Guerreiros?

Era pura animação. Haviam varias conversas excitadas sobre o início das aulas, sobre o ritual de boas vindas e sobre os novatos desse ano. Até pareciam adolescentes normais em um internato qualquer. Mas a diferença era muito grande e todos notavam isso ao ver o contorno de uma lua crescente cor safira na testa de todos os calouros. Hoje em dia qualquer um sabe sobre os vampiros e a Morada da Noite, onde os recém-marcados podem aprender melhor como lidar com a transformação. Resumindo, um humano demora alguns anos para se transformar em um vamp, por isso existem os terceiros, quartos, quintos e sextos formandos. Mas também há um perigo muito grande do corpo de um calouro rejeitar a transformação, assim, eles morrem afogados nos próprios pulmões, não é a coisa mais legal que poderia acontecer com um novato, mas todos correm esse risco. E não pense que vampiros queimam no sol como naqueles livros de fantasia, a luz do sol apenas incomoda um pouco, pode até causar um pouco de dor, mas nada muito grave. Sangue? Bem, infelizmente esse fato é verdade, mas não pense que todos os vampiros e calouros saem por aí atacando o primeiro humano que ver pela frente! Na verdade, a sede de sangue é mais comum entre os sextos formandos e vamps adultos, os novatos ainda não chegam a esse ponto. Mas mesmo assim, eles são proibidos de beber sangue diretamente de um humano, pois isso causa uma carimbagem, ou seja, o humano fica em uma espécie de tranze, como se não pudesse viver sem o vampiro. Graças a Nyx (deusa dos vampiros), um vampiro não pode ter mais do que uma carimbagem. O que impede que alguém crie um exército de humanos sobre o seu controle. Seria terrível demais. Você deve se perguntar sobre como surgira os vampiros, mas isso é um mito que ninguém mais sabe, por ser muito antigo. Hoje em dia existem os rastreadores, eles recebem ordens de Nyx para marcar alguém. De alguma maneira, quando você é escolhido e o rastreador vir até você, uma lua crescente cor de safira aparece em sua testa. Para muitos, é uma confusão quando são marcados, afinal, na cidade de Tulsa, muitos são extremamente religiosos e desprezam os vampiros por acreditarem em Nyx, por isso aconselho aos novatos que fiquem longe das pessoas do Povo da Fé, nunca se sabe o que eles podem fazer...

Agora todos já estavam de volta, depois de passaram alguns dias com a família no fim do ano, afinal, os novatos não podem ficar muito tempo longe de vamps adultos, ou então irão começar a rejeitar a transformação. O refeitório nunca esteve tão barulhento no almoço como agora, não era só porque a Morada era tipo uma escola para vampiros que todos ali eram quietos, silenciosos e sinistros, na verdade, eram tão normais quanto humanos.

Uma mulher parou no centro do enorme refeitório, chamando a atenção de todos antes mesmo de dizer alguma coisa. A vampira tinha os cabelos longos, lisos e negros, seus olhos profundamente escuros e misteriosos, seu corpo belo e escultural, tudo em seu ser irradiava poder. Era Julliet Johnson, professora de musica e Sacerdotisa da Morada. Todos ali tinham respeito – ou medo – o suficiente para escutá-la quando ela ia dizer algo, que na maioria das vezes era importante. Apesar de parecer tão poderosa e misteriosa, suas feições indicavam o contrário, seu rosto amigável, seu sorriso brilhante e até mesmo sua voz era doce.

- Bem Vindos calouros! – disse alto o suficiente para que todos conseguissem ouvir, sua voz ecoava por todo o local em silêncio. – Gostaria de avisá-los que alguns guerreiros em treinamento ficarão temporariamente na Morada e se instalarão no dormitório dos professores, como qualquer outro vampiro adulto.

Então o silêncio se foi. Dava até para ouvir alguns gritinhos das garotas em reação a ter guerreiros pela Morada e alguns garotos reclamavam, dizendo para que elas se calassem. Julliet se despediu e saiu do refeitório, que voltou a ser tão barulhento quanto antes.

