Capítulo 1: Intercâmbio

- ACORDA SAKURA!

Nem fudeno.

Vê só se eu, Haruno Sakura, no auge das minhas férias de verão vou sair da cama antes das 12:00?

Sem chance. Não há absolutamente nada que me faça levantar agora, nadinha.

- SAKURA ACORDA! RECEBI A CARTA DO INTERCÂMBIO!

OK, já levantei.

Estou esperando essa carta desde o fim do ano letivo e só agora ela chegou.

Esse ano eu vou fazer o segundo ano do ensino médio. Tenho 16 anos, um corpo considerável para a minha idade, cabelos rosa (é rosa, e é natural, não fui eu que pintei não) na altura dos ombros, olhos verdes e uma altura mediana. Moro em Tokyo, no Japão, com meu pai e minha mãe. Tenho um namorado, Naruto, e uma grande amiga, Hinata. Ela morre de amores pelo Naruto, mas não é o tipo de garota que armaria contra agente, ela é realmente uma grande amiga. Ela emana uma esperança incrível, é como se tivesse certeza de que um dia o Naruto vai simplesmente terminar comigo e ficar com ela. Mas tudo de maneira amigável, claro. Além disso eu sinto muita falta de Tenten e Neji. O Neji é primo da Hinata e a Tenten é namorada dele, os dois se mudaram para a China recentemente.

E tem também aquela vez em que eu ajudei um grupo de turistas vindos do deserto do Atacama, no méxico, com mais ou menos a minha idade também e acabamos amigos. Os vendedores acharam que o inglês deles tinha sotaque demais então estava difícil de entender, mas eu como aluna fluentíssima de inglês, graças ao intercâmbio desfiz todo o mal entendido. Pelo que me contaram depois, Gaara, Temari e Kankurou são irmãos. Sasame é a namorada do Kankurou, Shikamaru o namorado da Temari, que é dorminhoco e muito preguiçoso, mas absurdamente inteligente com QI acima de 200, e Matsuri, uma menina muito feliz e sorridente que ficava o tempo todo babando em cima do Gaara e ele só dava patada na coitada. Eu peguei o telefone e o e-mail deles e nos falamos sempre que eu tenho tempo, pela internet.

Acabei de pular da cama vestindo a minha camisola azul de ursinhos coloridos e sem nem pentear os cabelos ou escovar os dentes estou voando escada abaixo para ver a carta. A santa carta.

Eu me inscrevi num programa de intercâmbio no último mês de aula, e estou esperando uma carta com resposta, positiva ou negativa, desde então. O intercâmbio é para Nova York e eu me preparei durante anos para isso. Anos estudando o clima, fazendo o curso de inglês, descobrindo como a moda funciona lá, o que comem, o que bebem... e no fim do ano passado eu estava pronta, então me inscrevei.

E, bem, a carta acaba de chegar.

Eu estou vendo um envelope grosso e pardo na minha frente, com remetente da empresa do intercâmbio e endereçado a mim, Sakura.

O envelope é grosso demais para conter uma negação.

- Vamos filha, abra, estou curiosa! - disse mamãe.

Eu abri. Continha um formulário e uma carta formal. A carta dizia:

Prezada Srta. Haruno Sakura,

Temos o prazer de lhe informar que o seu histórico escolar e seu curso completo de língua inglesa nos permitiram conceber a você a chance de estudar em Nova York.

Enviamos anexado a esta carta o formulário que você deve preencher e trocar pelas suas passagens e o endereço o quanto antes, aqui na sede.

Aguardando sua visita,

Yami Dan,

Diretor do grupo de intercâmbio

Bem, em palavras mais simples, eu passei!

- PASSEI! MÃE, FUI APROVADA! EU VOU ESTUDAR EM NOVA YORK!

E eu saí berrando e pulando pela casa, e a minha mãe ligava emocionada para o meu pai para contar o ocorrido.

Depois de vários minutos em que eu absorvia o choque de ter passado, minha mãe mandou que eu me arrumasse imediatamente para pegar a documentação e disse que era bom eu viajar logo, já que faltavam 2 dias para o começo das aulas.

