livro para ler ou um amigo para visitar.

Vivi sempre de prontidão, esperando a próxima batalha, chamado, morte.

Nunca achei muita graça em alguns coloridos singulares da primavera, nem na neve do inverno.

Nunca prestei tanta atenção assim à época das chuvas.

Para mim sempre foi a sucessão de deveres e treinamentos com a qual fui acostumado desde cedo.

Sou um ser adaptável e aprendi com facilidade. Minto. Superei meus mestres e tornei-me a maldição em pessoa.

Dizem que nunca se faz amizade com um escorpião, é ele quem faz amizade com você. Posso dizer que seja bem verdade.

Muitos já se aproximaram de mim e foram rechaçados.

Simplesmente não estou interessado. Ou não estava.

Na flor de meus dezesseis anos, não tenho tempo para namoros.

O que foi que eu disse?

Como pode um adolescente não ter tempo para namoros?

Ah, claro, preciso me apresentar. Sou Milo de Escorpião, general da guerra do Santuário de Atena.

Bem, o título eu mesmo forjei para mim, afinal das contas sou um tanto dado a ser perfeito em tudo que diga respeito a meus deveres de guardião da deusa.

Que deusa? Hum, ao humano normal é bem difícil explicar. Digamos que seja a Deusa Atena, ou Minerva, conforme se prefira em grego ou romano, respectivamente. É a deusa da justiça e da sabedoria, considerada a virgem padroeira das artes domésticas, deusa protetora na guerra dos que lhe rendem culto.

Para mim é a razão de eu acordar e treinar. E de morrer, qualquer dia desses.

Ah, não me compreendam mal, não se trata de nenhum amor impossível. É apenas que sou dedicado, e muito, ao que quer que eu tenha de missão.

Mas, estou fugindo do assunto principal. Eu disse mais atrás que não tenho tempo para namoros, e que não estava interessado. Esse é o problema. Ando ficando muito interessado e isso está me atrapalhando.

Quem seria este ser capaz de tirar-me de minha castidade e devoção ao meu trabalho?

Hum, nem sei se devo falar muito sobre ele, uma vez que não o conheço tanto assim. Ele chegou há pouco tempo da Sibéria.

O Grande Mestre avisara-nos que o cavaleiro de Aquário estaria entre nós em breve. Só não avisou que aquele homem era... Uma pintura perfeita!

Não nos conhecemos bem, nós os cavaleiros. Nos vemos esporadicamente, ou seja, quando somos convocados a trabalhar juntos, o que é bem raro, vez que somos extremamente poderosos, ou seja, não precisamos de ajuda nenhuma e eu nunca me importei minimamente com isso.

Só que agora, fui designado para um trabalho conjunto com aquela coisa de tez pálida e longos cabelos ruivos.

Estou indo para uma reunião com o Grande Mestre e Camus. Ah, sim, o nome dele é Camus. O mesmo nome de um importante intelectual argelino. Será que ele é inteligente?

CAMUS' POV

De volta a este país escaldante. Foi alguma piada da Deusa Atena haver me chamado justamente agora? Em meio ao verão grego?

Como se não bastasse que na Grécia há em média 320 dias de sol por ano, as temperaturas podem chegar aos 50 graus, se bem que já houve relatos de tal temperatura na Espanha.

Não que eu tenha horror às altas temperaturas, sou um cavaleiro, não tenho horror a nada, apenas que passei os últimos anos na Sibéria. Meu treinamento foi árduo e estou bem acostumado a temperaturas abaixo de zero, ao frio intenso e enlouquecedor. E também estou bem adaptado à solidão dos mares de branco do gelo, pois desloquei-me para o Ártico em algumas etapas de meu treinamento.

Ao contrário do que se possa pensar, a Sibéria não tem enormes vastidões de neve, são vastidões de frio. Oito meses de inverno, em média.

Ou seja, é apenas um problema de eu me acostumar. Se é que é possível alguém acostumar-se a fritar sob o sol.

