Prólogo
A Ligação Profunda
Dean mordeu mais um pedaço do seu sanduiche e finalmente voltou seus olhos para o irmão. Estava cansado, tinha dirigido a noite inteira enquanto Sam roncava e falava ao seu lado, tudo o que queria naquele momento era deitar, nem que fosse no banco do seu amado Impala, e tirar uma soneca, não queria saber de corpos mutilados, pelo menos não naquele instante.
_Sam... Sam... Pára! – disse, passando a mão na frente do estomago, fazendo o mais novo entender que aquilo o tinha deixado enjoado. – Eu preciso dormir, eu to pilhado, então... Chama o Cas, ele ajuda você, ou então espera pelo menos umas cinco horas tá legal?
Sammuel bufou e girou os olhos, mas não retrucou. Guardou o jornal e tomou um gole do suco natural que tinha pedido, viu o irmão bocejar e resolveu dar um descanso a ele, afinal, Dean tinha razão, tinha dirigido a noite toda para poderem estar ali.
_Tudo bem, vamos então amanhã, pelo menos dá pra descansar o suficiente, tá bem? – e viu o loiro dar de ombros, se levantando sem nem mesmo terminar o sanduiche.
Foi Dean quem abriu a porta do quarto que tinham alugado, mas nem bem colocou os pés lá dentro e deu de cara com Castiel, o anjo tinha o semblante preocupado.
_Cas! Meu Deus! Você vai acabar me matando qualquer dia desses! – e colocou a mão no peito.
_Eu espero que não, Dean, mas se por acaso isso acontecer eu te trago de volta a vida, não se preocupe.
Dean franziu o cenho, ainda achando engraçado o fato do anjo não saber diferenciar suas piadas, deu de ombros e Sam lhe fez uma careta, entrando logo atrás do irmão.
_O que você quer aqui, afinal? – perguntou, colocando as malas no chão e tirando as botinas em seguida.
_Gabriel. – disse o anjo, nunca respondendo totalmente suas perguntas, como sempre.
_Bem, como pode ver ele não está aqui, nem no meu bolso. – disse.
_O que tem ele? – Sam perguntou, ignorando Dean assim como o anjo também tinha feito.
_Gabriel é o brincalhão.
Sam olhou para Dean e então de novo para o anjo.
_Sabemos disso, Cas.
_Bem, meus superiores me deram uma ordem que eu preciso acatar.
_Oh, puxa, voltou a dar o rabo pra eles, foi? – Sam bufou, reprovando a atitude do irmão.
Castiel era um anjo, ele é que poderia muito bem comer o rabo dos dois por causa dos maus modos do loiro. Viu quando o anjo apertou os olhos, virando-se na direção do mais velho, fazendo Dean arregalar os olhos e morder os lábios, visivelmente arrependido de ter proferido aquelas palavras.
_Eu sou um bom filho e um bom guerreiro Dean, cumpro as ordens que me são dadas, vai me julgar por isso? Mesmo que também fizesse o mesmo por seu pai?
Dean enrijeceu a postura e Sammuel tentou se manter fora da quase guerra que estava se formando.
_Ele era meu pai, minha família, eu devia respeito a ele, nada mais justo que...
_Eles também são minha família, todos meus irmãos. – o anjo devolveu, a voz dura de um modo que nenhum dos irmãos tinham ouvido ainda.
_É eu sei, mas meu pai não estava tentando destruir o mundo, pelo contrário. – Dean não queria perder, isso estava bem claro.
Castiel abaixou a cabeça.
_Meus irmãos fazem coisas erradas, muitas na verdade, mas eles acreditam em algo, eles tem um ideal, seu pai também Dean e você o ajudou nisso, por que eu não posso ajudar os meus irmãos, são menos dignos do que a sua família despedaçada?
Dean inflou o peito e a face avermelhou, se Sam pudesse palpitar naquele momento, diria que não ia demorar para o irmão explodir.
_Vamos deixar isso de lado. – interrompeu, vendo que se continuassem com aquilo, algo sério demais poderia acontecer. – Castiel, o que você precisa da gente?
O anjo voltou sua atenção para Sam e retomou a postura anterior.
_Gabriel está aqui, mas está se escondendo...
_Como sabe que ele está aqui, se disse que ele está se escondendo?
Castiel fez uma expressão irritada, mas não se virou para o loiro.
_Ele deixou que sua aura emanasse por alguns segundos, por isso o detectaram.
_Por que os seus irmãos querem ele? – Sam perguntou, finalmente se sentando e esticando as pernas compridas.
_Gabriel é um arcanjo, Lúcifer está caminhando pela terra e Miguel precisa de aliados.
_Querem o Gabriel como comparsa? – Dean fez um som de deboche e balançou a cabeça. – Ele deixou bem clara a decisão dele da última vez que nos encontramos.
_Ele vai mudar de opinião depois que conversar com Miguel.
_Por que tem tanta certeza assim? Eles por acaso te fizeram mudar de opinião também, Cas?
Houve um silencio repentino que só foi quebrado por sons de asas batendo e então um outro Castiel apareceu. Ele empunhava a espada angelical e tinha o semblante fechado, os olhos extremamente azuis pareciam dilacerar aquele que era tão parecido consigo.
