Autora: Scarlet Girl
Classificação: T.
Gênero: Romance/Angst.
Ship: Peter Petrelli X Claire Bennet (Paire)
Spoilers: Até 1X23, How to Stop an Exploding Man
Sumário: Era uma vez uma princesa.
Disclaimer: Não, eu não possuo Heroes. Se eu possuísse, Claire não seria filha de Nathan Petrelli. E o Sylar já teria comido o cérebro do West e tido um caso com o Mohinder, e... Tá, chega.
Aviso: Essa fic tem incesto entre tio e sobrinha. Não gosta, não leia.
N/A: Minha primeira fic! OO Quis escrever ela numa linguagem bem infantil, como num conto. Espero que gostem!
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Um Conto Sem Fadas
Era uma vez uma princesa.
Ela não tinha um reino, mas tinha uma casa bonita, um pai, uma mãe e um irmão. Seu pai usava óculos e não era seu pai de verdade, mas era o melhor pai que alguém podia ter. E sua mãe e seu irmão não eram realmente sua mãe e seu irmão, mas eram como todas as mães e irmãos deveriam ser. As pessoas admiravam ela e gostavam dela, e a princesa se sentia feliz.
Até que, um dia, a princesa descobriu que não era como as outras pessoas.
Toda vez que a princesa se machucava, a ferida sarava rápido. Rápido demais. Aos poucos, a princesa descobriu que mesmo feridas fatais, que deviam matá-la, se curavam em frações de segundo. E descobriu que era diferente.
A princesa se assustou. Pela primeira vez, ela tinha um segredo, e ela temeu que as pessoas viessem a descobrir aquilo.
Junto com esse poder, porém, veio um amigo. E era um amigo melhor do que qualquer outro que a princesa já tivera. E, quando estava com esse amigo, a princesa acreditava que não poderia ser tão ruim ter segredos, no final das contas. Ela gostava muito desse amigo.
Foi quando a princesa conheceu um príncipe.
O príncipe tinha um sorriso bonito e olhos doces, e disse que tudo ia melhorar. A princesa também conseguiu sorrir, e se sentiu bem.
E teria continuado se sentindo bem se não tivesse encontrado o homem de olhos de terror.
Era um homem estranho, de sorriso mau, de olhos que violentaram a princesa no que havia de mais profundo em sua alma. O homem queria o segredo da princesa. O homem queria a vida da princesa.
A princesa correu o quanto pôde, fugindo das coisas terríveis naqueles olhos, e achava que teria sucumbido ao terror e à escuridão se o sorriso brilhante do príncipe não estivesse ali.
O príncipe a defendeu, mesmo não sabendo se conseguiria. O príncipe lutou com o homem de olhos maus, e, durante a batalha de vida ou morte, os dois caíram da arquibancada do colégio.
O homem de olhos maus foi embora, claudicante, para encontrar um destino que a princesa nem imaginava qual era. E o príncipe ficou deitado lá, estirado, e a princesa temeu pela vida dele, porque ela o amava, o amava como nunca amara ninguém.
Porém, a princesa descobriu que o príncipe podia fazer o que ele fazia, e podia sobreviver.
Pela primeira vez, a princesa se sentiu uma pessoa especial.
E, quando encarou o príncipe pela primeira vez depois da batalha, não pôde conter uma frase: "Você é meu herói".
Mas, então, o mundo da princesa desmoronou.
O pai da princesa tinha um amigo. Esse amigo sabia apagar as lembranças das pessoas. Ele apagou a existência da princesa da mente do melhor amigo dela. Ele apagou todos os vestígios da vida que a princesa tinha, mas concordou em não apagar a princesa, desde que ela guardasse um segredo. Desde que ela mentisse.
E a princesa se sentiu sozinha pela primeira vez, e aquilo machucava.
Numa tentativa de recuperar o seu mundo e não dizer mentiras, a princesa tentou encontrar sua mãe de verdade.
Sua mãe de verdade tinha segredos, também, e era uma mulher maravilhosa. E continuaria sendo, se a princesa não perguntasse sobre seu pai de verdade.
O pai de verdade da princesa era hesitante e não queria conhecê-la, e a princesa se magoou quando o descobriu. Sem salvação, novamente sentiu como se seu mundo fosse um mar sem fim, sem um único porto seguro. A lembrança do príncipe flutuando entre tantas outras, com a impossibilidade de alcançá-lo e pedir-lhe para salvá-la.
E, quando ela achava que nada podia ficar pior, o que restava de seu mundo caiu.
Dois homens vieram a sua casa e ameaçaram a sua família, pedindo respostas que só seu pai, que usava óculos, podia dar. Um deles trazia consigo uma tristeza infinita, falta de controle, e um segredo, um segredo que transformou a casa deles em chamas. E, quando a princesa tentou salvar as peças quebradas de sua família, tirando seu pai de dentro da casa que queimava como o inferno, revelou seu segredo a quem não deveria saber.
O pai da princesa era um homem bom, apesar de usar óculos, e era o melhor pai que alguém poderia ter. Quando a princesa estava em perigo, ele sacrificou sua memória e sua saúde para que ela pudesse fugir com o amigo que apagava memórias. E a princesa partiu, com medo de abandonar quem era. Com medo de abandonar a lembrança do príncipe que amava.
Incapaz de deixar tudo para trás, a princesa enganou o homem de lembranças perdidas e fugiu, tentando encontrar o príncipe e recuperar a sensação de segurança que ela tinha em sua presença.
Mas o que ela encontrou foi mais desilusão, e seu mundo desmoronou pela terceira vez.