Provavelmente eu pego o avião hoje mesmo. Ou amanhã.

OK, vamos por partes. É melhor eu almoçar antes, afinal, já são 11:30 da tarde e eu nem sei que horas vou voltar, além de estar morrendo de fome. Então depois de engolir meu bolinho de arroz com sushi e molho shoyu, subi correndo até o meu quarto, tomei um banho quente para relaxar um pouco as tensões e me decidi por vestir uma calça jeans e camiseta, calcei uma rasteirinha e passei um pente no cabelo. Encerrei com gloss e lápis e desci correndo para a sala. Minha mãe não estava lá, mas quando ela berra a casa toda escuta então...

- SAKURA VAI PREENCHENDO O FORMULÁRIO QUE EU JÁ DESÇO!

- VIU MÃE!

Então comecei a colocar os dados no formulário. Eta coisinha enjoativa de fazer.

Nome: Haruno Sakura

Idade: 16

País: Japão

Estado/província/ilha: Honshu

Cidade: Tokyo

E outras coisinhas chatas assim.

Eu já estava na última folha quando minha mãe apareceu na escada.

Ela terminou de preencher outros dados e assinar como responsável, em seguida foi me arrastando até o carro.

Ah, não, minha mãe dirigindo não POR FAVOR!

Já era. Não tem outro jeito.

Ela dirige correndo enlouquecidamente pela cidade e quando faz alguma coisa errada é o outro motorista que leva xingo. Já perdemos a conta de quantas multas e concertos meu pai teve que pagar. Mas enfim, enquanto eu rezo para Kami-sama me proteger nesse carro maluco, ela dirige mais desesperadamente que o normal, obviamente por causa da ansiedade.

Finalmente chegamos! Obrigada Kami-sama por me manter viva durante o trajeto! Yahoo! Ok, esquece a parte do e-mail.

Mamãe está me conduzindo bastante ansiosa pelo prédio. Kami-sama a abençoe.

OK, agora ela está pegando algumas informações na secretaria e a moça mandou que aguardássemos.

E aguardamos...

Aguardamos...

AFF, FODA-SE!

- MOÇA, COMO É QUE É, NÃO VAI DESOCUPAR NÃO?

- Acalme-se, o diretor Dan já vai atendê-la.

HUMPF, VEM CÁ ME ACALMAR ENTÃO!

Sem dúvidas uma das minhas melhores qualidades (ou defeito, vai saber) é a minha super-hiper-mega-ultra força anormal para qualquer ser humano, já cheguei a espancar o Naruto quando a gente se conheceu. Ele veio se declarar para mim todo feliz mas eu nem quis saber e como ele insistiu evou um murro que o fez atravessar o corredor inteiro. O problema é que a minha super-força só o fez se apaixonar ainda mais por mim. Bem, depois de anos eu descobri que ele era um garoto muito legal, divertido e preocupado, e sempre me fazia dar boas risadas com ele. Aos poucos toda a amizade se transformou em paixão, e é por isso que estamos juntos agora.

O problema é que por mais melancólico, triste e ridículo que pareça eu não o amo. Não AMOR de verdade. Eu sinto como se ele fosse uma peça importante da minha vida, uma etapa importante mas não A etapa.

E o pior é que a Hinata sim ama ele de verdade e eu fico prendendo o coitado.

É, eu sou mesmo um monstro.

Eu simplesmente não tenho coragem de terminar com ele embora saiba que é a coisa certa a se fazer, ainda mais agora que estou me mudando para Nova York. Pobre Naruto.

Aliás, pobre Hinata.

Melhor ainda. Pobre EU.

Enfim, somos 3 amigos infelizes que tomaram decisões erradas e não estamos totalmente felizes com isso. Espero que se concerte com o tempo.

- Próxima, Haruno Sakura.

SHANARO! FINALMENTE!