- Foi uma boa notícia para você, não é Alicia? – comentou uma morena, de cabelos em forma de ondas que caiam em suas costas, olhos tão azuis quanto o mar, pele branca como leite e feições tão doces e angelicais que era impossível achar qualquer detalhe imperfeito em seu rosto.

- Lana, você fala isso como se fosse eu que estivesse tão animada assim. – respondeu uma garota de cabelos castanhos e ondulados presos em um rabo-de-cavalo. Seus olhos eram da mesma cor dos cabelos, sua pele em tom moreno claro e suas feições quase tão doces quanto às da amiga.

- Alicia, você tem dezessete anos, como pode não ligar em ter guerreiros gostosos por toda a Morada? – perguntou outra garota de cabelos cor de carvalho, rosto delicado, pele um pouco bronzeada e olhos em algum tom entre o azul e o verde. Uma de suas sobrancelhas arqueadas e um sorriso de canto demonstrava que seu rosto suave era apenas uma mascara e que não era tão inocente quanto parecia.

- Por que ela ia querer guerreiros se eu estou aqui, mana? – perguntou um garoto ao seu lado em tom convencido. Este não parecia tanto com a irmã, mas era tão belo quanto ela, ninguém duvidava de que ele arrancava suspiros de muitas garotas por ali. Seu sorriso charmoso se dirigia á Alicia, que fez questão de ignorá-lo.

- Luana, às vezes me impressiona o quanto vocês dois são parecidos. – reclamou Alicia levando um copo de suco de laranja até os lábios. Stoniel e Luana Danforth eram gêmeos. Poderiam não ser tão parecidos fisicamente, mas por dentro esses dois são idênticos. Podemos simplesmente dizer que faz sentido ambos fazerem parte dos filhos das trevas, por mais que Luana dissesse o contrário.

Os irmãos mostraram a língua para Alicia ao mesmo tempo, ambos parecendo duas criancinhas fazendo birra. Lana começou a rir e olhou de soslaio para uma garota de cabelos artificialmente ruivos, aparência mais jovem, olhos grandes e negros e um sorriso de canto no melhor estilo sonhador.

- Ei, Bianca? – chamou Lana estalando os dedos muito próximos do rosto da garota, que deu um pulo para trás como se estivesse dormindo e acabara de ser acordada. Bianca fuzilou Lana com um olhar e se endireitou na cadeira. – Tava sonhando com o que? – perguntou á ruiva.

- Com o que não, com quem... – corrigiu Luana fingindo uma tosse sem ser nada discreta e arqueou uma de suas bem delineadas sobrancelhas. Bianca forçou um sorriso e lhe lançou seu pior olhar de indignação.

- Só faltava estar sonhando com o Stoniel. – brincou Alicia em um tom divertido. Foi instantâneo, foi só citar o nome da praga que as bochechas da ruiva adquiriram um tom rosado quase vermelho.

- O QUE QUER DIZER COM ISSO? – gritou Bianca em uma voz chorosa fazendo com que todos caíssem na risada. Sempre que a garota fica nervosa ela fala isso ou algo como "Por que vocês são tão maus comigo?". Isso é quando ela fica sem graça, por que quando irritada os surtos e gritos da ruiva não acabam mais, felizmente esse não era o caso.

- Você fica tão linda corada... – Stoniel começou a cantá-la como sempre fazia com a primeira garota que desse bola pra ele. Claro que isso não era muito difícil, por mais que ele fosse convencido, sua beleza hipnotizante e seu teatrinho sempre convenciam. Mais pra beleza do que pra teatrinho, mas ele era um excelente mentiroso.

Bianca percebeu que se continuassem assim, logo suas bochechas estariam pegando fogo e estaria tão vermelhas quanto seu próprio cabelo. Desviou o olhar para alguma coisa distante antes de dizer qualquer coisa, para ter certeza de que não se entregaria para o irmão de Luana.

- O-obrigada. – respondeu gaguejando em tom baixo, sem saber se ele havia ouvido ou não. Mas ela podia sentir o sorriso de Stoniel e julgou que com toda a certeza do mundo ele havia escutado muito bem. Hoje seria uma longa noite...