Foi em segundos, logo um dos Castiel's cai no chão, a espada angelical fincada no peito, uma luz imensa clareou todo o quarto e então as asas negras mancharam o chão. Estava morto.
Dean e Sam se olharam e então voltaram seus olhos para o moreno de olhos azuis.
_Precisamos sair daqui, não é mais seguro, não posso protegê-los totalmente, não sou mais um anjo, pelo menos não completamente, eles vão querer me matar depois disso, precisamos alertar Gabriel.
_Quem é você? – o loiro perguntou, confuso, olhando para o Castiel estirado no chão e para aquele que ainda empunhava a espada.
_Eu sou o Castiel, aquele que te agarrou firme e te tirou da perdição. – disse. – Encontro você depois, Dean, agora vá.
Dean sentiu a cicatriz em seu ombro queimar e aquilo lhe deu a certeza de que aquele era mesmo Castiel, acenou que sim e juntou sua mala, pegou a chave do Impala e puxou Sam para fora.
_Cara o que foi aquilo? – Sam encarava o irmão com os olhos arregalados.
_Eu não sei. – sussurrou.
_O que é que foi aquilo? – perguntou de novo, ainda abobalhado.
_Não sei, mas o Cas vai encontrar a gente depois. – suspirou, a adrenalina ainda corria em seu sangue e de repente ele estava agitado demais para se sentir cansado e com sono, dirigiu o suficiente para pelo menos despistarem o que é que estivesse atrás deles.
Parou em uma estrada deserta, pegou o celular e discou o numero do celular do anjo, mas só caia na caixa postal então deixou uma mensagem dizendo que estavam indo para a casa do Bobby.
Chegaram de madrugada, o velho os recebeu com uma espingarda e uma borrifada de água benta, não demorou para Dean se jogar no sofá do velho e apagar, esticado e com a boca entreaberta, sonhou com coisas felizes, sonhou com sua mãe e isso o deixou feliz, porque tinha medo de esquecer como ela era.
Castiel chegou algumas horas depois, o sobretudo rasgado, assim como o terno sempre impecável, os cabelos estavam espalhados e tinha sangue no rosto. Voltou seus olhos para o loiro que dormia esticado no sofá e sorriu minimamente antes da visão escurecer e as pernas amoleceram.
Caiu.
Acordou no outro dia sentindo-se como se tivesse dormido por uma semana inteira, bocejou e esticou os músculos, olhou em volta e estranhou o fato de Bobby e Sam não estarem ali na sala, levantou e foi até a cozinha, mas não tinha ninguém lá.
Estava a ponto de chamar por um deles quando Sam passou rápido ao seu lado, uma toalha cheia de sangue nas mãos e Dean se assustou.
_Sammy, você se machucou? O que aconteceu?
_É o Cas, Dean, ele está muito mal, eu não o que fazer, nem o Bobby.
_O que aconteceu?
_Nós encontramos ele caído na sala, ele tem vários ferimentos pelo corpo, mas tem um mais profundo no baço, eu não sei se ele... – e piscou os olhos rapidamente, impedindo Dean de ver que estava à beira de lágrimas, afinal Castiel era o único amigo que tinham, que realmente os ajudava.
Sammuel lavou o pano e torceu, pegou um pote com água e saiu em direção ao quarto outra vez, Dean o seguiu e prendeu a respiração ao ver o anjo deitado, apenas de cueca, Bobby limpava os ferimentos e pressionava o local que Sam dissera ter um corte mais fundo.
O velho caçador pegou o pano que Sam trouxera e molhou um pouco, deixou de pressionar o local por um momento e Dean pode ver que brilhava, uma forte luz saia pelo corte, a mesma luz que saiu do peito daquele anjo que Castiel tinha matado.
Engoliu em seco, queria ajudar, queria fazer alguma coisa, não queria que Castiel morresse, sentiu a queimadura em seu ombro arder e respirou fundo, devia tentar alguma coisa.
_Me deixe sozinho com ele, eu... Vou fazer uma coisa. – Bobby e Sam olharam para ele espantados, o que Dean podia fazer que eles já não tinham tentado? Saíram meio à contra gosto, mas deixaram que ele ficasse sozinho com o anjo.
_Eu não sei como fazer isso, Cas... – começou, chegando mais perto do outro. – Vai ter que me ajudar. – e engoliu em seco, tirando a camisa.
Pegou uma das mãos do moreno e entrelaçou com a sua, a sua outra mão foi parar em cima do corte, tampando a luz brilhante que saia do receptáculo do anjo. Suspirou, fechou os olhos e esvaziou a mente.
'Dean... O que está fazendo aqui?' – Castiel estava sentado em uma grama muito verde e Dean sorriu para ele.
'_Você está bem?' – perguntou. – 'Eu te vi agora mesmo e você estava praticamente morto!'
O moreno tombou a cabeça para o lado e então Dean olhou o corpo de Castiel, as mesmas marcas estavam aparecendo e aquele brilho, a essência do anjo, emanou de novo saindo do corpo. Dean se desesperou e colocou a mão ali, precisava parar aquilo.