Eu e minha mãe parecemos duas adolescentes felizes se dirigindo até a sala de Dan. Ele está assentado atrás de uma escrivaninha e se levanta para nos receber. Aperta a mão de minha mãe, a minha, nos assentamos e... ótimo, vamos tratar de negócios!

- Muito bem, Srta. Sakura. Recebeu nossa carta?

- Sim.

- E o formulário?

- Ah, eu trouxe! - diz minha mãe animadamente entregando o documento a Dan.

Ele confere o documento e eu percebo que comecei a balançar a minha perna direita freneticamente embaixo da mesa. É uma mania que eu adquiri e sempre acontece quando estou ansiosa. É inconsciente, juro, eu não penso direito mas se estiver ansiosa, quando ver, pronto já estou balançando. O pior é isso irrita as pessoas, eu sei disso e não consigo me conter. Mesmo que eu pare, em segundos começa tudo de novo. Então foda-se ninguém é perfeito mesmo.

- Ok, tudo certo para a ida dela.

- YASSAY! SHANAROOO!

- Sakura, não grite! - disse mamãe.

- Tudo bem, entendemos que ela esteja feliz. Bem, aqui está o endereço da família que vai acolhê-la lá. Um pai, uma mãe, um filho de 20 anos e um de 16. Aparentemente, os pais trabalham fora a semana inteira e deixam o filho mais novo sob responsabilidade do mais velho. No entando, o mais velho sai o tempo inteiro. Tudo bem para vocês? Quero dizer, Sakura ficaria em casa com o filho mais novo e é isso que tem desagradado a maioria das famílias que...

- Não Dan, está perfeito! Vai ver assim Sakura desencalha.

- MÃE!

- Ok, aqui o endereço, infelizmente não tenho fotos da família pois não conseguiram se juntar para tirar uma foto legal, mas tem uma foto da casa.

Ele me passou uma foto com um papelzinho anexado com o endereço.

Então eu parei para reparar na foto: a casa era uma mansão. Enorme. Dois andares, um jardim gigante, uma casa gigante.

Eu vou passar o ano todo em uma mansão sozinha com um garoto de 16 anos? Gente, meus sonhos estão se transformando em realidade.

AAAH! PARE DE PENSAR NISSO SAKURA SUA LOUCA! VOCÊ TEM NAMORADO!

Ok, momento surpresa passou.

- Dan-san, quando posso embarcar?

- Hoje, afinal, as aulas começam depois de amanhã, não é mesmo? Ah, e eu recomendo que você pegue um voô na parte da noite, em torno das 7:00, pois precisará da tarde e da manhã para se adaptar à casa e arrumar seu material para a escola. Já está matriculada.

- Uau, valeu.

Quem precisa de tempo para se adaptar a uma mansão? Hellooooo, é uma mansão!

Depois de acertar os últimos detalhes, Dan reservou minhas passagens para amanhã cedo e eu tenho que ir logo para casa. Arrumar as malas.

Agora eu e mamãe estamos indo para o carro de novo. Socorro, eu não mereço isso. Andar de carro com mamãe no volante duas vezes no mesmo dia é muito torturante, ainda mais agora que anoiteceu. Eu percebi que é a última vez que vou ver as luzes noturnas de Tokyo antes de ir. É, vou sentir falta disso.

Claro que não! Mal posso esperar para largar essa cidade para trás!

Quando cheguei em casa me dei conta de que eram 5:00 da tarde. Ótimo, e eu ainda tenho uma mala enorme para arrumar.

Começando pela necessaire. Escova de dentes, pasta de dentes, shampoo Niely Gold, importado, ele é de orquídea e sem sal, o único que meu cabelo aceita. Sabonete Dove, creme hidratante Dove também, a chapinha de cabelo, óleo reparador de pontas, escova e o meu pente. Meus 3 potes de sombra preta, pincéis, blush, estojo de sombras com as outras cores, gloss incolor, lápis de olho, rímel, base, pó, delineador e removedor de maquiagem. Além de muito algodão e minha coleção de esmaltes da chanel.