- Ei, gente, aquela garota foi marcada esse dias, não foi? – uma garota de cabelos longos, cacheados e negros, olhos castanhos, sorriso contagiante e pele bronzeada apontava para uma menina em uma mesa próxima da em que estava sentada.

- Você é cega, Soph? Aquela é Mia! – respondeu a garota ao lado. Possuía olhos negros e grandes, sobrancelhas finas, feições delicadas, pele clara e cabelos longos e negros caindo como cascatas onduladas. Ela olhou para garota do qual Sophia havia falado, era loira de cabelos lisos – provavelmente com chapinha -, estava de costas, sentada em uma mesa junto com as outras Malditas do... Quer dizer, Filhas das Trevas. Um bando de garotas de nariz empinado que vive em seu mundo cor de rosa.

- Mas aquele ali eu não conheço, Lilly. – Sophia apontava para um garoto sentado no outro canto do refeitório. Os olhos negros de Lillian Fenix se voltaram para o local indicado. Realmente, não reconhecia o garoto. Poderia até ser um dos guerreiros, mas Julliet havia falado que eles ficaram junto com os professores, então era muito improvável.

- Dimitri Lioncourt. Transferido. Entrou faz pouco tempo. – informou outra garota. Esta era a única loira da mesa, tinha cabelos longos e ondulados, seus olhos verdes brilhavam com qualquer luz, sua pele tão branca quanto neve e suas feições tão delicadas e inocentes, davam até a impressão de que a garota era muito inteligente.

- Você conhece, Tea? – perguntou Sophia desviando o olhar para a loira. Às vezes era assustador o jeito como ela sabia das coisas, mas pelo menos dava menos medo do que Lilly, que vivia fazendo com que Sophia estudasse, dizendo que ela era a pessoa mais burra do mundo. Mas Soph não era burra! Apenas... Não era muito esperta.

- Não, mas já ouvi falar dele. – comentou com simplicidade voltando a prestar atenção na comida a sua frente, ao contrario dos outros que ainda estavam com os olhares fixos no garoto na mesa distante e solitária.

- Lilly, chama ele pra vir com a gente! – falou uma garota de cabelos ondulados e castanhos, uma franja do estilo que as crianças costumavam usar cobria sua testa, seus olhos eram em um tom de castanho escuro, quase preto, sua pele delicada, macia e branca, suas bochechas um pouco avermelhadas e suas feições quase infantis.

- Vai você, Vik! – retrucou Lillian cruzando os braços e fazendo biquinho. Victória revirou os olhos, mas não fez menção de se levantar, então Lilly desistiu, se levantou e foi em direção à mesa no outro canto. Assim que chegou mais perto pode realmente ver o garoto. Ele tinha os cabelos loiros e naturalmente bagunçados, seu corpo atlético e sua expressão séria. Tinha de confessar de que o cara era mesmo atraente, mas seu aparente mal-humor dava um pouquinho de medo...

Sentou-se na frente do garoto, do outro lado da mesa – só uma distancia segura caso ele fosse... Sei lá, um assassino? O loiro olhou-a ameaçadoramente como quem diz "caí fora, antes que eu te mate" e Lilly engoliu em seco. Depois de um tempinho, ignorou sua vontade de sair correndo gritando por socorro e deu um sorriso simpático.

- Oi. – cumprimentou em voz doce. Silêncio. Ele simplesmente a ignorara. Mais alguns segundos para recuperar a coragem e falar novamente. – Sou Lillian Fenix e você é? – claro que Tea já havia lhe informado o nome dele, mas não custava nada perguntar, apenas para ver se ele respondia. Era o seguinte: se o garoto não respondesse novamente, ela iria embora, em desistência.

- Dimitri Lioncourt. – respondeu o loiro, concluindo que não adiantaria nada ignorá-la. Finalmente, ele olhou para a morena, mas sem colocar sequer um sorriso em sua face.