Não estou feliz, nem animado, por estar de volta. É apenas outro dia. Hoje posso estar aqui, amanhã posso estar ali. Sou pragmático algumas vezes e muito sonhador em outras. Se bem que sonhar não é algo que eu faça com freqüência. Não tenho muita crença na raça humana.

Os motivos?

Talvez eu haver perdido meus pais num assalto há muitos anos. Talvez porque desde então conheci algumas pessoas que não passavam de animais pensantes.

Minha sorte foi ser a reencarnação viva de uma alma de cavaleiro. E ter sido treinado por um homem de educação esmerada e honra inquestionável.

Só que tal fato não me fez ter mais apreço pelos defeitos humanos.

Eu aprendi a controlar todos os meus sentimentos. Não os podia ter aflorando a todo momento no meio de exercícios que me ensinavam a permanecer são no meio de descampados, sendo fustigado por ventos e sentindo em cada poro de meu corpo farpas geladas de cinqüenta graus negativos.

Agora, aos dezesseis anos, posso orgulhar-me de ser uma fortaleza tão sólida como um iceberg. De haver dominado técnicas de fazerem temer a qualquer um. De ter-me tornado observador e frio sob qualquer circunstância. E de ter total desprezo pelo contato humano.

O Grande Mestre disse-me que tenho uma missão de soberba importância e que a farei em conjunto com algum outro cavaleiro.

Eu já soube quem vai ser.

Milo de Escorpião. Eu o vi quando me apresentei há algumas semanas. É grego de nascimento e um tanto sério também. Ainda bem. Tudo que não preciso é de um idiotinha metido a infantil para trabalhar comigo. Terei chances de treinar meu grego. Será que ele é culto o suficiente para falar francês, espanhol, italiano, alemão e inglês? Por que eu falo todas essas línguas e sei que elas são faladas na Grécia. Vamos ver, enquanto caminho por essas escadarias, quais minhas impressões sobre o assunto.

O inglês é a segunda língua na Grécia. Isso deve facilitar bastante, pois é uma língua bem fácil. O francês que é falado aqui, mon dieu! É um tanto feinho, mas compreensível. O italiano... Hum, não sou nativo, mas julguei haver um interessante sotaque em algumas áreas da Grécia. O alemão prescinde de mais guturalidade, mas até que fui capaz de compreender bastante bem. O italiano combina bem com os gregos, dada a passionalidade conhecida das duas raças. O espanhol, bem, há bem menos falantes de espanhol do que eu esperava. Sem problemas. Não sei quanto tempo ficarei por aqui.

Ora, além de treinar intensamente meu corpo e alma, meu mestre também me ensinou muitas línguas. E eu aprendi cada uma delas com esmero.

Hum, uma pessoa caminha às minhas costas. Parece estar me observando. Não gosto da sensação. Páro de andar e fico em absoluto silêncio, esperando. Que se anuncie essa criatura que ousa analisar-me. Meu cosmo não lê mentes, nem nada do tipo, mas fornece algumas informações sobre os sentimentos alheios. Não sou uma peça para ser observada, como se estivesse em um museu.

POV's Alternados

"Kalíméra, Yássu." (Bom dia, como vai?)

"Bonjour! Je vais bien, merci."(Bom dia, vou bem, obrigado.)

"Sou Milo. Serei seu companheiro de missão."

"Eu sei. Vamos?"

"Né." (Sim) Ele é tão simpático quanto... Uma dor de dente. No entanto, não há agressividade nele, talvez um tanto de enfado e tristeza. Como será que ele percebeu minha presença? Sou tão bom me esgueirando.

"Sua curiosidade por mim pode ser insultante." Por que este senhor não pára de olhar-me, medir-me, observar-me?

"Desculpe-me. Como percebeu minha presença?" Ele é arredio, sem dúvida. Gostei disso.

"Sou um cavaleiro de ouro." Era só o que me faltava. Não gosto de conversas. Estou concentrado e pronto para o pior e o melhor, não pretendo fazer amizade alguma, só quero voltar para meu inferno gelado e ficar em paz.