Peguei meus pijamas da Victória Secret's, os menos provocantes claro, e resolvi deixar os mais ousados e os muito infantis para trás. Peguei as langeries da mesma marca, que já que ninguém vai ver mesmo, eu não me importo de usar. E olha que estou me referindo a muitas rendinhas, muito preto e muito vermelho, mas é claro que também tem outras menos piores. Essas eu comprei para passar uma noite com o Naruto-kun, mas acabou não dando certo por que na hora eu não tive coragem. Eu não o queria tanto assim.

Mas sabe-se lá quem eu vou conhecer lá. Não vou trair o Naruto-kun, nem terminar com ele por telefone, mas qualquer coisa ele pode me visitar, certo?

Peguei minha interminável coleção de vestidos e saias com blusas justinhas e um short ou outro que eu tinha. Não queria levar calças, não gostava muito delas mesmo, mas se eu não levar vai acabar fazendo falta um dia, então peguei umas 3 também. Mas peguei todas as minhas meias-calças estampadas e coloridas e todas as minhas sapatilhas, com e sem salto, além da ankle-boot de couro e a bota de couro de cano alto até o joelho.

É claro que me lembrei do meu violão. Eu o amo. De paixão. Ah, e morro de ciúmes dele.

Ufa, não sobrou quase nada no meu guarda roupa.

Separei minha saia xadrez vermelha rodada favorita, as anáguas de tule preto, para dar um charme, a blusa preta de um ombro só, um conjunto de langerie vermelha, a meia-calça de malha cinza com estampas de teias de aranha e a ankle-boot preta. Peguei também minhas luvinhas de couro que deixavam os dedos de fora, claro, como me esquecer delas, e deixei tudo isso separado com a necessaire para... daqui a 30 minutos.

Ótimo, meu voo parte em meia hora e eu nem me arrumei ainda.

Depois de tomar um banho de gato, vestir a roupa que eu já tinha preparado, passar sombra e lápis preto, blush rosinha e gloss transparente, fazer um milagre com o meu cabelo, conseguindo fazer ele me obedecer e ficar arrumado e guardar a necessaire na mala, eu me dei conta da hora.

Droga, 20 minutos para chegar no aeroporto. É bom que minha mãe não se...

- CORRE SAKURA, VAMOS, ESTÁ ATRASADA!

- EU SEI!

Desci correndo e levando a mala.

- Está linda filha... - disse meu pai, que já tinha chegado do trabalho.

- Vamos sentir sua falta.

- Eu também mãe, pai... mas eu to meio atrasada então...

- Ah, claro. - disse mamãe enxugando as lágrimas.

Graças a Deus, papai se assentou no volante e foi dirigindo velozmente pela cidade. Ainda bem que o aeroporto fica a 15 minutos, vou chegar em cima da hora.

E assim foi. Ao chegar no aeroporto, meu voô estava na última chamada. Depois de muita melação dos meus pais, eu passei a bagagem para a esteira, pegando a necessaire e o meu celular como bagagem de mão. Então, depois do check-in e da despedida melosa a distância, eu realmente fui guiada até o avião e procurei me acalmar. Uma longa viajem de 14 horas me esperava, eu precisava relaxar.

Meu assento era na janela. YES! Amo a janela. Nenhum gordão se assentou na fileira da frente e nem na minha, então eu tinha bastante espaço. Não haviam crianças choronas no avião e a aero-moça era um doce. Só para concluir minha felicidade um cara muito gato sentou do meu lado, devia ter uns 18 anos e começou a puxar papo comigo.

- E aí, indo para Nova York também?

Eu precisei pensar um pouco para responder, ele falara em inglês.

- Sim. Sou daqui de Tokyo mesmo, mas você me parece de lá.

- É. Prazer, sou Utakata.

- Prazer, Sakura Haruno.

Isso. É bom eu me acostumar a me apresentar assim, nos Estados Unidos o nome vem antes e o sobrenome depois. Muito estranho, mas eu me acostumo.

- Então, Sakura. Vai fazer o que lá?

- Intercâmbio. E você?

- Eu moro lá. Vim aqui tratar de negócios.