- Ah... Prazer em conhecê-lo! – falou Lilly sem esperar nenhuma resposta. Olhou de soslaio para a mesa em que estavam seus amigos, pensando vagamente que devia ter insistido para que Vik viesse no seu lugar. Ansiosa para sair dali, a garota ofereceu um sorriso ao Dimitri, pensando que com toda certeza não iria insistir que o loiro fosse com ela até a outra mesa. – Ei, não quer sentar lá com a gente? - chamou com falso ânimo, apontando para a mesa do outro lado do refeitório. Na verdade, ela não fora muito com a cara do garoto.

Para sua grande surpresa, ele deu de ombros e a seguiu até o local indicado. Visivelmente contrariada, sentou-se ao lado de Dimitri e o apresentou a todos. Victória fez uma nota mental: "perguntar a Lilly o porquê de ela não gostar do garoto".

- Você é transferido de onde? – perguntou a loira de feições angelicais, Tea. Poderia-se até se assustar por ela não saber a ficha completa do garoto. Realmente, diga-me se você não ficaria assustada com a alguém que sabia de cor a ficha completa de todos os calouros da Morada. Assustador, não acha?

- De New Jersey. E... Como você sabe que sou transferido? – perguntou parecendo intrigado com a loira.

- Bem que eu queria saber de onde Tea tira tanta informação sobre todo mundo... – falou uma voz masculina. Um garoto se sentava à mesa, entre Sophia e Victória. Seus cabelos eram castanhos, não tão curtos e rebeldes, seus olhos eram azuis, seu corpo mais ou menos atlético e em sua face reinava um sorriso brilhante.

- Ah, oi Joe. – cumprimentou Victória lançando um sorriso cheio de significados na direção de Sophia. Podia-se jurar que o rosto da outra ficou levemente rosado, mas não dava para perceber muito, por causa de sua pele morena.

- Oi. – falou Soph um pouco acanhada. Lilly também pareceu perceber e dirigiu outro sorriso a amiga. Fazia algum tempo que a morena gostava do cara, contara apenas para Lillian e para Victória, mas de qualquer maneira todos pareciam saber disso, menos o próprio Joe. Claro, ele não era uma das pessoas mais espertas ou observadoras do mundo.

- Hey garotas. – ele respondeu sem olhar para ninguém em específico, mas depois voltando-se para o loiro. – E esse quem é? – perguntou.

- Dimitri. – respondeu Lillian a contragosto, deixando bem óbvio que sua presença não era tão animadora atraindo o olhar do loiro que arqueava uma sobrancelha, parecendo achar alguma graça naquilo.

- Você é francês, não é? – perguntou Tea Jackson, seus olhos verdes brilhantes se dirigindo ao loiro com certa empolgação. Ele assentiu, dando de ombros como se aquilo não significasse nada pra ele. Na verdade, nada parecia significar muita coisa para aquele garoto.

- Oh, moseur, lá deve ser demais! – exclamou Victória com um sorriso de sonhadora. Ela deixara bem claro que, quando sua transformação já estivesse completa, se mudaria para Paris e seria uma estilista famosa...

- Na verdade, só vivi por lá até os sete anos. – falou Dimitri sem demonstrar qualquer força de vontade pra falar de seu passado. Luana, que até pouco tempo estava distraída conversando com irmão em uma mesa próxima daquela, agora se voltara para o loiro, sentando-se entre ele e Lillian. Ninguém parecia ter percebido a sua chegada há algum tempo atrás.

-Hum... Então você sabe falar francês, baby? – perguntou arqueando uma das sobrancelhas sugestivamente e se debruçando um pouco sobre a mesa. Dimitri pareceu ou não notar as intenções da garota ou ignorá-las completamente.

- Não, imagine. – respondeu sarcástico – Sete anos vivendo na França e não aprendi francês... – continuou a falar, fazendo com que Luana fechasse a cara e voltasse a se ajeitar em sua cadeira.

- Tem certeza que o trouxe para a mesa certa, Lilly? – perguntou a morena lançando um olhar para a mesa onde ficavam aqueles novatos mega esquisitos da morada e depois olhando para Dimitri. Sinceramente, não estava acostumada com alguém que não caia em seus encantos. A menos que seja gay. Bem, este não parecia nem um pouco gay. Além disso, seria desperdício demais.