'Dean, tudo bem...' – disse o anjo, calmo demais.
'_Como assim tudo bem?' – e arregalou os olhos vendo que estava perto demais dele. – 'Eu acho que você está morrendo!'
_Dean... Dean... O que está fazendo?
Sam estava aterrorizado, ouviu gritos e resolveu entrar no quarto, Bobby veio logo atrás. A cena que via não podia ser descrita, pelo menos não por ele.
Dean estava sentado, uma das mãos no ferimento mais profundo de Castiel e a outra mão empurrava a mão do anjo para dentro de seu corpo, passando pela pele, tocando dentro dele, alcançando sua alma.
Sam viu todos os ferimentos, grandes e pequenos que estava no corpo do anjo se fecharem como mágica, mas não podia deixar de ficar preocupado, os gemidos e soluços de Dean denunciavam o quanto aquilo devia estar doendo.
Castiel abriu os olhos e encarou o loiro de olhos fechados, semblante retorcido e maxilar travado, ele estava com dor, lembrou de vê-lo em sua mente e só então viu o que se passava, Dean o estava curando com sua alma, sentia a força do caçador pulsar dentro de si agora, já tinha o suficiente.
Soltou-se dele devagar, impedindo-se de lhe causar mais dor. Seu corpo completamente curado, amparou o de Dean que caiu exausto, repousando a cabeça em seu peito e apagando instantaneamente.
_O que...?
Castiel encarou os olhos de Sam.
_Dean me salvou... Eu morreria em menos de duas horas no seu tempo, se ele não tivesse feito o que fez.
Sam abaixou a cabeça, preocupado com o irmão, mas ao mesmo tempo orgulhoso. Bobby que estava logo atrás do Winchester, não escondia a apreensão de pai.
_Quanto tempo ele vai ficar assim? – perguntou, não se contendo.
_Não muito. – respondeu o anjo.
Castiel levantou, com Dean ainda escorado em si, e com delicadeza cedeu o lugar em que estava antes para que o loiro deitasse, o colocou lá.
_Obrigado, Dean. – agradeceu e então se virou para os outros dois. – Onde estão as minhas roupas?
_Bobby lavou, estavam sujas de sangue.
_Ah... – e olhou para o próprio corpo, magro e apenas de cueca. – O que eu vou...?
_Eu vou te dar algumas roupas do Dean, elas são menores que as minhas, devem servir em você, até as suas secarem.
_Está bem, então. – concordou, seguindo Sam pelo corredor.
Sam entrou no quarto mais uma vez para ver se o loiro tinha acordado, foi uma surpresa vê-lo já querendo se levantar.
_Ei, calma, calma, o Cas disse que você não ia ficar muito bem, então eu sugiro que deite mais um pouco que eu vou pegar um copo de água pra você. – disse e saiu sem esperar resposta.
Dean ficou lá, imóvel a boca meio aberta pois ia perguntar do anjo, mas o irmão não o deixara interromper. Sam não demorou a voltar, o copo de água nas mãos e um sorriso na cara, como se soubesse muito mais do que aparentava.
_Como sabia o que devia fazer, Dean? – perguntou curioso, depois que o irmão bebeu toda a água.
_Eu não sei, Sam, eu só sabia. – respondeu. – Era uma necessidade, eu precisava fazer aquilo pelo Cas.
_Hm. – e levantou as duas sobrancelhas.
_O que foi? – perguntou o loiro, reconhecendo o que aquele tom de troça queria dizer.
_Nada, nada. – e sorriu. – Você só precisava salvar o Cas, só isso. – e sorriu ainda mais, vendo o irmão ficar vermelho.
_É Sam, só isso! – gritou, estava ficando irritado.
Castiel bateu na porta e seus olhos expressavam eterna gratidão, sorriu minimamente para Dean.
_Que bom que está melhor, – disse e Dean molhou os lábios ao ver que ele vestia suas roupas. – eu... Eu consegui captar vibrações da aura de Gabriel, suponho que devemos encontrá-lo antes que Miguel o faça.
_Sim, sim... – disse o loiro.
Sam estava se sentindo invisível ali, mas não disse nada, sabia o que tudo aquilo significava. Viu o anjo se virar, pronto para sair, mas então ele virou-se outra vez.
_Obrigado, Dean... Eu morreria sem você... Sem a força da sua alma. – e então se foi.
Dean agradeceu por Castiel não vasculhar mais sua mente, porque se ainda o fizesse iria escutar: 'Eu é quem morreria sem você, Cas.'
N/a: Olá, Tchudcho bem? (lembrei da velha surda, aí não resisti '-'), bem, deixando isso de lado, cara! Olha só eu aqui de novo, nem bem terminei 'Entre Irmãos' e já comecei uma nova fic pra vocês! Eeeeeeeeba! Haha' Espero que gostem, é muito sem noção essa fic, mas eu prometo que vai ser legal tá?!
* Essa fic foge um pouco da série, assim como quase todas as minhas outras fic's, mas né...
Deixem review, eu gosto *puppy eye*