- Negócios? Parece tão jovem.

- Atenção senhores passageiros...

Eram as orientações para o voô começar. Eu pus o cinto decidida a não tirá-lo por nada e senti o avião levantar voô. Eu detesto voar de avião.

Utakata continuou a conversa:

- Eu tenho 17 anos.

- Uau. Achei que já tinha 18.

- Normal, as pessoas acham isso. Estou voltando para Nova York desesperado, morto de saudades da namorada.

- Own, que fofo! Meu namorado nem sabe que eu estou viajando, esqueci de avisar. Vou ter que lembrar quando chegar lá.

- Então as coisas não vão bem com seu namorado?

- O que te faz pensar isso?

- Ora, você nem o avisou da viagem.

- Na verdade foi tudo meio que de última hora. Eu recebi a autorização hoje pela manhã.

- Ah, claro. - é impressão minha ou ele foi irônico? Ele foi irônico!

Será que o fato de minha relação com o Naruto-kun estar desmoronando está tão óbvia assim?

Droga. Tenho que parecer mais apaixonada.

- É. Não está a mil maravilhas minha relação com o Naruto-kun. Eu sinto que vou acabar conhecendo alguém e vou ser obrigada a terminar minha relação com ele.

- Entendo. Foi assim com minha primeira namorada, mas hoje, Hotaru-chan é tudo para mim.

- Que lindo. - aiai, estou até me imaginando com o amor perfeito. Ok, volte para o mundo real Sakura!

- É, ela é linda. - bem, eu estava me referindo ao amor, mas vamos deixar passar essa.

As horas foram passando e eu me diverti conversando com Utakata. Ele me contou que conheceu Hotaru quando ela estava sendo assaltada e meio que salvou a vida dela. Own, que romântico!

Aos poucos o sono me invadiu e eu fui obrigada a pedir licença a Utakata para dormir um pouco. Eu sonhei com a minha chegada. Uma família de gordinhos felizes me esperava no aeroporto, e o garoto de 16 anos era muito simpático, mas tão feio...

Ao acordar eu me senti estranha. Desde quando aparência é a única coisa que importa? Contribui, mas não é só isso que importa. Enfim, levantando a cortininha da janela vi que o Sol já estava alto no céu. (N/A: eu sou definitivamente péssima em geografia, então vamos fazer o enorme favor de fingir que não existe o fuso horário e que ela chegou às 9 da manhã no aeroporto OK?)

Olhando no relógio, vi que eram 8:55, e o avião se preparava para pousar. Então era o ruído do aviso que me despertara. Apertei os cintos e vi que Utakata ainda dormia. Coitado.

Apertei o cinto dele também e fui o chamando enquanto o avião pousava. É claro que ele acordou com a barulhada.

- Ah, Sakura! Bom dia!

- Bom dia. Acorda preguiçoso.

Depois de alguns minutos o avião pousou e fomos liberados. Eu fiquei me perguntando se haveria mesmo uma família feliz com um grande cartaz escrito "Sakura, de Tokyo" para me receber.

Enquanto eu caminhava até a esteira para receber minha bagagem, tentei encontrar Utakata pois tínhamos nos perdido no desembarque, e eu o achei, mas achei melhor não chamá-lo. Ele estava se divertindo muito com a namorada. Então eu simplesmente peguei minha mala, o violão, e juntando tudo à bagagem de mão me dirigi até o ponto de táxi mais próximo.

Me escorei na parede me lembrando de que tinha que avisar minha mãe de que eu estava viva, ou ela ia achar que um corvo entrou na turbina do avião e aí ele explodiu matando todo mundo. Ou qualquer coisa assim.

- Mãe, cheguei em Nova York, estou viva e inteira, não extraviaram minha bagagem e estou em um ponto de táxi me preparando para ir para a casa.

- Ah que ótimo eu já estava me preocupando!

- Eu sei. Deixa eu desligar por que meus créditos podem acabar. Tchau.