- Não tenho tanta certeza disso... – murmurou Lillian em resposta, recebendo um olhar de Victória e de Tea. – Quer dizer... Tenho sim, Luana. – corrigiu visivelmente contrariada.

Mal se passaram alguns segundos e Stoniel sentou-se do outro lado de Lillian com um sorriso charmoso em sua face. Pelo jeito ninguém havia percebido que ele chegara. Os irmãos Danforth eram os únicos que se via andando cada hora em uma mesa. Talvez eles prefiram qualquer lugar que não seja perto das Filhas das Trevas, afinal, por mais que deva ser vantajoso fazer parte do grupo, aquelas garotas são simplesmente detestáveis!

- Oi, sentiram saudades? – perguntou o moreno ao mesmo tempo em que a irmã revirava os olhos. Ninguém parecia surpreso em vê-lo ali, aliás, dava pra sentir o seu perfume masculino á quilômetros de distância.

- Mas é claro, S. – respondeu Lillian quase sem sarcasmo nenhum, mal percebendo que agora a maioria estava com os olhos fixos em sua pessoa. Apenas alguns segundos depois que foi se tocar disso. – Que foi?

- S.? – perguntaram Sophia e Victória ao mesmo tempo, ambas com uma sobrancelha arqueada, pareciam até gêmeas de vez em quando.

- É, por quê? Se Sophia é Soph, Victória é Vic, Luana é Lu e Lillian é Lilly, porque Stoniel não pode ter um apelido também? – perguntou mal entendendo o que estava dizendo.

- Viu mana? Eu também tenho um apelido. – falou sorridente passando um dos braços ao redor dos ombros de Lillian. Luana deu de ombros, não prestando a mínima atenção no irmão enquanto lixava suas unhas muito bem feitas com alguma lixa que retirou de sua bolsa que nunca deixava para trás.

Podia-se até jurar que as bochechas pálidas de Lilly absorveram um tom mais rosado ao contato inesperado por parte do moreno. Victória provavelmente foi a única a perceber isso. Ou talvez Tea também tivesse prestado atenção nesse pequeno detalhe, mas o resto não percebia nada sobre nada.

- Mas por que você está aqui mesmo, "S"? – indagou Joe recebendo uma cotovelada de Victória e outra de Sophia ao mesmo tempo. – Esquece. – murmurou passando a mão sobre o braço direito aonde Vic lhe dera a cotovelada. Provavelmente a que deve ter doído mais.

- Ei gente! – disseram Lucca e Poppy ao mesmo tempo, sentando-se na outra extremidade da mesa, ambos trazendo consigo uma bandeja com seu almoço. Poppy Green era uma garota de cabelos Chanel, negros e muito lisos, seus olhos tão escuros quanto à noite e seu rosto pálido com feições simplesmente doces. Lucca Bolton era um garoto de cabelos escuros e um pouco cumpridos, olhos verdes como mar dando até uma expressão mais bela em seu rosto de pele clara.

- Poppy! – chamou Tea com um sorriso brilhante no rosto, pelo jeito tinha algo muito bom para contar para a amiga. Ambas eram melhores amigas, do mesmo jeito que Vic, Soph e Lilly eram. Às vezes podia até pensar que são irmãs, pela maneira que estão sempre juntas.

- Oi Lucca! – cumprimentaram ao mesmo tempo em uníssono Victória, Lillian e Sophia. – Oi Poppy. – completaram Soph e Lilly, ambas lançando um olhar para Vic.

- Ei gente, será que é contra as regras pegar alguns guerreiros? – perguntou Luana parando de lixar suas preciosas unhas. Infelizmente sabia que com toda certeza seria proibido qualquer relacionamento com guerreiros, da mesma maneira que é proibido com professores. Mas às vezes é difícil de obedecer a essas regras com um professor como o Johnny, então imagine com os guerreiros?

- Emi, se toca, o Chad com certeza não é nem um pouco mais bonito que o Ariel. – dizia uma garota loira que se olhava no espelho, retocando a maquiagem. Era Mia. Ela parecia bem concentrada em não borrar um milímetro o batom, como se aquilo fosse um extremo caso de vida ou morte.