"Sério? Pensei que era o papai noel. Interessante, também sou um cavaleiro de ouro, não é instigante?" Como ele é expansivo! Apenas me olhou sem expressão alguma. Credo. Ora, Milo, controle-se, o rapaz é distante e um tanto calado, ao que parece. Nem todos possuem seu jeito mais... Agressivo. "Animado?"

"Pode-se saber com o que?" Animado? Ele perguntou se eu estou animado? Com um trabalho? Com a morte de alguém? Com o fato de estar fazendo uns 30 graus e ainda não são sequer nove horas da manhã?

"Sei lá, estou apenas conversando. Com a missão? Talvez possa se animar com a missão." Certo, vai ver ele é um daqueles malucos que curte espetar animais e fazer coleção de insetos... Talvez seja taxidermista, quem sabe um assassino serial.. Ops, isso é coisa do Máscara da Morte. Se bem que... Hum, porque ele sequer me olha?

"Não tenho dados para saber se a missão será algo com que eu possa me animar."

"O que você faz nas horas vagas?" Ok, sou maluco. Mas pode ser uma única chance e estou muito a fim de ver se algo mexe com esse homem.

"Isso não é de sua conta. Creio que chegamos." O décimo terceiro templo. Por que a aura aqui é tão pesada e não me sinto muito bem?

"Opressivo é a palavra que você procura para a sensação que esse templo causa. Já estive aqui antes." Quem sabe se eu lutar com ele, talvez se eu vencê-lo ele converse um pouco mais.

"É óbvio que todos já estivemos aqui antes. O Grande Mestre nos concede as armaduras e nos designa treinamentos e missões. Vamos entrar." Esse tal de Milo tem algum problema mental? Bem, não importa. A tal reunião foi tão simples e rápida quanto eu poderia querer. Apenas estranhei a voz muito grave e o rosto oculto por uma máscara do Grande Mestre. Recebemos documentos para o trabalho conjunto, algumas instruções acerca de nosso alvo e fomos dispensados sem nenhuma cerimônia especial.

"Ele é sempre muito simpático." Como se um escorpiano como eu não soubesse que só pode haver algo errado. Mas não me cabe levantar teorias. Eu obedecerei, simples.

"Partimos em duas horas." Talvez minha voz tenha saído mais sem sentimento do que eu gostaria. Ora, não importa.

"Ei, podíamos ir à noite, é mais frio. Na velocidade a que nos deslocamos, não vai fazer tanta diferença." Estou gostando desse sujeito. Não é um fresquinho francês delicadinho, parece bem forte.

"E o que isso importa?" Esse sujeito não tem o que fazer além de conversar?

"Você não gosta de calor e está bem incomodado que eu saiba disso, não é mesmo?" Dou um sorriso sacana e observo os olhos azuis dele não demonstrarem absolutamente nada. Esse homem é algum robô?

"Estou muito bem, obrigado." Irritante. Ele é completamente irritante!

"Claro que está, usando seu cosmo para emanar frio, deve estar até agradável. Meus poderes não são tão práticos, mas são tão mortais quanto congelar algo ou alguém." Acho que consegui uma reação, pois ele simplesmente parou de andar e inspirou ar perceptivelmente e, acreditem, ele fazer algo que alguém perceba é um avanço e tanto.

"Deduziu tudo isso apenas ficando perto de mim?" Vou admitir que ele é impressionante.

"Não dê ouvidos ao que falam de mim, eu sou ótimo observador e um excelente estrategista, digamos que eu seria um general em tempos de guerra, sem tempo para nada além de vencer." E desde quando falo tanto a meu respeito para um desconhecido qualquer? Ele está afetando meus neurônios com algum poder especial.

"Não escuto boatos, não me interessa o que possam pensar de mim ou de você. Estou aqui para cumprir uma missão e poder voltar para a Sibéria o mais rapidamente possível. E podemos ir imediatamente se não for incômodo. Creio que quanto antes terminarmos, antes poderá voltar a seus jogos de guerra e eu a minha deliciosa reclusão."

"Como queira." Ele é uma rocha! Totalmente focado e difícil de lidar. Gostei disso.

Fim do POV