Eu desliguei o celular e reparei que tinha uma mensagem nova. Estava escrito:

Sakura, querida, sinto muito em não poder lhe buscar, mas eu e minha família lhe esperamos em casa. Se não se importar em vir de táxi, pagaremos para você. Até daqui a pouco. Beijos querida.

Essa mensagem tinha jeito de mãe, e devia ser da minha "nova mãe" já que estava em inglês. Eu sorri. Já estão até se preocupando comigo, apesar de eu já ter tido a ideia do táxi. Ainda assim foi muita consideração.

Eu dei sinal para um táxi. Um cara negro e bombado desceu.

- Bom dia senhorita. Para onde vai?

Aiai, eu ainda estranho tantas mensagens e pessoas falando em inglês comigo, mas eu consigo!

- Aqui. - e entreguei o papel com endereço para ele.

O cara me ajudou a colocar a bagagem no porta mala e eu me assentei no banco de trás. Ele começou a dirigir.

Eu parecia aqueles cachorrinhos felizes que colocam a cabeça para o lado de fora do carro. Afinal, eu abrira a janela e realmente enfiei a cabeça para fora para pegar todos os detalhes da cidade, não queria perder nada!

Eu vi várias lojas de roupas de marcas chiques, com vitrines lindas e toldos sobre as portas. Os cafés nas esquinas estavam repletos de gente, o transito estava pesado mas gostoso, assim eu podia admirar tudo.

Haviam prédios comerciais unas ao lado dos outros, vendendo roupas e mais roupas, e vários sapatos entre outras coisas.

- Veio de onde moça? - otaxista me perguntou, de repente.

- Tokyo! Essa cidade é linda moço!

- É. Everybody loves New York.

Eu nem precisei pensar para responder essa.

- Of course, darling.

E nós rimos. Ele era bem humorado, o que é legal.

Passados alguns minutos eu estava na parte residencial da cidade: uma casa atrás da outra aparecia na minha frente, e elas ficavam cada vez mais sofisticadas, e maiores. Aos poucos as casas foram atingindo mais ou menos a magnitude que a minha futura casa parecia ter.

Eu tive que perguntar:

- Estamos chegando?

- É na rua da frente.

Eu comecei a balançar a perna. Ótimo.

Passados alguns segundos ele parou o carro em frente a uma linda casa cor de pêssego escuro, com um enorme jardim na frente e muito bem cuidado.

- É aqui?

- É sim moça. Quer ajuda com a bagagem?

- Seria perfeito.

- Deu U$ 17,00.

- Ah, venha comigo, vão pagar ali.

- Claro.

Ele me ajudou a pegar a mala e fomos até a casa. Eu toquei a campainha extremamente nervosa.

O tempo passava.

Então, a porta foi aberta e eu senti meu queixo cair.

Um cara alto, forte e bem musculoso, de olhos negros bem como os cabelos curtos na altura dos ombros, usando um anel e vestindo uma t-shirt, calças jeans e papetes abriu a porta.

É MESMO A CASA CERTA? ESSE CARA É UM DEUS GREGO ENCARNADO!

- Ei! - o cara disse para mim. Em seguida berrou para dentro. - PAI, MÃE, MINHA IRMÃZINHA IMPORTADA DO JAPÃO CHEGOU!

- Hahahahahahaha! - eu tive que rir dessa.

- É a Sakura né?

- É. Sou eu.

- Deus você é bem mais bonita do que eu esperava.

- Você também. Aliás, você é o filho de 20 anos, né?

- Nossa, que grosseria, nem me apresentei. - ele pegou minha mão na dele e levou próxima aos lábios. Em seguida dando um sorriso extremamente galanteador (e quase irresistível, diga-se de passagem) ele se apresentou: - Eu sou Itachi Uchicha, 20 anos. - então beijou minha mão.

Sinto que seremos grandes amigos.

SÓ AMIGOS!

Em seguida ele pagou o taxista e levou minhas coisas para dentro. É mesmo um Deus Grego.