- Lá vem você de novo. Quer saber? Nenhum deles chega aos pés de Stoniel. Aliás, ele está namorando? – perguntava uma morena, extremamente semelhante á Sophia, até mesmo igual. Afinal, eram gêmeas. Só tinha uma muito notável diferença de personalidade entre as duas. Esta era Emily uma filha das trevas conhecida por ser a mais maldita de todas.

- Acho que tenho que concordar. E, Emi, querida, o Stoniel sempre tem namorada, mas nada impede com que ele pegue mais uma... – comentou outra loira em tom monótono. Esta jogou seus longos cabelos loiros ondulados para trás, tirando-os da frente de seus lindos olhos azuis e de seu rosto branco que mais parecia de porcelana, apesar de carregado de maquiagem desnecessária. Ela estava sentada ao lado de Mia, que agora guardava seu espelho de volta na bolsa.

- Humm... Tem razão Lucy. Vou pensar nisso... Aliás, com quem ele tá agora? – falava Emily se debruçando sobre a mesa e lançando um olhar para o local onde estava o garoto moreno. Arqueou uma das sobrancelhas e surgiu em seu rosto um sorriso de escárnio. – Por acaso não é a Fenix, é? – perguntou voltando a se ajeitar na cadeira depois de vê-lo com um dos braços sobre Lillian. Realmente, Stoniel já pegara muitas garotas, mas investir na Fenix? Que desperdício de tempo!

- O que? Minha maninha? – perguntou outra loira fingindo engasgar e desviando o olhar para a irmã. Seus olhos azuis de anjo se arregalaram e tentou segurar o riso. Esta era Samantha Fenix, tinha longos cabelos loiros, que agora estavam agora presos um rabo de cavalo lateral, olhos tão azuis quando o céu na primavera, cílios grandes e espessos, aqueles que ficam enormes mesmo com um pingo de rímel, sobrancelhas bem delineadas, pele clara como neve e lábios carnudos e rosados. Poderia até parecer um anjo se seus olhos não demonstrassem tanta frieza, até mesmo quando sorrindo. – Não acredito, isso sim é desperdício!

- Pensei a mesma coisa... – murmurou Emily decepcionada e pensando em como poderia tirar vantagem disso. Bem, se Fenix realmente gostasse de Stoniel, ficaria tão magoada quando o visse com outra... Então ali estava o seu prêmio, mas pelo visto eles ainda não estavam juntos, então teria de esperar um pouco. Bem, paciência não era seu forte. Teria de rever outras opções enquanto isso. Pensando bem, aquele loiro transferido era bem gatinho... – Bem, fazer o que, não é? Agora tenho que ir. Humm... Dever de casa. – falou se levantando e desfilando até a saída, chamando a atenção de alguns daqueles esportistas em outra mesa.

- Dever de casa? Ah, nem eu sou tão burra para acreditar nisso. – uma loira com as feições mais infantis dizia com os olhos azuis esverdeados fitando uma Emily sumir para fora do refeitório. Todas concordaram, afinal, nenhuma delas tinha paciência – ou inteligência – para fazer os deveres que não tenha algo a ver com rituais e outras coisas das Filhas das Trevas.

