Indiana Jones e as Relíquias de D. Sebastião: Material Extra

Indiana Jones e a História

Há pouco tempo estreou o filme "Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal", nova aventura do personagem no cinema após praticamente vinte anos desde sua última aparição, em 1989, e agora o introduzindo à geração atual. As peripécias do arqueólogo sempre foram criticadas pelos estudiosos da área por fantasiarem demais o trabalho que exercem. Porém, não pretendo neste artigo debater a influência ou não que personagens como Indiana Jones ou Lara Croft (Tomb Raider) têm sobre a visão da Arqueologia pela sociedade, mas sim abordar como essa espécie de ficção se relaciona com a História em si.

Os filmes de Indiana Jones sempre o trazem desvendando alguma lenda ou mistério realmente existentes, como a Arca da Aliança hebraica, o Santo Graal cristão ou, no caso do novo filme, as Caveiras de Cristal pré-colombianas e o mito espanhol de El Dorado (a única exceção ocorre em "O Templo da Perdição", no qual as Pedras de Sankara foram inventadas para o roteiro. A seita Tugue retratada existe, mas não necessariamente daquela maneira).

Por mais fantasiosas que as histórias do Dr. Jones se tornem com a inserção desses mitos de diversas épocas e também com o uso de elementos mágicos ou sobrenaturais no clímax de cada produção, a saga de Indiana, assim como outros filmes históricos em geral, mesmo com seus erros e incoerências, geram um efeito bastante positivo: despertam o interesse pelo estudo da História, principalmente entre os jovens. Algo muito importante, dada a crescente desvalorização dessa atividade no mundo atual. Conheço casos de pessoas que passaram a ter grande afinco em estudar Roma Antiga após assistirem ao filme "Gladiador", de Ridley Scott, ou que desenvolveram intenso interesse pelo Egito depois de uma exibição de "A Múmia" (que, por sinal, tem muito de Indiana Jones), de Stephen Sommers.

Logo, é muito benéfico que longas-metragens com temas históricos, de cunho fantasioso ou não, estimulem os alunos de História a fazer perguntas a seus professores ou a lerem livros sobre os assuntos pelos quais se interessarem. Esse resgate é vital nos dias de hoje, pois uma sociedade sem História é uma sociedade sem memória, segundo nos diz o grande Eric Hobsbawn. Apesar do estudo histórico não ser um baú de curiosidades, esse chamativo pode ser para muitos o caminho para um debate mais amplo e uma pesquisa mais aprofundada.

Conforme o próprio professor Jones ensina a seus alunos no filme "A Última Cruzada", a Arqueologia, e também a História, buscam fatos, e não verdades. Esses fatos auxiliam o homem contemporâneo a compreender a si mesmo olhando para o passado. Todo estímulo a esse exercício é bem-vindo, seja pelo cinema, literatura, histórias em quadrinhos, música, games ou TV. De resto, não deixem de assistir ao novo Indiana Jones. Boa parte do divertido filme se passa no Brasil, inclusive, apesar de algumas discrepâncias geográficas. Coisa de estadunidense.

Luiz Fabrício de Oliveira Mendes, "Goldfield".