Eu me vi em uma sala com um sofá, mesinha de centro e uma TV de plasma que deve ter o triplo do tamanho da minha. À direita eu vi uma sala de jantar enorme, com uma mesa e 10 cadeiras, e logo mais para o fundo eu reparei que tinha uma cozinha. À minha esquerda tinha uma escada que dava para o segundo andar.

Logo uma moça, é moça mesmo pois não devia passar dos 30, apareceu acompanhada do marido. Eles se apresentaram como Kaiba Uchicha e Mikoto Uchicha, pai e mãe de Itachi e o outro filho que...

Eu não localizei em lugar algum.

- Espere aqui querida - me disse Mikoto. - Eu tenho que chamar o irmãozinho do Itachi-kun ou ele não sai nunca da cama. Não sei porque sempre vai dormir tão tarde.

- Não precisa chamar por minha causa, Mikoto-san. - eu disse, meio preocupada.

- Imagina, ele tem que levantar. E não precisa me tratar com tanta formalidade, pode me chamar de Mikoto mesmo!

E ela foi subindo as escadas bem feliz. Ou eu achava que estava feliz, dava para ouvir os berros do andar de baixo.

- ABRE ESSA PORTA! - ela esmurrava a porta obviamente trancada.

- NÃO TÔ A FIM! ME DEIXA DORMIR!

- A SAKURA ESTÁ AQUI E VOCÊ TEM QUE LEVÁ-LA PARA COMPRAR O MATERIAL!

- POR QUE TEM QUE SER EU? MANDA O ITACHI IR!

- ELE TEM O QUE FAZER HOJE!

- O QUÊ? ENCONTRAR COM A NAMORADA DE DOMINGO?

- ABRE ESSA PORTA GAROTO!

O menino gritou com raiva e em alguns segundos eu ouvi a porta se escancarar, bater de volta e uma chave rodar três vezes.

Esse menino deve ser um capeta. Ou não. Se ele tiver a metade da beleza do irmão pode ser classificado como anjo mau, afinal, nenhum capeta seria tão lindo.

Mikoto veio descendo as escadas acompanhada de um garoto.

Eu disse garoto? Eu quis dizer Deus Grego! Muito melhor que o Itachi.

Aliás, quem é mesmo Itachi?

Na minha frente eu via um jovem. Ele era uma cabeça mais alto que eu, e tinha o peito largo. Eu percebi que além de largo ele tinha o peito e os braços bem musculosos, e um tanquinho que me faria dar todo o dinheiro do mundo para lavar roupa ali. Eu sei disso tão bem assim por que ele está usando uma blusa de botões aberta, calças jeans e tênis. Ele tem uma expressão irritada no rosto que dá um charme a mais que o faz ser irresistível, ao contrário do irmão que é quase irresistível. Ele tem os mesmos olhos negros de Itachi, mas usa o cabelo com uma espécie de "franjão", partido no meio mas com um ar absurdamente masculino, completado por um arrepiado no resto do cabelo.

É impressão minha ou tem alguém (leia-se EU) babando aqui?

- Se apresente filhinho! - pediu Mikoto.

- Humpf. Meu nome é Sasuke.

Em seguida ele foi até o carro.

- Anda logo, não vamos comprar material agora?

- É... vamos...

- Espere Sakura-chan! - disse Mikoto. - Deixe-me lhe mostrar o resto da casa.

- AAAH! DEPOIS! ANDA LOGO ROSADA!

- PARE DE GRITAR SASUKE!

Em seguida Itachi pegou minha mala e começou a me mostrar a subir as escadas.

- Não liga - ele disse. - o Sasuke é legal, mas ele sempre está de mau humor quando levanta. Vai estar melhor quando a gente descer de volta.

- Eu entendo. Se tivesse que levantar cedo no último dia de férias também estaria mau humorada.

- Ok. Aqui no segundo andar é o seguinte: esse quarto - ele disse, apontando para a primeira porta a esquerda. - é a minha suite. Eu te aconselho a não entrar ai, mas se quiser eu não tranco que nem o Sasuke. O que eu quero dizer é que as minhas namoradas costumas esquecer coisas ai.

- Ah, entendo.