Era um grande milagre, as aulas foram suspensas! Por um bom motivo, claro, não pensem que vampiros têm esse negócio de férias longas ou de emendas com feriados nem nada do tipo, eles são "disciplinados" demais. Os nossos queridos professores de Espanhol, Sociologia Vampírica, Musica e Literatura estão com alguns probleminhas para resolver. É uma pena que esses vamps não devem saber o que significa "dia de folga", pois farão todos os calouros irem as outras aulas. Então estavam livres apenas das primeiras aulas. Claro que ter de ver o professor Johnny não afetava nem um pouco o humor de Lillian. Na verdade, só ia para as aulas de esgrima por causa de o professor ser muito gato. Um sacrifício enorme para alguém que ama equitação. Além de que Taylor era muito legal com as amigas da prima. Claro que o resto dos calouros não podia saber disso ou surtariam geral, principalmente por ela pegar no pé de muitos deles. Ah, em falar sobre equitação, Lilly estava indo até os estábulos visitar a linda égua que usava nas aulas. Atena era uma égua branca e muito elegante, às vezes parecia até um pouco esnobe. Talvez seja convivência com aquelas Filhas das Trevas Patricinhas Malditas. Mesmo assim, era uma ofensa comparar qualquer corcel com aquelas loiras oxigenadas. Poderia até apostar dez dólares que apenas aquela tal de Jennifer sabe escrever o nome inteiro sem errar. E olha que não é brincadeira. Lillian tentava mudar um pouco o rumo de seus pensamentos enquanto se aproximava para escovar a crina macia e brilhante de Atena.

- Olhe só quem está aqui... – murmurou uma voz masculina que soou muito irritante aos ouvidos de Lilly, mas que causaria o efeito contrario em qualquer outra garota. Mesmo sem ter muita certeza de quem era não conseguiu evitar um sorriso de escárnio em direção à pessoa. Claro, Dimitri. Na verdade, achava um pouco intrigante vê-lo por ali, mas não era surpreendente, afinal, mal conhecia o loiro. Mesmo assim não disse nada com uma leve esperança de que ele não incomodasse. O garoto foi em direção a um cavalo negro não muito distante de Atena. Não sabia por que, mas achava o animal um pouco parecido com Dimitri, não na aparência, mas... Ah, sei lá. O loiro desviou o olhar de seu corcel e seus olhos foram imediatamente atraídos pelos de Lillian que agora não conseguia mais manter sua expressão brava e estava com o olhar transbordando curiosidade. – Hm... Esse cavalo é seu? – ele perguntou como quem não quer nada apontando com o queixo para Atena e entregava uma maçã vermelhinha ao animal a sua frente.

- É égua. E não é exatamente minha. – respondeu a garota desviando o olhar para o corcel na frente do loiro parecendo ter a mesma essência detestável do mesmo. – E esse é seu? – perguntou a morena, desconfortável por estar falando com o garoto que aprendera a não gostar. Quer dizer, pelo menos ele não estava parecendo um idiota no momento.

- Ah, Hades é meu sim. Trouxe-o comigo da outra Morada, em New Jersey. – Ele falou sem conseguir evitar pelo menos um sorriso de canto muito bem disfarçado. Sem conseguir se deter, Lillian sorriu para Dimitri. Ele arqueou uma sobrancelha, surpreso em vê-la sorrir. Desde que se conheceram, esse era o único sorriso que não era forçado ou de escárnio. Será que poderia mudar a opinião da garota sobre ele?

- Hades? Nome interessante. – comentou Lilly lembrando-se dos mitos sobre Hades, o deus do mundo inferior. Precisava confessar, adorava mitologia grega, falando sobre os deuses e suas aventuras e romances. Aliás, vai dizer que todo mundo decidiu chamar seu cavalo pelo nome de um deus? A morena batizara a égua de Atena, deusa da sabedoria, por acha-la um animal muito inteligente. Não era sem sentido que o corcel de Dimitri se chamasse Hades. Lillian foi em direção do cavalo levando uma maçã consigo mal notando que estava consequentemente se aproximando do loiro. Primeiramente Hades relinchou e deu um passo atrás, mas assim que a morena entregou-lhe a maçã vermelha o cavalo se acalmou e permitiu que Lilly acariciasse sua crina. – Bom garoto... – murmurou ao cavalo negro agora bem comportado.

- Parece que você foi a primeira que conseguiu chegar perto dele, além de mim. – murmurou Dimitri próximo ao ouvido de Lillian. Sentindo um arrepio lhe percorrer pelo corpo, ela se afastou murmurando algo como "p-p-po-pois é-é". Podia prever quando diria o que não devia então achou melhor dar um jeito de sair de fininho. Já viera trazer sua maçã á Atena, não teria mais nenhum motivo para ficar, não é?