A princesa encontrou uma senhora na casa do príncipe, e essa senhora conhecia o homem de lembranças perdidas. Essa senhora, de porte de rainha, era mãe do pai de verdade da princesa, e era mãe do príncipe.
O príncipe era tio da princesa.
A princesa caiu sob o peso de quão errado era o amor que ela nutria pelo príncipe, sob a injustiça de que aquele pai que nunca a conhecera era irmão do príncipe, de que ela tinha que enfrentar os dragões e o príncipe não iria salvá-la.
A princesa pensou desesperadamente em desistir.
Até o momento em que o príncipe precisou dela.
Um doutor, que não possuía segredo algum, exceto aquele guardado no mais profundo do seu coração violado pelo homem de olhos de terror, trouxe o príncipe para a casa onde ela estava, e ela sabia que a vida tinha deixado os olhos do príncipe e não queria ver.
Porém, quando ela pensava que não havia mais mundo, o pai de verdade da princesa chegou.
Ele não tinha aquele sorriso hesitante no rosto. O pai de verdade da princesa desmoronara, se quebrara em pedaços quando vira o príncipe morto, porque ele amava também o príncipe. E, quando ele abraçou o cadáver que restara, a princesa sentiu que poderia encarar aquele desafio, e amar seu pai.
A princesa permitiu que o pai a visse, mesmo sabendo que ele não deveria ver, e quis se despedir daquele a quem amara mais que a vida.
O que a princesa não esperava era que, por um toque de suas mãos e um puxão no lugar certo, o príncipe voltasse ao mundo dos vivos.
E os olhos quebrados do pai da princesa se tornaram inteiros de novo, e a princesa viu o sorriso do príncipe. Chorando, ela pensou que tudo voltaria ao normal.
Mas era um final feliz demais para ser verdade.
O príncipe tinha um segredo, também, e esse segredo o faria explodir e matar muitas pessoas. E, apesar da avó e do pai de verdade da princesa desejarem-na fora do país, o príncipe precisava dela perto.
O príncipe precisava que ela o matasse se não houvesse outro jeito.
A princesa não queria que aquele fosse o final do seu conto sem fadas, mas ela faria tudo o que o príncipe pedisse, porque ela o amava, e sabia que aquele era seu dever.
O príncipe e a princesa fugiram, e a princesa reencontrou o pai, que usava óculos, e os dois homens que tinham posto a casa dela abaixo. Um deles ainda possuía aquele segredo, e o príncipe soube qual era o segredo, e quase perdeu o controle dele. Ficou claro para a princesa que ela precisava fazer algo.
A princesa, o príncipe e o homem com um segredo tentaram partir juntos, mas o homem com um segredo era caçado por aquele de olhos de terror, e sua tristeza infinita acabou no instante em que aqueles olhos o violaram e roubaram seu segredo. Nessa hora, o príncipe soube que precisava novamente enfrentar o homem de olhos maus, pelo bem da cidade.
A princesa queria ficar com o príncipe até o fim, mas o príncipe encontrou o pai de verdade dela. O príncipe amava o pai de verdade da princesa, e tentou confiar nele; a princesa temeu que ele amasse tanto que estivesse cego, e temeu perder seu ponto seguro. Com medo, ela fugiu.
Ela teria fugido para sempre se não fosse encontrada pela avó de verdade, e pelo pai de verdade. Eles queriam tirá-la do país. Mas ela não poderia deixar o príncipe à sua própria sorte, e fingir amar uma família que não era mais que ilusões e dor. Sem temer a morte, a princesa partiu de novo.
Ela buscou o príncipe por horas e horas, e temeu que tudo estivesse terminado. Mas lá estava ele, o homem de olhos maus derrotado, e o segredo do homem triste prestes a explodir.
Ela caminhou até ele como se fosse num sonho, e apontou a arma com a mão tremendo. Ela perguntou, sem querer acreditar, se havia outro jeito, e o príncipe disse que não.
Apontou a arma, então, porque ela o amava, ela o amava mais que tudo e era seu dever terminar com aquilo.
Mas então o pai de verdade da princesa chegou, para derrotar os dragões.
Ele disse que havia outro jeito, e tinha algo diferente nos olhos dele que fez a princesa acreditar. E ela sabia que ele amava o príncipe tanto quanto ela, e que, além dela, só ele poderia cumprir o dever.
O pai de verdade da princesa abraçou o príncipe, e voou com ele para longe, porque aquele era o segredo dele.
Os segredos explodiram no céu, e a princesa chorou.
Ela sentiu o abraço do pai, que usava óculos, mas era o melhor pai que alguém podia ter, e ele perguntou a ela se ela queria que o seu mundo voltasse ao lugar.
Sentindo-se quebrada, despedaçada, ela sorriu. Nada voltaria ao lugar, porque ela nunca mais veria o sorriso do príncipe.
Não era um final feliz.
Mas era o final perfeito para seu conto sem fadas.
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Música que eu ouvi enquanto escrevia: Apocalypse, Please -- Muse (não, não é uma boa trilha sonora.)
Agradecimentos: Ao Muse, por me deixar inspirada; às fics Paire em inglês, que me deram uma base; ao portal Heroes.Wiki, por me ajudar com os resumos dos capítulos, e a Tim Kring, por ter criado Peter e Claire. Ah, e, claro, ao Ricardo Gouveia, por ter me emprestado (sem saber) o título para essa fic, do seu livro "Um Conto Sem Fadas: O Golem do Litoral Norte".