- Esse aqui da frente é a suite do Sasuke. Ele deixa trancado, vai saber por que né. E o de frente ao dele é seu. Achamos melhor colocar assim pois como vão passar a semana sozinhos tinha que ser prático né.

- Claro. - e a ficha caiu. Eu ia passar a semana toda SOZINHA COM O SASUKE!

Aiaiaiai... to babando.

- Entra ai no seu, vê o que acha.

Eu entrei no quarto e senti meu queixo cair. Tinha uma luminária perto da minha cama, o que é ótimo pois morro de medo de escuro. As paredes são creme, e tem uma cama king-size de casal todinha para mim, além da escrivaninha. Um armário gigantesco e um carpete alto no chão, rosa pink.

Eu AMO rosa pink.

Tem uma porta que dá para o banheiro e uma vista maravilhosa da janela.

- Itachi... é perfeito!

- Que bom que gostou. Vou deixar suas coisas aqui e podemos descer, o humor do Sasuke já deve estar aceitável.

Voltamos pela escada. Ele me avisou que o quarto do fundo do corredor era dos pais dele e nós voltamos até a garagem.

Sasuke estava escorado em um conversível preto ouvindo o som de Paramore escapar das caixas de som do carro.

Eu AMO Paramore. Estou cada vez mais apaixonada por ele.

- Tenha um bom dia. - me receitou Itachi, voltando para dentro.

Eu me dirigi até o carro.

- Olá Sasuke. Está melhor?

- Hn. Entra.

Ele se assentou no banco do motorista e eu me lembrei de que nos Estados Unidos se tira carteira aos 16. Perfeito! Eu entrei no banco do carona e ele me entregou um papel que eu reconheci como a lista de material.

Respirei fundo para começar a ler. Eu só falara inglês desde que chegara no país, era meio cansativo. Enquanto eu decifrava a lista, Sasuke ia nos conduzindo pela cidade até a região comercial.

Paramos em frente a uma livraria e ele desceu sem se manifestar. Eu o segui.

O material saiu caro, mas eu consegui comprar tudo, ainda bem.

Sasuke comprou suas coisas também e foi voltando para o carro.

PARA TUDO! ELE VAI ME DEIXAR CARREGAR TUDO ISSO SOZINHA?

- Vem logo rosada!

ELE VAI! Por que eu não vim com o Itachi? Ele carregaria as coisas dele, as minhas, e se bobear ainda me levava nas costas!

Enquanto eu lutava para levar o peso até o carro, Sasuke esperava impacientemente dentro do carro. Eu me assentei no banco do carona e ele ainda me irritou antes de dar a partida:

- Lerda.

OK, definitivamente beleza não é o fundamental. Sasuke é perfeito por fora mas muito mal educado.

Quando chegamos na casa novamente já era hora do almoço. Itachi teve a bondade de carregar minhas coisas até o quarto e eu me surpreendi em ver que minha mala já tinha sido desfeita e tinha uma lista em cima da mesa indicando onde cada coisa tinha sido guardada.

- Tá entregue, irmãzinha importada. - disse Itachi. - Vamos almoçar e você pode descansar um pouco. Amanhã vai ser um grande dia.

Enquanto almoçávamos hamburguer, batata frita e refrigerante (eu já sabia usar um garfo e uma faca, havia aposentado os hashis a uma semana para me acostumar) eu me perguntava em como alguém pode comer tanta merda e ser tão perfeito.

Sim, me refiro a Sasuke.

Os pais deles se despediram à noite, quando foram até o apartamento perto do trabalho, em Los Angeles, e Itachi me recomendou a levantar mais cedo pois demoraria muito para arrancar Sasuke da cama no dia seguinte.

É, amanhã vai ser um longo dia.

Yeey! Estou de volta!

Aqui estou eu com mais uma fic maluca, dessa vez de SasuSaku. Para quem viu a anunciação dela na fic Presos viu que teve algumas alterações, mas axo que está melhor assim

Deixem reviews para mim, eu preciso delas para me estimular!

Beijos galera! Até o próximo cap!