Capítulo 1
Capítulo 1
Na noite escura é quando mais me lembro de você. Quando a luz da lua ilumina o chão do meu quarto, deito-me nele para olhar o céu e lembrar-me de seus olhos, brilhantes como estrelas, que ardem num rubro brilho incandescente. Olhos que, ao me olhar, me fazem derreter o coração e o resto de juízo que ainda tenho.
Não penso em nada quando escuto seus passos vindo até a minha cama. No meio do caminho, a capa preta que você usa é abandonada e, com displicência, revela-me o peito desnudo, bem talhado: o lugar onde eu mais gosto de deitar e descansar meus medos e vontades.
Meu corpo treme de excitação ao sentir suas mãos aproximarem-se do meu rosto. A maneira como acaricia meus cabelos enlouquece meus sentidos, gemidos escapam dos meus lábios quando sinto sua respiração perto do meu ouvido.
Sua voz grave amolece minhas pernas; meus poros gritam. Sinto a pele em brasa e suo frio ao menor contato da sua pele com a minha.
Minhas mãos fraquejam, numa tentativa débil de aprofundar-me em sua carne e abraçá-lo como se pudesse colocá-lo dentro de mim, muito mais do que você já está.
Palavras desconexas emergem de minha garganta. Não consigo decifrar o alvoroço que sinto dentro de mim. Não controlo minha voz, minha mente enlouquece, os olhos perdem o foco. Meu corpo vibra e molha os lençóis da cama.
–Hieiiiii! – a voz sai desregulada, entrecortada pelas palpitações do meu coração agitado. Sinto-me castigada, adormecida pelo êxtase profundo, as pálpebras pesam – Hiei...
–Hum? – seu timbre áspero provoca minha pele.
–Fique... – imploro, sedenta por mais.
A visão do seu meio sorriso iluminado pelo quarto à meia luz me dá um prazer imenso. Impossível traduzir a força de seu abraço, que me acalenta e permite-me ouvir o pulsar de seu peito. Inexplicável é a textura das suas mãos nas minhas costas nuas. Indecifrável é o laço das nossas pernas e das nossas almas em todas as noites que o vento invade meu quarto trazendo seu cheiro.
–Onna...
–O que foi? –levanto a cabeça para olhá-lo e percebo um brilho diferente iluminar seus rubis.
O silêncio toma conta do quarto. Só a garoa fina ousa falar lá fora.
–Fale, Hiei... -peço ternamente.
–Não é nada... – e ele me pressiona contra si, transferindo o ardor de seu corpo cálido. Estremeço.
–Eu te amo... -sussurro contra sua pele, uma lágrima atrevida rola pelo meu rosto.
Hiei estreita o abraço e eu posso sentir seu coração disparar, enquanto ele afunda seu rosto nos meus cabelos, suspirando profundamente.
Não existem palavras que possam explicar o que senti naquele momento: foi a melhor sensação que já se apoderou de mim. Nada, por mais majestoso que fosse poderia ser comparado ao que ouvi. Belos discursos seriam calados assim como o som de qualquer música. As palavras não têm a mesma intensidade das batidas daquele coração indomável que me dizem mudamente:
–Eu também...