- Hã... Eu... Hum... Preciso... Preciso ir... – gaguejou sem graça dando alguns passos para trás de costas e logo depois saindo correndo dali. Ok, agora tinha pagado um tremendo mico. Que ótimo...

Caminhando pelo corredor, Stoniel já pensava em seus planos mega complexos para enrolar as garotas e já tinha as vítimas. Quem diria! Apesar de sua fama de galinha algumas garotas ainda comiam na palma de sua mão! É claro, quem resistiria à tamanha beleza de Stoniel? Bem, pelo menos era assim que ele pensava. Não era exatamente uma mentira, era uma verdade exagerada. O garoto era realmente bonito, mas não valia o esforço. Na verdade, podia ter beleza por fora, mas por dentro já é pedir demais. Não pense que Stoniel é um galinha idiota qualquer, na verdade, precisa de muita inteligência para bolar planos daquele jeito. Planos infalíveis. Ok, talvez não infalíveis, mas quase isso, é muito raro qualquer de seus planos darem errado. Bem, voltando ao assunto, Stoniel decidira que seus planos não envolveriam mais nenhuma das Filhas das Trevas, elas são extremamente perigosas. Falando em malditas perigosas...

- Ah, oi amor! – chamou uma voz conhecida ás costas de Stoniel. Olhou para trás vendo uma garota morena de longos cabelos ondulados caídos sobre as costas e o ombro direito, um sorriso venenoso, olhar insinuante e um corpo que deixaria qualquer garoto tentado a tocá-lo. Claro que Stoniel não caia mais na voz doce da garota. Não havia nem ao menos tentado nada com ela. Aprendera a lição: Nunca mais se meta com gêmeas!

- Amor? – estranhou Stoniel. Emily não era a pessoa mais doce do mundo, já convivera o suficiente com ela para saber disso. Já consegue se meter em encrenca sozinho, não precisaria da ajuda da morena para isso. O sorriso da garota tornou-se mais perigoso e ela avançou um pouco.

- Sim, amor. Por quê? – perguntou em falsa inocência, chegando tão perto dele que quase se encostavam. Stoniel ergueu uma das sobrancelhas. Não caia nessa, não caia nessa, não caia nessa... Repetia a si mesmo mentalmente. Era um duelo mortal de seu instinto de galinha contra seu cérebro que ainda raciocinava. Felizmente o cérebro venceu.

- Só achei estranho, o que faz aqui? – perguntou voltando a andar, com a falsa esperança de que ela não respondesse a pergunta e não o seguisse. Palavras-chaves: falsa esperança. Ela caminhou com ele, seu sorriso mais venenoso do que gentil.

- Queria que você me ajudasse com o trabalho de Literatura. – mentiu Emily. Não, não iria desistir tão facilmente. Só estranhara que Stoniel ainda resistisse. Normalmente ele não aguentaria ficar tão perto de uma garota. De qualquer modo, conhecia os joguinhos do garoto e podia fazer o mesmo.

- E você pede a minha ajuda? – ironizou Stoniel. Afinal, não era nem de longe o mais esperto da classe. Ele estava desconfiado, mas ainda não percebera as intenções da garota. Tentara pensar no que realmente a morena queria. Talvez ele esteja na sua listinha de "caras que ainda não peguei". Com certeza não, afinal, era só Stoniel que fazia listas. Talvez seja uma armadilha para lhe dar uma lição... Definitivamente não, Emily não era ninguém para dar lições. Talvez... Bem, foi aí que acabaram as ideias de Stoniel.

- É melhor pedir ajuda a você do que a Sam... – murmurou a garota. Bem, essa era a verdade, a mais inteligente das filhas das trevas era Mia e digamos que nem todo mundo sabe disso. Stoniel pareceu refletir um pouco e depois assentir, mais pra si mesmo do que para a morena. Afinal, o garoto não era um gênio, mas se dava bem nos trabalhos de literatura. Por que não ajudar? Sim, havia vários motivos para não aceitar ajuda-la, mas Stoniel não conseguiu se lembrar de nenhum deles naquele momento.

- Certo, mas podemos não ir para a biblioteca? Isso acabaria com a minha reputação...